O filme You´re Not You, com roteiro de Jordan
Roberts e Shana Feste, adaptado do romance de Michelle Wildgen, dirigido por
George C. Wolfe, leva ao público o conhecimento da doença de Lou Gehrig que
afeta as células nervosas no cérebro. Considerando ser uma doença degenerativa,
o paciente vai tendo dificuldade em falar, andar e até mesmo respirar.
O filme começa, no clima de felicidade, apresentando
a festa de aniversário da pianista Kate (Hilary Swank), ao lado do marido Evan
(Josh Duhamel) onde compareceram amigos e familiares. Quando ela, ao piano, vai
interpretar a Polonaise em A major, Op. 40, n° 1, de Chopin, seus dedos começam
a tremer. Um ano e meio depois, ei-la numa cadeira de rodas. A situação se
agrava quando ela descobre que o marido a traiu, fazendo-a ter raiva e culpa,
ao mesmo tempo.
Os personagens centrais deste filme que
recebeu, no Brasil, o título Um momento pode mudar tudo, não são a mulher e o
marido, e sim a paciente Kate com a cuidadora Bec (Emmy Rossum). Há ainda a
participação dos atores Jason Ritter (Will), Stephanie Beatriz (Jill), Julian
Mc Mahon (Liam), Ali Larter (Keely), Loretta Devine (Marlyn), entre outros.
No momento em que o mundo vive a mulher
invisível, o homem invisível, tão comum no relacionamento de casal, como
aconteceu com Bec (Emmy Rossum) que cuida de Kate, pessoa que sofre de doença
degenerativa, vivida pela atriz Hilary Swank, no filme Um momento pode mudar
tudo (título original You´re Not You), dirigido por George C. Wolfe. No final
do filme, Kate, no leito de morte, diz a Bec: “você procure casar com alguém
que lhe enxergue.” [SOFRER E NÃO SOFRER – 30 de dezembro de 2016 – blog
Fernando Pinheiro, escritor].
A doença batizada como o nome de Lou Gehrig,
em homenagem ao famoso jogador de beisebol do New York Yankees, nas décadas de
20 e 30, sete vezes campeão americano. Além dos atletas esportivos, essa doença
atinge também os artistas na área da música, entre outros, basta apenas um
sintoma de perda, em qualquer nível, para que a doença se instale.
Nos idos de 1942, Hollywood presta homenagem
a Lou Gehrig com o filme Ídolo, Amante e Herói, na versão original The Pride of
the Yankees, dirigido por Sam Wood, tendo nos principais papéis os atores Gary
Cooper e Teresa Wright.
Numa das cenas mais empolgantes é aquela em que
Lou Gehrig, no Yankees Stadium lotado, profere o famoso discurso de despedida
destacando “sou o homem mais sortudo do mundo”, optando pela receptividade
carinhosa do público que o aplaudiu, esquecido que já sofria de esclerose
lateral amiotrófica.
O desapego a tudo e a tudo é o melhor
caminho, mas como dizer isso a quem se acostumou a tocar piano com virtuose,
como no filme Um momento pode mudar tudo, principalmente na música em que
Chopin é expressão máxima do romantismo, sem nos referir a outros autores
clássicos, igualmente importantes, que estão no mesmo patamar de beleza.
A culpa da paciente Kate em ter perdido o
marido para outra mulher desencadeou o agrave da situação. O poeta mineiro
Carlos Drummond de Andrade elucida o tema: “amar o perdido deixa confundido
este coração.” Quando há engramas do passado, a solução é esquecer.
Ela olhou para mim, estática, a reter o que
sentia de mais belo de nosso passado no meio de pensamentos turbinados. Algo a
fazia ficar parada, sem ideia do que poderia acontecer, é que os engramas
repercutiam nela fazendo ficar sem ação. Tomei a iniciativa e lhe disse: vem
cá. Ela retrocedendo esses engramas, jogou-os na lixeira, veio a mim, na
entrega que estava guardada em recônditos sublimes que o seu pensamento podia
imaginar. Liberada de todo peso, aconchegou-se a mim, doando-se por completa.
[PÉGASO (LXIV) – 25 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Somente existe doença se dermos peso e
referência. Se trocarmos a preocupação, qualquer que seja, no caso a da doença,
por um momento de prece, poderá acontecer, se você acreditar, coisas
inimagináveis, reafirmando o titulo do filme em português: Um momento pode
mudar tudo.