A fórmula de ouro em que se assentam os
fundamentos da felicidade, conforme o pensamento de Zygmunt Bauman (1925/2017),
filósofo e sociólogo polonês, é a combinação da liberdade com a segurança: “segurança
sem a liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos,
incapaz de fazer nada, planejar nada, nem mesmo sonhar com isso.”
“Como pode ser depreendido, segurança não
pode ser associada somente ao efeito resultante dos atos do uso da força
derivados das capacidades militares, mas conformando-se também na adoção de
medidas de proteção no campo social, do meio ambiente, econômica, da
diplomacia, e do segmento científico.” – Geraldo Magela da Cruz Quintão, membro
da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, ministro da Defesa
(24/01/2001 a 03/01/2003) – in Seminário sobre Diretrizes Estratégicas de CT&I de Interesse
para Defesa Nacional, realizado em 26 de novembro de 2002, em Brasília Apud
SEGURANÇA – 7 de fevereiro de 2014 - blog Fernando Pinheiro, escritor.
Vale citar o pensamento de Carol Sonenreich,
Giordano Estevão e Luiz de Moraes Altenfelder Silva Filho:
“Entretanto, no relacionamento com os outros,
na organização das condutas, aliás, no que constitui o campo das alterações
mentais, o essencial não está no que as limitações determinam, mas no que pertence
à liberdade de escolhas.” - in Doença mental e perda de liberdade – Revista
TEMAS – Teoria e Prática do Psiquiatra – v. 35, n. 68-69, p. 4 - Jan/Dez 2005.
[OS DOMÍNIOS DA PSIQUIATRIA – 27 de fevereiro de 2013 – blog Fernando Pinheiro,
escritor]
A personagem Maria Monforte (atriz Simone
Spoladore) da minissérie Os Maias que TV Globo exibiu nos idos de 2001, adaptada
do romance de Eça de Queiroz, se apaixona por Pedro da Maia, casa com ele e,
com o tempo começa a sentir tédio daquela união, quando surge Tancredo por quem
vem a se apaixonar. Nesse clima de prazeres em que a liberdade é manifestada,
sente-se insegura porque carrega, no íntimo, a culpa.
Na relação de casal em que há
desentendimento, provocado sempre por crítica e julgamento, a separação surge
como postura de viver mais adequada e, nessa circunstância que arrasta a
solidão e a saudade, vem eclodir lembranças que definem sentimentos de culpa, o
grande vetor que engendra a depressão, a doença que mais cresce no mundo.
[PAREDE DE VIDRO - 23 de janeiro de 2014 - blog Fernando Pinheiro, escritor]
Na música O Pastor, a voz de Madredeus na
trilha sonora da minissérie Os Maias, baseada na obra de Eça de Queirós, onde
aparece uma cena de Maria Monforte, usando decote em que sobressaíam os meneios
de seios, interpretada pela atriz Simone Spoladore, em festa de casamento, e a
dança com o príncipe, vivendo um sonho de fadas, depois fazendo amor pelas
costas com o amante [Youtube: Madredeus “O Pastor” Legendado PT BR - Os Maias –
TV Globo, 2001] Apud HIERARQUIA PIRAMIDAL (III) - 30 de outubro de 2013 - blog
Fernando Pinheiro, escritor.
Maria Monforte não conseguiu fugir daquilo
que ela era, uma prostituta, termo arcaico que esteve também com a Madame
Bovary, de Gustave Flaubert, romancista francês, na visão mundana dos séculos
19 e 20, hoje diluída pelo mundo líquido, na visão inaugural de Zygmunt Bauman.
No entanto, naquele mesmo calor de viver e se
apaixonar, a mulher de Magdala, cidade ficou conhecida a mulher Madalena,
esqueceu os engramas do passado e conseguiu obter a liberdade e a segurança, ao
mesmo tempo.
Na carta de Aristóteles ao seu filho Nicômano
há uma referência em que a ética está associada à felicidade. No mundo atual, o
argumento do eu e a liberdade subjetiva é usado por pessoas para fazer o que
bem desejam. Não perdendo de vista que a base da ética aristotélica é a
responsabilidade, reforça o pensamento do sociólogo polonês “liberdade sem
segurança é um completo caos”.
A fórmula de ouro do criador do conceito da
modernidade líquida é difícil de ser achada nesta densa consciência planetária
que está indo embora na separação do joio e do trigo. Como tudo é possível
dentro das possibilidades quânticas, a fé removerá as montanhas de
dificuldades.
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