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sábado, 29 de agosto de 2015

DANÇANDO TANGO

Em qualquer lugar do mundo, quem dança tango, parece que está em Buenos Aires. O turismo na Argentina tem na música essa grande atração. Levado para o cinema, Por una cabeza, de Carlos Gardel, a música foi tocada no encontro do ator Al Pacino, no papel de Frank, com a Donna, interpretada pela atriz Gabrielle Anwar no filme Perfume de Mulher.
Mesmo naqueles pensamentos que o tornaram triste e deprimido, Frank sentia que algo estava errado na comunidade militar: o mapa não é o território. Ele que conhecera jovens sadios que ficaram com corpos mutilados pelos exercícios de armamento.
Aliás, ninguém fala porque a matrix tem o domínio: as guerras que o mundo conheceu, no pretexto de salvar a pátria, era sem dúvida um campo onde surgiram a morte e o aniquilamento dos corpos, tanto físico como emocional. Frank, tenente-coronel reformado pelo Exército, entregue à solidão e à revolta, ironizava: “fábrica de heróis, uma ova”. A nossa posição é de imparcialidade.
Antes da dança, Frank, deficiente visual, aproxima-se da mesa onde está Donna e a convida para dançar. Ela com receio de que o noivo possa chegar a qualquer momento, hesita em aceitar o convite, ele argumenta: “num momento, vive-se uma vida”, ela, então, se levanta, coloca as mãos nos ombros do partner, ele sente o perfume de mulher.
No meio da dança, há um toque de sedução, a moça percebe, dá um suspiro e sorri discretamente mas ele sente a receptividade, levantando o astral, vamos dizer a libido, pois ele estava deprimido por pensamentos pra baixo em decorrência do acidente que o vitimou no quartel. Este é o ponto máximo de audiência do filme em vídeo e no cinema.
A moça, sem a presença do noivo, estava em libertação íntima, queria desligar-se um pouco do romance ainda sem os liames eternos. Na vida real, a maioria dos casais insatisfeitos, estão em libertação a caminho da liberdade. Essa libertação é cruel porque os vínculos permanecem na monotonia e precisam de um ímpeto para rompê-los.
Esse impulso foi observado por Nietzsche, filósofo alemão, ao escrever a obra Humano, Demasiado Humano: “é o despertar da vontade e do desejo de ir embora, não importa para onde, a qualquer custo: uma violenta e perigosa curiosidade por um mundo desconhecido arde e cintila em todos os sentidos.”
Sem dúvida, como vimos dizendo: é a característica da consciência planetária em que o mundo vive, em últimos estertores, sobressaindo a competitividade e a separatividade em todos os relacionamentos humanos, invariavelmente em mudança de paradigma. A Terra, hotel planetário, está ganhando mais uma estrela, em termos de qualidade de padrão de vida.
As amarras, em que o coração foi retido, é algo que necessita de uma reflexão que dê luz na expectativa de um novo caminhar. Somente o ser profundo, que todos nós somos, pode ter essa visão da realidade da existência, o que temos são apenas indícios que podem nos levar a esse caminho.
No envolvimento do casal há outras pessoas envolvidas também, são os parentes e amigos da família que desejam a felicidade de ambos, embora não tenham como traçar esse caminho. Ao adormecer, no sonho, essa realidade pode vir à tona, isto virá naturalmente, espontâneo, se tiver que vir. Sendo, portanto, perigoso dar conselhos em situações que não vimos a complexidade envolvida.
Há segredos que permanecem com as pessoas até mesmo do outro lado da matrix onde o colapso da função de onda não pode ser mais exercido, pois é atributo único na existência física durante o tempo em que estamos vivendo aqui na Terra. Depois da morte, não há mais colapso da função de onda, vive-se apenas de resultados, como explicitou o físico nuclear, Prof. Amit Goswami, na entrevista levada ao ar, em 12/3/2001, pelo Programa Roda Viva da TV Cultura.
Dançando tango é algo comovedor, aliás como qualquer dança. O cinema apresentou aqui uma solução para quem não tinha estímulo para viver feliz, sobrecarregado por pensamentos aniquiladores onde o futuro seria sinistro. A mulher tem esse dom de modificar panoramas íntimos pelo encantamento que ela traz consigo, dançando melhor.

