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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE (II)

Ao que se lê da crônica MIGRAÇÕES CLIMÁTICAS,  publicada em 12 de dezembro de 2014, no blog Fernando Pinheiro, escritor, 144 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, no período de 2008 a 2013, segundo relatório sobre Migrações Climáticas das Nações Unidos.
No entanto, a maior migração do mundo ocorre anualmente, no iníco da primavera, na chegada do ano novo chinês, cerca de 200 milhões de pessoas saem dos grandes centros urbanos da China e vão visitar seus parentes, conduzidos por trem-bala, viagem rodoviária e aérea.
De uma população de 1,3 bilhão, cerca de 700 milhões de chineses vivem nas grandes cidades. De uma sociedade rural no passado, a China está se encaminhando para ser a fábrica do mundo, assim como foi a Inglaterra, no início da revolução industrial, a oficina do mundo.
Naquela época, o caixeiro-viajante Mauá fez uma visita a Inglaterra e foi aconselhado a fundar um banco que não logrou êxito por ser um banco privado, trouxe de lá engenheiros e operários qualificados e implantou a indústria brasileira, o pioneiro na construção naval em Niterói e no Brasil. 
O visconde de Mauá, antes barão, hoje relembrado em nova Praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, com a estátua de olhos voltados a Niterói, até aceitou ser diretor do Banco do Brasil, presidido por Lisboa Serra (1853/1855), o presidente-fundador do atual Banco do Brasil, mas foi por pouco tempo, alguns meses, porque tinha a missão de ser um empresário e o foi, o maior do Império, construindo o seu próprio império industrial, sem concorrentes.
A migração interna da China, saindo do campo para os grandes centros urbanos, está ocorrendo a passos de galope, é tanto que, possivelmente, em 2030, terá um volume populacional igual a população dos Estados Unidos, cerca de 325 milhões de pessoas.
Enquanto que nos países da África oriental atualmente existe 1,1 milhão de retirantes em busca de água e de alimentos, no Brasil amazônico os recursos hídricos são abundantes, pois, segundo o El Pais (edição de 5/12/2014), jornal espanhol, “19% das chuvas que caem anualmente na bacia do Prata, se  originam da umidade gerada pela floresta amazônica e dispersada rumo ao sul”. [MIGRAÇÕES CLIMÁTICAS – blog Fernando Pinheiro, escritor – 12 de dezembro de 2014].
Vale assinalar textos da crônica ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE, publicado em 06/09/2014, no referido blog: 
Argumentando que ainda vai levar um tempo para sarar a ferida interna, num relacionamento que acabou, a letra da música de Lulu Santos enfatiza: “assim caminha a humanidade com passos de formiga e sem vontade”.
Imaginemos 5 ½ bilhões do total de 7 bilhões de habitantes do planeta vivenciando a densa consciência dissociada, onde se caracteriza a separatividade e a competitividade, sem o sentido gregário caminham a “passos de formiga e sem vontade”.
Poucas vezes a Terra, dividida por nações, foi governada por poetas e filósofos, sempre a maioria constituída de tiranos e usurpadores. A exceção que nos comove tanto aconteceu no reinado de Salomão, durante 50 anos a taxa de homicídios foi zero.
A edição do jornal O Globo – 04/09/2014 – divulga notícias da revista Nature na qual é revelada os limites identificados do conjunto de galáxias, batizado com o nome de Laniakea, onde está situada a Via Láctea e ressalta “que abriga outras 100 mil galáxias com uma massa total estimada em mais de 100 quatrilhões de sóis.”
Depois dessa pequena esquina galáctica, o que existe? Espaço, espaço e mais espaços, pois na teoria quântica o Universo é constituído de infinitas possibilidades. A realidade última ainda não foi alcançada, embora haja inúmeros experimentos que atestam a grandeza sideral que nos cerca.
Alguém antes já ouviu falar em 100 quatrilhões de sóis identificados por mapeamento científico? Pois é, e pensar que há 500 anos, à época da navegação marítima, que possibilitou a descoberta de novas terras, havia o temor de que as embarcações caíssem, pois era de conhecimento popular de que a Terra era plana e, mais tarde, veio a tese, defendida por Nicolau Copérnico (1473/1543), de que a Terra é redonda e acabou-se esse temor.
Esse grande avanço na tecnologia está na descoberta e aplicação do átomo nos experimentos que possibilitaram as grandes descobertas tecnológicas guiadas pela física quântica e outras ciências correlatas. Vamos ficar apenas no telefone celular que é a grande novidade, crème de la crème, utilizado pela população mundial.
A ferida interna de que nos fala a canção de Lulu Santos não é apenas de alguns, o número é bem elevado tanto no orbe terrestre como nos espaços siderais, basta dizer que, desde que foi anunciado a separação do joio e do trigo pelo libertador, cerca de 35 bilhões de almas vivendo na erraticidade, com essa mesma ferida, estavam aguardando a oportunidade de se recompor num corpo físico.
Vale salientar que, conforme comprovado pela física quântica, após a morte física o ser humano não tem mais a capacidade de fazer o colapso da função de onda. Se estava doente na roupagem carnal, continua doente após o que se chama morte, se estava sadio continua sadio nas regiões paradisíacas ou mundos felizes.
Como a Terra e demais planetas do nosso sistema solar estão em transição de consciência planetária, pois não existe apenas esta dimensão dissociada que conhecemos, esses bilhões de almas errantes foram encaminhados pela atração eletromagnética em que estavam imantados a mundos que possuem a mesma frequência de onda em que vivem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

