Páginas

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PÉROLA DO TAPAJÓS

Em Santarém do Pará, a pérola do Tapajós, está situado o Aeroporto Maestro Wilson Fonseca [Lei n° 11.338, de 03/03/2006 – DOU 04/08/2008] que ostenta o busto em bronze do homenageado, esculpido pelo artista Henrique Hülse, inaugurado sob os auspícios da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).
 A obra musical de Wilson Fonseca inclui mais de 1.600 produções (canto, piano, banda, conjuntos de câmara, sacras e orquestrais, além de arranjos e transcrições) está sob custódia do filho dele, o Dr. Vicente José Malheiros da Fonseca, Desembargador Federal do Trabalho do TRT – 8ª Região – Belém – PA.
Dentre os temas da Amazônia, Wilson Fonseca (1912/2002), imortalizado pela Pátria e por três entidades culturais: Academia Paraense de Música, Academia Paraense de Letras e Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, vale salientar: Abertura Sinfônica “Centenário de Santarém” (1948), “América 500 anos” (poema sinfônico, 1992), “Amazônia” (suíte para jazz-band, 1996), a ópera amazônica “Vitória-Régia, O Amor Cabano” (1996, com libreto de José Wilson), “Tapajós Azul” (valsa para orquestra sinfônica, 1997). 
Nem tudo são pérolas. Os conflitos agrários na Amazônia, em decorrência da exploração ilegal de madeira, provocaram o assassinato de mais de 600 pessoas, nos últimos 28 anos, e mereceu a atenção do Greenpeace Brasil e da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, em audiência pública realizada em setembro/2014.
O Brasil vive na expectativa da implantação do Complexo Hidrelétrico da Bacia do Tapajós e, segundo a jornalista e escritora Eliana Brum na coluna A gente não vive no Tapajós, jornal El Pais – Madri, Espanha, em que relata a preocupação nas comunidades Montanha e Mangabal, “assim como outras populações ribeirinhas e indígenas, está sendo gestada a mais acirrada luta socioambiental depois de Belo Monte.”
Recrudesce na imaginação dessas populações a chegada das caravelas portuguesas, ameaçando suas terras povoadas, assim como aconteceu com seus antepassados.
Atualmente, nem mesmo a Aldeia Maracanã (antigo Museu do Índio), ao lado do Estádio Maracanã, pode ser ocupada por eles, quando em trânsito pela cidade do Rio de Janeiro. Depois de muita marcha e contramarcha, no dia 22 de março de 2013, os 22 índios, expulsos daquele local, foram parar em terreno de Jacarepaguá, na antiga Colônia de Curupaiti, ocupada pelos portadores de hanseníase.
Esses povos da mata, a menor etnia populacional do Brasil, sentem-se ameaçados de extinção, no momento em que o governo federal anunciou, em 27 de agosto de 2014, o destino de “3,2 milhões de hectares para reforma agrária e preservação ambiental” na região amazônica, área que abrange reservas indígenas. Haja caravelas!
Os planos do governo federal, segundo Folha de S.Paulo – 18 de setembro de 2014, é construir a Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, com capacidade de 6,1 mil MW, prevista para entrar em funcionamento nos idos de 2019 e a de Jatobá, cerca de 2,3 mil MW, em 2020.
Enquanto isso, para gáudio nosso, vamos lembrar alguns textos da crônica A Dança da Lua – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 01 de dezembro de 2013 que comenta o samba-enredo da Escola de Samba Estácio de Sá – carnaval de 1993:
A lua surgiu no céu e veio dançar e todos cantam animados, clareou, clareou. A Escola de Samba Estácio de Sá narra a lenda dos índios Carajás: “Que nada existia, até Kananciuê criar na frágil luz da lua nova, faz a Terra e a flora, a fauna, o rio e o mar, o verdadeiro paraíso, Jardim do Éden ou quem sabe Shangrilah.”
As amazonas, mulheres que montavam a cavalo pela floresta, valentes guerreiras da nação Icamiabas, protegidas por guaquaris e outros seres míticos e místicos, lendas que se espalharam, antes ou depois, pelo mundo, como as valquírias alemãs imortalizadas em óperas wagnerianas.
O grito se espalha na aldeia sob a luz da lua e surge a súplica ao dragão lunar para a multidão de festeiros ter o prazer de contemplar as deusas protegidas por ele no imenso céu aberto de claridade suave e derramada em suaves eflúvios de amor.
A súplica é carregada de pressa estabelecida antes mesmo que a lua minguante surja, diminuindo a claridade, e a nova dança do Zodíaco trazendo sombras com bruxas negras dançando para servir a Satanás, criada nessas lendas que se atualizam nos cantos dos pastores.
Há muita orgia nesse canto zodiacal, no entanto na busca do amor tudo é mais lindo no nosso interior, conclui a Estácio de Sá dançando com a lua que chegou na Sapucaí para nos alegrar.
A Pérola do Tapajós, Santarém, município do Pará, abriga ainda Alter do Chão, uma linda praia fluvial, refúgio encantado onde havia, no passado lendário, a dança da lua e hoje é atração turística que nos faz lembrar o Caribe, aliás a Amazônia é brasileira, peruana, venezuelana, colombiana e caribenha.
                

Nenhum comentário:

Postar um comentário