sábado, 22 de agosto de 2015

PÍLULA ADOCICADA

A pílula foi adocicada desde o momento em que a Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (FDA na sigla em inglês) concedeu, em 18/08/2015, ao Laboratório Sprout Pharmaceuticals a aprovação para que fosse comercializado, a partir de outubro de 2015, o medicamento Addyi, uma flibanserina, o viagra rosa, mediante receita médica a mulheres diagnosticadas com TDSH.
No prontuário médico, TDSH significa transtorno do desejo sexual hipoativo. É questionável a queda da libido feminina até mesmo entre os especialistas do ramo. É tanto que a pílula é destinada a mulheres pré-menopáusicas. No entanto, o critério do uso fica restrito à interpretação médica, em cada caso em que o diagnóstico recaia nessa disfunção sexual.
A apreciação do desejo sexual da mulher varia de pontos-de-vista diferentes em muitas culturas e no decorrer dos tempos, pois, no século passado ou até antes, esse desejo era tido como caso de histeria. Hoje em dia, isto é normal, e o contrário passa a ser patologia.
Vale mencionar o que nos diz Cindy Whitehead, em entrevista ao Wall Street Journal, nos idos de 2014: “é irônico que agora a mulher que não tenha interesse em sexo seja classificada como doente mental e aqueles que discordem considerados sexistas.” – Apud Site MOTHERBORD – Ladybits – O “Viagra Rosa” vem aí para resolver um problema que talvez não exista – Escrito por Emma Paling – 6 July 2015.
As palavras de Cindy Whitehead tem algo nietzschiano: “Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia” – Friedrich Nietzsche.
“E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música” – Friedrich Nietzsche.”
Como se trata de um produto que atinge diretamente o cérebro, vale salientar os textos de nossa crônica ARDIL DIABÓLICO – 20 de setembro de 2014:
O sistema de diagnóstico, na área de psiquiatria, conforme observamos na mídia, é altamente pressionado pela indústria farmacêutica. O consumo de remédios antidepressivos tem aumentado muito, na última década, sem que haja a diminuição do índice de depressão no mundo.
A 5ª e última versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias mentais a 450 categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual DSM–2 [Folha de S.Paulo – 14/05/2013].
Com o apoio da mídia, a indústria farmacêutica joga pesado e faz convencer os médicos e a sociedade em geral que os problemas psicológicos são resolvidos com remédios de sua fabricação.
Em alguns casos, sim, são úteis, mas o excesso provoca dependência, inclusive está havendo “mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas”, segundo o Dr. Allen Frances, Catedrático emérito da Universidade Duke, Carolina do Norte, EE.UU., na entrevista concedida em 27/09/2014, ao Jornal El Pais – Madri, Espanha.
Não somos apologistas nem detratores da pílula Viagra Rosa, mantemo-nos em imparcialidade, apenas vemos nisso uma ampliação de produtos da indústria farmacêutica no mercado consumidor que já tem o Viagra para os homens com disfunção sexual.
No entanto, é bom salientar que uma boa terapia e os exercícios físicos, como uma boa caminhada diária, estimulam as mulheres que sentem baixo o nível da libido a reverter a situação, sem a necessidade de tomar a pílula adocicada. No entanto, se ocorrer a gravidade do problema, o recurso é buscar alternativas de solução. 