PRIVAÇÃO DO SONO

Workers subjected to 'torture' of 'sleep-deprived society' by being made to work before 10am, says body clock expert –  The Independent – London – 11 september 2015.
Ao ensejo da realização do Festival Britânico de Ciência, em Bradford, o acadêmico Paul Kelley, médico especialista em doença do sono, disse que as pessoas no trabalho estão sendo torturadas por uma sociedade privada do sono, isto é um problema mundial.
As pessoas possuem horário biológico ou ritmo circadiano e quando o ritmo é alterado consequências surgem denotando graves danos à saúde, diminuindo o sistema de defesa e se instalando doenças como diabetes e esquizofrenia.
O horário das horas trabalhadas, durante o dia, que deflagra desarranjo no organismo pode ser também o mesmo em horas noturnas para quem não está acostumado a trabalhar em ciclos alternativos de brusca mudança.
Mesmo sem trabalhar, a insônia pode provocar sintomas que levam a esse mesmo diagnóstico onde surgem distorções mentais. Cresce o uso de drogas lícitas diante do problema, aumentando o lucro da indústria farmacêutica, sem nos referir a outras drogas, como o álcool, admissível por essa sociedade privada do sono, e as drogas ilícitas largamente usadas por um contingente muito grande de pessoas.
O dito popular “Deus ajuda a quem cedo madruga” é válido quando não altera o relógio biológico, pois as pessoas têm hora certa para dormir, assim como se alimentar, trabalhar, viajar, horas de recreação e lazer, recrudescendo o pensamento milenar de Salomão: “há tempo para todas as coisas”.
Quem está livre de horário do trabalho, como o caso de aposentados, desempregados ou licenciados, há também que se observar a sintonia do que é chamado ritmo circadiano com as horas que temos para desfrutar com nosso deleite e diversão.
Vale citar o pensamento de Carol Sonenreich, Giordano Estevão e Luiz de Moraes Altenfelder Silva Filho:
"Entretanto, no relacionamento com os outros, na organização das condutas, aliás, no que constitui o campo das alterações mentais, o essencial não está no que as limitações determinam, mas no que pertence à liberdade de escolhas." - in Doença mental e perda de liberdade - Revista TEMAS - Teoria e Prática do Psiquiatra - v. 35, n. 68-69, p. 4 - Jan/Dez 2005 – Apud Os domínios da psiquiatria – In Blog Fernando Pinheiro, escritor.
Temos divulgado a necessidade de livrar-nos dos engramas do passado que podem nos tirar horas de sono. A ansiedade do que há-de-vir sempre vem ao desencontro do rítmo natural que devemos conservar com o nosso corpo físico, naturalmente refletido do corpo astral ou emocional mais difundido pela mídia.
Buscar medicamentos ou orientação profissional sem antes buscar as nossas forças interiores seria algo que iria nos colocar em dependência tanto emocional quanto química, não obstante os esforços médicos de nos alertar para o que somos em essência: seres humanos que direcionam a própria vida.
Aliás, a capacidade de escolha é o grande marco que abaliza o terreno que demarcamos para conduzir a nossa vida. De qualquer sorte, é o coração que vai se expandir em doação do amor que devemos dar a tudo e a todos.
Toda ajuda é bem-vinda, mas a introspecção interior, sem precisar ser uma meditação, também muito valiosa, acontece sempre que temos disposição em nos aceitar, numa crença que temos de nós mesmos, no ser profundo que todos temos, sem exceção, e se manifesta espontâneo quando estamos adormecidos em sono. É o consultar o travesseiro que os antigos diziam.
A proposta oferecida pelo Festival Britânico de Ciência é uma alternativa valiosa, o trabalho a partir das 10h, que irá impedir o avanço das distorções psíquicas entre os trabalhadores e estudantes, pois há uma combinação entre o trabalho e o estudo nessas atividades humanas que estão submetidos ao relógio biológico que todos nós temos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

