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quinta-feira, 31 de março de 2016

NAMORAR

Namorar é o objetivo comum entre as pessoas que buscam se relacionar até mesmo entre aquelas não querem saber de relação alguma. Mas, é uma comunicação, pois existem 2 polos que tendem a se aproximar ao mesmo centro de convergência.
Há que se estabelecer a situação e as circunstâncias em que o namoro começa a surgir definindo as escolhas de ambas as partes, não esquecendo que a densa consciência planetária carreia a competitividade e separatividade, nesse caso o amor vem com a característica de amor-projeção. Isto abarca 6 bilhões de pessoas do total de 7,3 bilhões de habitantes do planeta, sendo que apenas 1,3 bilhão vivencia o amor-sabedoria. 
Enquanto existir a necessidade de vivenciar o amor em uma pessoa, um objeto ou objetivo, uma classe, uma instituição, um ideal nos trabalhos materiais ou mesmo espirituais, há presença do amor-projeção. Essa projeção ganha espaços maiores quando sai do exterior e faz a viagem interna ao coração onde se descobre como ser profundo e passa a vivenciar práticas que levam ao que se chama na Índia de Bhakti Yoga ou Yoga da Devoção. [AMOR-PROJEÇÃO – 21 de outubro de 2013].
Amor-Projeção está a caminho do Amor-Consciência, mas isto não é questão de busca e apreensão ou busca apreensiva, é a inteligência que se projeta em luz eliminando as sombras ou penumbras de um amor projetado. Como conseguir isto? O abandono à luz, o abandono da personalidade que deve ser vivida e transmutada a um patamar de grandeza superior.  [AMOR-PROJEÇÃO – 21 de outubro de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
O encontro das pessoas está mais ligado à inexorável situação do reajuste harmonioso do que os deleites que são apreciados nos mundos felizes, como por exemplo nos corpos celestiais onde o ser imortal, corporizado em matéria mais sutil, em sublime missão, se adapta às elevadas temperaturas-ambiente.
Vale transcrever 3 parágrafos da crônica Amores Venusianos:
Não há separatividade em nenhum setor da vida planetária em Vênus, nenhum apelo religioso, nenhum setor político à semelhança da Terra. Para quem não viu nada além da Terra, é um paraíso, um mundo feliz, um recanto de eterna primavera como nos faz lembrar a inspiração dos poetas que semearam a beleza.
Lá vive-se do que se dá. A doação é de todos. Não há carência em nada e em ninguém. Não há a internet, para quê? Se sabe de tudo relacionado ao planeta Vênus e nem precisa sonhar para saber os recônditos da alma. Na transparência que existe por lá, ninguém engana ninguém e não há levas de gente seguindo o caminho das mídias controladoras de massas humanas.
O modo de viver em Vênus é muito gratificante, longe dos padrões que na Terra nos acostumamos a ver: dinheiro, comércio, relações amorosas conturbadas, discriminações em busca de prestígio transitório e, sobretudo, o dualismo humano que acarreta todo esse amargor no caminhar. [AMORES VENUSIANOS – 13 de setembro de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Tudo está a caminho da grandeza a que se destina, no decorrer do tempo e do espaço que não se pode estabelecer como e quando, pois o destino é sempre a deliberação final de cada um em qualquer situação ou circunstância. O namoro está neste contexto.
No alto sobrevoando um dos mundos felizes, admirei a beleza que se descortinava aos meus olhos: tudo está a mão, sem nenhum esforço ou preocupação. As casas, as benfeitorias que se espalhavam pelas cercanias, as mulheres que lá estavam, estavam à minha disposição, basta um pensamento, apenas. Nessa circunstância, pude ver o significado do pensamento hindu: não buscar nem fugir. [PÉGASO (XLV) – 20 de março de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Aqui na mata Atlântica onde aprecio, ao anoitecer, o retorno das aves aos ninhos e galhos de árvore, passou diante de mim uma gentil senhorita que deixou o carro na entrada do recanto em que eu estava, ela me deu boa-noite sobraçando um livro que estampa o retrato do autor, de longe identifiquei um guru hindu que vendeu milhões de exemplares nos Estados Unidos.
Com um sorriso cativante, ela estava feliz em caminhar por aqui, com destino além das vistas, usava um vestido, onde o comum na mata é o uso de short, camisa e bermudas. Isto lhe trazia um astral que lhe definia estar propensa ao namoro com a pessoa que desconheço. Daí surgiu a ideia de escrever a crônica namorar.
Lembrei-me ainda de Odaliscas, poesia de Leôncio Correia, que menciona um arpejo febril e ardente soluçando ao luar, evocando o primeiro beijo dos amores:
“E as estrelas no céu cercam a lua:
Odaliscas guardando eternamente
Alva sultana eternamente nua.”
A luz da lua esteve também no cenário da ópera La Bohème, de Puccini. Na cena em que aparece a ária Che gelida manina, ambientada num quarto, iluminado pela lua, está um casal. Um objeto cai ao chão, quando ela ia pegar, a mão dele a tocou, e ele lhe diz: “que mãozinha fria”. É uma cena de paquera muito interessante. Quem não gostaria de paquerar ao luar? O namoro começa assim.

segunda-feira, 28 de março de 2016

FONTES LÍMPIDAS

Das fontes límpidas nascem os mananciais da vida. Tudo vem se alimentar nelas. A beleza que sentimos no íntimo irá nos propiciar a aproximação da beleza que vem dessas fontes.
No campo físico, as nascentes d'água dão vida ao solo e tudo que nele vive. No campo etérico, a fonte da inspiração abastece a criação da arte e da beleza que se expressam na música harmoniosa, na poesia, no teatro e nos gestos daqueles que manifestam amor e ternura.
As andorinhas em bandos fazem o verão, as flores se abrindo a primavera, as manadas de animais a romaria para os lugares férteis.
Os homens de uma nação seguem as conjunturas políticas de grupos que se renovam em períodos sucessivos. Os modelos econômicos e políticos são experimentados com a finalidade de buscar novas forma de governo.
O que vemos no mundo inteiro é o caminhar das nações imitando os passos das manadas de animais em busca de lugares férteis. A fome, a sede e o abrigo são necessidades comuns em ambos os casos.
O instinto da conservação impulsiona os animais a sobreviver, mesmo que isto lhes custe muitas caminhadas. Esse atavismo do reino animal chega aos homens com maior nitidez, iluminado pela inteligência e pela razão.
Nesse estágio de percepção, cria-se, no reino humano, a idéia de luta pela sobrevivência. Os homens sentem necessidade de buscar na fonte do trabalho o meio de sobreviver.
Como todos buscam a mesma fonte, subordinados a  uma  educação que estabelece as regras de conduta, há um atropelamento na avidez pela aquisição dos valores imediatos  onde  se  vê os caídos que não tiveram a astúcia e a esperteza de derrubar seus companheiros.
Esse jogo de disputa é próprio num mundo competitivo em que vivemos, abrangendo a política, o mercado de trabalho e até mesmo as ligações de casais que dele recebem forte influência.
Nas mudanças políticas, consequentemente econômicas, cria-se um clima de incerteza, mesmo que os técnicos de planejamento observem as diretrizes a serem tomadas. Há muitos interesses em jogo, grupos econômicos influindo na economia, trabalhadores reivindicando melhores salários, necessidades coletivas a serem supridas.
A fonte do abastecimento, espalhada nos mananciais da vida, está sempre fecunda. Os animais para sobreviver  não  se  atropelam e seguem em romaria ouvindo a voz do instinto conservador.
Numa imitação fragmentada, os homens, buscando os recursos para a sobrevivência do corpo físico, não se reúnem em grupo como as manadas de animais. Há um sectarismo em todas as suas atividades. O interesse da recíproca é gritante. Dá-se a quem pode retribuir.
Mas esta consciência egocêntrica gera desníveis no equilíbrio social e não resiste mais a mudanças políticas que se operam no mundo inteiro.
O progresso é um bem comum. Ninguém pode mais viver isolado num mundo que tende a se integrar num clima de solidariedade a tudo que o compõe.

