Vale salientar
a opinião do Dr. Ernesto Venturini, médico italiano que participou da reforma
psiquiátrica que culminou com a Lei Basaglia, de 1978, que aboliu os hospitais
psiquiátricos (manicômios) na Itália: “a psiquiatria hoje é um simulacro.”
A medicalização
e os conhecimentos de uma psiquiatria vazia foram os temas debatidos no 4º
Congresso Brasileiro de Saúde Mental, organizado pela Abrasme – Associação
Brasileira de Saúde Mental, realizado entre 4 e 7 de setembro de 2014, na
cidade de Manaus – AM.
Abordando o
tema “Anatomia de uma epidemia global: História, ciência e efeitos a longo
prazo das drogas psiquiátricas”, o escritor americano Robert Whitaker
argumentou que a sociedade consumindo mais
medicamentos antipsicóticos parecer haver o aumento dos problemas
psiquiátricos.
Nos idos de
1987, quando o medicamento Prozac entrou no mercado, conforme alega Robert
Whitaker, havia 1,2 milhão de pessoas, nos Estados Unidos, recebendo auxílio do
governo por incapacidade causada por transtorno mental, em 2014 esses
pensionistas aumentaram para 5 milhões. De 2001 a 2007, conclui o escritor,
houve um aumento de quatro vezes de pessoas portadores de transtornos mentais
na Nova Zelândia, ocorrendo também na Dinamarca e Suécia.
Participante
do referido congresso, o médico espanhol Manuel Desviat alegou que “a crise da
saúde mental hoje é a crise do conhecimento”, pois ao invés de se unir, o que
existe: “as pessoas separadas por cor, religião e patologias”, o que confirma a
abordagem, no blog Fernando Pinheiro, escritor, de uma consciência planetária
dissociada onde existem a separatividade e competitividade.
É oportuno
lembrar que o Dia Mundial da Saúde 2001 teve por tema “Cuidar, sim. Excluir,
não”, destinado naturalmente a comunidades que possuem portadores de doença
mental.
Essa densa
consciência planetária está indo embora do planeta nesta fase de transição em
que presenciamos a separação do joio e do trigo neste final de ciclo evolutivo
no limiar da Era de Aquarius que começamos a viver.
Publicado ao
ensejo da realização da 3ª Conferência de Saúde Mental no Brasil, O Relatório
sobre a Saúde no Mundo – 2001 – Saúde mental: nova concepção, nova esperança,
publicado pela OPAS e OMS, merece ser lido por profissionais da área de saúde e
ao público em geral, a fim que possa se formar uma egrégora capaz de diminuir a
apropriação da psiquiatria na vida das pessoas.
Ainda sobre o
Relatório das Nações Unidas, pertinente ao ano de 2013, há a referência de que
os hospitais de custódia destinados a abrigar os prisioneiros em conflito com a
lei são espaços de tortura.
Os primeiros
questionadores da psiquiatria foram Franco Basaglia e Thomas Szasz, mencionados
em nossas crônicas, David Cooper, Ronald Laing, Aaron Esterson, e os médicos
brasileiros Nise da Silveira, Jairo Idel Goldberg, Paulo Amarante e Ana Maria
Fernandes Pitta.
Vale salientar
a transcrição contida em nosso post VISÃO MÉDICA – 19 de dezembro de 2014, in
verbis:
Carro na
garagem é a metáfora que empregamos para definir uma situação, assim como o
médico psiquiatra búlgaro Thomas Stephen Szasz (1920/2012) argumentou que o
conceito de "doença mental era pouco mais que uma metáfora sem qualquer
referencial patológico” [The Telegraph – 18/9/2012].
Esse
referencial patológico naturalmente diz respeito à falta de provas que constate
a existência de doença comprovada por análise médica convencional em
laboratório ou raio X. Essa metáfora se confunde com a realidade e entra na
área dos mitos, como fez Freud empregando símbolos mitológicos, de forma que a
loucura tem algo fabricado.
Nos idos de
1961, com o lançamento da obra The Myth Of Mental Illness, de Thomas Szasz, o
movimento antipsiquiatria nos Estados Unidos ganhou força. No dizer do médico
búlgaro, os tratamentos coercitivos, como confinamento involuntário e o uso de diagnósticos
psiquiátricos nos
tribunais
ambos são práticas não-científica e antiética [New York Times – 11/09/2012].
Os dons
guardados e não utilizados são carros na garagem que, um dia, não mais
funcionarão. Muitos distúrbios mentais surgem com a paralisação das atividades
em que se desenvolvia um estilo de vida saudável.
O arquétipo
condução está ligado ao nosso mundo interior onde estão todas as ferramentas
necessárias, inclusive para acionar os dispositivos que farão o carro sair da
garagem (símbolo).
Nos sonhos,
quando nos deslocamos de um lugar para outro, podemos utilizar um meio de
transporte ou nos deslocamos em milésimos de segundos ou instantaneamente sem
precisar usar outro qualquer meio, isto porque o pensamento cria a nossa
realidade, princípio quântico que vimos falando.
Descoberta
científica recente que nos chamou a atenção foi a optogenética, técnica
manipuladora da atividade neural mediante a aplicação de raios de luz, testada
em insetos e animais roedores, ainda não aplicada em seres humanos. Acendeu-se
uma luz no meio do túnel, mas a iluminação é ainda fraca para iluminar os
caminhos da cura de alguns distúrbios psíquicos como o estresse e o Alzheimer.
Enquanto essa
manipulação da atividade neural ainda não está sendo utilizada no campo humano,
que pode ser desvirtuada de seus propósitos pela influência desta densa
consciência planetária, em despedida do planeta, opinamos pela intercessão de
preces que podem mudar as paisagens íntimas configurando um novo estado clínico
onde a saúde está presente.
Numa sociedade
manipulada pelos meios de comunicação em que estabelece o medo como figura de
dominação e controle, os esforços médicos, na área de saúde mental, aparecem
como recurso de libertação.
Nascidas na
formação médica, a psiquiatria e a antipsiquiatria têm pontos-de-vista
diferentes entre si e podem até se debater em exercício de gladiadores,
mas o tempo dirá quem está com a razão.
No final das contas, eles mesmos se mantêm em neutralidade, deixando seus
clientes seguir o caminho que escolheram.
Numa sociedade
dominada por mitos e crenças, sair da zona de conforto é ainda um desafio,
sabendo-se que a indústria farmacêutica, fabricando drogas lícitas, ocupa
espaços onde a presença de outras alternativas de processo de cura agem com
timidez. Enfim, cada um tem o seu caminho.
Enquanto isso,
a fabricação de zumbi pelo entorpecimento dessas drogas continuam em grande
escala, envolvendo milhões de pessoas pelo mundo inteiro, algumas conhecidas em
nosso círculo de amizades e de solidariedade, pois não somos indiferentes à dor
alheia.
As criaturas
humanas têm um jeito de se recompor diante dos tumultos sociais que trazem para
dentro de si, as terapias são múltiplas e de acordo com as conveniências e
momento.
Acendamos a
candeia que estava escondida debaixo do alqueire, lembrando-nos da metáfora
bíblica, em nossa comparação com o carro parado na garagem, e a luz iluminará o
ambiente em que estamos, nem precisamos dizer que tipo de terapia nos agrada
escolher. Assim, o carro anda.
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