A CARAVANA

A teoria da transmigração das almas, de Pitágoras, está encenada em Meia-Noite em Paris (2011), filme de Woody Allen, embora não fosse percebida de forma real, assim como na caverna de Platão em que os prisioneiros confundem na parede as sombras com a realidade, em reflexo da luz projetada onde surge a caravana de transeuntes. 
Antes nos idos de 1985, em A rosa púrpura do Cairo, dirigido pelo mesmo diretor, a garçonette Cecília, interpretada pela atriz Mia Farrow, tem uma vida nada fácil tendo que sustentar o marido bêbado e desempregado, na pele do ator Jeff Daniels, que a trata com grosseria, vai ao cinema para espairecer a mente, quando viu o herói sair da tela e lhe oferecer uma nova vida, fica perplexa. Isto gerou confusão em todos. Qualquer mulher casada, vivendo infeliz, ficaria também perplexa.
O cinema sempre conjuga realidade com ficção, ora em partes distintas ou em partes mescladas como aconteceu no filme O Quinto Elemento que tivemos a oportunidade de abordar na crônica de 23 de junho de 2012:
A música que o cinema adaptou em The Fith Element é "Il dolce suono" da ópera "Lucia di Lammermoor" de Gaetano Donizetti. Vídeos de música no YouTube: Fifth Element Diva song - full version. Singing- Evgeni Laguna Mad Scene 2006: "Il dolce suono"- Christiane Boesiger (Lucia).
Somente o que é verídico no cinema é a música de Donizetti, o enredo é ficção, com a apresentação do ator Bruce Willis, no papel de um motorista de táxi, vivendo em New York, no século XXIII, que se vê em aventuras, em busca de 4 pedras antigas e o quinto elemento representado pela atriz Milla Jovovich, com estas providências evita que a Terra seja invadida por seres demoníacos. Não vale a pena assistir a cenas que nada tem a ver com o nosso mundo íntimo.
O que é mesmo verídico é a informação constante da crônica O QUINTO ELEMENTO – 23 de junho de 2012, blog Fernando Pinheiro, escritor, a seguir:
O quinto elemento é o éter ou a fusão dos éteres (do céu e da Terra) que estende uma esteira de irradiações luminosas onde está instalada a merkabath interdimensional por onde passa os pensamentos de seres multidimensionais em direção à Terra.
Nessa merkabath interdimensional é por onde irá passar todo o trigo que se separará do joio que está indo para os mundos afins. Cada um vai para onde a própria vibração se manifesta e determina.
A caravana é o andar coletivo da humanidade, em grupos afins e vinculados, na esfera física e nos planos mais sutis. As crônicas MIGRAÇÕES CLIMÁTICAS -12/12/2014 e O QUE ESTÁ ACONTECENDO – 18/8/2015, no blog Fernando Pinheiro, escritor, tratam do assunto no plano terreno.
No plano extrafísico, onde temos a nossa origem e destino, ocorre também esse caminhar de caravanas, mas ficam estacionadas em determinado lugar por falta de forças para prosseguir ou porque injunções superiores a suas forças as impedem de avançar em outras direções, esta é a maior parte dos habitantes da Terra que chegam por lá nas mesmas condições em que viveram no plano físico.
Nas andanças astrais narradas na Série Pégaso (I a XXVI), visitamos esses lugares aprisionantes onde vimos pessoas sem condições de sair, isto porque não podem mais fazer o colapso da função de onda, atributo exclusivo de quem vive em corpo físico. Isto nos faz despertar a ver a oportunidade valiosa que temos em viver em experiências que nos apresentam difíceis.
Mesmo assim, naqueles catres de dor, no decorrer dos tempos em que não podemos medir, um dia o socorro chegará, não sabemos em que forma, pois dependerá das circunstâncias e do mérito de cada um que está aprisionado. Vimos mulheres lindas, que amamos tanto, de certa forma estagnadas, pois a vida é dinâmica em qualquer ponto do universo, e com o olhar perdido no espaço, é que ninguém pode fugir de si mesmo.
O pensamento de quem está vivo na roupagem carnal faz o colapso da função de onda e pode modificar panoramas íntimos em beleza imorredoura, pois a morte não existe diante da movimentação das partículas atômicas que o próprio pensamento irradia.

