Sem a ressonância da voz inarticulada por sons, que
trazemos no íntimo de nosso ser, não podemos transmitir uma linguagem
inteligível ao alcance de todos que nos acompanham os passos.
Em todos os instantes, temos oportunidade de expressar
nossos sentimentos diante da comunidade em que vivemos. Cada um tem a mensagem
própria que identifica a sua postura diante da vida.
A aceitação do que somos vai depender muito como exteriorizamos
o estado mental em que nos posicionamos. A autenticidade ou não dos nossos
sentimentos vai servir de observação daqueles que conosco convivem.
Há dois pontos na comunicação: um transmite a mensagem
exteriorizando o código que traz consigo, o outro a recebe, analisando-a em
escalas de aferição.
Tanto quem comunica, tanto quem recebe a comunicação
têm níveis diferentes de observação. Se em ambos não houver um referencial
comum, quer seja de afinidades, tendências homogêneas, a apreciação de um pelo
outro cai em análise comparativa de valores desiguais, sujeitos a uma conclusão
positiva ou negativa do ponto de vista de quem a observa.
Por isto, a análise dos fatos sem as medidas comuns,
usadas em ambos os pontos da comunicação, torna-se prejudicadas. A conclusão
desta análise, invariavelmente, vai incorrer num julgamento, o que torna mais
grave a falta do observador.
No entanto, quando há uma correspondência de valores
afins, entrelaçando-se em malhas que compõem um tecido comum, a roupagem da
comunicação está pronta para ser vestida por aqueles que sentem desproteção na
frieza dos relacionamentos humanos.
Quanta bagagem emocional passa pela comunicação!
Vivências de amores, experiências de grupos construindo o amanhã. Enganos e
acertos, ilusões passageiras e clarividência dos fatos descortinando um novo
amanhecer.
Quantas vezes, no reino das emoções, fomos e viemos
para ficarmos no mesmo lugar, com vontade de seguirmos a mesma direção, sem
aprendermos a lição! Não somos contra nenhum aprendizado. São válidos todos os impulsos do coração.
Mas, se tudo tem um ritmo, por que ele não teria o seu?
A vontade que sentimos, diante dos variados campos
sociais, deve ser dirigida, partindo do núcleo de nosso ser, buscando em outra
dimensão ampliar conhecimentos, a fim de que aquilo que buscamos tenha uma
conotação de perenidade.
Quando o homem descobre o reino espiritual, que está
dentro de si, suas buscas maiores são as interiores onde encontra o
conhecimento do seu roteiro para ir em frente, sem ter a necessidade de voltar.
Na compreensão daquilo que nos convém, sentimos uma
energia crescer, revestindo-nos por completo, onde ficam abafados todos os
temores que tínhamos para nos expressar àqueles que passam pelo nosso caminho.
Com a vibração dessa voz inarticulada, vindo de nosso
íntimo, podemos nos comunicar com o público, sentindo a apreciação de nossas
palavras sendo feita por aqueles que já perceberam aquilo que sentimos.
O código da comunicação torna-se decifrável. A energia
do nosso trabalho cresce. Somos instrumentos da mensagem que veio cristalina
como as águas vindas das fontes.