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sábado, 28 de janeiro de 2017

O SONHO DE MARIANNE

Numa entrevista concedida a repórter Palm (Anita Wall) destinada à matéria sobre casamento feliz levada ao ar pela televisão sueca, o casal Johan (Erland Josephson) e Marianne (Liv Ullmann), ao completar 10 anos de casados, tem sucesso em suas carreiras: ela, uma advogada e ele, um professor universitário. Depois de alguns anos, a revelação de Johan que estava apaixonado por Paula, mulher mais nova do que a esposa, fez com que o casamento não fosse mais o mesmo.
Na parte final do filme Cenas de um casamento, dirigido por Ingmar Bergman, nos idos de 1973, há um reencontro dos amores que tiveram experiências frustradas fora do relacionamento em que o casal desabafou entre si para eliminar todas as suposições do que ocorreu longe um do outro.
Johan insistia em revelar que estava ligado à outra mulher, a Paula, e não abria mão da aventura amorosa em viagens a Paris. No filme, a outra, como é conhecida a amante, nunca aparecia, apenas no relato do marido.
Com a saída de casa do marido, a esposa tem um caso com o psiquiatra. Esta revelação foi anotada no diário dela revelado ao marido Johan, quando ele retornava de suas viagens. O ciúme estava no ar, mas a dedicação da esposa suplantava tudo e fazia convencer o marido de que nada tinha mudado.
Ao completar 20 anos de casados, os dois estão no cinema sem que houvesse combinado o encontro. Ela o viu e sentiu que ele estava solidário precisando de cuidados de mulher. No encontro caloroso reacendeu a chama inicial que os dois acenderam desde o primeiro encontro.
Quando estão abraçados a sós, resolvem comemorar o aniversário de casamento e ele telefona para o amigo Peter (Jan Malmsjö) pedindo-lhe a casa de veraneio para passar o final de semana. A chave estava debaixo da pedra conhecida. Contente com a anuência, Johan pede a ele não dizer nada a Katarina (Bibi Andersson), esposa de Peter.
A essa altura, Johan estava desiludido com a amante Paula que se mostrava ciumenta e possessiva, sem ter aquele jogo de cintura que a esposa Marianne sempre demonstrava, cobrindo-lhe com mil atenções e suspiros de apaixonada.
Quando eles foram dormir, um sono terrível de Marianne a fez despertar agitada e com pânico. Ela se abraçou ao marido como criança desprotegida e revelou o pesadelo: caminhando com as filhas, queria segurá-las com as mãos, mas não tinha mãos, apenas o cotoco, resto do que foi amputado, que os seus antebraços formavam. As filhas, Eva (Gunnel Lindblom) Karin (Lena Bergman) seguiam em frente caminhando e se distanciando de Marianne, isto foi horrível para ela. Que arcano é esse que estava arquivado dentro das camadas do tempo?
Para retratar o sonho de Marianne, contido no filme CENAS DE UM CASAMENTO, ou, de modo geral, os sonhos que todos sonhamos, é oportuno vir à tona assuntos pertinentes, abordados em crônicas anteriores. Vale salientar:
Preliminarmente, antes de abordar o tema do sonho contido no filme, é oportuno transcrever textos de nossas crônicas recentes pertinentes a sonhos e a acontecimentos que chamam, distintamente, a atenção de milhões de pessoas:
No mundo físico em que a realidade é sentida pelos cinco sentidos, o sonho, nas camadas do inconsciente, traz sempre uma relação do que estamos vivendo. Existe essa oportunidade de sentir a real necessidade em tudo que nos cerca e manter o ânimo firme em toda circunstância que nos chega como aprendizado e revelação. [PÉGASO (LXI) – 12 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A ligação do passado é mantida viva porque os pensamentos criam essa condição que os fazem ficar ligados uns aos outros, embora não haja vontade atual para ficar juntos pelo desgaste que o tempo consumiu.
É que os engramas do passado são forças coercitivas superiores à mudança de atitudes de quem busca se beneficiar em atitudes que ocasionaram perdas. O interlocutor carrega os pensamentos que lhe deixamos como carga que o faz sucumbir ou se elevar, se houver enlevo amoroso. É que as pessoas necessitam caminhar em direção de novas paisagens tanto íntimas quanto externas que repercutem no mundo onírico.
Alguém não está podendo dormir direito? Então, verifique a situação em que está. Não é necessário conversar pessoalmente com os desafetos. Nos sonhos, a conversa pode surgir, desde que os pensamentos entre ambos estejam interligados. Ninguém gosta de carregar peso em caminhadas em que se verifica a vida não acabar nunca, nesse estágio de transmutação. [PÉGASO (LXIII) – 21 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
O mundo dos sonhos é o mundo de frequência de ondas onde colocamos o pensamento, assim podemos sonhar com pessoas que sentimos afinidade, independente se elas estão vivendo no mundo físico ou não, pois não há obstáculo de comunicação em que a sintonia é realizada.
E mesmo não há barreiras entre as dimensões de consciência planetária, tanto neste orbe de densa consciência, onde a dor ainda existe, como naqueles mundos felizes em que a multidimensionalidade está presente plasmando o paraíso sonhado. [PÉGASO (XXXIX) – 22 de fevereiro de 2017 – blog Fernando Pinheiro, escritor]

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