www.fernandopinheirobb.com.br

domingo, 6 de setembro de 2015

ESSES OLHARES

O olhar de cavalo, por ter o sentido gregário que se expressa num bando de cavalos, é de comunicação e de receptividade. Ao invés de se reunir em bares e salões de festa onde é servido bebida alcoólica, se as pessoas fossem visitar as haras, certamente teriam muito mais a lucrar.
Uma dessas visitas que fiz a haras de criação de cavalos, tive a satisfação de presenciar a ternura nos olhos de um cavalo que, ao me ver, se levantou da clareira onde estava deitado e veio me cumprimentar. O olhar de ternura não envolve sexualidade, embora a ternura seja mais demonstrada pelas mulheres.
Em outra visita a outra hara, um cavalo de raça árabe, aproximou-se de mim, levantou a cabeça como sinal de comunicação, numa linguagem não verbal, assim como o maestro se comunica com a orquestra mediante a batuta, e expressou uma linguagem cavalar que buscamos entender.
Vai-se um estória toda nessa linguagem que, de início, ele, o cavalo, se expressou sem subterfúgios ou alguma máscara que as pessoas buscam se comunicar quando se apresenta vantagens pessoais, isto ocorre na relação amorosa e de trabalho. A amizade de Atena, de risada escancarada, vivida pela atriz Giovanna Antonelli) com a ricaça Sumara (atriz Karine Teles), na novela A Regra do Jogo, é nesse sentido, todos veem.
Já se vê que é muito salutar mais falar dos animais do que os humanos que se concentram apenas no lado que entra em conflito com a natureza. O homem, por ser parte da natureza, é a própria natureza. Quando revelada, ele se descobre e deslinda os enigmas do caminhar.
De outra vez, defronte dessa hara, passei caminhando a pé, e do outro lado uma casa nos chamou a atenção. Uma moça na lira dos seus vinte anos, dentro do carro fazia uma manobra em que denotava algo de anormal. Parei para não ser atropelado, ela parou o carro perto de mim e disse: “a minha mãe está partindo”. Fiquei por alguns minutos parado, observado a casa da moribunda que se despedia no adeus de mãos frias.
Como sou de tribuna, fiquei parado ali, caso tivesse sido convidado entraria na casa e faria uma prece de improviso, antecedida pelas palavras de Ali-Omar, conhecidas na famosa Oração da Manhã, largamente divulgada pela internet. Quem ainda não a conhece? Vou dar uma dica: “Senhor, no silêncio desta prece, venho pedir-te a paz, a sabedoria, a força. Quero olhar sempre o mundo com os olhos cheio de amor.”
Depois de alguns minutos, saí em direção do asfalto onde iria fazer uma transferência de dinheiro para pagamento de serviços prestados. Aquele olhar de mulher que me falou sensibilizada, naquele instante em que a conheci, tinha ternura e a voz se refletia em suave sonoridade, embora a aflição estivesse presente. Ela confiou em mim, à primeira vista, assim como os cavalos confiam nas pessoas que estão na mesma frequência de onda onde vivem, pois a natureza se faz sentir.
Já de volta do asfalto, na mesma estrada, a gentil donzela veio andando apressada em minha direção e disse: “você não é quem estava olhando para minha casa?” Eu, já desligado do ocorrido, lhe disse: “eu estou chegando, não sou eu, parece não é?” Ela respondeu: “é parece” e saiu frustrada porque iria me dar a notícia do que estava ocorrendo quando eu tinha olhado para a sua casa. Depois de alguns minutos, olhei para trás e a vi perto da sentinela da estrada e a ouvi falar: “a minha mãe morreu.”
