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terça-feira, 14 de outubro de 2014

O DOCE SOM

A ária do 3º Ato Mad Scene – Il dolce suono, da ópera Lucia di Lammermoor, de Donizetti, teve uma versão destinada ao filme The Fith Element (ficção) na voz da soprano albanesa Inva Mula, enquanto o papel da diva Plavalaguna coube a atriz francesa Maïwenn Le Besco.
Na cena lírica, a personagem Lucia se apresenta no palco com o vestido branco ensanguentado, vislumbrando um espectro surgindo em sua direção e, diante de seus companheiros do elenco, enfatiza: Ohimè, sorge il tremendo fantasma e ne separa! (Infelizmente, o enorme fantasma surge e nos separa!).
Lucia relembra o encontro feliz com o seu amado, junto a uma fonte, onde surgiram afagos nas mãos e nos olhares, doce encanto, enlevo sublime. A frequência de onda que ela emitiu era diferente da que tinham os inimigos do seu amado, em corpo astral, podiam estar dormindo e volitando ou do outro lado da matrix já sem o corpo físico.
Um caso semelhante, uma vez aconteceu comigo: estava eu dormindo no quarto e almas errantes que brincavam à sua maneira chegaram perto de mim e disse a elas, com um leve sorriso: olha aí, gente, eu acho que vou mandar vocês pro inferno. De repente, saíram em disparada.
É que esse arcano ensinado pela matrix é desesperador. Não as assustei porque o meu sorriso não assusta ninguém, elas se assustaram pelo paradigma em que ainda vivem. Quem estivesse na mesma frequência de onda em que estavam as almas errantes, certamente seria acometido de profundos dissabores.
A influência de almas errantes está ligada aos interesses em que elas se mantêm presas, pensando que ainda estão no corpo físico, comumente atadas ao paradigma terrestre que envolve confusão manifestada no dualismo humano (certo/errado, bem/mal e outras expressões similares). O ego é complicado, quer uma coisa agora, quer outra depois, e até se contradiz.
Anteriormente em 7/10/2012, no blog Fernando Pinheiro, escritor, há uma crônica interpretando a Cantiga de Viúvo, música de Osvaldo Lacerda, letra de Carlos Drummond de Andrade. Vale salientar a transcrição:
Refletindo o sonho, na praia do sono, a vida apresenta-nos estuante e bela, dentro dos arcanos que deslindam os enigmas do caminhar. O estado de vigília, numa alternância dormir e acordar, revela-nos diariamente os liames que estabelecemos em esferas subjetivas ou etéricas. (...)
Mesmo mencionando que “a noite caiu na minha alma”, o poeta não diz que teve um sonho; isto comprova que o estado  de vivência da alma, que ele sente, independente da condição  de sonhar no sono. Isto lhe permite entender a vida, na  informação da fonte de origem, nem mesmo tem a necessidade  de  consultar  os travesseiros.
No sentido inverso, o homem que ainda não se desprendeu dos instintos grosseiros que o fazem criar uma atmosfera pouco inteligente, não tem condições de perceber que o seu mundo íntimo tem as revelações necessárias à sua caminhada como ser  inteligente à busca de sua identificação com a harmonia do  Universo.
Lucia di Lammermoor, a heroína de Donizetti, convida o amado Edgardo a se refugiar ao pé do altar onde há rosas e incensos esparzindo agradáveis aromas, brilham ao redor as tochas sagradas. Ela sente uma harmonia celestial em seu coração, no mesmo instante em que está mergulhada num devotamento que a faz dividir com ele todos os prazeres da vida.
Edgardo, o amado da heroína, está perplexo, um instante antes, Lúcia está com um punhal na mão e o vestido manchado de sangue, era a influência do fantasma que lhe queria sugar-lhe toda a força, como vampiro faminto para sobreviver no campo astral. Ela conseguiu reverter a situação, manifestando-lhe o amor.
Quantos casamentos são desfeitos em situações semelhantes, lares desfeitos com a saída abrupta de seus familiares, empregados sendo mandado embora por patrões ou superiores hierárquicos de empresas estatais ou não, mesmo sendo bons funcionários, pois a separatividade e a competitividade desta densa consciência planetária não os faz despertar que tudo se interliga no emaranhamento quântico.
As consequências são desastrosas acarretando dores e sofrimentos que se prolongarão do outro lado da matrix. A cena lírica do compositor italiano ameniza com apenas um leve sangramento a manchar o vestido da noiva. O punhal de Lúcia faz-lhe apenas um leve corte no pescoço e é retirado de suas mãos pelo homem que muito lhe ama. A veia jugular é fatal, não foi tocada.
Do outro lado da vida, quem está sem forças precisa da energia que está no sangue, assim vai toda a nossa compreensão e não aquiescência por trabalhos de magia, envolvendo matança de animais. É uma violação que agride a natureza, há outros recursos de refazimento interior: basta um pensamento, desde que seja sem medo ou vacilação.
Nos matadouros onde os animais são abatidos para o consumo de carne, essas mesmas almas errantes se locupletam com tais energias e a população planetária se vangloria de passar bem nas comidas de restaurante e pagam alto preço nos lugares de requinte com cardápios sofisticados mas que no fundo são de sangue animal.
Ao pensar em seu amado, a heroína de Donizetti quebrou todo esse paradigma social e fez resplandecer o amor em seu coração doando ao seu amado, libertando-se das amarras do passado, os engramas que escravizam e aniquilam. O amor faz milagres, ou melhor dizendo, faz o colapso da função de onda mudando de frequência.

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