domingo, 27 de março de 2016

E DAÍ

E Daí, música de Miguel Gustavo, foi gravada, em épocas distintas, por Isaurinha Garcia, Sonia Dutra, Elizeth Cardoso, Maysa e Gal Costa: “proibiram que eu te amasse, proibiram que eu te visse, proibiram que eu saísse e perguntasse a alguém por ti”.
Todas as cantoras que gravaram a música obtiveram sucesso, sendo que Sonia Dutra (1937/2010), tornou-se mais conhecida como radioatriz, atriz, cantora, modelo e garota-propaganda, além do pai Eloi Dutra ter sido vice-governador do Estado da Guanabara (1961/1964).
Dentro de uma linha rígida, a proibição de namorar começa pelos pais, irmãos da moça, depois sucede com o marido e, numa situação de divórcio ou de viuvez, a proibição é feita pelos filhos à mãe, isto em decorrência de muitos fatores que colidem com os interesses do grupo familiar.
Nos casos em que a mulher não tem a capacidade de escolha, em decorrência do estado psicológico em desequilíbrio emocional que é acompanhado por médicos em consultório ou em clínica psiquiátrica ou ainda em domícilio por cuidadores, naturalmente a proibição de namorar é evidente. Mesmo porque o entorpecimento provocado por drogas lícitas não dá a paciente condições favoráveis a qualquer relação amorosa.
A proibição está na nudez revelada por “toda nudez será castigada”, nome da peça teatral de Nelson Rodrigues escrita nos idos de 1965, como também qualquer ato que infringe a lei, no caso brasileiro, a proibição de mostrar os mamilos femininos com a permissão para top less masculino, tirar a camisa, por exemplo: ideia machista que não dá a vez a mulher.
Proibir alguém de amar é muito grave, se não houver uma base educativa e no decoro familiar. No íntimo, a proibição é nula se houver um pensamento ligando a pessoa amada porque não basta o contato físico para haver a relação, pensar já está desobedecendo. Em todo ato, o pensamento indica a situação em que se encontra a pessoa, derrubando assim a justificativa de mulheres que dizem “trair em pensamento não acarreta problemas.”
Proibir alguém de ver alguém pode não surtir efeito quando os dois se encontram sem que algum deles tivesse marcado o encontro, nesse caso até as pedras se encontram, basta ter uma enchente de águas em corredeiras.
Proibir alguém de sair e proibir de perguntar a alguém por onde anda outro alguém incorre na mesma situação de cárcere privado, destituindo a liberdade de ir e vir, afinal todos têm necessidade de ir a supermercados e lojas, trabalhar, passear e viajar.
Há casos mais delicados de proibição de filhos a mães de namorar que estão em idade adulta a caminho da terceira idade para proteger o patrimônio da família ou na ideia fixa de que o namoro pode ocorrer sofrimento, ora se as mães não  soubessem se cuidar, depois de um longo caminho percorrido em todas as fases em que o namoro se manifesta.
Essa proibição vem até do plano invisível que ocorre dentro do sono quando dormimos. Os parentes, com laços consanguíneos ou não, estão à espreira do que se passa com aqueles que eles deixaram ao partir do plano material.
Na interpretação da linguagem dos sonhos, Carl Gustav Jung disse que neles existem entidades misteriosas como se fossem amigos desconhecidos revelando sobre o nosso bem-estar fundamental “que pode ser diferente do bem-estar que imaginamos ser a nossa meta”. [O MUNDO DE MORFEU – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 10 de março de 2013].
Isto define também o recente relacionamento, apenas dois encontros, em que as aparências estavam diante do sonho de olhos abertos em ter uma pessoa suscetível ao namoro, lembrando-nos do pensamento filosófico: quando a pessoa vê para fora, sonha, quando vê para dentro, desperta. “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta” – Carl Gustav Jung. No caso, a palavra ver é mais profunda do que a palavra olhar. – PÉGASO (XXIII) – 16 de julho de 2015.
Assim mesmo numa relação que aparente se apresentava sólida desaparece num piscar de olhos, basta que a pessoa se lembre do que ocorreu no sonho com relação à proibição desses parentes. O mundo subjetivo transcende à aparência daquilo que pensamos ser a realidade.
O importante é o resultado da situação: e daí? Cabe a cada um saber o que pode ser proibido ou não ser proibido. De qualquer forma, nunca é bom colocar meios que cerceiam a liberdade de escolha, é isto que deve prevalecer. No caso de menores, são os pais que cabem a tarefa de orientá-los.
Vale citar o pensamento de Carol Sonenreich, Giordano Estevão e Luiz de Moraes Altenfelder Silva Filho:
“Entretanto, no relacionamento com os outros, na organização das condutas, aliás, no que constitui o campo das alterações mentais, o essencial não está no que as limitações determinam, mas no que pertence à liberdade de escolhas.” - in Doença mental e perda de liberdade - Revista TEMAS - Teoria e Prática do Psiquiatra - v. 35, n. 68-69, p. 4 - Jan/Dez 2005 – Apud Os domínios da psiquiatria – in blog Fernando Pinheiro, escritor. – PRIVAÇÃO DO SONO – 10/09/2015.

