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quarta-feira, 29 de março de 2017

DE VOLTA AO PASSADO

Além das valsas vienenses muito conhecidas e admiradas no mundo inteiro, a Áustria é o berço dos grandes compositores da música, vale mencionar apenas alguns: Mozart, Schubert, Haydn, Bruckner, Strauss, Mahler, Franz Lehär e Alban Berg, bem como o das atrizes de cinema, Senta Berger, Romy Schneider (1938/1982), Hedy Lamarr (1914/2000) e dos atores Karlheinz Böhm (1928/2014), Helmut Berger, Klaus Maria Brandauer e Maximilian Schell (1930/2014), ganhador do Oscar de melhor ator, em 1961, no filme O Julgamento de Nuremberg, sob a direção de Stanley Krameren.
Você sabia que Vicky Whitley, interpretada pela atriz Hedy Lamarr, tem café no bule? É que no filme The Heavenly Body, dirigido por Alexander Hall, em 1944, contracena com William Powell, no papel de William S. Whitley. Em casa, quando ele se aproxima dela, os dois trocam um beijo rápido e vão sentar à mesa, quando ela lhe serve um café.
Anteriormente nos idos de 1933, no cinema, Hedy Lamarr protagonizou o primeiro orgasmo feminino, em cena do filme Êxtase nos idos de 1933. Mas não foi só isso que lhe permitiu ser conhecida em sua terra natal e no exterior. Inventora do mecanismo “frequency hopping”, atualmente utilizado em telefonia celular, nas redes Wi-Fi, GPS, Bluetooth, nos sistemas de telefonia GSM, CDMA e 3G, o invento de Hedy Lamar mudou a vida de milhões ou bilhões de pessoas no mundo inteiro.
Na regência de grandes orquestras sinfônicas, citamos os maestros austríacos Herbert von Karajan e Wolfgang Puck. Pela tradição histórica, a cidade de Viena é a capital mundial da música não apenas pelos seus artistas de renome internacional, mas pelos que trabalharam lá: Beethoven, Weber, Brahms e o maestro brasileiro Isaac Karabtchevsky.
Na temporada de 2016 do Mozarteum Brasileiro, realizada na Sala São Paulo, na capital paulista, Angelika Kirchschlager, mezzo soprano austríaca, acompanhada da orquestra de câmara eslovaca Cappella Istropolitana, esteve nos dias 5 e 6 de abril apresentando músicas dos compositores austríacos Franz Schubert (1797/1828), Johann Strauss (1825/1899), Robert Stolz (1880/1975), Richard Heuberger (1850/1914), Rudolf Sieczynski (1879/1952).
A princesa austríaca Maria Leopoldina, no papel da atriz Letícia Colin, é assunto da novela Novo Mundo, de Thereza Falcão e Alessandro Marson, ambientada no período de 1817 a 1822, levada ao ar no horário das seis pela TV Globo, trazendo no elenco os personagens Dom Pedro I, imperador do Brasil, no papel do ator Caio Castro. Ainda no elenco da novela: Anna Millman (Isabelle Drummond), professora de português de Maria Leopoldina e Joaquim Martinho (Chay Suede), entre outros.
Ficção ou não da novela, na viagem da Europa para o Brasil, a embarcação que conduzia a princesa Maria Leopoldina, casada em Viena, por procuração, com Dom Pedro I, é atacada por piratas quando se aproximava do litoral brasileiro. Sem grandes incidentes, a jovem austríaca é presa pelos invasores e libertada em seguida.
Naquela época, a Inglaterra dominava os mares, estendendo o seu império em muitas ilhas do Atlântico e do Pacífico, com isto despertando a atenção dos piratas nas riquezas que os navios ingleses conduziam. É tanto que Lord Byron escreveu a obra The Corsair (1814) que serviu de inspiração do balé O Corsário, coreografia de Marius Petipa.
Coincidência ou não, o assunto ganha também espaço no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a programação, nos dias 8, 9, 10, 11, 15, 16, 17 e 18 de junho de 2017, que anuncia a apresentação do balé O Corsário, produzido pelo Ballet do Sodre de Montevidéu, Uruguai, com música de Adolphe Adam, e músicas adicionais de César Pugni, Léo Delibes e Ricardo Drigo.
Segundo ainda a programação divulgada, a apresentação do balé O Corsário pelo Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal tem a coreografia de Anna-Marie Holmes (a partir de Konstantin Sergeyev e Marius Petipa), orquestração de Kevin Galie, sob a regência do maestro Martin Garcia.
Ambientado em uma ilha, onde um navio pirata encalha após uma tempestade, o balé conta a fascinante história de amor entre o corsário Conrad e a escrava Medora e está repleto de ação, paixões e lutas, típicas das histórias de aventuras.
