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terça-feira, 9 de maio de 2017

SADOMASOQUISMO

O sadomasoquismo existe se dermos peso e referência. O dramaturgo Nelson Rodrigues disse que “a mulher gosta de apanhar, mas o homem não gosta de bater”, criou-se uma polêmica a respeito disso, assim como ocorreu com a frase dele “o casamento acaba no banheiro”.
No filme Veludo Azul, título original Blue Velvet, dirigido por David Lynch, estrelado por Kyle MacLachlan (Jeffrey), Isabella Rossellini (Dorothy), Dennis Hopper (Frank), Laura Dern (Sandy), entre outros, traz cenas que envolve o sadismo, conforme passamos a comentar:
Quando Jeffrey, escondido no armário, é descoberto, uma faca segura por mão firme o faz ficar paralisado. Dorothy lhe pergunta como ele entrou ali e o que viu? Ele, assustado pela ameaça, disse-lhe que era apenas para vê-la de perto, admirando-lhe a nudez, mais tímido do que conquistador.
Ela ordena ao rapaz tirar a roupa e passa a fazer carinho nele, perguntando se ele está gostando? Ele responde que sim. Ela pede pra ele tocar-lhe os seios, acariciando-os e se envolvendo toda na entrega amorosa.
Um toque de campainha na casa faz com que Dorothy empurre o garoto para o armário e pede pra ele ficar quieto e vai atender Frank (Dennis Hopper) que chega para dar vazão ao sadismo de que é portador, obrigando-a a fazer sexo com requintes de crueldade: estupro e violência.
Depois que Frank sai, ele sai do armário em direção de Dorothy que está deitada no chão, com o intuito de reconfortá-la. Ela aceita a ajuda de Jeffrey. Quando ele se prepara para sair, ele lhe disse: ajude-me. 
Acostumada a apanhar do sequestrador, Dorothy pede ao garoto bater nela. Mas ele não o faz, trazendo consigo a pureza da criança que ainda demonstrava ser.
Ela o chama de Don, nome do marido sequestrado, pedindo para ser abraçada e espancada, como estava acostumada pelo sequestrador. Ele apenas a abraça e se recusa a espancá-la. Então, ela ordena: então, vai embora. Ele, com receio de ser expulso, faz apenas um leve gesto, mas no fundo não a agride, é só carinho.
Na noite seguinte, Jeffrey conta a Sandy que o mundo é estranho, descobriu que Frank sequestrou o marido e o filho de Dorothy. É um mistério que ele busca desvendar. Sandy conta-lhe o sonho que teve na noite em que o conheceu: o mundo estava escuro sem pintarroxos. Quando os pássaros aparecem, desaparecem os problemas. Esses pássaros tem a simbologia do amor, assim como a pomba branca.         [VELUDO AZUL – 7 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
Há também duas cenas de cinema que vimos há bastante tempo: uma linda mulher, criada nos rigores de uma educação tradicional, vai com o namorado ao hotel e derruba com os pés o abajur encostado no criado-mudo da cama e lhe disse, sorrindo: isso eu sempre quis fazer. Na televisão, vimos uma cena do ator José Wilker, de saudosa memória, num personagem que rasga a camisola da amante, a mais cara que ela tinha, mostrando ser valente, ela lhe diz, satisfeita: que bom, depois eu compro outra.
É tão comum nas novelas da televisão, o casal derrubar objetos, agredir verbalmente, interpretando nos gestos um convencer que busca nos argumentos, pensando que isto é o melhor estilo. As pessoas veem essas cenas como lances normais da vida dos casais. Mas, não é assim com os casais que vivem em harmonia e compreensão.
Nos encontros de casais que veem filmes de pornografia, adocicados pela mídia com o nome filmes de adulto e usam brinquedos sexuais que estimulam a violência, embora aceita por ambos, vemos sinais de sadomasoquismo.
A exemplo do compositor que usa a coda na música, fazendo reaparecer na partitura o trecho adiante já musicado, terminamos como começamos: o sadomasoquismo existe se dermos peso e referência.
Sigamos com leveza

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