sábado, 26 de março de 2016

A BUSCA DA FELICIDADE

Todos buscam ser felizes. Mas o que muitos chamam de felicidade é a realização de seus desejos no campo dos interesses imediatistas.
Ainda sem compreender o interesse maior que transcende às necessidades da matéria, o homem busca algo que lhe dê satisfação. Assim, coloca o pensamento em alguma coisa que lhe desperte atenção. Começa, então, a fazer planos, como viajar, arranjar uma companheira, adquirir bens de consumo.
Nesse tempo todo antecedendo à realização de seus sonhos, desfruta momentos de deleite, como se já tivesse possuído o que almeja. Mas, quando adquire aquilo que tanto quis, fica inconformado e deseja algo mais. Se for uma casa, deseja outra maior, se for uma companheira, acha que têm outras capazes de lhes fazer feliz.
Essa busca pelo desejo insatisfeito é em decorrência de sua incapacidade de compreender os desígnios superiores da  vida que lhe dão aquilo conveniente à sua evolução espiritual. Os obstáculos e acidentes do caminho são marcas importantes para que observe como é bonita a paisagem íntima em que está envolvido.
A inconformação é um marco que estabelece a mudança de comportamento. Isto não quer dizer que a situação anterior não fazia sentido, pois pode haver crescimento interior na mais intrincada adversidade. O desgaste do relacionamento interpessoal é atribuído a quem não apreciou o trabalho nos dias de sol abrasador ou numa chuva torrencial.
A dificuldade das horas difíceis não pode ser motivo de desânimo para aqueles que têm um ideal, numa ética  imperecível.
A troca de atitudes pode ser benéfica para quem compreende a hora em que tal fato não mais faz parte do momento presente. Mas pode ser embaraço para aqueles que não acompanham o desenrolar de todos os movimentos da relação interpessoal.
Em qualquer situação difícil, devemos buscar a inspiração para que a parte que nos diz respeito seja cumprida integralmente, confortando aqueles que nos acompanham os passos, com as marcas do nosso amor e ternura.
E se, ainda, persistir alguma dúvida na lacuna que se nos apresenta, entreguemos a Deus o nosso cuidado nas ligações dos afetos que buscamos, pensando na felicidade deles.
Temos exatamente aquilo que devemos ter, nem falta nem excesso. A vida nos responde aos apelos na medida exata de nossa integração na harmonia que nos beneficia o viver e daqueles que elegemos como participantes de luta em comum, no lar e nos lugares por onde passamos.

sexta-feira, 25 de março de 2016

LEMBRANÇAS AMÁVEIS

Frequentador assíduo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e da Sala Cecília Meireles, e ainda de outros palcos iluminados, temos lembranças amáveis dos grandes espetáculos da música onde se apresentaram maestros de importantes orquestras sinfônicas e solistas no canto e nos instrumentos, principalmente piano, flauta, oboé e violino.
Vale transcrever textos da obra HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL (1906 a 2011), de Fernando Pinheiro, obra disponibilizada ao público pela internet no site www.fernandopinheirobb.com.br
O tenor lírico Fernando Augusto Ferreira Cunha, de saudosa memória (posse no BB: 25/10/1962), teve passagem pela Direção Geral do Banco do Brasil – CAMIO/GECAM (década de 70), época em que se apresentou no Teatro Glauce Rocha, Av. Rio Branco, 179 – Rio de Janeiro, na presença de dezenas de companheiros de trabalho que foram ouvir a interpretação da música O Lola (Siciliana) da Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, e a ária Je crois entendre encore, da ópera Les perchêurs de perles, de Bizet.
A belíssima canção Siciliana, no mundo inteiro, teve a gravação de inúmeros cantores e a que nos faz lembrar de Fernando Augusto é a interpretada pelo tenor lírico Marko Lampas que possui aparência física semelhante ao nosso ex–companheiro de trabalho.
Outra música siciliana, Brucia La Luna, Brucia La Terra, de Nino Rota fez parte da trilha sonora do filme O Poderoso Chefão, estrelado por Marlon Brando no papel–título. [HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL (1906 a 2011), de Fernando Pinheiro].
No palco montado sobre o lago da Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, assistimos, no dia 26 de abril de 1987, ao Balé Nacional de Cuba que apresentou a solista cubana Alicia Alonso, a mais famosa bailarina das Américas (prima ballerina assoluta), que emocionou o público de 120 mil pessoas.
Posteriormente, conhecemos pessoalmente Alicia Alonso e até a cumprimentamos, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, após o espetáculo Carmen, balé sob a coreografia de Antonio Gades, adaptado da ópera Carmen, de Bizet. Ela era a coordenadora do Balé Nacional de Cuba que se apresentara naquele oportunidade. Guardamos conosco o sorriso que Alicia Alonso nos deu ao agradecer ao cumprimento que lhe fizemos.
Notícia divulgada no mundo inteiro foi o discurso proferido, em 22 de março de 2016, no Gran Teatro de La Habana Alicia Alonso, por Barak Obama, presidente dos Estados Unidos, em visita oficial a Cuba. Mais uma vez o nome dela percorreu os quatro cantos do mundo.
Ainda na Quinta da Boa Vista, em 5 de novembro de 1989, assistimos ao Balé Bolshoi, tendo como solistas Alexander Vetrov, Natalya Arkhipova, Gediminas Taranda, espetáculo ao ar livre que reuniu 200 mil pessoas. Cinco anos depois, Gediminas Taranda lidera a criação do Imperial Ballet Company que realiza temporadas no Novaya Opera Theatre, Moscou, Rússia, e turnês pelo mundo inteiro, inclusive em Brasília, Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Curitiba e outras cidades brasileiras.
Segundo a nossa amiga do facebook Nilza Lopes da Silva, oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores,  quando estava servindo no Consulado do Brasil em Moscou, assinou o visto de passaporte dos integrantes do Balé Bolshoi que vinha, pela primeira vez, ao Brasil.
Ao ensejo da inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, nos idos de 1909, vale salientar as palavras em discurso proferido pelo poeta Olavo Bilac: “dentro do teatro reside a vida civilizada, tudo quanto ela tem de sério e amável, de forte e de meigo.”
Inúmeros mestres da música se apresentaram no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dentre os quais destacamos Richard Strauss, Arturo Toscanini e Kurt Masur que o conhecemos, nos idos de 1970, quando regeu a Orquestra Sinfônica Brasileira que comemorava o bicentenário de nascimento de Beethoven. Na ocasião, Kurt Masur conheceu a violista da OSB, Tomoko Sakurai, casando-se com ela em 1976. O maestro Masur voltou a reger a OSB, em 2010, num ciclo dedicado às sinfonias de Brahms.
Ficamos pensando na convivência feliz do maestro Kurt Masur com a soprano japonesa Tomoko Sakurai, durante muitos anos, por fim enfrentando a doença de Parkinson, em 2012, ocasião em que o maestro cancelou, em seu site, várias participações em eventos. No dia 19 de dezembro de 2015, ele veio a falecer. 
Ainda nos idos de 2010 assistimos à cantata Carmina Burana, de Carl Orff, sob a regência de Sílvio Viegas, com coro e orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como solistas Gabriella Pace, soprano, André Vidal, tenor, e Lício Bruno, barítono. Atualmente, a TV Globo, ao abrir a transmissão de jogos de futebol, apresenta o início da música de Carl Orff – O Fortuna – Carmina Burana.

