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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

VIAGEM À AMAZÔNIA

Vertiginosa em recursos hídricos, a Amazônia se expande em espaços abundantes de flora, fauna e peixes. Visitada por brasileiros de outras plagas e por estrangeiros de toda a parte do mundo, a Amazônia é o celeiro do futuro que irá abastecer as regiões consumidas pela exploração humana, mesmo existindo a exploração de suas matas e seus minérios ainda guardados no subsolo.
Olhamos o caudeloso rio se estendendo em maciço volume de águas banhando as margens que se avistam ao longe, quase a perder de vista. Como estávamos no campo astral, dentro do plano físico, pudemos nadar de uma margem a outra em fração de segundo, nesse banho que incorpora energia da água em nosso corpo, assim como essa energia faz movimentar a usina hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins,  estado do Pará.
Somos natureza e nos abastecemos da natureza, sem perder a individualidade de que somos portadores, assim como fez o chinês no filme DERSU UZALA que abordamos em crônica-título:
Caminhando na mata, encontram uma cabana onde estava um chinês que fugiu de sua aldeia porque a esposa o traiu com o irmão e queria esquecê-la, reintegrando-se com a natureza. No acampamento em frente à cabana, o capitão faz uma fogueira e disse a Dersu Uzala, um caçador mongol, convidar o chinês a se aquecer no fogo. Ele respondeu não, isto iria tirar a paz do chinês que estava concentrado em seus pensamentos. [DERSU UZALA – 6 de fevereiro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Com a alegria que irradiamos de nosso ser profundo ao ver a outra margem do rio que atravessamos, sentimos necessidade de transmitir aos amigos essa façanha inédita. Olhamos para a outra margem e vimos um sacerdote, vestido a caráter, protegendo uma criança para que ela não pudesse cair na margem do rio, apenas escoltando-a do perigo, nesse caminhar.
Caminhando por uma quase apagada trilha, avistamos um índio sentado à beira da fogueira, aquecendo-se e absorvendo o calor do fogo para dentro de si mesmo como se fosse um banho aquecido, assim como se toma banho em saúna, numa comparação quase apagável, comparando-se uma a outra. Ele estava em seu habitat, confortavelmente instalado, embora não houvesse a acomodação dos aposentos luxuosos de hotéis e residências.
Um jirau se erguia em frente do terreno onde estava erguida uma oca indígena. Um peixe assado na brasa estava quentinho e pude apanhá-lo e saborear. O peixe era destinado a quem passasse por lá, um presente do índio a quem estava passando fome nessas horas.
Onde há fartura e abundância não há troca de valores, aliás a moeda foi criada, segundo Karl Marx, por causa da escassez, e o presente oferecido não exigia recompensa, era doação. A satisfação em doar era o que estava nos pensamentos do índio. A natureza do índio era semelhante a do caçador mongol narrado na crônica Derzu Uzala.
Observa ainda o sociólogo Ovídio da Cunha que no Egito antigo, assim como os astecas, os incas não tiveram moeda, possuíam o sistema de peso, entre eles não havia escassez. A fome no Egito foi apenas um episódio bíblico. Ele também comentou que a moeda, no dizer de Marx, crítico do capitalismo, nasceu da escassez dos víveres. [A MORTE DO DINHEIRO – 18 de agosto de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Nos idos de 1907, o capitão Arseniev e sua época fizeram outra viagem para a área de Ussurii, onde reencontram Derzu Uzala. O capitão lhe perguntou como tinha sido a sua vida, caçou muitos dentes de sabre, ganhou muito dinheiro? Ele respondeu, sim, cacei muito e ganhei muito dinheiro. Mas não fiquei com nada, o comerciante, que comprou a caça, guardou o dinheiro da caça e sumiu. O caçador não deu importância a isso porque não compreendeu isso. [DERSU UZALA – 6 de fevereiro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Em terras amazônicas, sentimos a vontade de caminhar por outros lugarejos onde a fauna, flora e os peixes são abundantes e a presença do índio tem uma mensagem acalentadora aos corações fatigados pela lida humana, nestes rumores que a televisão divulga os desencontros de seres humanos a caminho do nada que lhes dê satisfação de viver, longe da natureza.  
Ao acordar do sonho, a imagem do peixe estendido à nossa frente, veio-nos a ideia de termos outra opção em cardápio, por ser rica em proteínas e sentimo-nos fortalecidos pelo banho amazônico e o peixe que apenas provamos ser delicioso. A gratidão ao índio e o exemplo do caçador mongol, revelado pelo filme Dersu Uzala, permanecem como lembranças amáveis.

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