No blog Fernando Pinheiro, escritor, há muitas crônicas pertinentes à área da saúde, dentre as quais citamos: A Cura – 13/2/2013, Engramas – 15/2/2013, Lado a Lado – 21/2/2013, O Jogo Social – 25/2/2013, Os Domínios da Psiquiatria – 27/02/2013, O Desmame – 28/2/2013,  Paciente e o Meio – 1/3/2013, Luz do Horizonte – 7/3/2013 - O Mundo de Morfeu – 10/03/2013, Paisagens Íntimas – 14/3/2013, Comparsas – 15/3/2013, Internação Involuntária – 28/5/2013, O Fim da Psiquiatria – 29/3/2013, Síndromes – 27/6/2013, O Retorno – 28/6/2013, Medicações – 28/7/2013, O Retorno (II) – 8/8/2013 – O Retorno (III) – 16/8/2013, Terapia com Animais – 8/10/2013, Álcool é Droga – 17/10/2013, Você Tem Tudo  para Ser Feliz – 5/11/2013, Hierarquia Piramidal (II) – 29/10/2013, Ondas Gravitacionais – 30/10/2013, Crianças Índigo – 13/12/2013, O Retorno (IV) – 6/1/2014 –     O Chi do Tao – 8/1/2014, O Canto da Sereia – 11/1/2014, Almas Gêmeas – 12/1/2014, Gineceu – 15/3/2014, Uma Mente Brilhante – 18/3/2014, Vem aí os Chips – 19/3/2014, Asylum – 19/5/2014, Demência Precoce – 07/9/2014, Ardil Diabólico – 20/9/2014, Demência Precoce (II) – 1/11/2014 – Confinamento – 5/11/2014 – Momento Delicado – 8/11/2014    Alzheimer – 9/11/2014, Perdón – 13/11/2014 – Assassino Silencioso – 01/12/2014, Visão Médica – 19/12/2014, O Luto – 20/12/2014, Visão Médica (II) – 30/12/2014 – O Parto – 07/1/2015, Assexualidade – 21/2/2015, Angústia – 25/3/2015 - Movimento Antimanicomial – 30/3/2015, Infecção e Cura – 7/4/2015, Família Sem Filhos – 13/04/2015, A Marca de Tântalo – 11/3/2015 – Curupaiti – 27/4/2015, Camille Claudel – 16/6/2015, Cães e Gatos – 27/7/2015.
Dentre das crônicas acima mencionadas, transcrevemos textos de MEDICAÇÕES – 28 de julho de 2013, pertinente ao assunto:
A influência de laboratórios farmacêuticos na formação de médicos psiquiatras acarreta sérios problemas quando já não há mais critérios de avaliação sob a influência do mercado de expansão, embora controlados por agências reguladoras.
Vale assinalar os números apresentados pela Gazeta do Povo: R$ 1,85 bilhão arrecadado, nos idos de 2012, na venda de 42,3 milhões de caixas de medicamentos antidepressivos. Ressalta a Gazeta que o aumento do número das prescrições de remédios tem colocado em alerta especialistas e entidades, pois está evidenciada a hipermedicalização de pacientes.
Acrescenta ainda a Gazeta do Povo, mencionando a opinião de um psiquiatra:
“Temos que deixar mais afinado o diagnóstico e propor a medicação só quando o paciente efetivamente precisar. É preciso, principalmente, conhecer a história da pessoa, entender como surgiu esse problema, o que ele está sentindo, o que ele pretende. E essas são questões que somente uma conversa técnica e afetiva vai esclarecer”, defende o médico psiquiatra Osmar Ratzke.”
As crônicas do blog Fernando Pinheiro, escritor, retratam a beleza superior à matéria, a partir da transição planetária que está sendo acompanhada de perto por nós, em diversas manifestações, naturalmente são abordados os assuntos relativos à saúde pública.
A nossa medicação é a prece, confiante em nossa realização, pois isto remove as sombras que se estabelecem a caminho do corpo físico onde a doença aparece. É um princípio helênico: mens sans in corpore sano. As paisagens íntimas refletem em nosso aspecto exterior.
Finalmente, transcrevemos textos da crônica HIERARQUIA PIRAMIDAL (II) – 29 de outubro de 2013 que aborda assunto a respeito do tema:
A matéria da Viomundo, em 29 de agosto de 2013, escrita por Heloísa Villela, de Nova York, merece ser lida na qual divulga a pesquisa da médica Adriane Fugh-Berman, Professora-adjunta do Departamento de Farmacologia e Fisiologia da Universidade de Georgetown – EE.UU., a respeito da manipulação da indústria farmacêutica usada sobre os médicos com a finalidade de vender remédios e promover doenças.
Nunca fizemos análise e nem somos pacientes de terapêutas na área da psiquiatria, no entanto vale assinar em 2 parágrafos a crônica O JOGO SOCIAL – 25 de fevereiro de 2013 – Blog Fernando Pinheiro, escritor:
Na entrevista do Prof. Valentim Gentil Filho, concedida a Mônica Teixeira (p. 111), há o reconhecimento de que os escritores, poetas, filósofos fazem melhor a abordagem do sofrimento psíquico do que os médicos, psicólogos, psicanalistas e psiquiatras. Ele menciona a preferência por Dostoiévski, Proust, Thomas Mann. Indiretamente, fomos beneficiados pela citação da classe a que pertencemos. Muito obrigado, Professor.
