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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

AS FONTES

A Trilogia Romana do compositor italiano Ottorino Respighi abrange os poemas sinfônicos Fontes de Roma, Festas Romanas e os Pinheiros de Roma.
No que se refere a Fontes de Roma, Respighi as retratou em imagens ideoplásticas que lembram os períodos do dia nas fontes: Valle Giulia, ao amanhecer, Tritone, pela manhã, Trevi, ao meio-dia, e Villa Medici, ao crepúsculo do sol.
Nos idos de 1924, Caio de Mello Franco (1896/1955), que iniciou a carreira diplomática servindo na Santa Sé, publicou Vida que Passa que retrata os momentos em que apreciou a beleza da Fontana di Villa Medici, versos que o imortalizaram.
Tivemos a honra de proferir, em 08/11/2004, palestra em homenagem a Caio de Melo Franco, na presença de Edgardo Amorim Rego, gerente da Carteira de Operações de Câmbio do Banco do Brasil (CAMIO/GECAM), no período de 12/04/1972 a abril/1984, e de Afonso Arinos de Melo Franco Filho e, ainda, de Alberto Venâncio Filho, ambos imortais da Academia Brasileira de Letras, entre outras personalidades que prestigiaram o 5° Seminário Banco do Brasil e a Integração Social.  
O local onde se encontra a Fontana di Trevi, imortalizado na música de Ottorino Respighi e no filme La Dolce Vita, estreado em 1960, sob a direção de Federico Fellini, é ponto de atração turística tanto pela música de Respighi quanto pela presença de Anita Ekberg (1931/2015), de origem sueca onde foi miss em 1950, célebre artista de Hollywood que residia na Itália.
Na cena mais famosa do filme, Sylvia (Anita Ekberg), caminhando se arrastando dentro d´água da fonte, usando vestido preto com decote em que vislumbramos seios lindos, demonstra arrulho ao chamar Marcello (Marcello Mastroianni): “Marcello, come here, hurry up”. Ele vai ao encontro dela, ela curva a cabeça para trás, numa posição que denota a espera do beijo, e ela disse: listen, e água da fonte parou de correr. A nosso ver, esta paralisação foi causada por segurança da fonte.
Nessa fonte, em restauração da Prefeitura, foi colocada, em 13/01/2015, no andaime da obra, um retrato de grandes dimensões, em preto e branco, da atriz fotografada por ocasião do intervalo das gravações do filme. Na foto Anita Ekberg aparece sentada na borda da fonte romana, trajando vestido preto e os cabelos loiros e ondulantes caindo sobre os ombros.
A leitora mais assídua no Leste Europeu do blog Fernando Pinheiro fazendo turismo na cidade de Roma, a búlgara Nona Orlinova, usando vestido azul e cinto vermelho na cintura, atirou uma moeda na água da Fontana di Trevi e escreveu no facebook: хвърлям монета... значи ще се връщам тук (atirar uma moeda ... então vai voltar aqui).
Envolvendo um doce encanto, a canção Diez Años, de Rafael Hernandez (1892/1965), foi sucesso na América Latina na voz de Julio Jaramillo (Equador), Helenita Vargas (Colômbia), Toña “La Negra” (México) e na Espanha pelo cantor Jorge Sepúlveda e, ainda no Brasil, na versão Dez Anos de Lourival Faissal, pelas cantoras Emilinha Borba e Gal Costa.
Essa música lembra-nos muito do clima romântico em que envolvia os casais no decorrer de uma época, vamos dizer “assim se passaram 10 anos”: “recordo junto a uma fonte nos encontramos e alegre foi aquela tarde para nós dois.”
As fontes, sob o murmúrio de água que escorre devagarzinho, são adequadas para o primeiro encontro de casais que criam o clima de romantismo, pois a natureza é a grande aliada que nos estimula a fortalecer os liames de amor.
As fontes de água são sempre fontes de inspiração. No Brasil isto vem ocorrendo desde há muito tempo, quando o vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, sofrendo peripécias do amor não correspondido pela musa Suzana, no século XVIII, construiu a Fonte dos Amores no Passeio Público da cidade do Rio de Janeiro. A Escola de Samba da Portela, no carnaval de 1988, apresentou o enredo Lenda carioca: os sonhos do vice-rei.

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