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terça-feira, 6 de maio de 2014

NUDEZ VIOLENTADA

O Jornal do Brasil – edição de 17 de novembro de 2013 - relata o depoimento do cineasta Bernardo Bertolucci, diretor do filme ÚLTIMO TANGO EM PARIS (1972), que admitiu sua culpa na cena da manteiga na qual a atriz Maria Schneider foi estuprada pelo ator Marlon Brando, a cena não estava no roteiro do filme.
Como o ator de cinema é visto como um semideus ou muito mais pela mídia e pelo público, o diretor deixou passar isso por considerar uma cena real, mas era um estupro, via anal, contra a vontade da atriz que, aos 20 anos, estava contracenando com esse ator famoso. Ela, conforme confessou, foi manipulada, violentada e humilhada. Assim, houve a ruptura da atriz com Bertolucci e o ator e o diretor nunca mais se falaram.
Segundo o comentário do JB – 17/11/2013: “A atriz sofreu problemas psicológicos e anos de dependência química, e nunca mais gravou cenas de nudez em toda a sua carreira. Apenas após sua morte, em 2011, com 58 anos, depois de uma grave doença, Bertolucci admitiu, pela primeira vez, que gostaria de ter "lhe pedido desculpas". (ANSA).
A propósito, o jornal New York Times revela que a carreira da atriz Maria Schneider durou 10 anos (1969 a 1979), com participação nos seguintes filmes: Les Femmes, 1969, La Vieille fille, 1971, Hellé, 1971, Cari genitori (Dear Parents), 1972, Último Tango em Paris, 1972, Reigen, 1973, Jeune fille libre le soir, 1975, Profissão: Repórter, 1975, Violanta, 1977, Io sono mia, 1978, Schöner Gigolo, armer Gigolo, 1979, Haine, 1979, La Dérobade, 1979, Een Vrouw als Eva, 1979.
O último filme de Maria Schneider, um drama holandês, título em inglês A Woman like Eve, dirigido pelo cineasta Nouchka van Brakel, apresenta cenas de lesbianismo, ela vivendo a personagem Liliane é tocada nas mãos sobre os seios por Monique van de Ven (Eva), mas não sente desejo, depois sai da cama, abotoa a camisola e volta para dar um beijo na testa de Eva. Liliane não se envolveu como namorada.
Assim também como o médico é visto pela sociedade como um semideus ou muito mais, Maria Schneider acreditou que estava doente porque o psiquiatra, que a atendeu, fez o diagnóstico da doença e lhe receitou esses medicamentos que provocam dependência química. Nesse diagnóstico, ela passou a criar a realidade que ela admitiu: estar doente, pois o pensamento cria a nossa realidade.
Nesse contexto quem melhor definiu a nossa realidade foi Jesus, conforme demonstrada nas palavras do tribuno Divaldo Pereira Franco, in verbis:
“Ele sempre interrogava para criar essa empatia do doente que desejava porque ao desejar havia uma interrelação psicofísica em que os neurônios cerebrais produziam fótons que eram absorvidos pelo sistema nervoso central transferidos a glândulas endócrinas e repassados ao sistema imunológico pela força do pensamento.” (1)
(1) DIVALDO PEREIRA FRANCO – A Transformação do Homem na Era da Regeneração, link no Youtube – 20:42 a 21:11, publicado em 05/07/2013 – palestra proferida ao ensejo da realização do I Congresso Espírita Alagoano.
A atriz francesa Maria Schneider (1952/2011) parou de filmar aos 32 anos de idade. Com a paralisação da atividade artística, recrudesceu nela o trauma do estupro, com muito sofrimento que durou 26 anos, já com câncer, veio a falecer nos idos de 2011.
Não foi noticiado que ela morreu de depressão, isso iria revelar o trauma ocasionado da cena do sabão no filme contracenado com o ator Marlon Brando e todo o prestígio do diretor e do ator seria apagado diante da opinião pública mundial.
Quando o filme ÚLTIMO TANGO EM PARIS foi lançado em dezembro de 1972, nas cidades de Paris e Roma, e proibido no restante do mundo, houve um fluxo enorme de pessoas em direção dessas cidades porque essas pessoas estavam identificadas com a cena de violência.
Violentos veem violência, assim como acontece em noticiários, filmes que a mídia divulga diariamente, e depois querem paz. Eles não são vítimas, são participantes. A ressonância quântica está presente entre ambos: o criminoso e o observador. No entanto, é necessário não criticar nada e não criticar ninguém, pois isto os levaria a um julgamento e o julgamento separa. A separatividade é característica dessa consciência planetária dissociada, como temos dito sempre em nossas crônicas.
Depois de 39 anos, o cinema para ter um verniz social, como todo o homem tem no conceito de Freud, fez rodar DOCE NOVEMBRO, produzido nos idos de 2011, com direção de Pat O´Connor, em que aparece um encontro de um casal num apartamento em que o ator Keanu Reeves, no papel de Nelson Moss, está todo apressado para ter uma hora de amor, em que a proposta de ambos era para ficar um mês, ela, Sara Deever, interpretada pela atriz Charlize Theron, o rejeita e ele sai e ela o chama dizendo: “eu apenas lhe quis humanizar”.
O relacionamento de casais hoje em dia está no arquétipo (sombras, no conceito jungiano) vivenciado no filme ÚLTIMO TANGO EM PARIS onde a mulher é sempre usada e descartada. Nesse paradigma o sexo não é humano, é máquina. Usa-se a máquina e, quando a máquina estiver com defeito, ao invés de consertá-la, apenas a abandona e procura-se outra máquina, também usada e defeituosa, num ciclo vicioso.
Diante de tantos desencantos, não tenhamos nenhum ídolo nem façamos de ninguém um semideus ou algo mais. No entanto, é bom citar as pessoas que foram contra o paradigma do planeta, apenas citamos alguns, de improviso: Sócrates, Spartacus, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Nelson Madela, Eugene Mallove, Maria Schneider e, principalmente, aquele que passou 3 anos pelas cercanias de Cafarnaum e apenas alguns dias em Jerusalém onde foi morto numa cruz, uma prática usada pelos romanos.
Basta dizer que, nos idos 71 a.C., na Via Ápia, que liga Roma a Capua, 6.472 escravos foram crucificados à beira da estrada, num só dia, eram os últimos remanescentes mortos que seguiram Spartacus, o gladiador que liderou uma revolta contra o Império Romano. O grupo começou com 70 gladiadores fugidos, foi crescendo, crescendo até atingir o número de 65 mil escravos, todos mortos. Agora, vocês já perceberam porque Jesus não foi para Roma. Ele não permaneceria vivo por lá nem uma hora.
E as mulheres escravas que foram estupradas nessa época ninguém fala? Se no Brasil o estupro somente virou lei nos idos de 2009, no Império Romano o estupro era considerado normal, os escravos não tinham dignidade. As mulheres fugiam dos soldados romanos para não serem violentadas.
Em nova roupagem de escravidão, Maria Schneider foi mais uma vítima obrigada a tirar roupa e ser violentada sexualmente como nos tempos de Roma, um italiano estava presente dirigindo o filme ÚLTIMO TANGO EM PARIS.

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