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sábado, 18 de abril de 2015

ZÉ DA ONÇA

Vixe, esse baião é bom demais. A música Zé da Onça, escrita por João do Vale, Abdias Filho e Adrian Caleiras, foi gravada, originalmente, nos idos de 1957, pela dupla Zé Gonzaga e Silvinha Chiozzo pela Copacabana e fez parte da trilha sonora do filme “Rico ri à toa”, dirigido pelo cineasta Roberto Farias, produção da Brasil Vita Filmes.
Três anos mais tarde, a dupla Zito Borborema e Chiquinha do Acordeon, na vida real marido e mulher, gravaram essa música e encontra-se disponibilizada ao público pela internet (Youtube), vídeo que gostamos pela forma excelente como é interpretada.
Naquela época, as palavras virgindade, castidade tinham grande prestígio. A letra da música diz que ela tem um marido doente e está com medo de ficar viúva pois se a vida é tão ruim, sem ele a vida será pior. Ora, isso não deveria acontecer, pois devemos ter confiança na vida, em qualquer situação em que estamos.
O medo é o maior obstáculo que temos a ascender a uma oitava acima na consciência planetária que está em plena ascensão, o paradigma atual está desgastante e não tem condições de oferecer a humanidade a felicidade eterna que milhões e milhões de pessoas, sem acreditá-la, nem buscam mais. Aliás, não devemos buscar nada nem fugir.
Zé da Onça estava na mídia. O Cruzeiro, a principal revista brasileira daquela época, apresentava mensalmente uma charge de “O amigo da onça” onde havia sempre uma pessoa passada pra trás por alguém que não era amigo de ninguém, mas da onça.
Além de disso, a onça é um animal predador e, quando vai à caça, está disposta a dar um bote em suas presas, o que vem caracterizar o enredo da música na voz do intérprete em dupla com a voz feminina. O contador nordestino é enfático em dizer que a primeira preferência é a dele, caso a mulher ficasse viúva.
Não queiramos nunca desejar a morte de alguém porque é muito importante e até vital o colapso da função de onda até mesmo nos últimos instantes da vida, é por isso que somos contra a eutanásia ou qualquer fuga, repetindo: não buscar nem fugir.
Em nossas andanças por aí, todas com o objetivo principal de levar a nossa missão, não é exclusividade nossa, pois todos a têm distintamente, conhecemos mulheres viúvas que não quiseram mais casar. A ligação amorosa estava bem forte e nenhum vínculo sem raízes profundas poderia movê-las de mudar de ideia.
O que não pode acontecer é sentir a sensação de perda, pois ninguém perde ninguém, pois ninguém é dono de ninguém, principalmente quando há óbito. Se houver perda, haverá, sem dúvida, perda de imunidade do corpo, ocasionando o surgimento da doença que nem remédios conseguem debelar.
É fácil entender porque os pensamentos de perda, levando à depressão, são alimentados pelos próprios pacientes e são mais resistentes do que todos os ansiolíticos e antipsicóticos. Nestas circunstâncias, o remédio não está na farmácia, mas no próprio ser humano que precisa mudar de forma de pensar. Mudou de frequência de onda, acabou-se o problema.
Na cantoria nordestina há um chamego que a dupla revela, é tanto que ela insiste em saber o que ele faria, se ela ficasse disponível. Ele repete a mesma intenção de ficar com ela, pelo menos na primeira preferência que ela iria dar a quem estivesse em seu círculo de amizades.
Como naquela época, a castidade tinha prioridade nos costumes, a repercussão da música teve o seu momento certo. Hoje, tanto faz ser o primeiro como os outros que iriam se suceder, isto seria indiferente. Há a ética de Platão, de sentido duradouro e para sempre e há a ética atual, revestida de outra roupagem, onde o efêmero toma vez.
Chiquinha do Acordeon, no dizer do rei Luís Gonzaga, referência maior da Feira de São Cristovão na cidade do Rio de Janeiro, é a dama do acordeon. Chiquinha, inesquecível e eterna, interpretando a mulher de marido doente, deu esperança, sem prometer, ao personagem Zé da Onça. Quem não gostaria de ter essa esperança? 

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