A canção “Eu só
estive esperando por você”, o original “Je N´Attendais Que Vous”, na voz do
cantor francês Garou, diz que o casal manteve dentro de si o sol ardente: “um
fogo que desperta, apesar de tudo, apesar da dor de ontem, estamos tornando
tudo mais fácil.” Diz também a canção que o casal ao recarregar os olhos, com
novas cores, tudo se torna claro, novamente, reacendendo a chama inicial.
Nas camadas do tempo, uma fase desabrochou
como desabrocham as flores do campo carregando sutilmente o perfume. Era que a
realidade feminina veio a mim para que pudesse desfrutá-la como se saboreia uma
fruta madura. Apenas um toque, entre as pernas, a despertou para o envolvimento
que nos unia. [PÉGASO (LXII) – 20 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
Ela olhou para mim, estática, a reter o que
sentia de mais belo de nosso passado no meio de pensamentos turbinados. Algo a
fazia ficar parada, sem ideia do que poderia acontecer, é que os engramas
repercutiam nela fazendo ficar sem ação. Tomei a iniciativa e lhe disse: vem
cá. Ela retrocedendo esses engramas, jogou-os na lixeira, veio a mim, na
entrega que estava guardada em recônditos sublimes que o seu pensamento podia
imaginar. Liberada de todo peso, aconchegou-se a mim, doando-se por completa.
[PÉGASO (LXIV) – 25 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Em concerto recente realizado em Berlim,
Alemanha, a Orquestra Filarmônica de Berlim, conduzida pelo maestro argentino
Daniel Barenboim, ao piano e na regência ao mesmo tempo, apresentou esse clima
amoroso com o tango El dia en que me quieras, de Carlos Gardel.
A música se expressa tão bem com a sonoridade
dos instrumentos como também pelas palavras articuladas do cantor, ícone da
canção portenha em outra época, de igual modo, o amor se manifesta em palavras
como também no silêncio que parece traduzir música.
A jovem mulher, que está se encaminhando à
velhice, chegou-se a mim a dar boas-vindas em silêncio. É que o pensamento diz
mensagem imediata mais rápida que a palavra falada que é uma consequência desse
fluxo do pensar. Os animais se entendem sem que haja necessidade da palavra
articulada, embora a palavra esteja revestida do pensamento. [PÉGASO (LXVII) –
28 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Era a mesma mulher que, na noite passada,
entrou no pequeno chalé, onde moro na Mata Atlântica, e deixou no banheiro um biquíni
com desenhos verdes, demonstrando que estava interessada em tomar banho de
cachoeira, próximo da residência. [PÉGASO (LXV) – 26 de dezembro de 2016 – blog
Fernando Pinheiro, escritor].
A parede de vidro surgiu entre nós dois: eu e
o amor do passado distante. Acostumada a reaparecer onde estou com
reivindicação e cobrança, admirou-se com a barreira entre nós e apresentou a
justificativa de que eu gosto muito do sexo, como se o sexo fosse a única
justificativa para unir um casal.
Assim como surgiu a parede de vidro, no campo
astral, refletindo a circunstância que nos envolve, o mesmo material pode nos
oferecer uma taça como símbolo de um brinde de vitória, se assim houver a
anuência em expor o amor que sentimos um ao outro. É tão simples, basta anular
o ego ou transcender a uma etapa onde somente o amor existe. [PÉGASO (LXIX) –
22 de fevereiro de 2017 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Em visita a amores do passado espiritual, no
campo etérico em que se manifesta a imortalidade, pois a consciência nunca se extingue,
mesmo que haja períodos longos ou curtos de inconsciência, deparamo-nos com
cenas que não foram transmudadas.
Amores que demos nossas melhores energias
estão sendo levados a mundos afins, neste mesmo diapasão de paixões resvaladas
a níveis em que o abismo já está presente entre eles. No entanto, nunca iremos
desistir de amar. Algo fica plantado no ar, assim como as chuvas, um dia, as
águas retornam. [CHOVENDO – 21 de janeiro de 2017 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
Não queremos perder essa oportunidade de
continuar um amor que nasceu um dia, no vigor da juventude mais acentuada,
fisicamente, e rejuvenescida com as horas que revelam a chama inicial, num novo
despertar mais caloroso sobre a realidade iluminada que nos une.
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