"Nada é mais difícil para as pessoas comprometidas por psicose ou alguns outros transtornos psiquiátricos do que entender a lógica da sociedade: são explorados, entram em conflito com os vizinhos, com a polícia, são vítimas da dificuldade de compreensão sobre as regras do jogo social." [Valentim Gentil Filho, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Professor Titular da Faculdade de Medicina da USP - in Entrevista publicada originalmente na Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, março de 2005 e, posteriormente, na Revista Temas - Teoria e Prática do Psiquiatra - v. 35, n. 68-69, p. 110 - Jan/Dez. 2005].
Diferente de outros exames médicos que comprovam a existência da doença, através de laboratórios e de raios-X, o diagnóstico do médico psiquiatra é sempre questionável, pois se dá na área da subjetividade e corroborando o pensamento da médica Adriane Fugh-Berman, contido na referida matéria da Viomundo: “Outro exemplo é a doença da ansiedade social. É bom notar que a psiquiatria é a profissão mais suscetível a diagnósticos questionáveis porque todos os diagnósticos são subjetivos.”
O que sobressai no final da matéria é a opinião da médica americana em sugerir o fim do envolvimento da indústria farmacêutica que adota métodos para influenciar a prescrição dos medicamentos. Em outras palavras, essa indústria evita curar e sim prolongar o tratamento através de uma dependência química dos remédios.
Damos ênfase ao pensamento como condutor de energias: a forma como pensamos irá estabelecer o nosso estado de saúde. Cabe-nos a escolha, opinamos pela felicidade, a leitura do blog Fernando Pinheiro, escritor, é um caminho.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O CANTO DE CISNE

O canto de cisne é o último na interpretação artística de um escritor, ator, maestro, cantor, compositor, político, locutor, executivo de empresa, advogado, vendedor ambulante, motoboy, pugilista, jogador de futebol, alfaiate, barbeiro, engraxate, garçom, taxista, ou qualquer outra atividade humana, despedindo-se do seu público. Não é agora o meu caso.
O maior sucesso da cantora Núbia Lafayette a música Devolvi revela que houve uma devolução de tudo: o cordão e a medalha de ouro, a aliança, o retrato e as cartas amorosas com juras mentirosas, só não houve a devolução da saudade que ficou, amargurando o viver de quem ficou lembrando.
No clima do desfecho, muitos casais acenam gestos que podem culminar na continuação do relacionamento, só que agora em outra faixa de rolamento: a de amigos. Isto é perigoso, se houver a intenção de voltar a namorar, pois a impossibilidade os esmagará, assim como quem largou o vício da droga sentindo a vontade de se viciar outra vez.
Diante do desfecho do romance, o ideal é esquecer tudo, pois isto iria levar ao martírio na mesma situação em que esteve Tântalo narrado pela mitologia grega, objeto da crônica A MARCA DE TÂNTALO – 11 de maio de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
Como essas lembranças trazem uma sensação de vazio, buscar substituí-las por algum aforismo, algum pensamento de fácil assimilação que induz ao otimismo e acolher alguma nova amizade que surja para lhe despertar na direção de outro caminho, ainda a ser percorrido.
Esse caminho não é apenas subjetivo, pode ser ainda a calçada, a rua, a praça, o parque onde se faça uma caminhada, exercitando os músculos e arejando a mente com pensamentos que estimulam a liberação da dopamina e serotonina, ficando o corpo mais saudável. Manter-se ocupado numa atividade intelectual é altamente confortador criando uma atmosfera de renovação.
O apego ao passado, em que não houve um aspecto favorável, é algo que não vale a pena lembrar. Como dizemos sempre: os engramas do passado devem ser esquecidos, mas não se lembrando da necessidade que tem de esquecer, porque isto levaria a relembrar.
No passado recente, tive uma experiência muito agradável. Conheci uma filha de um diretor que se mostrou interessada em me conhecer. Ele, já falecido, apareceu em sonhos para a filha e disse que a entrega só se for através do casamento, no molde do passado em que as virgens se casavam com pretendentes escolhidos pelos pais. Ela, sempre obediente ao pai, contou-me do sonho e deu por encerrado o namoro que se iniciava.
O que mais me impressionou foi, em breve período de tempo, ter duas mulheres ao mesmo tempo na mesma pessoa, no momento do beijo. A do beijo encantador era a Malageña salerosa de que nos fala a canção, mundialmente conhecida, e, após o beijo, a paulista que se admirava com o meu jeito de escritor.