Na primeira cena do 1º Ato, o balé El Corsaire é ambientado numa ilha onde ocorre o naufrágio do navio pirata. A tripulação se encaminha para o mercado de escravos.  Ao chegar lá, Conrad, chefe dos piratas e seu bando, veem Medora, jovem escrava grega, dançando no salão. Entre ambos, amor à primeira vista. Ela joga-lhe uma flor, sendo correspondida pelo olhar dele. Os dois se aproximam na dança refletindo no semblante a alegria, o enlevo que os une. [O CORSÁRIO – 17 de setembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A Áustria, a terra da imperatriz Maria Leopoldina, mereceu homenagem na solenidade realizada, em 28 de agosto de 1998, no Auditório do Ed. SEDAN – Banco do Brasil – Rua Senador Dantas, 105 - 21° andar, Rio de Janeiro – RJ, no discurso de posse do escritor Fernando Pinheiro no cargo de presidente (2° mandato – 1998/2001) da ALBB – Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil.
Prestigiado pela presença de Emanuel Helige, cônsul-geral da República da Áustria, Lígia Doutel de Andrade, deputada federal (1967/1971 – MDB/SC), viúva de Doutel de Andrade (1920/1991), ex-advogado do Banco do Brasil, deputado federal (1989/1991 – PDT/RJ), imortalizado em cadeira patronímica da ALBB, ocupada atualmente pela jornalista Nazareth Tunholi, e ainda com a presença de Carlos Alberto Antonio Rângel, presidente do Instituto de Cooperação Técnica, Comercial e Cultural Brasil-África, fizemos elogios acerca dos liames afetivos entre Brasil e Áustria, a começar pela união da Imperatriz Leopoldina, de nacionalidade austríaca, com Dom Pedro I.
No mês seguinte, dia 27 de maio, o acadêmico Solange Rech, gerente da GCOOP, veio especialmente de Brasília para o Rio de Janeiro, a fim de receber a jornalista Nazareth Tunholi na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, no Auditório do 4° andar do CCBB, na presença de autoridades, inclusive Reinaldo Benjamin Ferreira, chefe do CCBB – Rio de Janeiro. O assessor jurídico (PRESI/COJUR), acadêmico Luiz Augusto Beck da Silva também veio de Brasília para o evento. [HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro, escritor]
Jornalista político, advogado com passagem brilhante pelo Banco do Brasil, deputado federal com mandato em várias legislaturas, Doutel de Andrade (1920/1991), é homenageado por Nazareth Tunholi no CCBB – Rio. Vale assinalar:
“Doutel de Andrade marcou profundamente, com a lucidez de seus conselhos, a sinceridade de suas reportagens, com toda a sua vibração política, as páginas da História do Brasil.” (218)
(218) NAZARETH TUNHOLI, jornalista e poetisa – in Discurso de posse, em 27/5/1994, na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (Cadeira patronímica de Doutel de Andrade) – Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro.
Revelamos aos ilustres convidados a gratidão da Áustria pelo Brasil, conforme ouvimos do diplomata austríaco Emanuel Helige, em decorrência da retirada das forças aliadas, naquele país em 1953, aprovada pela ONU, graças à intervenção do chanceler brasileiro João Neves da Fontoura, consultor jurídico do Banco do Brasil (1930 a 1932, 1937 a 1943 e 1944 a 1961).
A imigração europeia no Brasil teve influência da imperatriz Maria Leopoldina com a chegada dos suíços na cidade de Nova Friburgo – RJ, entre 1818 e 1819. Depois da independência, a imperatriz teve que se conformar com a presença nos salões imperiais de Domitila, a amante de Dom Pedro I que lhe outorgou o título de Marquesa de Santos.
Ainda no século XIX, a família Pochmann, de nacionalidade austríaca, emigrou da Áustria para o Rio Grande do Sul onde realizou grandes empreendimentos nas áreas de artefatos de madeira, joalheria e cutelaria. É oportuno citar texto da mídia:
Edmundo Henrique Pochmann nasceu em Venâncio Aires em 1895 e veio para Ijuí com 16 anos trabalhar na Relojoaria Müller. Em meados de 1913, então com 18 anos, adquiriu a loja da família Müller, que transferiu-se para Cruz Alta, dando início à trajetória centenária de Pochmann [STAMPA/ Notícias – Joalheria Pochmann].
Na cidade de Ijuí, Edmundo Henrique Pochmann, de saudosa memória, trabalhou na profissão de ourives, fabricante de cuias para chimarrão e de cabo de revólveres em prata e ouro. No retrato da família, Edmundo Pochmann está ao lado da esposa Ernestina e seus filhos [Iconografia: Elaine Pochmann].
É bom frisar que o Brasil, nos idos de 1988, ao elaborar a carta-magna foi buscar nas leis austríacas o segundo modelo de constitucionalidade. O primeiro modelo adotado pelo poder legislativo, conforme todos sabem, foi inspirado nas leis americanas.