quinta-feira, 24 de março de 2016

EXIGÊNCIAS DO TEMPO

Cada época se distingue por suas características. Seus reflexos atingem a todos como a chuva, o vento, o sol e as noites de luar.
As etapas do tempo estabelecem marcas que registram  acontecimentos que ficam na memória dos povos e civilizações.
As idéias e conceitos que ultrapassam as fronteiras de cada geração e se mantêm atuais trazem argumentos que se fundamentam na harmonia do universo.
Nestes passos, é muito importante observarmos o papel que exercemos perante à vida, sempre flexível naquilo que pensamos e agimos. Construamos o nosso amanhã.
As oportunidades de refazimento interior vêm com um tempo contado. A dúvida e a incerteza naquilo que pensamos fazer, um dia, deixa um vazio que, mais tarde, terá de ser preenchido.
Quando elaboramos um plano de ação, já existem as condições favoráveis para o início, embora haja dificuldades comuns a tudo que se expande.
As situações análogas se unem, pensamento a pensamento, idéia a idéia, numa corrente de interesses afins. Estamos sempre ligados com aqueles que precisam se comunicar conosco.
Nesses encontros, temos a oportunidade de verificar, pela apreciação alheia, como está sendo realizada a nossa comunicação de sentimentos.
Vivemos num mundo de informações heterogêneas, pois o campo do pensamento é bastante cultivado por diferentes grupos sociais que marcam presença em todas as atividades humanas.
No limiar do advento do novo milênio, é de conhecimento geral o declínio da ética atual que dá interpretação  desvirtuada  da natureza intrínseca do homem.
Mesmo assim, acreditamos no despertar da primavera no coração de cada criatura humana, principalmente naquelas que já semeiam a palavra que deslinda os enigmas do  caminhar.
Nos lugares onde o vento forte anuncia a tempestade, vemos a destruição de árvores que foram tocadas em sua sensibilidade para transmutar a energia de suas vidas. Nos homens e nas instituições que criam, sujeitos à lei da evolução contida na natureza inteira, o mesmo fenômeno acontece.
Essa transmutação ocorre sob diversos aspectos que se classificam em crise econômica, perdas de ganhos, desprestígio social e dificuldades para expor idéias renovadoras em campos que foram danificados pela emoção desfigurada.
Mesmo que fossem destruídos os rios e os mares, a água surgiria de algum lugar e se a humanidade, que se desgasta, chegasse ao fundo do vale, haveria sempre alguém na montanha a indicar caminhos.
No decorrer dos milênios, o homem constrói e destrui o que é transitório e a humanidade faz e desfaz civilizações, buscando sempre a identificação das exigências do tempo.

quarta-feira, 23 de março de 2016

EGRÉGORA

Passou despercebido para Afrânio, papel do ator Rodrigo Santoro, a novena de Leonor, vivida pela atriz Marina Nery, que a Rede Globo de Televisão levou ao ar, no dia 21 de março de 2016, cena da novela Velho Chico, revelando a primeira fase, na década de 60, em que traz certo saudosismo. Antes ele perguntou: “o que você está fazendo?” Ela respondeu: “rezando novena.” O cenário era um pequeno oratório no quarto do casal. Ele a viu pelas costas que lhe fez despertar desejos e a agarrou desmanchando a novena. No entanto, ela estava unida a ele pela ressonância mórfica.
Na época em que o Brasil era brejeiro, bucólico e importador, a maioria das pessoas não possuía relógios; no campo e na lavoura o trabalho era suspenso a fim de que se pudesse  ouvir o sino das igrejas tangido às 18:00h.
Até as décadas de 50/60 (século XX), o Brasil era brejeiro, bucólico e importador. Na década seguinte, o Brasil passa a ser intelectual (expansão dos cursos de Mestrado), esportivo (supremacia no futebol), cosmopolita (fluxo maciço de estrangeiros) e exportador (exportação de bens e serviços, com o apoio do Banco do Brasil). [HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL (1906 a 2011), de Fernando Pinheiro].
O crepúsculo do sol era a referência da paralisação do trabalho, à tardinha estavam de volta aos lares, sentavam-se à mesa de refeição ou na sala-de-estar para a hora da Ave-Maria ou a hora do Ângelus, em que a família inteira rezava o terço e as orações em súplica aos anjos da guarda. [AVE MARIA – 9/10/2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A ressonância mórfica, divulgada no nascedouro pelo Dr. Rupert Sheldrake: “o padrão de como agimos e do que somos seres humanos”, é ainda apreciada como hipótese pela ciência. Essa hipótese, assim como a constelação familiar, está no emaranhamento quântico em que tudo se interliga.
Consta-se de extensa bibliografia que há mais de 30 anos os cientistas estavam estudando o comportamento dos animais nas ilhas do Oceano Pacífico e nesse estudo foi observado que uma macaca limpava a batata doce antes de comer. Quando um determinado número de macacos começou a repetir o gesto da macaca, todos os macacos das ilhas vizinhas, sem se conhecerem, começaram a lavar a batata doce.
Os animais, inclusive o homem, estão subordinados a comportamento repetitivo, aprende-se com maior facilidade uma língua estrangeira, repetindo frases que estão sendo estudadas, e se um gatinho olhar outro gatinho comer numa vasilha, o segundo gatinho vai repetir o gesto do primeiro.
O inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung, abrigando uma teoria psicológica, já demonstrava que existe um campo em comum onde tudo se aglutina, esse tudo daquela época estava ligado à psique, hoje apreciada numa visão biológica de campos mórficos de Sheldrake.
A ressonância mórfica é revelada no comportamento das torcidas de jogos e nos eventos de show onde o palco comanda as emoções dos espectadores, sem falar no modismo das pessoas que usam piercing e tatuagem, o uso igual das roupas femininas quando a saia sobe acima do joelho.
O efeito Maharishi, nome atribuído a Maharishi Mahesh Yogi (1918/2008), um dos divulgadores nos Estados Unidos, Inglaterra e Países Baixos, da Meditação Transcendental, tem um efeito surpreendente que alcança objetivos reveladores, assim como uma simples oração, como a luz acesa na escuridão, dissipa as trevas.
Vale ressaltar outros dois parágrafos de nossas crônicas de 9/10/2013 e 20/01/2014]:
A partir do século XX, com as fábricas em funcionamento, não havia turno à noite, e à tardinha, os operários já estavam em casa, não havia engarrafamentos de trânsito, pois moravam no mesmo bairro, perto do trabalho. Na hora da Ave-Maria os rádios transmitiam programação específica.
Formava-se uma egrégora salutar e nunca era comentado casos de assalto ou de violência, os políticos ganhavam, naquela época, muito menos do que hoje ganham os atuais, e não havia nenhum caso de escândalo, quando isto ocorria, lá alguma vez, o homem público passava uma vergonha que o impedia a concorrer a reeleição. [AVE MARIA – 9/10/2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Tudo é energia e tudo está conectado, a visão de Einstein revolucionou o mundo, e o mais empolgante é que a energia está em expansão. Como o pensamento é energia e se expande, haverá sempre um retorno do que emitimos. A feitiçaria está quem está ligado à feitiçaria, inclusive dando peso e referência, Maria Naê não se ligou a isto e lançou o olhar para o seu povo, fazendo uma prece para libertá-lo.
Essa energia da prece, une-se à energia que está no ar, formando uma egrégora de luz que elimina a antimatéria dos cientistas, no caso do enredo samba, as feitiçarias que Maria de Naê viu. Liguemo-nos à luz e a luz surge, este é o segredo descoberto pelos cientistas e há muito tempo revelado naquelas paragens longínquas da capital do Império romano (Caput Mundi). [A SAGA DE AGOTIME – 20/01/2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor]. 
É por isso que compreendemos o pedido do papa Francisco para que orem por ele, a fim de que se forme uma egrégora iluminadora. Em qualquer situação é altamente benéfico o costume da prece e da meditação, assim como fez a personagem Leonor que fortaleceu o casamento, num momento em que o marido voltou para casa sob efeitos do álcool.
A egrégora, em qualquer situação ou circunstância, é observado daquele hábito dos animais que se comunicam, em códigos não humanos, é claro, que os fazem ter o sentido gregário, o mesmo sentido em que a humanidade, como um todo, irá ter no futuro.
Considerando que o pensamento é energia que se expande, o campo mórfico da biologia une-se agora ao campo da física quântica que estuda as relações das partículas atômicas no campo eletromagnético.
Aos 93 anos de idade, o físico e filósofo francês Bernard d´Espagnat (1921/2015) completou a sua missão aqui na Terra, depois de ter ganho, em 2009, o Prêmio Templeton, no valor de £ 1 milhão, destinado anualmente a pessoas que afirmam “a dimensão espiritual da vida”. A física quântica, conforme menciona The Telegraph, edição 19/08/2015, “é o estudo de sistemas em ou abaixo do nível atômico: átomos, elétrons, prótons e partículas subatômicas.” – VISÃO QUÂNTICA – 03 de fevereiro de 2016.

