Páginas

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

SEMPRE AO SEU LADO

Num dos cruzamentos mais movimentados do Japão, em Shibuya, Tóquio, a estátua de bronze de Hachiko é atração turística que veio do cinema. O cachorro Hatchi, da raça Akita, é companheiro inseparável de Hidesaburo Ueno, professor da Universidade de Tóquio, interpretado pelo ator Tatsuya Nakadai contracenando com Kaoru Yachigusa, Mako Ishino, Masumi Harukawa, Hisashi Igawa, entre outros, no filme Hachiko Monogatari (1987) dirigido por Seijirō Kōyajma.
A trilha sonora do filme é de Tetsuji Hayashi e no remake americano, Hachiko: A Dog´s Story (2009), a música  destinada para piano solo foi escrita por Jan A P. Kaczmarek, celebrado compositor que ganhou, nos idos de 2005, o Oscar por melhor trilha sonora original do filme Finding Neverland, na cerimônia apresentada pelo ator John Travolta na 77th Annual Academy Awards.
No final de cada dia, o cachorro vinha esperar o dono fora da estação ferroviária de Shibuya. No decorrer da cena, a esposa de Ueno, interpretada pela atriz Kaoru Yachigusa, no papel de Missus, disse: “Hachi não usa relógio, mas como ele sabe as horas?”
Em plena sala de aula, ao riscar o giz no quadro negro, o professor Ueno desfaleceu e caiu em frente de seus alunos, vindo a falecer por hemorragia cerebral. Quando o corpo, dentro do caixão, é velado, o cachorro Hatchi está presente e causa admiração de todos. Depois, quando o cortejo fúnebre se conduz ao cemitério, Hatchi está em casa, arrebenta as correntes e segue correndo acompanhando-o.
Após a morte de Ueno, nos idos de 1925, o cachorro permaneceu indo à estação, durante 9 anos, demonstrando-lhe lealdade. Quando a personagem Missus, viúva do professor, se dirige a estação de Shibuya com destino a Wakayama, ao reencontrar o cachorro naquele local, passou-lhe as mãos pelo pescoço e disse: “Hachi, seu dono não virá mais, adeus.”
Como a consciência está em tudo, o sentir a presença do dono após a morte que para o cachorro isto não existe porque estava ligado na mesma frequência de onda em que ambos estavam interligados no passado recente que recrudescia, com vigor, ao longo desse período.
Estamos felizes ao ver o reconhecimento da consciência, imantada em tudo, neste caso especial dos animais de estimação, conforme depoimento da WSPA – The World Society for the Protection of Animals, relatado pelo The Japan Times – 26/01/2015: “a injeção de uma solução de pentobarbital de 20% (um barbitúrico) como o método mais humano de eutanásia de cães ou gatos, pois induz a "rápida perda de consciência" e não causa efeitos colaterais angustiantes.”
A eutanásia de animais de estimação é amparada por lei japonesa, mas os donos relutam em permanecer até o último instante com os animais doentes. Nos idos de 2010, segundo aquele jornal, mais de 204 mil animais de estimação foram mortos, sendo que 82% do total vieram de abrigos de animais. 
Considerando os cuidados do povo japonês pelos animais de estimação, observamos que existe no Japão a indústria de serviços que normalmente é utilizada por pessoas no Brasil, tais como: restaurantes, café, hotéis, academia de ginástica, salão de beleza, parques temáticos, spa, resorts. O jornal nipônico pergunta: “quem está se divertindo aqui, o cão ou o proprietário?”
No final do filme, o personagem Shiro, depois de morto, vivenciado pelo ator Tatsuya Nakadai, aparece para o cachorro que fica muito contente ao vê-lo e, quando o dono desaparece, o cachorro fica parado em reflexão. Não há barreiras entre as dimensões, pois tudo se interliga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário