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terça-feira, 16 de junho de 2015

CAMILLE CLAUDEL

Em prima facie, o filme Camille Claudel, drama biográfico, dirigido por Bruno Nuytten, foi rodado nos idos de 1988, relata a vida da escultora Camille Claudel interpretada por Isabelle Adjani e no papel de Auguste Rodin o ator Gérard Depardieu. Posteriormente, em 2013, veio a lume Camille Claudel, 1915, sob a direção de Bruno Dumont revelando a atriz Juliette Binoche no papel-título e os atores Jean-Luc Vicent, Emmanuel Kauffman contracendando-a. A música do filme é de Johann Sebastian Bach.
A linda escultura Camille Claudel ao tornar-se assistente e amante do célebre artista Auguste Rodin não encontra apoio da família e decide vivenciar um namoro tantalizante, pois ele tinha outra mulher. Depois de muito sofrer rompe com Rodin, pois não suportava mais sentir o mito de Tântalo torturando a sua vida. Com a perda do amante, cai em depressão e é internada, contra a sua vontade, num manicómio pelo irmão Paul Claudel, famoso escritor.
Vale assinalar quatro parágrafos transcritos da crônica A MARCA DE TÂNTALO – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 11 de maio de 2015, a seguir:
A marca de Tântalo, personagem da mitologia grega, aparece no semblante de pessoas aprisionadas em relação patológica, a denominada ligação tantalizante, pois, segundo a tradição, Tântalo tinha roubado os manjares dos deuses e, por isso, Zeus o condenou a passar fome e sede pelo resto da vida.
O castigo era circunscrito a um lago que tinha as águas influenciáveis pela maré, fazendo subir e descer de volume. Na subida das águas, ele ficava ansioso porque, submerso até o pescoço, não podia matar a sede. Na correnteza das águas, fluíam também deliciosos alimentos que ele não podia tocar. A vida dele se resumia em expectativas e frustrações.
O suplício de Tântalo é o arquétipo de um relacionamento amoroso onde há evidências patológicas: há a sedução, com promessas encantadoras que nunca chegam a se concretizar. Isto faz parte da conquista e da apoderação.
No caso de mulheres, há a promessa de conquistadores de ficar ou casar com elas, tão logo tenham o divórcio, e isto nunca vem a acontecer, mantendo-as presas a vínculo tantalizante. É o resultado que dá o envolvimento das mulheres com homens casados que nunca se divorciam.
Sem ninguém para conversar e, mergulhada nos engramas do passado, Camille Claudel tenta de inúmeras vezes convencer as enfermeiras e o médico que aquele local não lhe é adequado. É inútil, ela não conseguiu sair dali e permaneceu durante três décadas, quando vem a falecer em 1943.
Na última vez que o irmão de Camille vai visitá-la, ela está serena, reflexiva e com doçura na voz, mesmo assim não o convence a retirar do manicômio. Ele alega que ali ela estava protegida contra a guerra reinante naquela época. No entanto, havia os horrores de um ambiente que abrigava portadores de doença mental.
Paul Claudel alega-lhe ainda a necessidade do ser humano ter o recolhimento interior através de entrega total a Deus, pois ele era poeta cristão-místico, essa entrega flui na vertente dos amores que encontramos pela vida, convertendo-os em amores eternos, principalmente junto a nossa família e familares, com destaque especial a mulher amada.
Villa-Lobos, o célebre compositor brasileiro, transcrito em cenas do cinema na pele do ator Antonio Fagundes, resume que todos os problemas materiais e espirituais seriam resolvidos se todos cantassem juntos no mesmo instante a mesma música. Isto é a mudança de frequência de onda explicitado pela física quântica.    
Nos idos de 1915, a psiquiatria não usava drogas lícitas que entorpecem e causam dependência química. O semblante de Camille é encantador, não há alegria radiante, apenas uma alegria ainda camuflada, revelando uma serenidade em que poucos casais de namorados, de hoje em dia, possuem.
Ela conseguiu ficar assim porque esqueceu os engramas do passado e voltou-se ao seu estado interior, o ser profundo que todos nós temos, sem exceção e que faz eclodir a luz. A propósito, é bom noticiar que vimos na TV Justiça o jurista Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal de Justiça, ao fazer o uso da palavra na sessão de 10/06/2015 referente à liberação de biografia autorizada, citou a frase de Louis Brandeis: “a luz do sol é o melhor detergente.”
Na cena do filme em que ela está rezando a oração Ave Maria, há evidências que ela mudou de frequência de onda onde esteve por muito tempo ainda ligada ao fracassado relacionamento com o célebre escultor francês. Na mudança há um despertar para a luz, a luz que ela trazia consigo que antes não resplandecia.

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