terça-feira, 22 de março de 2016

O CONVÍVIO DAS HORAS

É necessário  observarmos o lugar onde estamos, pois, assim escolhemos, assim quisemos e, na coordenação dos efeitos que saíram de nosso íntimo, essa força que chamamos destino nos reserva o lugar correto, entre tantos que nos interligam.
Vemos também que não há lugar melhor do que outro, nas profissões humanas. O serviço dos portos distingue o portuário, a jardinagem o jardineiro e assim por diante.
Em nenhuma hipótese, uma profissão terá maior valor que a outra, a menos para os pacientes da febre do ouro. As profissões humanas têm uma ligação intrínseca com a necessidade espiritual que cada um traz.
Daí a grande diversidade das tarefas materiais que desenvolvem as aptidões e estimulam a criação de talentos naqueles que começaram a compreender o progresso como força impulsionadora das criaturas.
Nas classes trabalhistas  vemos que há um objetivo comum, mesmo que esteja arquivado no inconsciente de cada participante que se interliga, formando o denominado inconsciente coletivo.
A nossa presença junto aos companheiros de trabalho é sempre uma realização que estamos alcançando. Além das tarefas que são destinadas ao exercício profissional, temos junto a eles o convívio das horas.
No relacionamento entre as pessoas, exteriorizamos o nosso “eu”, quando pensamos e agimos, criando circunstâncias onde se evidencia aquilo de que participamos.
Se há um mal-entendido, na apreciação de um companheiro de trabalho, é de nossa responsabilidade desvanecer qualquer indício que caracteriza essa situação.
A clareza dos gestos deve ser uma constante, sem deixar a esmo a manifestação da simplicidade que pode ser encarada, na apreciação do interlocutor, como uma ingenuidade.
Devemos trazer o coração puro, sem nenhuma aparência de ingênuo, para não deixarmos ser enganados por aqueles que apreciam a vida num ângulo imediatista.
A humildade e a simplicidade são forças poderosíssimas, por isso não podemos deixar que os comprometidos com o poder temporário tenham ascendência sobre nós, além do permitido pelas circunstâncias do momento. Seria o mesmo que atribuir a eles aquilo que não possuem.
Nossos passos são firmes. Não queremos destaque honroso no campo sócio-trabalhista. Sabemos o que convém ao nosso aperfeiçoamento pessoal, sem deixar, nas circunstâncias reconhecidas, que decidem sobre o destino que nos cabe fazer.
Se  houver uma indicação superior aos lugares onde devemos passar, invariavelmente, nos colocamos numa atitude para que tal fato ocorresse.
A nossa participação, no conjunto de pessoas, movimenta e estimula decisões de terceiros que podem nos beneficiar, nunca prejudicar.
Mesmo que algo se nos afigura errôneo, vemos que o nosso inconsciente agiu para que as circunstâncias, que nos envolvem, tenham uma identificação reconhecida.
Como não há nada errado no Universo, pois a sabedoria está com o sábio, a ignorância com o ignorante, o aprendizado com o aprendiz, as nossas ações refletem nas decisões que os superiores da hierarquia trabalhista tomam sobre nós.
Eles, como instrumentos da lei de causa e efeito, não devem receber nenhum julgamento, mesmo porque o aparentemente errado, mais tarde, será um benefício para o nosso aprendizado.
Amemos sempre aqueles que detêm o poder hierárquico, pois a responsabilidade deles é muito grande, pois cumprem, naquilo que podem, o que lhes chega, por inspiração, como conveniente à missão escolhida.

segunda-feira, 21 de março de 2016

A FORÇA DO CONVÍVIO

Quando pensamos que tudo corre tranquilamente, eis que um instante depois, a oportunidade de exemplificarmos a doçura e a simplicidade surge com força incontrolável. É o destino de lutas que escolhemos.
Os afetos que nos rodeiam no trabalho, no lar e nos lugares de convívio social, estão bem próximos a nos pedir afirmação de nossos sentimentos.
Na maioria das vezes, eles não possuem idéias cristalizadas a nosso respeito e esperam, pelas demonstrações de carinho, a recíproca daquilo que sentem. Isto é a força do convívio sobressaindo acima das atitudes isoladas daqueles que gostam de estar a sós com seus pensamentos.
É necessário observarmos quando é a hora da apresentação de nossas idéias e conceitos a respeito dos interesses do grupo social a que estamos ligados. A toda pergunta é exigida a resposta correspondente.
Não vamos responder de acordo com aquilo que esperam, pois pode haver falta de informações suscetíveis de alterar o conceito da pergunta do interlocutor.
É fato comprovado que a apreciação de atitudes alheias sofre sempre a influência daquilo que somos. Se trazemos, no íntimo, a obscuridade dos fatos, não podemos ver clareza deles nas pessoas que estão à nossa frente.
Mas, se amamos a mensagem que tem por finalidade estimular o bem-estar no convívio grupal, vemos que estamos integrados na luta de recomposição daquilo que está incompleto.
Exemplifiquemos, com doçura e energia, a simplicidade de nossas atitudes, mesmo que estejam envolvidas nas situações embaraçosas. O lírio resplandece revestido de brancura, acima do lodaçal.
Se algo está confuso, envolvendo pessoas que nos rodeiam, isto não implica em dizer que fazemos parte da confusão.
O planeta, como um todo, salvo as leis sábias do Criador, traz a peculiaridade de um aparente desequilíbrio, em decorrência de seus habitantes  que  estão  se  ajustando  a essas mesmas leis que os fizeram nascer.
Todos buscam o posicionamento estável de suas idéias e atitudes e, como lógica, aqueles que estão perto são convidados a participar daquilo que está acontecendo.
Ninguém pode ignorar que o próximo não está longe. Quando alguém, no grupo, consegue avançar, todos aqueles que o cercam são beneficiados por sua influência.
A força do convívio surge em todo pensamento que emitimos e recebemos daqueles que nos acompanham os passos, nos interesses da vida que Deus nos deu, como forma de conhecermos mutuamente.

