O compositor
Manuel de Falla (1876/1946) já é nosso conhecido em Noites nos jardins de
Espanha onde comentamos essa suíte de 3 impressões sinfônicas para piano e
orquestra, no post de 19 de outubro de 2012
– blog Fernando Pinheiro, escritor. Segundo a Encyclopædia Britannica, o
compositor conseguiu uma fusão de poesia, ascetismo e ardor que representa o
espírito da Espanha na sua mais pura expressão.
Outro
compositor espanhol que vamos citar aqui é Joaquin Rodrigo (1901/1999), cego desde
a mais tenra idade, conhecidíssimo autor do Concierto de Aranjuez, escrito para
violão e orquestra, a música espanhola mais interpretada no planeta Terra.
Como todos
sabem, o concerto é música pura, portanto não tem letra, no entanto o autor
disse que “o concerto foi destinado a capturar o perfume de magnólias, o canto
dos pássaros e o jorro das fontes" nos jardins de Aranjuez [Wikipedia, the
free encyclopædia].
En Aranjuez
con tu amor é uma adaptação do 2º movimento, adágio do Concerto de Aranjuez. No
Youtube o tenor José Carreras interpreta essa canção no estúdio da The Angel
Orchestra of London, atualmente conduzida pelo maestro Peter Fender. Há outros
intérpretes: Placido Domingo, Montserrat Caballé, Andrea Bocelli, Sarah
Brightman, Gianluca Ginoble (Il Volo), Dyango, Mario Frangoulis, Richard
Anthony, Paloma San Basilo, Jose Guardiola, Ginamaria Hidalgo.
A mesma música
com título Aranjuez mon amour, na voz de Amália Rodrigues, Nana Mouskouri, Jean
François Maurice; Aranjuez la tua voce, interpretada por Dalida e, ainda, a
cantora libanesa Fairuz, na canção Le Beirut, e, ainda, Zé Perdigão, de
nacionalidade portuguesa, Em Aranjuez com o teu amor, entre outros.
A letra é
derramada em lirismo que nos remete a imagem ideoplástica em que há um rumor de
fonte de cristal irradiando uma frequência de onda chegando junto a rosas do
jardim. Há folhas secas no chão que também está envolvida no sussurrar da
fonte, atingindo as lembranças de um romance que acabou e parece reviver nessa
onda.
A letra da
canção enfatiza: “talvez esse amor esteja escondido em um pôr do sol, na brisa
ou em uma flor à espera de seu retorno.” Olha aí o colapso da função de onda de
Schrödinger. Pensando nos Jardins de Aranjuez, Joaquin Rodrigo escreveu esse
concerto nos idos de 1939, e 52 anos mais tarde, ei-lo Comendador recebendo o
título de Marquês dos Jardins de Aranjuez, concedido pelo rei Juan Carlos I.
No campo dos
sentimentos vemos o amor recrudescendo o passado que ficou guardado no coração.
Encontros acontecem com os antigos amores que se separaram por circunstâncias
diversas e são identificados entre si como naquele instante em que houve o
primeiro olhar. Isto transcende à esfera física, pois em sonhos podemos nos
encontrar com os amores de nossas vidas.
É necessário
manter a frequência elevada de um amor frustrado ou acabado num adeus que se
perdeu no tempo, perdido apenas nas aparências, pois o fenômeno de Schrödinger,
que todos nós fazemos ao pensar, faz esse entrelaçamento que interliga com os
amores escolhidos. Isto é física quântica, tão simples como o modo de pensar.
Em frequência
de onda revestida de incerteza e de desencantos há uma predisposição orgânica
para uma disfunção que atinge a célula, depois o órgão, instalando a doença. A
saudade pode ser benéfica ou maléfica (dualismo humano) dependendo como a
encaramos. No primeiro caso, há um doce enlevo encantando-nos a alma, o coração,
o nosso ser profundo que emerge para resplandecer a luz.
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