Pensei: vou ter duas mulheres, numa mesma mulher, isto me colocava ponderações salutares onde estavam armazenadas nas camadas do tempo as personalidades que vivi, durante os evos, dentro de uma única individualidade. Era o nascer de novo explicitado pelo libertador dos mundos aprisionantes  no encontro que teve com aquele homem que se chamou Nicodemos.
Assim como diz a canção, beijar seus lábios eu queria, mas por ser pobre me despreza por não lhe oferecer riqueza, eu a concedo razão e ainda a elogio: “Malagueña salerosa y decirte niña hermosa.”
Como não a vi mais, a esqueci por completo, embora a evocação de um beijo tivesse sido para mim altamente encantador. Algo ficou registrado no astral e virá, se tiver que vir, nem quero saber como será e se virá mesmo, no momento em que não posso precisar. A simplicidade que gosto de ter elimina toda elucubração de pensamentos soltos pelo ar.
Ainda no tema da separação, o cantor Anísio Silva, com a voz carregada de lirismo, interpretou a canção Alguém me disse, sucesso continuado nas vozes de Maysa, Joelma, Emílio Santiago, Tânia Alves, Roberto Luna, Gal Costa, Ana Carolina: “pouco me importa que te beijem tantas vezes e que tu mudes de paixão todos os meses, se vais beijar como eu bem sei, fazer sonhar como eu sonhei, mas sem ter nunca amor igual ao que eu te dei.”
Se vou ter outra vez o beijo da Malagueña salerosa, pouco me importa, no entanto, estou receptivo ao beijo de qualquer mulher que vier ao meu caminho, vier entregando-se com espontaneidade e leveza. O laço do laçador foi atirado no ar, a mulher que estiver passando, neste círculo, pode ser laçada, mas a conquista devo atribuir sempre a ela.
O canto de cisne marca apenas o final de um ciclo, estendendo-se em oportunidades diferenciadas que podem alcançar outros estágios evolutivos tanto aqui na Terra como em outros mundos em que a transcendência faz ultrapassar o momento atual.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Quem está na zona de conforto não quer saber o que está acontecendo no mundo com milhares de pessoas que saem de seus países de origem em busca de proteção e refúgio. No entanto, o cenário é mostrado pela televisão, aqui e alhures.
Na ilha de Kos, localizada no Mar Egeu, conhecida pela presença de turistas europeus, agora tem novos visitantes, são dezenas de milhares de refugiados, principalmente sírios,  que chegam por lá em barcos infláveis, procedentes de Bodrum, Turquia [Le Monde – Paris, França – 17/08/2014].
No porto de Messina, Itália, os imigrantes africanos chegam em frágeis embarcações, morrendo muitos deles pelo caminho nas águas do Mediterrâneo. Na costa da ilha grega de Lesbos, eles também buscam refúgio, a palavra lésbica ficou associada a esta ilha e ganha repercussão em muitos lugares na legalização da união de mulheres.
Com rigorosa fiscalização da polícia francesa, concentrações de migrantes vão se formando com pretensão de chegar à Inglaterra pelo Túnel da Mancha, o Eurotúnel, através do porto de Calais. São levas de gente caminhando a pé. 
Os imigrantes vão chegando à estação ferroviária de Gevgelija, Macedônia, onde os trilhos se estendem em direção da Sérvia, de lá, como trampolim, é o objetivo deles entrar nos países da comunidade da União Europeia. Em Passau, Alemanha, eles são registrados e acolhidos em asilo.
Segundo a Anistia Internacional, o tratamento de 2.000 pessoas, imigrantes sírios, inclusive mulheres e crianças, vivendo ao relento nas cercanias de Viena, é escandaloso e o Ministério do Interior da Áustria “apontou que há uma lei pendente de aprovação que permitirá aos imigrantes se alojarem em propriedades do governo federal, apesar das objeções das províncias do país.” [O Globo – 14/08/2015].
Essa diáspora que se caracteriza pela saída maciça de seus lares, desperta, sim, a atenção da União Europeia que busca soluções para abrigar esse enorme contingente de pessoas do terceiro mundo.
Em alguns pontos turísticos da Europa, os navios transatlânticos navegam tranquilamente perto de embarcações frágeis conduzindo pessoas à beira da fome e com o olhar carregado de admiração ao mundo de beleza que não existe onde eles vieram.