domingo, 20 de março de 2016

PÉGASO (XLV)

Ao dar prosseguimento à Série Pégaso, vale assinalar os 4 primeiros parágrafos, constantes do início desta série, com o propósito de revelar aspectos do mundo astral:
A ideia ideoplástica é a matéria-prima usada pela mente humana que a transforma ao seu bel-prazer. O pensamento é o condutor que plasma as formas figuradas e elaboradas na projeção do propósito alcançado. A arte vive nesse meio.
O pensamento é um atributo do espírito e flui em correntes de variadas expressões que se modificam de acordo com o comando recebido.
O pensamento plasma a beleza como também pode criar modificações diferentes da beleza original em circunstâncias que a degeneram.
Em nossas andanças astrais passamos por lugares que passam a ser estudo para a observação da vida que ultrapassa os limites da matéria conhecida, entrando em espaços além do planeta Terra, embora esteja circunscrito na psicosfera terrestre, esse espaço onde abriga os pensamentos e os espíritos em trânsito pela transmutação das formas almejadas.
Numa planície de pastos verdejantes a casa era edificada em cima de um plano elevado onde se podia avistar o gado pastando. Estava andando por essa área verde, quando assoma diante de mim o jardineiro que se despedia da jornada de trabalho.
Vale citar a primeira quadra do soneto Odaliscas, de Leôncio Correia (1865/1950), membro pela Academia Paranaense de Letras, Academia Carioca de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Paraná – in Antologia de Poetas Espíritas, organizada por Clóvis Ramos, 1959, Irmãos Pongetti Editores – Rio de Janeiro: 
O céu azul e transparente... um vago
Suave  olor  de  recendentes  rosas
Por tudo, em tudo morno e doce afago:
Dos ninhos às campinas silenciosas
Um cachorro rodava a área em sinal de vigilância a qualquer gesto brusco que poderia surgir dos seres humanos que transitam por aquela planície. Aliás, nessa área os habitantes são mais dóceis à manifestação da natureza, não agridem a nada e a ninguém, nem mesmo ao cão vigilante. O jardineiro olhou-me e me disse com relação ao cão: todos somos um.
Em outro cenário de encontros de atos passados, estava diante de um chefe que exercera com mão vigorosa o ofício a que se entregara toda a sua vida. Não tinha nenhum vínculo com ele, a menos na estrutura administrativa em que ele estava no topo. Não me relacionei com ele por causa dessa distância hierárquica.
Nele havia ainda a rigidez em conduzir pessoas numa situação em que a ordem era eliminar gastos, afastar pessoas de suas funções, sem nenhuma precisão de critério, desde que fosse cumprida a ordem vinda de cima. No meu caso, os engramas do passado na vida profissional foram eliminados sem que houvesse qualquer sinal de veiculação com esse esquema de contenção de despesas.
Como estava em seu gabinete, ele procurava em mim algo que lhe desagradasse e não o encontrou, mas o sentimento que nutre para dispensar pessoas estava com ele latente e sendo alimentado pela vontade de prosseguir. A sombra quando é projetada, a sombra vive nessa projeção.
Nada a fazer naquele recinto, como não tenho medo de nada, saí pela janela afora, sabendo que somos pássaros, e empreendemos voo para os mundos felizes. Este é um recurso de que disponho para sair de situações em processo de transformação: voar.
Nesse voo sobrevoei uma cidade que possui belos jardins, assim como vemos belos jardins na cidade gaúcha de Gramado. Lá, a densa consciência planetária que levam milhões e até bilhões de pessoas em litígio não existia. Lá, as palavras do jardineiro repercutia com maior precisão: todos somos um.
No alto sobrevoando um dos mundos felizes, admirei a beleza que se descortinava aos meus olhos: tudo está a mão, sem nenhum esforço ou preocupação. As casas, as benfeitorias que se espalhavam pelas cercanias, as mulheres que lá estavam, estavam à minha disposição, basta um pensamento, apenas. Nessa circunstância, pude ver o significado do pensamento hindu: não buscar nem fugir.
Como tenho demonstrado no decorrer dos relatos que escrevo, para sair da densa consciência planetária e entrar no clima dos amores eternos, é necessário vivenciar os quatro pilares de ascensão de consciência: simplicidade, humildade, transparência e alegria. Incluo mais um pilar, gratidão, sugerido pela minha amiga búlgara Nona Orlinova, de encantadora beleza.

www.fernandopinheirobb.com

sábado, 19 de março de 2016

PÉGASO (XLIV)