domingo, 26 de março de 2017

ÁGUAS DO PORTO

Na atmosfera onírica, vimos a situação de um cidadão brasileiro metido em maus lençóis. Ele havia mandado, em pensamento, uma carta a um juiz dizendo que almejaria ser, novamente, um executivo. Não houve resposta do juiz porque o andamento do caso ainda está em curso para ser definido. Tudo isto no plano mental.
O cidadão com o propósito de se livrar do passado carregou os engramas num carrinho de mão e seguiu em direção ao cais do porto. Ao levantar o carrinho para despejar a carga na água, ele foi junto. No fundo do mar, ficou tentando subir à tona para não morrer afogado. Em momentos de aflição, ele ficou se debatendo para se salvar. Continuou ele, no fundo do mar, aflito. Nessa situação, assim como ele próprio, seus planos estão, no momento, por água abaixo.
Anteriormente, tivemos a oportunidade de comentar a situação política do Brasil que está passando por fases que se assemelham ao final do império romano. Vale mencionar:
O recrudescer do império romano domina o quadro político da atualidade, impedindo que haja a ascensão de consciência planetária mais sutil, onde já existe em muitos lugares do mundo, inclusive em muitas áreas do Brasil onde não há a presença desse recrudescer. [DE OLHOS SALTADOS – 28 de junho de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Quando foi dissolvida a espessa camada de poder, recrudescendo as intrigas palacianas dos césares da antiga Roma, fez eclodir um vespeiro revelado no momento político em que o Brasil e outros países vivem. É uma metáfora que tem um sentido real. [VENTOS DO AMANHECER – 11 de abril de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Nero, em nova roupagem do recrudescer, é visto como um semideus ou muito mais, intocável até pela justiça que não quer arriscar o prestígio de que se reveste para não contrariar a onda que passou em momentos de encantos mas que foi flagrada caminhando em sentido contrário. [DEMOCRACIA – 14 de agosto de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
No plano emocional, vivenciando o dualismo humano, todas as estruturas de comportamento tendem a se desestruturar, esta é a terceira dimensão dissociada do planeta que está indo embora, com a chegada das vibrações de pensamentos que se alinham com a perspectiva da Era de Aquarius. [PÉGASO VI – 27 de agosto de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
O modelo econômico sustentado pelo sistema financeiro internacional que estipula o dinheiro como meio circulante, os sistemas de governo, democratas ou não, estão no paradigma da consciência planetária que se mantém viva pela competitividade e separatividade, intimamente interligadas. Isto abrange a tudo e a todos que precisam de meios para sobreviver. [FAMÍLIA SEM FILHOS – 13 de abril de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A Roma que Darcy Ribeiro sonhava, ele já sentira fazendo elogios ao Brasil, em seu canto de cisne, em 1995: “na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma.” [O Povo Brasileiro: a Formação e o Sentido do Brasil, de Darcy Ribeiro]. No entanto, o tempo corre e ele não chegou a ver esse sonho ser realizado. Na América do Norte, I have dream, de Martin Luther King, também repercutiu nesse mesmo diapasão. [DEMOCRACIA – 14 de agosto de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
Hoje, com o recrudescer do fim do império romano pelos mesmos protagonistas do passado, em nova roupagem carnal, vemos o desmoronar de um tempo que não tem mais força para continuar, no entanto os estertores agônicos ainda estão em pleno processo de desintegração arrastando milhões à miséria e à penúria. No entanto, voltemos o olhar para o horizonte onde o novo amanhecer é a promessa sagrada desta madrugada em que o mundo passa. [DEMOCRACIA – 14 de agosto de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
Em matéria publicada pela Folha de S.Paulo – 17 de março de 2016, o ministro (aposentado) Carlos Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, enfatizou: “A democracia é como uma luta de boxe contra a velha ordem. Nessa luta não há nocaute. A democracia ganha por pontos.”.
O cidadão visto na visão onírica estava aflito porque buscava a salvação, pensando que, ao se livrar dos engramas do passado, tudo voltaria a lhe sorrir no encanto que o levou ao poder.
Em qualquer situação de desconforto, que alguém passa, devemos dar o nosso apoio, independente de qualquer condição que possa nos distanciar dele. Uma prece é o ponto máximo desse apoio, a fim de que ele saia da aflição e encontre a vida lhe sorrindo como oportunidade de ser feliz aqui e na dimensão que se deslinda quando a missão acabar aqui no plano terreno.
As águas profundas do cais do porto que encobriram o cidadão e a sua carga mergulhada no fundo do mar em conexão direta e exclusiva com ele, o carregador, assustam-no com o atenuante de que ele buscou aliviar a aflição de milhões de pessoas em cenário em que houve oferta de vantagens pessoais que passaram despercebidas e que agora vêm à tona.
Não comentar nada, não criticar ninguém, pois a crítica leva ao julgamento e o julgamento separa, observando as coisas tomarem o caminho em que os protagonistas deram o curso. Corre o mundo as palavras de Benjamin Disraeli (1804/1881), ex-primeiro ministro do Reino Unido: “Never complain, never explain, never apologize” (Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe).
Na esfera subjetiva, onde a filosofia helênica encontrou respaldos para explicar o comportamento humano, observada atualmente pela psicologia e psiquiatria, vemos o pensamento criando situações que envolvem uma pessoa, um segmento político, uma nação.
É nesse aspecto que vimos em sonho, quando dormimos, a situação delicada pela qual passa quem envidou esforços para levar condições de vida melhor de um povo. Amemos o Brasil e tudo que nele está: seu povo, sua história, sua grandeza que surpreendeu o mundo em suas riquezas maravilhosas.
Águas do porto é o oceano que encontrou o nosso homenageado que um dia o vi entrar, de passagem pela empresa onde trabalhei, a caminho da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira, onde foi dar entrevista, lembranças amáveis.
Tudo se interliga através da ressonância magnética, os pensamentos estão carregados de átomos possuindo densidade, coloração e velocidade, as dimensões estão interligadas e não há separatividade, competitividade no universo, isto só acontece neste paradigma dissociado que está indo embora do planeta. [MUDANÇA DE PARADIGMA – 14 de março de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor].

