Em Santarém do
Pará, a pérola do Tapajós, está situado o Aeroporto Maestro Wilson Fonseca [Lei
n° 11.338, de 03/03/2006 – DOU 04/08/2008] que ostenta o busto em bronze do
homenageado, esculpido pelo artista Henrique Hülse, inaugurado sob os auspícios
da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).
A obra musical de Wilson Fonseca inclui mais
de 1.600 produções (canto, piano, banda, conjuntos de câmara, sacras e
orquestrais, além de arranjos e transcrições) está sob custódia do filho dele,
o Dr. Vicente José Malheiros da Fonseca, Desembargador Federal do Trabalho do
TRT – 8ª Região – Belém – PA.
Dentre os
temas da Amazônia, Wilson Fonseca (1912/2002), imortalizado pela Pátria e por
três entidades culturais: Academia Paraense de Música, Academia Paraense de
Letras e Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, vale
salientar: Abertura Sinfônica “Centenário de Santarém” (1948), “América 500
anos” (poema sinfônico, 1992), “Amazônia” (suíte para jazz-band, 1996), a ópera
amazônica “Vitória-Régia, O Amor Cabano” (1996, com libreto de José Wilson),
“Tapajós Azul” (valsa para orquestra sinfônica, 1997).
Nem tudo são
pérolas. Os conflitos agrários na Amazônia, em decorrência da exploração ilegal
de madeira, provocaram o assassinato de mais de 600 pessoas, nos últimos 28
anos, e mereceu a atenção do Greenpeace Brasil e da Comissão de Direitos
Humanos do Senado Federal, em audiência pública realizada em setembro/2014.
O Brasil vive
na expectativa da implantação do Complexo Hidrelétrico da Bacia do Tapajós e,
segundo a jornalista e escritora Eliana Brum na coluna A gente não vive no
Tapajós, jornal El Pais – Madri, Espanha, em que relata a preocupação nas
comunidades Montanha e Mangabal, “assim como outras populações ribeirinhas e
indígenas, está sendo gestada a mais acirrada luta socioambiental depois de
Belo Monte.”
Recrudesce na
imaginação dessas populações a chegada das caravelas portuguesas, ameaçando
suas terras povoadas, assim como aconteceu com seus antepassados.
Atualmente,
nem mesmo a Aldeia Maracanã (antigo Museu do Índio), ao lado do Estádio
Maracanã, pode ser ocupada por eles, quando em trânsito pela cidade do Rio de
Janeiro. Depois de muita marcha e contramarcha, no dia 22 de março de 2013, os
22 índios, expulsos daquele local, foram parar em terreno de Jacarepaguá, na
antiga Colônia de Curupaiti, ocupada pelos portadores de hanseníase.
Esses povos da
mata, a menor etnia populacional do Brasil, sentem-se ameaçados de extinção, no
momento em que o governo federal anunciou, em 27 de agosto de 2014, o destino
de “3,2 milhões de hectares para reforma agrária e preservação ambiental” na
região amazônica, área que abrange reservas indígenas. Haja caravelas!
Os planos do
governo federal, segundo Folha de S.Paulo – 18 de setembro de 2014, é construir
a Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, com capacidade de 6,1 mil MW,
prevista para entrar em funcionamento nos idos de 2019 e a de Jatobá, cerca de
2,3 mil MW, em 2020.
Enquanto isso,
para gáudio nosso, vamos lembrar alguns textos da crônica A Dança da Lua – Blog
Fernando Pinheiro, escritor – 01 de dezembro de 2013 que comenta o samba-enredo
da Escola de Samba Estácio de Sá – carnaval de 1993:
A lua surgiu
no céu e veio dançar e todos cantam animados, clareou, clareou. A Escola de
Samba Estácio de Sá narra a lenda dos índios Carajás: “Que nada existia, até
Kananciuê criar na frágil luz da lua nova, faz a Terra e a flora, a fauna, o
rio e o mar, o verdadeiro paraíso, Jardim do Éden ou quem sabe Shangrilah.”
As amazonas,
mulheres que montavam a cavalo pela floresta, valentes guerreiras da nação
Icamiabas, protegidas por guaquaris e outros seres míticos e místicos, lendas
que se espalharam, antes ou depois, pelo mundo, como as valquírias alemãs
imortalizadas em óperas wagnerianas.
O grito se
espalha na aldeia sob a luz da lua e surge a súplica ao dragão lunar para a
multidão de festeiros ter o prazer de contemplar as deusas protegidas por ele
no imenso céu aberto de claridade suave e derramada em suaves eflúvios de amor.
A súplica é
carregada de pressa estabelecida antes mesmo que a lua minguante surja,
diminuindo a claridade, e a nova dança do Zodíaco trazendo sombras com bruxas
negras dançando para servir a Satanás, criada nessas lendas que se atualizam
nos cantos dos pastores.
Há muita orgia
nesse canto zodiacal, no entanto na busca do amor tudo é mais lindo no nosso
interior, conclui a Estácio de Sá dançando com a lua que chegou na Sapucaí para
nos alegrar.
A Pérola do
Tapajós, Santarém, município do Pará, abriga ainda Alter do Chão, uma linda
praia fluvial, refúgio encantado onde havia, no passado lendário, a dança da
lua e hoje é atração turística que nos faz lembrar o Caribe, aliás a Amazônia é
brasileira, peruana, venezuelana, colombiana e caribenha.
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