O que os imigrantes procuram em terras longínquas? Seus pais, seus filhos, a parentela em geral, um parte fragmentada nessa aventura, deixam neles o gosto da partida em busca de dias felizes. Em suas origens podiam continuar por lá, naturalmente enfrentando as dificuldades que não é somente deles, mas de todo o planeta.
A travessia é um problema mundial, ou melhor dizendo, um problema de governança regional, é tanto que chega à mesa de negociações nos países da União Europeia. Um dos focos apresentados é controlar a migração clandestina e até aonde vai a solidariedade dos povos, numa consciência planetária dissociada onde se sobressai a competitividade e a separatividade? [A TRAVESSIA – 20 de maio de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A maioria desses imigrantes é constituída de jovens em plena forma física que estão dispostos a trabalhar em suas artes e  ofícios, inclusive de graça na conservação de obras públicas e monumentos, recebendo em troca meios para sobreviver. Isto já acontecendo na Itália, conforme divulgado pelos jornais.
Quantas mulheres lindas ficaram para trás, longe de seus amores que saíram de sua terra natal, aos milhares! Situações novas são criadas da noite para o dia. O tempo de ser feliz está ao alcance de todos, independente de lugar ou de pessoas que estão à volta. Haverá sempre a presença de outros amores, outras chances de viver feliz.
Como a consciência está em tudo, descoberta recente da física teórica, até os insetos tem consciência, é fácil escolher o caminho de acordo com o que sentimos, aproximando-nos de pessoas que podemos compartilhar nossos momentos na mesma frequência de onda em que estão as pessoas escolhidas, a fim de que a conexão seja estabelecida.
Naquelas em que a frequência de onda é diferente da nossa, será necessário muito cuidado para não entrar em atrito e, se solicitado, estender as mãos para servir. Se estivermos em mente os cinco pilares que possibilitam a ascensão de consciência planetária mais sutil (simplicidade, humildade, transparência, alegria e gratidão) e, então, tudo virá nos fazer feliz.
Em tudo vemos a beleza, nas estações do ano que se sucedem formando ciclos de mudança como nos alvoreceres de luz quando a madrugada anuncia um novo dia. E quem estiver retardatário, com o olhar perdido do dia que passou, a certeza de que os primeiros raios do sol indicam um novo amanhecer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A NOSSA CANÇÃO


Na canção “Eu que não sei quase nada do mar”, na voz de Maria Bethânia, leva a todos nós além da arrebentação: “Garimpeira da beleza te achei na beira de você me achar. Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar. E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer. Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer.”
Desde os tempos idos e vividos em que o poeta Castro Alves se encantou com os seios virginais que a mulher sempre teve, o tema vara as madrugadas febris nos recantos felizes onde os casais se deleitam de tanto prazer.
A nudez feminina, além de encantos, há o mistério em volta, se o homem não puder decifrá-la termina o relacionamento amoroso, é por isso que já vou avisando, repetindo a canção: “eu que não sei quase nada do mar.” Assim, toda a descoberta é uma conquista, só chego quando estou lá.”
Pégaso, a série de crônicas, que leva ao mundo inteiro os sonhos narrados no blog Fernando Pinheiro, escritor, não passou hoje por aqui, por isso sinto-me à vontade para falar deste amor, muito diferente daqueles em que revi os mesmos encantos de mulher nos encontros do passado espiritual em antros menos felizes. Somente o amor tem esse poder e a essa magia da transmutação, por isso os poetas dizem que os amores são eternos. Agora, a seara é outra e outro plantio surge em outro amanhecer.
O brilho dos olhos meus reluz com fulgor quando avisto a garimpeira da beleza escrevendo versos para mim e ainda mais contente quando ela me diz: “me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar.” “Lamber as pernas como faz o mar”, a música nos sugere tudo isso e tudo está à disposição para servir e ser servido. A mesa está pronta.
Quando a minha amiga portuguesa, Luísa Ventura, reproduziu no mural do facebook foto do Pensar Positivo: “Não me tentem dar a volta, não sou nenhuma rotunda”, fiz um comentário: Se a gente se conhecesse, ao entardecer de um dia risonho, as gaivotas da praia iriam fazer, em nossa frente, a rotunda como homenagem ao nosso encontro, mesmo sabendo que elas fazem isto para esperar as gaivotas retardatárias no voo em que o bando fica sempre junto.