quarta-feira, 22 de março de 2017

DANÇANDO VALSA

Na madrugada risonha e feliz, estava eu, dentro do sonho, dançando a Valsa nº 2, de Dmitri Shostakovich, compositor russo, em efusiva manifestação de alegria, acompanhado de minha partner, uma linda mulher russa, em trajes típicos que relembram festividade comemorativa das colheitas.
Estava trajando uma roupa típica dos países eslavos em cores vivas e alegres, botas de cano alto e uma faixa vermelha na cintura fazia um colorido todo especial. No movimento da dança, a faixa desbotava, dando a impressão de que a influência da densa consciência planetária ainda fazia parte dos engramas que estão indo embora, com repercussão acentuada da indumentária.
A dança russa prosseguia em evolução cadenciada em ritmo sincronizado manifestado pelos passos da dançarina e acompanhado por mim em enlevo embriagador. Os encantos da mulher tinham voz na musicalidade que ela manifestava em movimentos dançantes.
A cinta desbotada, em milésimos de segundos, recuperava a cor original pela movimentação que a dançarina fazia grudada ao meu corpo. É que a ideia sagrada de que todos somos um era evidente em nós dois dançando.
Mais uma vez, a minha gratidão à mulher eslava por me ajudar a ascender a uma oitavada a mais na consciência planetária unificada que está surgindo em todos os recantos planetários a passos de galope. É aquela sacralização do planeta que nos falou o papa Pio XII ao pressentir a chegada dos tempos novos que irão substituir a densa consciência planetária.
Inefável felicidade que sentimos nesse esquema de plenitude em que estamos pertencendo à egregora em que a luz é o principal vetor de comunicação. Conquistamos, assim, a transparência em que colocamos o pensamento em nosso comportamento focado em 4 pilares: simplicidade, humildade, transparência e alegria. Esta vivência é sublime.
O mundo que criamos, em pensamento, é o mundo sem algemas escravocratas em que a maioria populacional está subjugada e, confusa no processo de libertação, buscando outros comportamentos de manada sem ainda vivenciar o que a minoria sente.
As amarras, em que o coração foi retido, é algo que necessita de uma reflexão que dê luz na expectativa de um novo caminhar. Somente o ser profundo, que todos nós somos, pode ter essa visão da realidade da existência, o que temos são apenas indícios que podem nos levar a esse caminho. [DANÇANDO TANGO – 29 de agosto de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor] 
Nos idos de 1999, a Valsa nº 2, de Shostakovich, foi dançada pelo casal Bil e Alice, interpretado pelos atores Tom Cruise e Nicole Kidman, à época marido e mulher na vida real e no filme Eyes Wide Shut, dirigido por Stanley Kubrick. À propósito, vale mencionar textos da crônica De Olhos Bem Fechados:
A música Jazz Suite Waltz nº 2, de Shostakovich, compositor russo, abafa toda a apreciação dos expectadores do que tinha falado a atriz no final da exibição De olhos bem fechados. A valsa russa é tocada no decorrer de toda a exibição da ficha técnica do filme.
Enquanto o ser humano não tiver aflorado a transparência que está em seu ser profundo, viverá sempre mergulhado nos mistérios. Isto o levará a caminhadas por lugares onde pode lhe trazer complicações, como aconteceu com o personagem Bill, vivido pelo ator Tom Cruise.
A esposa de Bill, na mesma situação, seguiu as pegadas dele, não em estado de vigília, mas em sonho onde esteve em lugar estranho que ela não identificou na vida real. Seduzida pelo clima de aventura, ela deixou-se também ser envolvida e se arrependeu de ter feito amor com um estranho. Em ambos, lágrimas rolaram. O amor de ambos suplantou tudo. [DE OLHOS BEM FECHADOS – 10 de outubro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]  
Refletindo o sonho, na praia do sono, a vida apresenta-nos estuante e bela, dentro dos arcanos que deslindam os enigmas do caminhar. O estado de vigília, numa alternância dormir e acordar, revela-nos diariamente os liames que estabelecemos em esferas subjetivas ou etéricas. (...) [O DOCE SOM – 14 de outubro de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
Todo o modo sutil de se manifestar a mulher russa vivenciou, em poucos instantes, perto de mim, vivenciando a experiência ascensionada em valores eternos que não têm preço nem validade. Esse percurso está alcançando milhões e milhões de pessoas em ascensão da consciência planetária unificada.