Ao dar prosseguimento à Série Pégaso, vale assinalar os 4 primeiros parágrafos, constantes do início desta série, com o propósito de revelar aspectos do mundo astral:
A ideia ideoplástica é a matéria-prima usada pela mente humana que a transforma ao seu bel-prazer. O pensamento é o condutor que plasma as formas figuradas e elaboradas na projeção do propósito alcançado. A arte vive nesse meio.
O pensamento é um atributo do espírito e flui em correntes de variadas expressões que se modificam de acordo com o comando recebido.
O pensamento plasma a beleza como também pode criar modificações diferentes da beleza original em circunstâncias que a degeneram.
Em nossas andanças astrais passamos por lugares que passam a ser estudo para a observação da vida que ultrapassa os limites da matéria conhecida, entrando em espaços além do planeta Terra, embora esteja circunscrito na psicosfera terrestre, esse espaço onde abriga os pensamentos e os espíritos em trânsito pela transmutação das formas almejadas.
Na rua asfaltada caminhava num sentido de volta, a fim de ver o que poderia fazer no ambiente em que a chuva torrencial assolava a cidade, as águas corriam em profusão fazendo uma correnteza que arrastava detritos na calçada.
Ao aproximar-me da esquina da rua, vi um ônibus subir à calçada para sair da correnteza d´água e pude ver que era perigoso enfrentar tal situação, no mesmo instante passa por fim um amigo que trabalhou na mesma empresa como a dizer-me que vinha de lá e não há nada a fazer naquela situação. Recordo-me da última notícia dele, tempos atrás, quando estava morando nos Estados Unidos, depois de sair da empresa, fazendo palestras e dando consultas de tarô e astrologia àquela gente americana.
Recordo-me que ele gostava muito do poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (1048-1131). Gosto muito do Rubai 114 (quadra poética), originalmente traduzido do persa pelo inglês Edward Fitzgerald (1809/1883) e depois por Franz Toussaint e por Otávio Tarquínio, na transposição feita por Tousaint, segundo o poeta e tradutor Ivo Barroso, membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (Cadeira patronímica de Mello Nóbrega):
“Toda manhã, o orvalho acorda na tulipa,
Na violeta ou no cardo,
Mas logo vem o sol e o orvalho se dissipa,
Aliviando-se a flor do belo fardo.”
Isto vem aquecer o ânimo da população brasileira que vive o momento em que o quadro político busca mudança ao ensejo da aprovação pelo plenário da Câmara dos Deputados, numa votação de 433 x 1, da lista com indicação dos líderes dos partidos políticos que compõem a comissão especial destinada a analisar o pedido de impeachment da presidente da República.
Nas frases da semana, divulgadas pela TV-Globo, vale citar a do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), proferida, naquele evento, na tribuna da Câmara dos Deputados, em Brasília: “um suco de maracujá para quem está assustado.”
Esta sugestão do deputado piauiense vem como algo eficaz que nos estimula a dissipar o clima de desconforto não apenas aqui, mas nos Estados Unidos que enfrenta a pior crise de saúde na últimas décadas, obrigando o governo a publicar as primeiras normais nacionais para analgésico, segundo fonte do The New York Times, edição de 16/03/2016. 
Segundo ainda aquele matutino, de acordo com a OMS, os analgésicos opiáceos OxyContin, Percocet e Vicodin são as drogas mais prescritas nos Estados Unidos, com vendas de quase 2 bilhões de dólares por ano. A respeito, Dr. Thomas R. Frieden, diretor do CDC, revelou que “tornou-se cada vez mais claro que os opióides têm risco substancial, mas apenas benefícios incertos – comparado especialmente com outros tratamentos para a dor crônica”. [O MUNDO DE MORFEU (II) – 17/03/2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Retomando ao tema central, saí da rua e, num átimo, estava num portal de passageiros que iam embarcar num avião Boeing 737, tipo de aeronave muito conhecido nos aeroportos internacionais. Avistei a aeronave e pude ver que era potente e inspirava confiança.
Na fila do embarque, vi na pequena bolsa a tiracolo a minha passagem e a peguei para mostrar quando estivesse embarcando. Por que não viajei antes naquele avião? Era o que estava a me perguntar. Era necessário estar antes na rua onde a chuva devastara bastante, sem me afligir, apenas mantendo-me tranquilo como sempre estive, agora nesta fase em que estou vivendo.
Não era primeira viagem aérea que iria empreender, há relatos aqui mesmo na Série Pégaso onde descrevo lugares lindos por onde passei. Há também, nessas viagens de encantadora beleza, voos solitários e voos acompanhados onde pude ver sempre a beleza resplandecer, sem ter a necessidade de aeronave.

sexta-feira, 18 de março de 2016

SEMENTES VIRGENS

Quando o rio nasce, suas águas saem dos filetes das rochas e se concentram na porção mais condensada. Começa, então, um movimento em direção ao mar.
A movimentação humana, rumo ao destino, segue por etapas que se ligam entre si, formando situações próprias, de acordo com os movimentos empreendidos.
No início de sua caminhada, o homem vem de um silêncio interior como as águas que saem do cristal, para se ambientar com o mundo externo que possui características peculiares à situação em que se encontra.
No percurso as metas que lhe são reservadas, ao perceber a missão inteligente do seu viver, o homem se defronta com os obstáculos.
Quando as águas encontram barreiras que lhes impedem o avanço, se avolumam para vencê-las, num ímpeto de força e expansão.
A resistência que o homem encontra em seu caminho é em decorrência da falta de exposição de motivos que justifiquem o curso normal de seus planos. Diante da simplicidade tudo se clareia.
A resistência é enfocada pela mídia como zona de conforto, isto satisfazendo a ambas as partes: as que estão em relevo social e trabalhista e as que desfrutam desses conforto proporcionado por quem trabalha, sem que haja, a nível profundo, uma diferença entre elas.  
A concorrência a postos de destaque é comum na vida humana, mas nem todos têm os mesmos objetivos.
Quando há perda de lugares não se pode atribuir isso ao fracasso de quem não se posicionou ao destaque. Se o homem mantiver uma posição que não corresponda à energia de sua natureza vocacional, se tentar avançar, atrairá contra si contingências de forças que vêm se desenvolvendo no ritmo do equilíbrio.
Então, o resultado será o fracasso que repercutirá tão intensamente quanto forem as forças em choque. O ambiente perderá um colaborador e na perda novas diretrizes surgirão.
A vocação do homem lhe chama onde ele estiver. Essa voz repercute em seu íntimo em qualquer circunstância em que se encontra. Passar uns tempos em determinadas situações é imposição dos reflexos que saem da alma guiando aos rumos do seu destino.
Não há mal em alguém permanecer ou deixar de permanecer em lugares ou situações que, aparentemente, não lhe dizem respeito.
O fracasso e o sucesso são resultados de alternância de nosso estado emocional. Dentro da razão há um deslocamento de posição que estabelece a necessidade de prosseguirmos no caminho com os meios adequados, colocados à nossa disposição, que melhor nos possibilita o avanço.
Nesse contexto há de se considerar as peculiaridades do grupo humano, onde as ocorrências se desenvolvem, verificando-se primeiramente, como nos campos, as condições de arar, adubar, cortar ervas daninhas, transmudar plantas de outros canteiros ou, simplesmente, semear, semear como é o nosso caso.
Se  ainda não existirem condições favoráveis, podemos estar certos de que a força do destino nos tirará, mesmo sem a nossa vontade explícita, do lugar onde a necessidade  maior  vem antecedida do plantio.
Como as sementes deixadas no ambiente de trabalho –   sementes virgens – no ritmo da evolução, alguém no futuro se encarregará de fazê-las germinar no espaço adequado, revelando em seus gestos a continuação do que fizemos.

quinta-feira, 17 de março de 2016

O MUNDO DE MORFEU (II)

