Na década 50, a mulher era mais dependente do
que nos dias atuais, como se vê na música de Jorge Veiga, Garota de Copacabana: “E ela é das tais que namora, mas não quer se casar, ela só quer se
embelezar e tudo que ela tem não lhe custou um vintém, o namorado é quem dá e
se não der ela lhe manda desviar”.
Naquele
dia profético do profeta Isaías anunciando o tempo em que as mulheres serão
mais numerosas do que os homens, a exacerbação sexual é valorizada, como nunca
antes, nos dias atuais em que surge a dicotomia: a liberdade da mulher pela
conquista do espaço no mercado de trabalho que lhe possibilita o sustento e, ao
mesmo tempo, a busca do casamento que lhe traz o cônjuge que é, na palavra, um
jugo, em decorrência do compromisso assumido publicamente em cerimônia civil ou
religiosa. Como alternativa surge a união estável.
“Naquele
dia, sete mulheres agarrarão um homem e lhe dirão: Nós mesmas providenciaremos
nossa comida e nossas roupas; apenas case-se conosco e livre-nos da vergonha de
sermos solteiras!” [Isaías, 4:1].
Numa apreciação hodierna em que vemos as
facilidades de encontros sexuais sem compromisso e a falta de pudor na
sociedade onde grassam os vícios e a libertinagem, o amor torna-se descartável
e, no dizer de Divaldo Pereira Franco, “sem maturidade para suportar os
desafios existenciais” [SEPARAÇÕES AFETIVAS, artigo de Divaldo Pereira Franco,
publicado no jornal A Tarde – 03/11/2016].
No entanto, os liames sagrados onde o amor
está alinhado com a parte sexual, em harmonia e equilíbrio, o apelo dos
encontros não surge na ansiedade, mas se manifesta como algo que já pertence a
um e ao outro, naturalmente.
Apreciando
o momento da mulher moderna, notamos que essa dicotomia se concentra na
solitude, conforme explicitamos em nossa crônica de 23 de agosto de 2013, in verbis:
A solitude
é o momento, a ocasião ou a circunstância em que a pessoa pode desfrutar para
viver sozinha, isto sem denotar obrigatoriamente a possibilidade de solidão.
Pode participar de eventos sociais ou pessoais, com eventuais encontros amorosos
ou namoros, conservando-se sempre independente de algum vínculo estabelecido no
jogo social onde há um compromisso.
É o
estilo de vida que se ampliou em toda a convivência social da sociedade humana
planetária que vive a experiência da troca de impressões ou sentimentos
afetivos onde busca se encontrar. Este modelo é o resultado de agonias em busca
do que se propala sobre felicidade momentânea, uma vez que o sentido eterno
está muito longe daqueles que não se doam.
A
experiência humana, nos dias atuais, acumula frustrações e busca renovada
daquilo que foi descartado por não servir ao que é idealizado dentro de uma
sociedade de consumo de bens transitórios.
Dessa
forma, o acompanhante da parceria momentânea é descartado não porque ele não
corresponda a um convívio salutar, mas porque a parceira não soube definir a
sua própria escolha que muda de acordo com aquilo que pensa ser a bola da vez.
Os interesses são maleáveis ao padrão do momento em que a cultura hedonista
pensa ser o melhor.
Não há
a busca de si mesmo como um referencial que estabeleça a estabilidade do casal
mas um olhar ao outro como se ele viesse preencher a lacuna que pode ser
unicamente preenchida por quem busca se conhecer, a nível de alma ou
interiorização de sentimentos profundos.
Antes
de conhecer alguém é necessário que a pessoa busque saber as suas necessidades
e idealizações no campo sentimental, a não ser que despreze os sentimentos e
busque se concentrar unicamente nos apelos da atração física que é de grande
importância entre os casais.
A
independência, em todos os níveis, é fundamental na convivência a dois como
também é importante no estado de solitude. É, em outras palavras, a busca da
vivência do momento feliz em que o outro parceiro, homem ou mulher ou na união
gay, não pode ameaçar ou interferir.
A
solitude é apenas no campo material refratário à convivência social, mas isto é
apenas um esforço para se viver em solidão, mesmo não a sentindo nos momentos
de festa social ou de encontros casuais amorosos que podem ser frequentes na variação
de parcerias diferentes.
Em
termos transcendentes o estilo de vida que caracteriza a solitude não existe
porque estamos sempre acompanhados daqueles que nos acompanham de perto ou de
longe ou em outras esferas onde o pensamento viaja em busca de uma ligação de
sentimentos.
Por
desconhecer essas esferas onde o pensamento flui em viagens, a criatura humana
não sabe as implicações daquilo que buscou e recebe as energias que podem se
infiltrar no seu comportamento diário provocando-lhe sérios embaraços, como é o
caso de obsessão de almas errantes que têm afinidade com o interlocutor.
Nos
apelos religiosos é altamente louvável a comunicação que se estabelece entre
esses dois planos dentro das correntes do amor, mas fora dessa vibração amorosa
a comunicação passa a ser um distúrbio grave que a psiquiatria busca encontrar
um meio de devolver ao paciente o direito de escolha.
Ela só
quer se embelezar, na música de Jorge Veiga, porque naquela época tudo era mais
belo e elegante, como se vê nos costumes e modas em que as pessoas se vestiam
melhor, basta ver as fotos antigas de pessoas que viviam nas capitais e nas
cidades do interior.
A
beleza que a mulher busca não se restringe à aparência física onde os tratamentos
são aplicados nos salões de beleza, mas também nos gestos elegantes que a fazem
sempre bela e apreciada por todos que a admiram. A mulher produzida produz
sempre encantos.
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