terça-feira, 14 de março de 2017

BEIJANDO BEIJOS

Na obra Cristais Partidos, publicada nos idos de 1915, a poetisa Gilka Machado fala da mulher, comparando-a a uma “águia inerte, presa nos pesados grilhões dos preceitos sociais” e, no soneto Embora de teus lábios afastada, revela o prazer da mulher que tem na lembrança dos beijos em que foi beijada: “beijo teus beijos, numa nova orgia”.
Ela mesma sentiu suas amigas do gênero estar em momentos tantalizantes, “tantálica tristeza” em suas palavras, mito que acompanha a humanidade inteira à busca do prazer inspirado em Eros, deus mitológico grego em que se originou a expressão erotismo.
Anteriormente, nos idos de 2015, abordamos o tema mitológico na versão que chega aos dias de hoje. Vale ressaltar:
A marca de Tântalo, personagem da mitologia grega, aparece no semblante de pessoas aprisionadas em relação patológica, a denominada ligação tantalizante, pois, segundo a tradição, Tântalo tinha roubado os manjares dos deuses e, por isso, Zeus o condenou a passar fome e sede pelo resto da vida.
Na versão atual, o Olímpio vem a se constituir, na terra dos mortais, uma espécie de coisa pública (res publica), ou melhor dizendo, república que não pode ser roubada, conforme largamente anunciado pela mídia. Quando há impunidade é porque Zeus não apareceu nem tampouco Têmis. O símbolo da justiça é Têmis, a segunda mulher de Zeus, sinônimo de poder. A mitologia grega traz lições.
O castigo era circunscrito a um lago que tinha as águas influenciáveis pela maré, fazendo subir e descer de volume. Na subida das águas, ele ficava ansioso porque, submerso até o pescoço, não podia matar a sede. Na correnteza das águas, fluíam também deliciosos alimentos que ele não podia tocar. A vida dele se resumia em expectativas e frustrações.
O suplício de Tântalo é o arquétipo de um relacionamento amoroso onde há evidências patológicas: há a sedução, com promessas encantadoras que nunca chegam a se concretizar. Isto faz parte da conquista e da apoderação.
No caso de mulheres, há a promessa de conquistadores de ficar ou casar com elas, tão logo tenham o divórcio, e isto nunca vem a acontecer, mantendo-as presas a vínculo tantalizante. É o resultado que dá o envolvimento das mulheres com homens casados que nunca se divorciam.
Uma cena da novela Babilônia, levada ao ar, em 11/05/2015, pela TV–Globo, mostra um caso semelhante: o empresário Evandro, vivido pelo ator Cássio Gabus Mendes, se encontra com a namorada Alice, papel da atriz Sophie Carlotte, para explicar que a esposa dele Beatriz (atriz Glória Pires) não irá lhe dar o divórcio. Se ele partir para litigioso, conforme alega, será obrigado a abrir as contas da empresa, e finaliza: “E o próximo passo é a Polícia Federal na minha porta, me levando pra cadeia!”. 
Desde o início, o sado-masoquismo é aceito, sem que elas percebam o relacionamento doentio que oblitera qualquer perspectiva de um amanhã feliz. No entanto, sentem-se felizes nessas circunstâncias, vai chamá-las de pobres moças para ver o que acontece? Briga, na certa! Dar trabalho a suas amigas, isso dá.
Segundo o psicanalista David Zirmeman, autor do Manual de Técnica Psicanalista, esse tipo de relacionamento tende à cronificação no jogo sedutor de dar e retirar, mantendo-se a vítima prisioneira de situação que a faz esperar quando não há evidências de caminhar juntos em clima de certeza e confiança. As ilusões narcisistas são muito fortes, geralmente ligadas aos sentidos, onde o amor renúncia, que poderia surgir, é algo a acontecer.
Há sempre um passado comprometido que oblitera uma relação sadia, desde que não haja peso nem referência, pois valorizamos aquilo que damos crédito e confiança. Como desligar-se de uma união, onde a viuvez está presente? O luto não pode ser permanente, a menos que haja um clima sadio para se viver em celibato, outra vez.
Se viver uma relação tantalizante, quando um dos parceiros ou parceiras estava presente fisicamente é algo patológico, quanto mais vivenciá-la essa relação, quando as lembranças de quem morreu escravizam. É uma obsessão espiritual que precisa de cuidados para que cada um siga o seu caminho, sem nenhum vínculo que os fazem sofrer. O amor é libertação e não apoderação que avilta a dignidade humana.
Em todo o mundo existem milhões e milhões de casais que carregam no rosto as marcas de Tântalo, até mesmo nas novelas de televisão surgem cenas comuns de casais que têm esse sofrimento, tão antigo e tão fácil de ser debelado.
Essa conduta televisiva passa a ser normal para quem não tem outras perspectivas mais favoráveis, pois sofredoras acham que amar é sofrer, é relação patológica que precisa de cuidados especiais para que a separação não traga as marcas de Tântalo nem mesmo a do fantasma que pode estar em outro lado da matrix. [A MARCA DE TÂNTALO – 11 de maio de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Na maioria dos amores terrenos, subjugada ao paradigma da competitividade e separatividade, ocorre a separação no plano físico e transferida para o plano extrafísico, quando em ambos já não há mais a possibilidade de fazer o colapso da função de onda. A matrix é transferida para o outro lado da matrix.