Não irei falar sobre a morte de quem não a conheci, nem mesmo da própria morte, como argumento de vida, apenas dizer quem melhor falou sobre esse percurso da vida, não é o fim, bem explicado, foram os grandes compositores clássicos, basta citar o Requiem de Mozart, Brahams e, principalmente, o de Verdi a que assisti, no dia 23 de agosto de 2012, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Isto é que é vida.
Passarei, sem dúvida, outras vezes por essa estrada e quem sabe, se houver outra chance de falar com essa jovem na lira de seus vinte anos, mas não serei eu quem irá traçar esse destino. Sou apenas caminhante dessa estrada, como peregrino que a vida me ensinou a caminhar.
Uma coisa é certa: os animais me ensinaram a ter essa ternura que já existe em mim, agora em dose aumentada, não digo na dose cavalar para não exagerar, pois a simplicidade é um dos cinco pilares que sustentam o meu viver, acrescida de humildade, transparência, alegria e gratidão.
Aqui na mata, ainda vou saber qual é o pássaro que canta quando a chuva cai. Será que é o mesmo que tem um ninho na pequena árvore debaixo da minha varanda? Sou apenas um aprendiz de observador da natureza, e me sinto muito satisfeito. Obrigado pela leitura.
Por último, ressaltamos os textos de nossa crônica O VENTO, O GRITO – 17 de fevereiro de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor, in verbis:
Os animais, os peixes, os répteis, as aves e todo o reino animal (excetuando-se o homem), por não ter o livre-arbítrio, entregam-se ao movimento renovador da natureza e absorvem essa energia que flui na terra e no mar, na superfície subterrânea e na amplidão dos espaços, com chuva e com sol e nos nevoeiros que anunciam a mudança de tempo.
Os raios adamantinos, esses raios-gamas que foram observados por cientistas, esses raios descendo do centro da galáxia Via-Láctea em direção do sistema solar onde a Terra gira, são espalhados a todos os seres humanos que, ainda aprisionados ao livre-arbítrio, não se deixam ser envolvidos por tantas blandícias que nos evocam o paraíso.
A mente está mergulhada no efêmero, entorpecida pela ilusão que oblitera a sua realidade imortal. Os seres da espécie animal não têm esse problema, a entrega os faz participar da unidade.
A notícia alvissareira da chegada da Era Dourada (Era de Aquarius) é que o homem irá adquirir o que o reino animal, dito irracional, já possui: o sentido gregário. Vejam os cardumes de peixe, os bandos de animais movimentando-se em equipe, a comunicação é correspondida mutuamente.
A comunicação é vibração, os animais se comunicam em grupos, os ventos são emanações desse calor que o instinto revela, o grito dos animais também é inteligente, só que numa inteligência ainda não compreendida, integralmente, pelo ser humano por causa do uso do livre-arbítrio. Com o ascender desse fenômeno, o homem se integra com a unidade do universo que se manifesta na diversidade das formas e dos conteúdos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

