Quem está apaixonado fica descentralizado. É o que vimos
na novela Babilônia, levada ao ar pela Rede Globo, em 27/06/2015, quando o
personagem Diogo, vivido pelo ator Thiago Martins, ao saltar do trampolim, bate
com a cabeça na borda da piscina, perde o equilíbrio e cai desacordado dentro
da água.
Antes do ocorrido, Beatriz, no papel da atriz Glória
Pires, a causa de sua paixão, tinha ido ao vestuário onde Diogo estava se
preparando e em ambos é reaceso uma paixão, embora ele tinha lhe declarado que
não queria saber mais de aventura, pois agora estava casado com a Gabi,
vivenciada por Kizi Vaz. Foi nesse clima que ele realizou o salto.
Enquanto houver o desejo é necessário realizá-lo, pois
não adianta guardar em segredo, atormentando-lhe as horas. O certo seria não
ter desejo porque o desejo sempre leva ao sofrimento, principalmente quando não
pode ser realizado.
Há uma diferença entre o desejo e a vontade que não são iguais,
embora pareça ser a mesma coisa. A vontade tem uma conotação mais profunda em
raízes em que não há predominância do ego ou da personalidade transitória. O
ego existe e sempre é ultrapassado por uma frequência de onda mais elevada que
possui algo mais sutil e encantador.
A paixão é a fé cega que não olha ao que está ao redor,
apenas o desejo de realizar seus objetivos alimentados no plano mental onde os
sentidos têm o seu reino. No plano espiritual a paixão pode encontrar guarida
mas não é um porto seguro onde há um clima de tranquilidade e de paz. Esse
mesmo plano abriga também um clima mais sutil.
Tudo depende como devemos encarar a situação que elegemos
por vontade própria. Navegar em mares bravios é muito diferente de navegar em
águas tranquilas onde o clima é sempre bom.
No relacionamento amoroso é necessário ver a
transparência e a alegria em tudo que nos cerca. Se não houver esse olhar, tudo
virá para nos tirar da tranquilidade em que estávamos antes de haver esses
encontros galopantes numa corrida que leva a caminhos perigosos.
O mesmo acontece com quem ascendeu a uma dimensão mais
sutil de consciência, se houver crítica e julgamento, volta automaticamente a
dimensão em que antes estava. Aliás, dizer que está numa dimensão mais sutil é
algo prepotente que denota discriminação e faz separar quem está perto de nós.
Por causa disso, ninguém pode conseguir se elevar a uma dimensão mais sutil.
Faz-se necessário a simplicidade e a humildade.
A paixão desperta a identificação dos encontros de caminhos
espirituais em outro tempo e em outra ocasião, onde sempre há algo a se
recompor. O sábio reconhece os caminhos percorridos, nessa ótica os encontros
são missões que devem ser compartilhadas por companheiros de jornada evolutiva.
O apaixonado apenas vive as emoções sem compreendê-las os sentidos. Aliás, nem
é bom compreender, principalmente se houver marcas de desencantos no ar.
Não buscar nem fugir é a melhor postura diante da paixão.
Se acontecer, não pode retê-la, pois tudo que é retido precisa ser escoado como
os rios que correm para o mar. Se o coração for despertado, melhor ainda,
porque vai acontecer a transmutação do improvável para a certeza que deve
existir.
É sempre bom ouvir dizer que somos compenetrados e
centrados no que fazemos, fora disso seríamos apaixonados por algo que não
sabemos e nem podemos conhecer. Sem conhecer perde todo o sentido que devíamos
ter. Você já pensou andar no escuro, apenas porque o local lhe traz emoções? No
escuro pode ocorrer tropeços e quedas.
A nossa caminhada tem que haver transparência, um dos
cinco pilares que compõem o esquema: simplicidade, humildade, transparência,
alegria e gratidão. A ideia de incluir a gratidão é de nossa amiga búlgara Nona
Orlinova que, em sintonia, nos acompanha os passos.