O sistema de
diagnóstico, na área de psiquiatria, conforme observamos na mídia, é altamente
pressionado pela indústria farmacêutica. O consumo de remédios antidepressivos
tem aumentado muito, na última década, sem que haja a diminuição do índice de
depressão no mundo.
A 5ª e última
versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está
em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias mentais a 450
categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual DSM–2 [Folha de
S.Paulo – 14/05/2013].
Com o apoio da
mídia, a indústria farmacêutica joga pesado e faz convencer os médicos e a
sociedade em geral que os problemas psicológicos são resolvidos com remédios de
sua fabricação.
Em alguns
casos, sim, são úteis, mas o excesso provoca dependência, inclusive está
havendo “mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas”,
segundo o Dr. Allen Frances, Catedrático emérito da Universidade Duke, Carolina
do Norte, EE.UU., na entrevista concedida em 27/09/2014, ao Jornal El Pais –
Madri, Espanha.
O paradigma
mundial, adotando a competitividade e a separatividade como marca de
sobrevivência é altamente desumano e selvagem para todos, principalmente quando
atinge as crianças, a partir de 3 anos, idade em que ingressa no aprendizado
escolar, aumentando assim a procura dos pais pela psiquiatria infantil, e
logicamente o consumo de drogas lícitas.
Segundo a BBC,
em 20/06/2014, o número de refugiados no mundo gira em torno de 51,2 milhões. O
Paquistão abriga cerca de 1,6 milhão de refugiados afegãos, a Turquia 1,2
milhão de refugiados sírios, e no Líbano o mesmo número de refugiados sírios.
Milhões de
pessoas no Iraque, na Síria e na Turquia, onde há forte domínio da população
pelos terroristas do Estado Islâmico, sobrevivendo com mil dificuldades,
inclusive no meio de bombardeios dos Estados Unidos, existe uma cultura sem
recorrer à psiquiatria.
Na apreciação
dos observadores do Manual DSM – 5°, os problemas cotidianos são vistos como
transtornos mentais. Diante de uma banalidade qualquer, acrescenta o Dr. Allen
Frances, “a enfermidade diminui a dignidade de quem sofre” e afirmamos que não
devemos dar peso e referência com aquilo que não corresponde ao nosso mundo
íntimo, o ser profundo que se conecta com a fonte.
Este assunto
foi abordado anteriormente nas crônicas MEDICAÇÕES – 28 de julho de 2013 e
HIERARQUIA PIRAMIDAL (II) – 29 de outubro de 2013 – Blog Fernando Pinheiro,
escritor. Vale transcrever textos desta crônica, in verbis:
A matéria da
Viomundo, em 29 de agosto de 2013, escrita por Heloísa Villela, de Nova York,
merece ser lida na qual divulga a pesquisa da médica Adriane Fugh-Berman, Professora-adjunta
do Departamento de Farmacologia e Fisiologia da Universidade de Georgetown –
EE.UU., a respeito da manipulação da indústria farmacêutica usada sobre os
médicos com a finalidade de vender remédios e promover doenças.
Nunca fizemos
análise e nem somos pacientes de terapêutas na área da psiquiatria, no entanto
vale assinar em 2 parágrafos a crônica O JOGO SOCIAL – 25 de fevereiro de 2013
– Blog Fernando Pinheiro, escritor:
Na entrevista
do Prof. Valentim Gentil Filho, concedida a Mônica Teixeira (p. 111), há o
reconhecimento de que os escritores, poetas, filósofos fazem melhor a abordagem
do sofrimento psíquico do que os médicos, psicólogos, psicanalistas e
psiquiatras. Ele menciona a preferência por Dostoiévski, Proust, Thomas Mann.
Indiretamente, fomos beneficiados pela citação da classe a que pertencemos.
Muito obrigado, Professor.
"Nada é
mais difícil para as pessoas comprometidas por psicose ou alguns outros
transtornos psiquiátricos do que entender a lógica da sociedade: são
explorados, entram em conflito com os vizinhos, com a polícia, são vítimas da
dificuldade de compreensão sobre as regras do jogo social." [Valentim
Gentil Filho, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Professor
Titular da Faculdade de Medicina da USP - in Entrevista publicada originalmente
na Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, março de 2005 e,
posteriormente, na Revista Temas - Teoria e Prática do Psiquiatra - v. 35, nº
68-69, p. 110 - Jan/Dez. 2005].
Diferente de
outros exames médicos que comprovam a existência da doença, através de
laboratórios e de raios-X, o diagnóstico do médico psiquiatra é sempre
questionável, pois se dá na área da subjetividade e corroborando o pensamento
da médica Adriane Fugh-Berman, contido na referida matéria da Viomundo: “É bom
notar que a psiquiatria é a profissão mais suscetível a diagnósticos
questionáveis porque todos os diagnósticos são subjetivos.”
O que
sobressai no final da matéria é a opinião da médica americana em sugerir o fim
do envolvimento da indústria farmacêutica que adota métodos para influenciar a
prescrição dos medicamentos. Em outras palavras, essa indústria evita curar e
sim prolongar o tratamento através de uma dependência química dos remédios.
Esse ardil
diabólico, no passado recente, conforme divulgado na entrevista do Jornal El
Pais, foi usado pelas fábricas de fumo. No caso dos EE.UU., com a mudança de
cultura, houve um decréscimo substancial no consumo do fumo, passando de 65%,
em 1989, para 19% da população, atualmente.