Em prima
facie, o filme Camille Claudel, drama
biográfico, dirigido por Bruno Nuytten, foi rodado nos idos de 1988, relata a
vida da escultora Camille Claudel interpretada por Isabelle Adjani e no papel
de Auguste Rodin o ator Gérard Depardieu. Posteriormente, em 2013, veio a lume
Camille Claudel, 1915, sob a direção de Bruno Dumont revelando a atriz Juliette
Binoche no papel-título e os atores Jean-Luc Vicent, Emmanuel Kauffman
contracendando-a. A música do filme é de Johann Sebastian Bach.
A linda escultura Camille Claudel ao tornar-se assistente
e amante do célebre artista Auguste Rodin não encontra apoio da família e
decide vivenciar um namoro tantalizante, pois ele tinha outra mulher. Depois de
muito sofrer rompe com Rodin, pois não suportava mais sentir o mito de Tântalo torturando
a sua vida. Com a perda do amante, cai em depressão e é internada, contra a sua
vontade, num manicómio pelo irmão Paul Claudel, famoso escritor.
Vale assinalar quatro parágrafos transcritos da crônica A
MARCA DE TÂNTALO – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 11 de maio de 2015, a
seguir:
A marca de Tântalo, personagem da mitologia grega,
aparece no semblante de pessoas aprisionadas em relação patológica, a
denominada ligação tantalizante, pois, segundo a tradição, Tântalo tinha
roubado os manjares dos deuses e, por isso, Zeus o condenou a passar fome e
sede pelo resto da vida.
O castigo era circunscrito a um lago que tinha as águas
influenciáveis pela maré, fazendo subir e descer de volume. Na subida das
águas, ele ficava ansioso porque, submerso até o pescoço, não podia matar a
sede. Na correnteza das águas, fluíam também deliciosos alimentos que ele não
podia tocar. A vida dele se resumia em expectativas e frustrações.
O suplício de Tântalo é o arquétipo de um relacionamento
amoroso onde há evidências patológicas: há a sedução, com promessas
encantadoras que nunca chegam a se concretizar. Isto faz parte da conquista e
da apoderação.
No caso de mulheres, há a promessa de conquistadores de
ficar ou casar com elas, tão logo tenham o divórcio, e isto nunca vem a
acontecer, mantendo-as presas a vínculo tantalizante. É o resultado que dá o
envolvimento das mulheres com homens casados que nunca se divorciam.
Sem ninguém para conversar e, mergulhada nos engramas do
passado, Camille Claudel tenta de inúmeras vezes convencer as enfermeiras e o
médico que aquele local não lhe é adequado. É inútil, ela não conseguiu sair
dali e permaneceu durante três décadas, quando vem a falecer em 1943.
Na última vez que o irmão de Camille vai visitá-la, ela
está serena, reflexiva e com doçura na voz, mesmo assim não o convence a
retirar do manicômio. Ele alega que ali ela estava protegida contra a guerra
reinante naquela época. No entanto, havia os horrores de um ambiente que
abrigava portadores de doença mental.
Paul Claudel alega-lhe ainda a necessidade do ser humano
ter o recolhimento interior através de entrega total a Deus, pois ele era poeta
cristão-místico, essa entrega flui na vertente dos amores que encontramos pela
vida, convertendo-os em amores eternos, principalmente junto a nossa família e
familares, com destaque especial a mulher amada.
Villa-Lobos, o célebre compositor brasileiro, transcrito
em cenas do cinema na pele do ator Antonio Fagundes, resume que todos os
problemas materiais e espirituais seriam resolvidos se todos cantassem juntos
no mesmo instante a mesma música. Isto é a mudança de frequência de onda
explicitado pela física quântica.
Nos idos de 1915, a psiquiatria não usava drogas lícitas
que entorpecem e causam dependência química. O semblante de Camille é
encantador, não há alegria radiante, apenas uma alegria ainda camuflada,
revelando uma serenidade em que poucos casais de namorados, de hoje em dia,
possuem.
Ela conseguiu ficar assim porque esqueceu os engramas do
passado e voltou-se ao seu estado interior, o ser profundo que todos nós temos,
sem exceção e que faz eclodir a luz. A propósito, é bom noticiar que vimos na
TV Justiça o jurista Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal de
Justiça, ao fazer o uso da palavra na sessão de 10/06/2015 referente à
liberação de biografia autorizada, citou a frase de Louis Brandeis: “a luz do
sol é o melhor detergente.”
Na cena do filme em que ela está rezando a oração Ave
Maria, há evidências que ela mudou de frequência de onda onde esteve por muito
tempo ainda ligada ao fracassado relacionamento com o célebre escultor francês.
Na mudança há um despertar para a luz, a luz que ela trazia consigo que antes
não resplandecia.
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