Este fenômeno da natureza dificilmente iria acontecer outra vez, d´além mar, porque já aconteceu na Barra da Tijuca, antes mesmo que surgisse a nossa canção num restaurante em que aparece na parede a foto da Fonte de Trevi, Roma, lembranças do recital de poesias que tivemos em audiência exclusiva nossa. 
Relembrando a beleza de todas as mulheres, o grande público favorito onde convivo na elegância e nos galanteios que elas atribuem a mim, para mostrar a direção do destino que se avizinha no momento em que ouço, dentro da mata, o canto de aracuã, lindo pássaro que vem sempre cantar aqui ao anoitecer.
Se o destino me desse a oportunidade de escolher entre a essência e a aparência, escolheria a essência. Escolheria a essência que vem da aparência menos jovem de Maria Betânia do que a essência que ainda não conheço de outra mulher mais jovem. Nenhuma delas é diminuída nem aumentada.
No tumulto em que vive a densa consciência planetária, é bom ampliar a nossa consciência, relendo textos da crônica AMORES VENUSIANOS – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 13/09/2013:
Os amores venusianos se manifestam na liberdade, essa liberdade que o planeta Terra alcançará, por completo e em todas as áreas, no decorrer de mais alguns séculos, após ter passado pela libertação total, é tão simples: não há liberdade sem libertação.
Vênus, no momento, vive a consciência planetária unificada, em sua quinta dimensão, a mesma que a Terra está começando a ascender, embora já tenhamos cerca de 2 bilhões de pessoas neste estágio, de um total de 7 bilhões que formam a população planetária, ainda dentro de uma oscilação de permanência e de retorno por causa do comportamento repetitivo que busca alinhar, em seus parâmetros, os engramas do passado.
Os venusianos vivem a essência etérea implantada no coração, na consciência que revela a transparência em tudo, assim como nós, nos estágios do sonho REM, quando podemos sonhar e, em casos especiais, vislumbrar a nossa realidade imortal, o nosso destino nasce nessa fonte. (...)
Lá vive-se do que se dá. A doação é de todos. Não há carência em nada e em ninguém. Não há a internet, para quê? Se sabe de tudo relacionado ao planeta Vênus e nem precisa sonhar para saber os recônditos da alma. Na transparência que existe por lá, ninguém engana ninguém e não há levas de gente seguindo o caminho das mídias controladoras de massas humanas.
O modo de viver em Vênus é muito gratificante, longe dos padrões que na Terra nos acostumamos a ver: dinheiro, comércio, relações amorosas conturbadas, discriminações em busca de prestígio transitório e, sobretudo, o dualismo humano que acarreta todo esse amargor no caminhar.
Vênus, como dissemos o que disseram os poetas: é a estrela do Pastor, a estrela Vesper, a estrela da manhã.
O amanhã de luz, que é manifestado aqui e agora, se reflete sempre em Vênus e de lá se reflete em nós. Uma coisa em comum que temos com Vênus, o mesmo Sol que gira nosso sistema planetário.
A nossa canção tem a liberdade dos amores venusianos, pois o casamento aqui na Terra, por mais sublime que seja, é uma prisão. “Eu que não sei quase nada do mar”, música interpretada por Maria Bethânia e também no dueto Ana Carolina e Maria Bethânia, tem tudo a ver com a escolha mútua.  
Outro canto carregado pelos ventos da Alemanha traz o ressoar do pensamento de Friedrich Nietzsche: “Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida — toda pessoa é uma prisão, e também um canto.” [NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Tradução, nota e prefácio Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005] – Apud DANÇA DAS LUZES – 29 de setembro de 2013 – Blog Fernando Pinheiro, escritor.
A transparência elimina as amarras  que podem prender. A nossa atividade em comum, você garimpeira da beleza, poetisa e declamadora que já nasceu pronta, e eu, o escriba dessa beleza, temos tudo a ver nesse novo caminhar.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

PRISÃO ALÉM DAQUI

Considerando que a prisão no Brasil de envolvidos na Operação Lava Jato ocupa enormes espaços na mídia nacional, vamos tecer considerações sobre o tema, com outros personagens mencionados em nossas crônicas.
Ao rever na TV cenas do filme O Expresso da Meia-Noite que abordamos na crônica SOMBRAS NUMERADAS publicada no  blog Fernando Pinheiro, escritor – 26 de agosto de 2012, observamos o colapso da função de onda, a partir do momento em que noiva do prisioneiro disse: “você tem que sair daqui.”
