A parede de vidro surgiu entre nós dois: eu e
o meu amor do passado distante. Acostumada a reaparecer onde estou com
reivindicação e cobrança, admirou-se com a barreira entre nós e apresentou a justificativa
de que eu gosto muito do sexo, como se o sexo fosse a única justificativa para
unir um casal.
A mercadoria exposta na prateleira não
encontrou quem a levasse, isto acontece também com as pessoas que ficam
sozinhas depois de usufruir vantagens que o tempo consome. Não cabe analisar o
mérito da questão porque as circunstâncias são outras no tempo em que as
oportunidades são perdidas.
Somente o amor pode transladar etapas que se
sucedem em variações diversas, sem se consumir ou se desgastar, ao contrário
ganhando novas forças nas provas ultrapassadas, se formos olhar o percurso
percorrido com sacrifício e perda de outras oportunidades de refazimento no
caminhar em companhia de outros amores que poderiam, igualmente, dar sentido em
nossa vida.
Não somos vidraceiros para criar parede de
vidro, isto aconteceu entre nós pelas mãos invisíveis do destino que fazem unir
as almas em direção do paraíso, destino de todos nós, mais cedo ou mais tarde,
numa precisão de tempo que ninguém, no plano físico, pode prever. O corpo pode
ser avaliado pela idade e a alma se perde na contagem dos tempos, segredo que os
sábios sentem que é assim, como nós estamos nos acostumando com o tempo que
passa sem a presença da pessoa amada.
Saudade, isto é o apego ao percurso do
caminho, desprendimento chave que deslinda os enigmas do caminhar, esperança
alimentada apenas da fé que o tempo apresenta como oportunidade a ser
usufruída. Há deleites entre os amores que se doam como há harmonia no canto
dos pássaros e na música clássica que nos dá enlevos sublimes.
Anteriormente, tivemos outros sonhos,
ligados a este sonho, conforme descrevemos, a seguir:
Este enredo de sonho compõe-se de três partes
distintas: a primeira é ambientada na praia onde um grupo de mulheres estão
tomando banho de sol. De repente, eis-me em pé, observando o mar que empurrava
ondas que morriam e ressuscitavam ao influxo da maré numa cantilena imortal que
desafiam a inspiração dos poetas.
A jovem mulher, que está se encaminhando à
velhice, chegou-se a mim a dar boas-vindas em silêncio. É que o pensamento diz
mensagem imediata mais rápida que a palavra falada que é uma consequência desse
fluxo do pensar. Os animais se entendem sem que haja necessidade da palavra
articulada, embora a palavra esteja revestida do pensamento. [PÉGASO (LXVII) – 28 de dezembro de 2016 –
blog Fernando Pinheiro, escritor].
Era a mesma mulher que, na noite passada,
entrou no pequeno chalé, onde moro na Mata Atlântica, e deixou no banheiro um
biquíni com desenhos verdes, demonstrando que estava interessada em tomar banho
de cachoeira, próximo da residência. [PÉGASO (LXV) – 26 de dezembro de 2016 –
blog Fernando Pinheiro, escritor].
O ambiente em que estava era o ambiente em
que vivo no momento atual cercado de muito verde e pássaros ao redor, só que em
dimensão planetária diferente da conhecida e vivenciada por milhões de pessoas.
Nas camadas do tempo, uma fase desabrochou
como desabrocham as flores do campo carregando sutilmente o perfume. Era que a
realidade feminina veio a mim para que pudesse desfrutá-la como se saboreia uma
fruta madura. Apenas um toque, entre as pernas, a despertou para o envolvimento
que nos unia.
Nesse enlevo aconchegante, preferi comemorar
o sucesso da hora que viria, sem ansiedade, sem buscas, por milhões de segundos
que o meu coração acalentava. Saí do ambiente acolhedor, usando apenas um
calção e comecei a correr pelos caminhos da mata em direção à cidade.
Era que o meu contato com a natureza tinha
uma percepção mais acentuada do que a agitação de pessoas nas ruas, em busca de
comprar presentes neste final de ano. A minha corrida era em passos firmes e
velozes.
Corri, corri e, quando me dei conta, estava
na cidade circulando nas avenidas, viadutos, pontes e veredas que se interligam
a lugares afastados do que normalmente costumo transitar.
Pressenti a necessidade de retornar ao
ambiente campestre em que saí e busquei um retorno que me indicasse a direção.
Avistei uma pequena alameda que era o local próprio do retorno. Preferi ir mais
a frente, pensando logo retornar ali e cheguei ao fim da rua, onde pude ver na
colina onde estava a parte da cidade que abrigava igrejas e monumentos, área de
estudo e observação.
Reconheci o lugar onde antes já tinha estado
em excursões anteriores. Lembra-me de outras épocas, de outras circunstâncias
em que o tempo guarda em suas memórias. Já não mais precisava rever ambientes
que passei, embora sabendo que de lá há amáveis lembranças que não mais
precisam ser relembradas porque a vida continua em descobertas sempre
alvissareiras.
Retornei ao ponto do retorno e comecei o
caminho de volta, correndo em velocidade máxima de automóvel. No campo físico,
não tenho essa condição física em correr tão rápido, mas no plano etéreo posso
correr, voar e estar em lugares longínquos em fração de segundos ou num piscar
de olhos.
Há situações especiais em que preferimos
deixar a pessoa amada curtir a impressão comovedora que lhe deixamos para que
possa avaliar a profundidade do que sentimos por ela. Nesse caso, ficando a
sós, é uma meditação contemplativa em que somente quem sente pode avaliar a
grandeza que a cerca.
Nesse campo fértil está preparado a receber
um plantio que irá gerar ótima colheita, embora não pensamos em colheita quando
estamos no momento de semear. Apenas, para explicar que inevitavelmente
acontecerá o que pensamos ser realidade a acontecer.
Se mundo físico tivesse a percepção da
realidade que o envolve, tudo seria mais fácil de ser conseguido em todas as
áreas, em todos os momentos em que sentimos a vida ser mais amena e acolhedora
em nossos sonhos que nascem em nosso ser profundo.
Caminhemos com leveza, embora haja a rapidez
dos automóveis em velocidade extrema, como aconteceu comigo em sonhos em que
nos sentimos confortáveis em percorrer por caminhos que nos levam à realidade
sonhada. {PÉGASO (LXII) – 20 de dezembro de 2016, blog Fernando Pinheiro,
escritor].
No segmento do sonho, vi muita roupa suja
amontoada que estava sendo levada ao aeroporto para ser lavada dentro do avião
em pleno voo. Avistei uma camisa minha de malha que estava usando, no dia
anterior, e a retirei da trouxa de roupa.
Assim como surgiu a parede de vidro, no campo
astral, refletindo a circunstância que nos envolve, o mesmo material pode nos
oferecer uma taça como símbolo de um brinde de vitória, se assim houver a
anuência em expor o amor que sentimos um ao outro. É tão simples, basta anular
o ego ou transcender a uma etapa onde somente o amor existe.
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