Enfrentando a pior crise de saúde pública nas últimas décadas, o governo dos Estados Unidos publicou, em 15/03/2016, as primeiras normas nacionais para analgésicos recomendando aos médicos indicar medicamentos, como o ibuprofeno, antes de prescrever os comprimidos altamente viciantes. [The New York Times – March 16, 2016].
Segundo ainda aquele matutino, de acordo com a OMS, os analgésicos opiáceos OxyContin, Percocet e Vicodin são as drogas mais prescritas nos Estados Unidos, com vendas de quase 2 bilhões de dólares por ano. A respeito, Dr. Thomas R. Frieden, diretor do CDC, revelou que “tornou-se cada vez mais claro que os opióides têm risco substancial, mas apenas benefícios incertos – comparado especialmente com outros tratamentos para a dor crônica”.
O ópio é extraído da planta papoula, o opióide é narcótico (torpor, em grego), mas refere-se também a outras drogas. A morfina é um opióide natural derivado do ópio. Os efeitos comuns são supressão da dor e sonolência. A palavra morfina vem de Morfeu, deus do sono na mitologia grega.
Anteriormente, na crônica Privação do Sono, divulgamos notícia do jornal The Independent – London – September, 11, 2015: “Workers subjected to 'torture' of 'sleep-deprived society' by being made to work before 10am, says body clock expert”. 
Ao ensejo da realização do Festival Britânico de Ciência, em Bradford, o acadêmico Paul Kelley, médico especialista em doença do sono, disse que as pessoas no trabalho estão sendo torturadas por uma sociedade privada do sono, isto é um problema mundial.
As pessoas possuem horário biológico ou ritmo circadiano e quando o ritmo é alterado consequências surgem denotando graves danos à saúde, diminuindo o sistema de defesa e se instalando doenças como diabetes e esquizofrenia.
O horário das horas trabalhadas, durante o dia, que deflagra desarranjo no organismo pode ser também o mesmo em horas noturnas para quem não está acostumado a trabalhar em ciclos alternativos de brusca mudança.
Mesmo sem trabalhar, a insônia pode provocar sintomas que levam a esse mesmo diagnóstico onde surgem distorções mentais. Cresce o uso de drogas lícitas diante do problema, aumentando o lucro da indústria farmacêutica, sem nos referir a outras drogas, como o álcool, admissível por essa sociedade privada do sono, e as drogas ilícitas largamente usadas por um contingente muito grande de pessoas. PRIVAÇÃO DO SONO – 10 de setembro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
A matéria do The New York Times (16/03/2016) diz ainda que está havendo muitas mortes nos Estados Unidos em decorrência do uso excessivo de comprimidos altamente viciantes, o que já vimos alertando aos nossos leitores, desde o ano passado, na citação do médico Allen Frances em textos de nossa crônica PÍLULA ADOCICADA, a seguir:
O sistema de diagnóstico, na área de psiquiatria, conforme observamos na mídia, é altamente pressionado pela indústria farmacêutica. O consumo de remédios antidepressivos tem aumentado muito, na última década, sem que haja a diminuição do índice de depressão no mundo.
A 5ª e última versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias mentais a 450 categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual DSM–2 [Folha de S.Paulo – 14/05/2013].
Com o apoio da mídia, a indústria farmacêutica joga pesado e faz convencer os médicos e a sociedade em geral que os problemas psicológicos são resolvidos com remédios de sua fabricação.
Em alguns casos, sim, são úteis, mas o excesso provoca dependência, inclusive está havendo “mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas”, segundo o Dr. Allen Frances, Catedrático emérito da Universidade Duke, Carolina do Norte, EE.UU., na entrevista concedida em 27/09/2014, ao Jornal El Pais – Madri, Espanha. [PÍLULA ADOCICADA – 22/08/2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Na interpretação da linguagem dos sonhos, Carl Gustav Jung disse que neles existem entidades misteriosas como se fossem amigos desconhecidos revelando sobre o nosso bem-estar fundamental “que pode ser diferente do bem-estar que imaginamos ser a nossa meta”.
O mundo de Morfeu é a esfera mitológica grega que revela a existência do sono, recrudescida, cientificamente, nos dias atuais, nos laboratórios e no Instituto do Sono, experiência pioneira no Brasil, na cidade de São Paulo, que fazem exames para demonstrar a qualidade do sono, sendo que no estado do sono REM (Rapid Eyes Movement / Movimento Rápido de Olhos) ocorrem os sonhos.
Na crônica Pégaso narramos um sonho que tivemos no astral inferior, zona de impacto das forças em litígio, na consciência dissociada (bem/mal, certo/errado e outras expressões correlatas) em que a separação do joio e do trigo se fazem presentes, em vivência dos engramas do passado que as uniram para elaboração de um estágio de aprendizado de difícil assimilação.
No sono que se converte em pesadelo, há um mecanismo de elaboração de imagens e de símbolos que tendem a desaparecer ao acordar à medida que nossas possibilidades de assimilação se extinguem, isto para não ocorrer o choque que a personalidade poderia ter ao despertar.
Ainda dentro das imagens e dos símbolos, o sonho revela circunstâncias de comovente beleza, agora com maior capacidade de ser lembrado e guardado na memória como marco que define um novo passo em nossa caminhada em direção ao horizonte que, acordado, sonhamos acontecer.
O mundo de Morfeu abriga, ainda nos dias de hoje, pessoas dormindo em precária situação: o corpo físico deitado no leito e a alma deitada no chão. Claro que essas pessoas não poderiam se lembrar do que está ocorrendo nesse mundo, o mundo de Morfeu.
Seria humilhante para a personalidade, o ego das ciências ocultas, ver cenas que, no estado de vigília, não poderia ocorrer. Nesses casos, o entorpecimento de drogas lícitas (medicação médica) e de drogas ilícitas (álcool, maconha, crack, cocaína e outras bastante comentadas nos meios de comunicação), se faz presente.
O ser profundo, que todos somos, sem exceção, não encontra as condições necessárias para eclodir, vir à tona dentro do sono. O torpor e o amolentamento, que essas drogas provocam, são obstáculos escolhidos, consciente e inconscientemente, pelos usuários para afastá-los da realidade em que vivem.
O sofrimento psíquico é o único recurso capaz de despertá-los, enquanto a sabedoria das verdades eternas, incrustada em seu ser profundo, é o caminho que não tem nenhuma ligação com os apelos fundamentalistas que prometem o que não sabem.
No entanto, nessas circunstâncias também ocorrem tratamento terapêutico dentro da técnica utilizada na linguagem Ericksoriana. Há que se estabelecer o tempo de resgate vencido, o destino que tem hora marcada, o merecimento de quem passa por provas difíceis e o amparo concedido por seres multidimensionais que cumprem missões que não podemos discutir.
O mundo de Morfeu é o mundo em que podemos sonhar, quando dormimos, e dele renascer em nova consciência que nos vislumbra a felicidade eterna.
Esse mundo de Morfeu é uma crisálida: alguns vêem a morte da lagarta, outros o nascer da borboleta.
Resplandeça a vossa luz, referimo-nos aludindo à irradiação da luz crística que se projeta das estrelas a caminho do nosso coração e de todos aqueles que a busca, vivendo ainda o mundo de Morfeu, o mundo do sono. [O MUNDO DE MORFEU – 10 de março de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].