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terça-feira, 7 de outubro de 2014

EN ARANJUEZ CON TU AMOR

O compositor Manuel de Falla (1876/1946) já é nosso conhecido em Noites nos jardins de Espanha onde comentamos essa suíte de 3 impressões sinfônicas para piano e orquestra, no post de 19 de outubro de 2012  – blog Fernando Pinheiro, escritor. Segundo a Encyclopædia Britannica, o compositor conseguiu uma fusão de poesia, ascetismo e ardor que representa o espírito da Espanha na sua mais pura expressão.
Outro compositor espanhol que vamos citar aqui é Joaquin Rodrigo (1901/1999), cego desde a mais tenra idade, conhecidíssimo autor do Concierto de Aranjuez, escrito para violão e orquestra, a música espanhola mais interpretada no planeta Terra. 
Como todos sabem, o concerto é música pura, portanto não tem letra, no entanto o autor disse que “o concerto foi destinado a capturar o perfume de magnólias, o canto dos pássaros e o jorro das fontes" nos jardins de Aranjuez [Wikipedia, the free encyclopædia].
En Aranjuez con tu amor é uma adaptação do 2º movimento, adágio do Concerto de Aranjuez. No Youtube o tenor José Carreras interpreta essa canção no estúdio da The Angel Orchestra of London, atualmente conduzida pelo maestro Peter Fender. Há outros intérpretes: Placido Domingo, Montserrat Caballé, Andrea Bocelli, Sarah Brightman, Gianluca Ginoble (Il Volo), Dyango, Mario Frangoulis, Richard Anthony, Paloma San Basilo, Jose Guardiola, Ginamaria Hidalgo.
A mesma música com título Aranjuez mon amour, na voz de Amália Rodrigues, Nana Mouskouri, Jean François Maurice; Aranjuez la tua voce, interpretada por Dalida e, ainda, a cantora libanesa Fairuz, na canção Le Beirut, e, ainda, Zé Perdigão, de nacionalidade portuguesa, Em Aranjuez com o teu amor, entre outros.
A letra é derramada em lirismo que nos remete a imagem ideoplástica em que há um rumor de fonte de cristal irradiando uma frequência de onda chegando junto a rosas do jardim. Há folhas secas no chão que também está envolvida no sussurrar da fonte, atingindo as lembranças de um romance que acabou e parece reviver nessa onda.
A letra da canção enfatiza: “talvez esse amor esteja escondido em um pôr do sol, na brisa ou em uma flor à espera de seu retorno.” Olha aí o colapso da função de onda de Schrödinger. Pensando nos Jardins de Aranjuez, Joaquin Rodrigo escreveu esse concerto nos idos de 1939, e 52 anos mais tarde, ei-lo Comendador recebendo o título de Marquês dos Jardins de Aranjuez, concedido pelo rei Juan Carlos I.
No campo dos sentimentos vemos o amor recrudescendo o passado que ficou guardado no coração. Encontros acontecem com os antigos amores que se separaram por circunstâncias diversas e são identificados entre si como naquele instante em que houve o primeiro olhar. Isto transcende à esfera física, pois em sonhos podemos nos encontrar com os amores de nossas vidas.
É necessário manter a frequência elevada de um amor frustrado ou acabado num adeus que se perdeu no tempo, perdido apenas nas aparências, pois o fenômeno de Schrödinger, que todos nós fazemos ao pensar, faz esse entrelaçamento que interliga com os amores escolhidos. Isto é física quântica, tão simples como o modo de pensar.
Em frequência de onda revestida de incerteza e de desencantos há uma predisposição orgânica para uma disfunção que atinge a célula, depois o órgão, instalando a doença. A saudade pode ser benéfica ou maléfica (dualismo humano) dependendo como a encaramos. No primeiro caso, há um doce enlevo encantando-nos a alma, o coração, o nosso ser profundo que emerge para resplandecer a luz.

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