A nova orgia que dá acesso aos beijos beijados, ou melhor dizendo, beijando beijos, em lembranças imorredouras da mulher, pode estar em momentos que a saudade apenas dá uma dor passageira que acaba com a chegada da pessoa amada.
Não é necessariamente na relação homem e mulher que isto acontece, mas também mulher e mulher como já se via, em 1954, numa cena passageira do filme A última vez que vi Paris, dirigido por Richard Brooks e, mais recente com maior amplitude, em 2015, em Carol, filme sob a direção de Todd Haynes.
No cinema brasileiro esse tema foi abordado em Dois Casamentos, filme de longa metragem de Luiz Rosemberg Filho, classificação 14 anos, ano de 2014, é estrelado por Patrícia Niedermeier, no papel de Carminha, e Ana Abbott, vivenciando Jandira, ambientado no lugar escuro, onde apenas as atrizes, vestidas de noivas, sem véu, são focalizadas. A nossa apreciação deste filme foi através da crônica SÉM VEU – 25 de outubro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
Todo o transcurso do filme é abordado o tema casamento na vida das pessoas, tendo como condutora do diálogo Carminha que mostra um discurso acerca da condição da mulher perante o marido e a monotonia do casamento, no dizer dela, entre os casais. Jandira a ouve atentamente, sem compreender o pensamento da amiga que está ao lado, na mesma condição de noiva.
Com o desenrolar da cena, em diálogo, Carminha vai tentando convencer Jandira sobre os seus pontos-de-vista que a faz pensar um pouco e com certa desconfiança em contraste com a ideia que ela alimenta do casamento.
Há uma aproximação propositada de conquista amorosa que, a princípio, Jandira acha esquisito, mas como a forma de se aproximar é com leveza e elegância, aos poucos vai se entregando ao que ouve e sente. Com as mãos nos cabelos de Jandira, Carminha diz que está a fim dela.
Sozinha, Carminha solta os cabelos e começa a dançar com o olhar de encantos em cima de Jandira que, achando natural dançar, dança também acompanhando a amiga, ambas dançando separadas em seus rodopios sensuais.
Após a dança, Carminha toca os cabelos de Jandira e fala dos homens que não sabem se aproximar das mulheres, nem pegar mesmo sabem, no entanto, pegam as mulheres sem que as mulheres descubram que há um toque mais encantador de pegada.
A conquista vai prosseguindo sem artimanhas ou malícias, pois deixa a amiga se aperceber que gosta do que ela fala, sem buscar convencê-la, deixando ela se convencer à vontade. Era como uma isca lançada na água, sem a preocupação de pescar.
Ao que pudemos perceber, Carminha usou uma tática utilizada muito por quem pratica taoísmo. Na última parte do filme, Carminha tem condições adequadas de tirar aos poucos a parte superior do vestido e Jandira faz o mesmo. Ambas, sem roupa, se tocam e a escuridão do cenário não permite a visão do que estão fazendo, ouve-se apenas Jandira dizer é assim, deste jeito ou de outro jeito, qual é o que você gosta? O filme acaba nesse clima. [SEM VÉU – 25 de outubro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
No filme Perfume de Mulher, dirigido por Martin Brest, há o encontro do ator Al Pacino, no papel de Frank, com a Donna, interpretada pela atriz Gabrielle Anwar em que se evidencia o início de atitude que irá refletir no relacionamento que ela tem com o noivo, naquele momento ausente. Na premiação de Hollywood, o Oscar de melhor ator foi para Al Pacino. Vale mencionar textos da crônica DANÇANDO TANGO, publicada em 29 de agosto de 2015:
Antes da dança, Frank, deficiente visual, aproxima-se da mesa onde está Donna e a convida para dançar. Ela com receio de que o noivo possa chegar a qualquer momento, hesita em aceitar o convite, ele argumenta: “num momento, vive-se uma vida”, ela, então, se levanta, coloca as mãos nos ombros do partner, ele sente o perfume de mulher.
No meio da dança, há um toque de sedução, a moça percebe, dá um suspiro e sorri discretamente, mas ele sente a receptividade, levantando o astral, vamos dizer a libido, pois ele estava deprimido por pensamentos pra baixo em decorrência do acidente que o vitimou no quartel. Este é o ponto máximo de audiência do filme em vídeo e no cinema.
A moça, sem a presença do noivo, estava em libertação íntima, queria desligar-se um pouco do romance ainda sem os liames eternos. Na vida real, a maioria dos casais insatisfeitos, estão em libertação a caminho da liberdade. Essa libertação é cruel porque os vínculos permanecem na monotonia e precisam de um ímpeto para rompê-los.
Esse impulso foi observado por Nietzsche, filósofo alemão, ao escrever a obra Humano, Demasiado Humano: “é o despertar da vontade e do desejo de ir embora, não importa para onde, a qualquer custo: uma violenta e perigosa curiosidade por um mundo desconhecido arde e cintila em todos os sentidos.” [DANÇANDO TANGO – 29 de agosto de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]  
Gilka Machado (1893/1980) é lembrada como a maior presença feminina do movimento simbolista brasileiro, comparando a mulher “águia inerte, presa nos pesados grilhões dos preceitos sociais”. O movimento feminista avançou a partir dos idos de 1914, quando foi apresentado, no Palácio do Catete, o tango-brasileiro Corta-Jaca, de Chiquinha Gonzaga (1847/1935), compositora, pianista e maestrina e, no ano seguinte, a publicação da obra Cristais Partidos, de Gilka Machado.

