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domingo, 26 de fevereiro de 2017

DESFILE DE MULHERES

A data era dia de carnaval. Um desfile de mulheres assomou à minha frente, vendo uma a uma passar. Seus trajes eram diversos: umas vestindo saia e blusa, outras em vestidos longos e curtos, maiôs e ainda biquínis.
Parou em minha frente uma jovem mulher, tipo mignon, com aspecto que traz uma leve doçura e encanto, diferente das outras, desfilava sem estar ligada à sensualidade e sedução. Eu me interessei por ela não para conquistar, mas para aproximação, desde que houvesse anuência dela e saber mais de seu mundo inocente, essa inocência que têm as crianças.
Ao meu lado estava assistindo ao desfile um velho amigo meu que tinha trabalhado em outro setor, longe de meu local de trabalho, conheci-o quando já era aposentado e sempre benquisto pelos colegas, tinha uma marca registrada, quando chegava à reunião de aposentados sempre dizia: “e, aí, as mulheres?”
Solteiro, nonagenário, desfrutando de boa saúde, não teve filhos e vivia em Copacabana, onde as mulheres tinham fama de aproveitadoras naquele relato do sucesso musical Garota de Copacabana, de Jorge Veiga. O bairro sempre foi o preferido da elite brasileira, principalmente na Avenida Atlântica, onde se concentram os melhores hotéis 5 estrelas do Rio de Janeiro. O Copacabana Palace sempre foi um marco de turismo, no glamour e na acolhida de hóspedes ilustres e famosos do mundo inteiro.
Na década 50, a mulher era mais dependente do que nos dias atuais, como se vê na música de Jorge Veiga, Garota de Copacabana: “E ela é das tais que namora, mas não quer se casar, ela só quer se embelezar e tudo que ela tem não lhe custou um vintém, o namorado é quem dá e se não der ela lhe manda desviar”. [EMBELEZAR – 6 de novembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
A moça-mignon tinha parado o olhar no amigo solteiro e nonagenário e lhe perguntou: “tem sexo?” Na indagação demonstrava  que ela não estava disposta a programa sexual, estava ali apenas para desfilar, pois era dia de carnaval. Ele inclinou levemente a cabeça, num gesto afirmativo. Não houve nada e acabou por aí.
Quem está vivendo no plano extrafísico não pode mais fazer o colapso da função de onda, vivendo apenas de resultados, como é o caso do velho amigo que se foi do plano físico no adeus de mãos frias. Somente poderia acontecer algo entre os dois, se eles já tivessem relacionamento anterior, quando estavam no plano material porque o registro akásico (Oriente) ou livro da vida (Ocidente) guarda a memória de cada ser pensante, enfatizando todos os seres vivos da natureza, inclusive os seres humanos.
Passaram outras moças desfilando, sem nenhuma parada no desfile. No final, surgiu uma jovem mulher diante de mim, vestida de branco em comprimento longo, como uma noiva, havia mais excentricidade do que a virgindade que ela buscava demonstrar e, por uma razão íntima, ela quando me viu, pensou em casar, exigindo um conhecimento prévio: “vamos nos conhecer”. Era o pensamento dela, não o meu. Este modelo de comportamento vigorou no Brasil e no mundo inteiro em décadas passadas.
Neste caso e, dentro dos sonhos, as aparências não me enganaram e a moça casadoura foi embora, acompanhada dos amigos e familiares que também queriam vê-la casar.
A cena seguinte mudou de figuração, agora estava de passagem por um lugar onde se aglomerava muitas pessoas comemorando o carnaval. No meio delas, havia meliantes que esqueceram a vadiagem, naquele momento, para curtir a música lasciva e estridente dos tambores, cuícas e tamborins. Pensei: como a música une as pessoas no mesmo propósito de diversão. Segui em direção ao metrô, fazendo o caminho de volta.
O que pensamos fica registrado no campo astral e independente se estamos vivos ou mortos, aliás, nessa comprovação, a morte não existe. O corpo físico é apenas uma roupagem de que nos revestimos temporariamente.

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