RECÔNDITA BELEZA

A Regra do Jogo, novela escrita por João Emanuel Carneiro, que está sendo levada ao ar pela Rede Globo de Televisão, em setembro de 2015, destaca a cena em que Nelita, portadora de distúrbio bipolar, na pele da atriz Bárbara Paz, depois de ter alta da clínica psiquiatra, volta à casa dos pais Gibson Stewart (José de Abreu) e Nora (Renata Sorrah), onde o seu aniversário está sendo comemorado. Antes, o médico tinha recomendado a Nora que a sua filha não pode ter sobressaltos nem tomar bebida alcoólica.
Os convivas estão alegres se refestelando em coxins de veludo e de seda no banquete comemorativo. Na escadaria que dá acesso as dependências da casa, Nelita observa pensativa a família se divertir. De repente, rompe no meio do salão a Belisa, protagonizada pela atriz Bruna Linzmeyer, e desabafa: “eu e o Cesário, meu irmão, a gente é filho de pai ignorado! Ninguém aqui em casa até hoje sabe quem emprenhou a Dona Nelita, e ela nunca contou!”
O passado dissoluto é exposto aos convivas que ficam perplexos. Nelita volta ao quarto, fica trancada, bebe álcool puro, veste a roupa de noiva de Kiki, a irmã falecida, e volta ao salão para surpresa de todos. O vestido foi para chamar a atenção, pois já sentira, antes na escada, um clima indiferente. Houve protestos contra a atitude de Nelita.
Ela quis mostrar que o número de manequim da irmã era o mesmo que ela usa, rasgou o decote e os seios lindos apareceram. O pai chamou-lhe atenção. Ela não quis saber e incendiou com uma vela a aba do vestido. Espanto geral cresceu e logo o fogo foi apagado. A casa dos seus pais se converteu em ambiente hostil que a neta dera início.
Há dois anos, a TV Globo já levava ao ar cenas que mostraram a relação pacientes/familiares, na novela Amor à Vida. A propósito, vale salientar parágrafos que dizem respeito à necessidade da presença dos familiares junto a pacientes, transcritos da crônica A INTERNAÇÃO DE PALOMA – 5/9/2013, blog Fernando Pinheiro, escritor:
No capítulo 96 - sábado - 7 de setembro de 2013 - da novela Amor à Vida, da TV Globo, a médica Paloma (Paolla Oliveira), intimada por enfermeiros, é obrigada a tomar medicação dentro da clínica psiquiátrica. O presidente do Hospital San Magno, o médico César (Antônio Fagundes) visita a filha e disse que não é psiquiatra mas concorda com o tratamento que ela vem recebendo.
Ela foi conduzida para aquele local por uma decisão judicial, tendo em vista tratar-se de prisão por crime de tráfico internacional de drogas. Completamente revoltada contra a situação, era observada na clínica com sintomas de transtorno mental.
Ficamos a imaginar uma pessoa sadia, uns dias atrás, bonita, inteligente, independente financeiramente, de repente sem condições de conduzir a própria vida. Antes, no cárcere perde a liberdade de locomoção e na clínica psiquiátrica a medicação pesada faz-lhe dopada e sem ter condições de modificar os panoramas íntimos que estão nublados.
Nessas condições a paciente perde a sociabilidade e se agrava no atrito que tem com aqueles que impõem a separatividade, a fim de se locupletar com as vantagens materiais que são retiradas dela por sua incapacidade de gestão.
O maior problema do Brasil é a saúde, conforme é mencionado pela mídia, nesse clima em que está ocorrendo a chegada dos médicos cubanos para trabalhar no interior do Nordeste. Os transtornos mentais estão relacionados no tratamento médico, objeto da crônica MEDICAÇÕES – 28 de julho de 2013 – Blog Fernando Pinheiro, escritor. (...)
Com um bate-papo informal, na Bienal do Livro de 2013, realizada no Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 4 de setembro, houve o lançamento da segunda edição do livro “Entendendo a Esquizofrenia: como a família pode ajudar no tratamento?”, autoria do psiquiatra Leonardo Palmeira junto com a psicóloga Maria Thereza Geraldes e a psicopedagoga Ana Beatriz Bezerra.
Vale assinar a experiência do Dr. Leonardo Figueiredo Palmeira, médico do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, com familiares de pessoas com esquizofrenia que, nos idos de 2009, participou de um Congresso Mundial de Pesquisa em Esquizofrenia e manteve conversas com psiquiatras da Europa e dos Estados Unidos que lhe informaram que incluíam os pacientes nos grupos de família e tinha resultados favoráveis.
A Regra do Jogo repete cenas ligadas à psiquatria, abordada dois anos antes pela novela Amor à Vida e o problema persiste por falta de apoio da família no que tange ao tratamento de saúde.
No dia seguinte da festa em família, Nora se dirige a biblioteca onde se encontra Gibson falando ao telefone a respeito da venda de ações na Bolsa de Valores, ela disse que Nelita deseja falar com o pai. Ao entrar, a filha pede desculpas ao pai e o abraça carinhosamente, saindo em seguida do recinto. Gibson alega à esposa a necessidade de internar Nelita em clínica psiquiatra. A mãe discorda e ameaça sair de casa, caso o marido insista na ideia.
Na vida dissoluta em que as pessoas vivem, ter relação amorosa com estranhos é natural, pois o clima não é adequado a romance e nem a um enlevo em que podemos sentir um clima estável. Tudo é fugaz e não se apegam com a fugacidade sendo passada. No entanto, em tudo vemos a beleza, embora a beleza esteja escondida nos menores gestos. No íntimo, existe a recôndita beleza.