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segunda-feira, 13 de março de 2017

LUGARES EDÊNICOS

O sentido de propriedade particular não existe no mundo de beleza transcendente. Tudo é de todos, na unidade de que se reveste. Há um reflexo dessa beleza aqui na Terra quando vivenciamos, em todos os instantes, a presença do amor. [PÉGASO (LXV) – 26 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
Eis-me aqui, em corpo astral, visitando casas no plano extrafísico, enquanto o corpo físico adormecido pelo sono que o sonho revela. De repente, estava numa sala ocupada por um homem respeitado em sua trajetória terrena pelos serviços prestados à comunidade em que vivia. Sem poder fazer mais o colapso da função de onda, não era mais aquele homem ativo que tinha muitas pessoas sob o seu comando.
Observou a minha chegada como algo natural sem despertar nenhuma emoção ou sentimento, simplesmente estava quieto em seu estado de viver, essa vivência que mostra que a morte não existe, apenas mudamos de estado comportamental.
Fui à janela e vi um rio límpido e transparente de águas cristalinas a correr em fluxo veloz. Pensei que, na Terra, esse rio perto das casas estaria cheio de pessoas tomando banho, mas naquelas circunstâncias as pessoas que lá viviam não tinham essa necessidade ou diversão.
Ao sair, encontrei esses meninos alegres que têm satisfação de prestar assistência aos visitantes, apenas lhes disse que gostaria de conhecer outras casas, e, então, eles me levaram a outra casa em que a vista para o rio era mais abrangente em todos os cantos. É que havia outros rios rodeando-a em contornos graciosos e alegres, mais convidativos à recreação e lazer.
As pessoas dessa casa estavam igualmente quietas como na casa anterior visitada por mim. O estado de ânimo era o mesmo, em decorrência do fim do colapso da função de onda que elas tiveram quando estavam no plano físico.
Ao sair um roda de moças estavam cantando cirandas, alegres cirandas que me faziam lembrar a música de Villa-Lobos, estavam repetindo o que tinham feito em suas memórias terrenas: eram cantoras líricas.
Depois, com a alegria esfuziante que carregavam em seus semblantes, acercaram-se de mim a fazer encantos que têm as mulheres dançando. Vestidos transparentes mostravam a silhueta da nudez sublimada por esses encantos que passavam a mim em momentos inefáveis. A beleza feminina ultrapassa as formas conhecidas e engendra um sutil colorido perfumado. Esta é a beleza da luz em evolução.
Ainda ligado aos costumes terrenos, fiquei excitado num clima passional que a libido ampara como algo bom e renovador, mas não de acordo com o clima que as mulheres estavam envolvidas num sublime encanto. Afastei-me um pouco, para fazer catarse: urinando. Da urina amarelada formou-se uma poça, onde outras meninas do plano físico que estavam, em trânsito, começaram a tomar banho.
Lembrei-me de uma vez, numa reunião que tinha a presença de um ser multidimensional fazendo uma palestra onde foi perguntado se uma pessoa da Terra, em visita aos páramos de luz, ficasse excitado diante da nudez feminina. Ele respondeu: impossível.
Depois da catarse, eu já me encontrava numa praça desértica onde havia jorros d´água, como se fosse chafariz, iluminados por feixes de luz de variados matrizes e nuances de cores suaves e alentadoras. Optei pelo jato luminoso branco e senti que estava me adaptando ao local em que encontrei as belas mulheres dançantes de vestidos esvoaçantes.
A multidimensionalidade destinada a todos, sem exceção, estava a caminho, é o que senti nesse momento de enlevo e encantamento dos páramos sublimes.

quarta-feira, 8 de março de 2017

HOSPITALEIRO

Mesmo com a palavra hospital, acrescido do sufixo eiro, hospitaleiro diz respeito à hospedagem e não ao hospital, pois ninguém concorda em ser hóspede num lugar em que é paciente, a menos que as circunstâncias forem imperiosas.
Estava eu hospedado numa mansão campestre onde fiquei acomodado em cômodos confortáveis e bem amplos, numa riqueza de ambiente que os grandes hotéis urbanos possuem, embora estivesse em espaços quase silvestres dado à fauna e à flora bastante exuberantes nas cercanias.
Tudo estava à minha disposição, sem custo algum, pois não havia escassez de víveres, como existe na Terra, onde nessa situação foi criada a moeda, segundo a observação do divulgador do comunismo, Karl Max.
O plano era extrafísico, numa dimensão em que o paradigma terrestre, alicerçado pela competitividade e separatividade, não existia, embora houvesse a possibilidade de recordações que poderiam vir à tona à medida em que dermos peso e referência. Um detalhe simples me despertou a atenção: notei uma frequência de onda estar presente em pensamentos de alguém que estava no mesmo lugar hospedado.
Habituado a fazer prece antes de dormir, roguei à luz divina que iluminasse o ambiente como acontece sempre em prece intercessora no apelo religioso. Uma voz se fez ouvir, carregada de riso provocante, sem que denotasse a presença do interlocutor: “estás com medo, heim”.
Uma luz diáfana, suave como a brisa campestre, iluminou o amplo quarto de dormir e a frequência de onda foi levada para outro lugar, com certeza adequado ao momento em que atuava. Veio-me a ideia de pensar no recurso valioso da prece que precisa de melhores apreciações do que usualmente é apreciada.
A prece é realizada por seres humanos, aspirantes à beatitude ou santificação, na impressão religiosa, ou aspirantes a seres dimensionais, na apreciação quântica. Enquanto vivente na dimensão trina da Terra, onde enxameiam as frequências de onda a caminho da dimensionalidade, os seres humanos têm influência, se assim der peso e referência a essas frequências de onda.
Num átimo, tudo voltou como era antes, um segundo antes. A luz ainda é e sempre será o recurso mais veloz para dissipar o que, na realidade, não faz parte da plenitude que buscamos manter viva dentro de nosso ser profundo, condição inerente a todos os seres humanos, pois no íntimo todos têm essa luz, pois foi gerado dentro da luz e destinado a resplandecer essa luz. Este é o processo de que tudo se interliga.
Ainda nos resquícios das lembranças terrenas, apanhei uma toalha limpa, nunca usada, e me dirigi ao banheiro. Quem chega de viagem, sempre busca o banho. Mas notei que não havia necessidade do banho, pois o banho já foi dado pela luz que iluminou, de maneira suave e alentadora, o ambiente.
No corredor da mansão-hospedaria, vi uma churrasqueira elétrica fazendo churrasco para as pessoas que conversavam numa longa mesa da sala-de-estar, iluminada por suave luz. O corredor estava à meia-luz numa tênue claridade que recebia da sala.
Sentia-me em plenitude, sem nenhum pensamento em outra frequência de onda a tirar essa paz infinita que vinha dos páramos sublimes numa simbiose em que se revelava aqui e alhures tudo ser uno.

