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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

AO LADO DA CANTORA

Momentos inefáveis somente acontecem na esfera onírica, mas podem ser transmutados ao plano físico se as mesmas fontes não forem infectadas por pensamentos que a degeneram em sua forma original. O amor transcende tudo inclusive as dimensões do universo, assim podemos fazer até orações a Jesus, ser multidimensional que se encontra tão longe nas galáxias e tão perto da Terra ao mesmo tempo.
Uma cama se estendia no espaço onde o astral tem o seu reino, podemos dizer encantado, sem nos apegarmos as estórias que inspiraram temas de cinema, música e balé, como A Bela Adormecida, Quebra-Nozes, O Sonho de Don Quixote, Meditação de Thais, A Filha do Faraó, Giselle e outros personagens que encantam as plateias do mundo inteiro em todas as épocas.
Pela primeira na vida, eu a encontrei deitada ao meu lado. Cada um de nós usava apenas uma peça íntima, eu, a masculina e ela, a feminina. Mas não demos importância a esse detalhe que no plano físico seria o máximo no conceito de quem vê apenas sexo entre as pessoas. É claro que há, mas existe algo mais que transcende ao plano físico.
O meu ombro esquerdo estava colocado ao ombro direito dela numa quietude que nos fazia extasiados com tanta beleza ao nosso redor. Não houve nenhum movimento, se houvesse poderia tirar o encantamento da hora. O recato da cantora estava à flor da pele e fiquei imóvel mergulhado na plenitude.
Ela se levantou e foi em direção de uma plataforma que era um grande palco, suspenso no ar. Acolitada por mensageiros que a protegiam, ela deixou-se vestir num vestido longo de rendas que se estendia em saia rodada e voltou a deitar na cama.
Agora, o corpo dela não estava paralelo ao meu, formava um ângulo de 35°, mas nossas cabeças estavam unidas e pude ver o vestido de saia rodada formar um grande leque no espaço entre mim e ela.
O canto repercutia sonoro e encantador como era a voz dela ao cantar, encantando milhões de pessoas que seguiam na onda flutuante manifestada pelo inconsciente coletivo de que nos falou Carl Jung. Ela ouvia a própria voz no ambiente e usufruía dos momentos de deleite que nos envolvia. Eu lhe disse: eu te amo. Ela respondeu: eu sei.
Canções de amor na voz dela enchiam todo o ambiente, não eram transmitidos por nenhum aparelho de som, era o espaço que se enchia com a voz dela: encantadora. Ela estava silenciosa ao meu lado ouvindo a própria voz numa satisfação que me alegrava.
Estávamos felizes pela hora que nos unia. Sou fã dela, desde há muito tempo, quando rapaz vivendo na minha terra-natal, São Luís do Maranhão, sentia àquela época um sonho de encontrá-la pela vida afora. O sonho veio e me satisfez da maneira que nem imaginei ser possível receber o amor que ela nutre por mim, amor imortal em nossa jornada rumo às estrelas. Que estrela tão linda esteve tão perto de mim e ainda está!

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