O uso de marca ou logotipo serve para
representar as empresas e seus produtos, bem como o símbolo heráldico que
promove as famílias tradicionais, os grupos sociais, instituições de vários
matizes, as cidades, os estados, as nações e o mundo inteiro em todos os
segmentos da atividade humana.
De inicio, recordamos a caveira incrustada no anel do
Fantasma, o primeiro super-herói uniformizado que, combatendo atrocidades,
deixava essa marca no rosto de pessoas vilãs. Ele morava na caverna, com a
esposa Diana, acompanhado do cachorro/lobo Capeto, o cavalo Herói e o falcão
Fraka, e saía em caminhadas pela floresta e nas cercanias da cidade.
A marca de Tântalo, personagem da mitologia grega,
aparece no semblante de pessoas aprisionadas em relação patológica, a
denominada ligação tantalizante, pois, segundo a tradição, Tântalo tinha
roubado os manjares dos deuses e, por isso, Zeus o condenou a passar fome e
sede pelo resto da vida.
Na versão atual, o Olímpio vem a se constituir, na terra
dos mortais, uma espécie de coisa pública (res
publica), ou melhor dizendo, república que não pode ser roubada, conforme
largamente anunciado pela mídia. Quando há impunidade é porque Zeus não
apareceu nem tampouco Têmis. O símbolo da justiça é Têmis, a segunda mulher de
Zeus, sinônimo de poder. A mitologia grega traz lições.
O castigo era circunscrito a um lago que tinha as águas
influenciáveis pela maré, fazendo subir e descer de volume. Na subida das
águas, ele ficava ansioso porque, submerso até o pescoço, não podia matar a
sede. Na correnteza das águas, fluíam também deliciosos alimentos que ele não
podia tocar. A vida dele se resumia em expectativas e frustrações.
O suplício de Tântalo é o arquétipo de um relacionamento
amoroso onde há evidências patológicas: há a sedução, com promessas
encantadoras que nunca chegam a se concretizar. Isto faz parte da conquista e
da apoderação.
No caso de mulheres, há a promessa de conquistadores de
ficar ou casar com elas, tão logo tenham o divórcio, e isto nunca vem a
acontecer, mantendo-as presas a vínculo tantalizante. É o resultado que dá o
envolvimento das mulheres com homens casados que nunca se divorciam.
Uma cena da novela Babilônia, levada ao ar, em
11/05/2015, pela TV-Globo, mostra um caso semelhante: o empresário Evandro,
vivido pelo ator Cássio Gabus Mendes, se encontra com a namorada Alice, papel
da atriz Sophie Carlotte, para explicar que a esposa dele Beatriz (atriz Glória
Pires) não irá lhe dar o divórcio. Se ele partir para litigioso, conforme
alega, será obrigado a abrir as contas da empresa, e finaliza: “E o próximo
passo é a Polícia Federal na minha porta, me levando pra cadeia!”.
Desde o início, o sado-masoquismo é aceito, sem que elas
percebam o relacionamento doentio que oblitera qualquer perspectiva de um
amanhã feliz. No entanto, sentem-se felizes nessas circunstâncias, vai
chamá-las de pobres moças para ver o que acontece? Briga, na certa! Dar
trabalho a suas amigas, isso dá.
Segundo o psicanalista David Zirmeman, autor do Manual de
Técnica Psicanalista, esse tipo de relacionamento tende à cronificação no jogo
sedutor de dar e retirar, mantendo-se a vítima prisioneira de situação que a
faz esperar quando não há evidências de caminhar juntos em clima de certeza e confiança.
As ilusões narcisistas são muito fortes, geralmente ligadas aos sentidos, onde
o amor renúncia, que poderia surgir, é algo a acontecer.
Há sempre um passado comprometido que oblitera uma
relação sadia, desde que não haja peso nem referência, pois valorizamos aquilo
que damos crédito e confiança. Como desligar-se de uma união, onde a viuvez
está presente? O luto não pode ser permanente, a menos que haja um clima sadio
para se viver em celibato, outra vez.
Se viver uma relação tantalizante, quando um dos
parceiros ou parceiras estava presente fisicamente é algo patológico, quanto
mais vivenciá-la essa relação, quando as lembranças de quem morreu escravizam.
É uma obsessão espiritual que precisa de cuidados para que cada um siga o seu
caminho, sem nenhum vínculo que os fazem sofrer. O amor é libertação e não
apoderação que avilta a dignidade humana.
Em todo o mundo existem milhões e milhões de casais que
carregam no rosto as marcas de Tântalo, até mesmo nas novelas de televisão
surgem cenas comuns de casais que têm esse sofrimento, tão antigo e tão fácil
de ser debelado.
Essa conduta televisiva passa a ser normal para quem não
tem outras perspectivas mais favoráveis, pois sofredoras acham que amar é
sofrer, é relação patológica que precisa de cuidados especiais para que a
separação não traga as marcas de Tântalo nem mesmo a do fantasma que pode estar
em outro lado da matrix.
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