Isto lhe animou muito, muito mais do que o momento fugaz em que ele se masturbou vendo os seios da noiva, fazendo-lhe sofrer e a ela também pela impossibilidade do contato físico, situação vivida pelo mito de Tântalo ao ser condenado pelos deuses do Olimpo, apresentado pela mitologia grega. Vale destacar textos da referida crônica:    
O Expresso da Meia-Noite – Cenas do filme – Jovem americano, em busca de emoções em desalinho, não percebe o erro, é preso. Tráfico de drogas na Turquia.
Pena de 2 anos e meio. A esperança de sair logo. Depois, a revisão do processo. O aumento da pena para 30 anos. Bode expiatório da rixa dos governos de Washington e Ancara.
A tentativa da fuga - O Expresso da Meia Noite - foi frustrada ao amanhecer. Na repressão, o companheiro de cela.
Um momento de ternura, a visita da noiva do jovem americano. No desespero da dor, a súplica para ela desabotoar a blusa. Atrás da divisória de vidro, mamilos róseos nos seios de pera e o olhar de quem gostaria de se doar, aliviam a tensão emocional do jovem.
Depois desta cena de amor à distância, aumentou nele a vontade de fugir. Vence a briga com o guarda, veste a roupa militar e escapa. Em suas mãos, as chaves do presídio. Na rua, cruza com um carro da polícia, passa adiante, com o disfarce. Ultrapassa a fronteira. Da Grécia volta à sua terra natal. Entre abraços e beijos, a presença dos amores. Reencontro feliz.
Do outro lado da matrix, em expansão de consciência, temos observado pessoas que estão encarceradas, no mesmo modelo usado pela matrix, sem poder sair de lá, destacamos:
Um desses lugares é o túnel de cavalos alados, onde não há trânsito de carros nem de pessoas, apenas um esconderijo usado por seres em litígio que promovem a justiça das mãos, sem nenhum indício de sabedoria, apenas a vingança como argumento. [PÉGASO – 08 de março de 2103]
Tudo era rápido como um piscar de olhos. De repente, estávamos num lugar subterrâneo e presenciamos cenas conhecidas de nossa memória: pessoas estavam confinadas naquele recinto, embora se sentissem conformadas. Uma gentil senhora cumprimentou um amigo nosso que estava à nossa frente e, em seguida, chamou-nos carinhosamente pelo nome, identificando o passado espiritual. [PÉGASO II – 16 de março de 2103].
Passou perto de mim, um ser que possuía a cabeça quadrada e quadrado era o seu tronco, as pernas bem curtas, na virada do corpo fez um gesto que somente as mulheres fazem, calçando sapato alto, era sim, uma mulher, indiquei-lhe o caminho para o banheiro, mas ela não quis saber e continuou a descer uns degraus abaixo do nível em que estávamos. [PÉGASO III – 22 de agosto de 2103].
Chamou-me pelo nome e sabia quem eu era na Terra: um escriba. Havia nela uma conformação do estado em que se encontrava: adormecido de sua realidade espiritual. [Idem, idem].
Por último, transcrevemos textos contidos na crônica PÉGASO XII – 13 de agosto de 2014, a seguir: 
Segui a pé em direção a uma vereda que estava numa região de araucárias, bastante conhecida na região Sul do Brasil. Deparei com uma cena que me chamou a atenção: uma gentil donzela estava sendo conduzida por duas mulheres servis que estavam obedecendo à patroa, mãe da moça que tinha aspectos de sofrimento e de revolta.
Ela estava amarrada no pescoço por uma canga, no interior do Brasil, muito utilizada em parelha de bois por fazendeiros para conduzir o carro-de-boi. A canga tem o significado de pertença, dominação e não apenas uma saída de praia.
A patroa, de cabelos em caracóis, chegou perto de mim e disse: eu não gosto de escritor, você é presidente de entidade cultural, não gosto nada disso. Olhou para a moça e me disse: deixa isso comigo. A pequena comitiva de escravidão seguiu pelo mato adentro e continuei o meu caminho.
No plano astral, a relação de parentesco se dissipa se não houver algo que os une, pois os interesses da matéria não conseguem ter uma transcendência maior. Os conflitos gerados na matrix continuam do outro lado da matrix. A morte não elimina os liames coercitivos, presos no plano material a prisão continua no astral.