sábado, 4 de março de 2017

ACONCHEGO NO ASTRAL

Quando dormimos temos o aconchego do lar como também o aconchego em outros lugares, em pleno sono e sonho, onde buscamos a companhia de pessoas que nos proporciona esse aconchego, impossibilitadas em ter conosco uma vida em comum, mas que, em momentos ocasionais, tivemos momentos de deleite e encanto.
São essas alegrias terrenas que nos fazem ter uma felicidade picotada por momentos fugazes onde a realidade existente ainda não comporta um momento estável devido a inúmeros fatores: estado civil incompatível, diferença enorme de idade e da distância de moradia entre as pessoas que nos despertaram a atenção.
O panorama, que se via da altura de 300 metros, era uma paisagem bucólica tendo um rio a correr lá embaixo onde a vegetação verde e uma pequena cachoeira marcavam, no tempo, o local onde eu a encontrei pela primeira vez, de lá nasceu um romance que ainda dura em momentos fugazes.
Como existem engramas que dificultam a aproximação definitiva, em termos humanos no plano físico, temos notícias que nos chegam, via onírica, a respeito de pessoas de nosso passado que ainda perdura, apesar dos percalços que nos impedem a avançar na vivência de um amor eterno.
Cheguei à frente de uma residência onde o jardim era o percurso que teria que passar, antes de adentrar as dependências. Bastante florido com flores viçosas e de suave aroma era um convite para permanecer ali, apreciando-as. Mas, algo estava em meu caminho e apressei os passos e adentrando por um cômodo onde se via pessoas solitárias dormindo, perto umas das outras, sem haver contato físico. Era o mesmo que se refletia no plano físico.
Uma das mulheres, ao me ver, ficou admirada pela minha presença ali naquele recinto. Não parei de caminhar, fui mais à frente e vi outro quarto ocupado por outras pessoas em situações idênticas. Não me interessei em ficar e saí pensando: essa casa não tem sala-de-visitas.
Era um momento passageiro que as pessoas viviam naquele recanto no astral mas que poderiam durar por muito tempo, se assim permanecessem o desejo de ficar aglutinadas sem se tocar, nesta vida transitória que a Terra lhes dá, como também depois do decesso carnal, quando não poderiam mais fazer o colapso da função de onda, vivendo, na continuação da vida, como se fossem estátuas de sal, tendo débeis bruxuleios da consciência desperta.
Assim como Utamaro teve muitas mulheres, como se vê em  Utamaro and his women, filme dirigido por Kenji Mizoguchi, na década de 40, assim nós também as tivemos, numa lembrança de outra mulher que passou em nossa vida, ainda nos rescaldos dos engramas do passado que ainda estão indo embora.
Principais artistas do filme Utamaro and his women: Minosuke Bandô (Utamaro), Kinuyo Tanaka (Okita), Kotaro Bandô (Seinosuke), Hiroko Kawasaki (Oran), Toshiko Iizuka (Takasôde), Eiko Ohara (Yukie) [IMDb – Utamaro e Suas Cinco Mulheres (1946)].
Estava eu a sós com a estrangeira que escolheu o Rio de Janeiro como cidade para morar, numa procura mútua vigorada por aqueles momentos de atração fatal que tivemos em comum.
Despertada a libido, ela cercou-se junto a mim numa entrega comum que estava acostumada há muito tempo a fazer, mas que, por força do destino que criamos, ela deixou a libido ir embora quando a procurei para a intimidade, como se estivesse fazendo uma desforra com a minha saída da vida dela.
Essa reação está comprovada cientificamente porque há a separação das pessoas, relatada no post VERTENTE LIBERTADORA – 24 de abril de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
A separação dos corpos, entre os casais, existe no plano mental e no plano físico e está dentro do Princípio da Incerteza, de Heisenberg, conforme abordamos em 29 de março de 2014, a saber:
No Princípio da Incerteza, de Heisenberg, há restrições à precisão em medidas simultâneas, pois não pode haver a posição da partícula e a velocidade ao mesmo tempo, esse princípio está imantado não apenas no mapeamento das partículas elementares do átomo, como também entre duas pessoas em convivência amorosa, pois todos nós somos constituídos de átomos.
O Princípio da Incerteza, de Heisenberg, está presente em todos os relacionamentos difíceis da atualidade e isto evidencia a complicação, a dificuldade dos casais em se manter unidos. A elucidação do Prof. Hélio Couto é oportuna: “você tem a posição diferente do momentum, isto é, uma pessoa está na posição e a outra está no momentum, ela tem velocidade.”
Quando se inicia a aproximação, uma delas está parada porque está receptiva ao encontro, a outra tem momentum e prossegue em velocidade. A que está parada é mais romântica, sonhadora e até desligada dos problemas materiais que é importante na discussão dos casais, afinal não há almoço grátis. [ANÉIS SOLTOS NOS DEDOS – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 29 de março de 2014]
O paradigma dos hábitos e costumes, em sociedade ou em grupos, está ganhando uma oitava a mais na harmonia que sempre buscam os povos, as nações, embora os caminhos sejam diversos. A consciência planetária está saindo da fragmentação para vislumbrar a percepção desses interesses  que se divergem mas se aglutinam quando o mesmo sentido de caminhar à frente é levado a conhecimento de todos. [O CAPITAL – 12 de dezembro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
A busca da felicidade é perseguida nesses momentos fugazes para abafar os desencantos que as pessoas atraíram, numa compensação criada ao império do dualismo humano que se vê na consciência dissociada do planeta que vive em fase de transição para um patamar em que está surgindo uma elevação de paradigmas.

www.fernandopinheirobb.com.br