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sábado, 4 de março de 2017

ACONCHEGO NO ASTRAL

Quando dormimos temos o aconchego do lar como também o aconchego em outros lugares, em pleno sono e sonho, onde buscamos a companhia de pessoas que nos proporciona esse aconchego, impossibilitadas em ter conosco uma vida em comum, mas que, em momentos ocasionais, tivemos momentos de deleite e encanto.
São essas alegrias terrenas que nos fazem ter uma felicidade picotada por momentos fugazes onde a realidade existente ainda não comporta um momento estável devido a inúmeros fatores: estado civil incompatível, diferença enorme de idade e da distância de moradia entre as pessoas que nos despertaram a atenção.
O panorama, que se via da altura de 300 metros, era uma paisagem bucólica tendo um rio a correr lá embaixo onde a vegetação verde e uma pequena cachoeira marcavam, no tempo, o local onde eu a encontrei pela primeira vez, de lá nasceu um romance que ainda dura em momentos fugazes.
Como existem engramas que dificultam a aproximação definitiva, em termos humanos no plano físico, temos notícias que nos chegam, via onírica, a respeito de pessoas de nosso passado que ainda perdura, apesar dos percalços que nos impedem a avançar na vivência de um amor eterno.
Cheguei à frente de uma residência onde o jardim era o percurso que teria que passar, antes de adentrar as dependências. Bastante florido com flores viçosas e de suave aroma era um convite para permanecer ali, apreciando-as. Mas, algo estava em meu caminho e apressei os passos e adentrando por um cômodo onde se via pessoas solitárias dormindo, perto umas das outras, sem haver contato físico. Era o mesmo que se refletia no plano físico.
Uma das mulheres, ao me ver, ficou admirada pela minha presença ali naquele recinto. Não parei de caminhar, fui mais à frente e vi outro quarto ocupado por outras pessoas em situações idênticas. Não me interessei em ficar e saí pensando: essa casa não tem sala-de-visitas.
Era um momento passageiro que as pessoas viviam naquele recanto no astral mas que poderiam durar por muito tempo, se assim permanecessem o desejo de ficar aglutinadas sem se tocar, nesta vida transitória que a Terra lhes dá, como também depois do decesso carnal, quando não poderiam mais fazer o colapso da função de onda, vivendo, na continuação da vida, como se fossem estátuas de sal, tendo débeis bruxuleios da consciência desperta.
Assim como Utamaro teve muitas mulheres, como se vê em  Utamaro and his women, filme dirigido por Kenji Mizoguchi, na década de 40, assim nós também as tivemos, numa lembrança de outra mulher que passou em nossa vida, ainda nos rescaldos dos engramas do passado que ainda estão indo embora.
Principais artistas do filme Utamaro and his women: Minosuke Bandô (Utamaro), Kinuyo Tanaka (Okita), Kotaro Bandô (Seinosuke), Hiroko Kawasaki (Oran), Toshiko Iizuka (Takasôde), Eiko Ohara (Yukie) [IMDb – Utamaro e Suas Cinco Mulheres (1946)].
Estava eu a sós com a estrangeira que escolheu o Rio de Janeiro como cidade para morar, numa procura mútua vigorada por aqueles momentos de atração fatal que tivemos em comum.
Despertada a libido, ela cercou-se junto a mim numa entrega comum que estava acostumada há muito tempo a fazer, mas que, por força do destino que criamos, ela deixou a libido ir embora quando a procurei para a intimidade, como se estivesse fazendo uma desforra com a minha saída da vida dela.
Essa reação está comprovada cientificamente porque há a separação das pessoas, relatada no post VERTENTE LIBERTADORA – 24 de abril de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
A separação dos corpos, entre os casais, existe no plano mental e no plano físico e está dentro do Princípio da Incerteza, de Heisenberg, conforme abordamos em 29 de março de 2014, a saber:
No Princípio da Incerteza, de Heisenberg, há restrições à precisão em medidas simultâneas, pois não pode haver a posição da partícula e a velocidade ao mesmo tempo, esse princípio está imantado não apenas no mapeamento das partículas elementares do átomo, como também entre duas pessoas em convivência amorosa, pois todos nós somos constituídos de átomos.
O Princípio da Incerteza, de Heisenberg, está presente em todos os relacionamentos difíceis da atualidade e isto evidencia a complicação, a dificuldade dos casais em se manter unidos. A elucidação do Prof. Hélio Couto é oportuna: “você tem a posição diferente do momentum, isto é, uma pessoa está na posição e a outra está no momentum, ela tem velocidade.”
Quando se inicia a aproximação, uma delas está parada porque está receptiva ao encontro, a outra tem momentum e prossegue em velocidade. A que está parada é mais romântica, sonhadora e até desligada dos problemas materiais que é importante na discussão dos casais, afinal não há almoço grátis. [ANÉIS SOLTOS NOS DEDOS – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 29 de março de 2014]
O paradigma dos hábitos e costumes, em sociedade ou em grupos, está ganhando uma oitava a mais na harmonia que sempre buscam os povos, as nações, embora os caminhos sejam diversos. A consciência planetária está saindo da fragmentação para vislumbrar a percepção desses interesses  que se divergem mas se aglutinam quando o mesmo sentido de caminhar à frente é levado a conhecimento de todos. [O CAPITAL – 12 de dezembro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
A busca da felicidade é perseguida nesses momentos fugazes para abafar os desencantos que as pessoas atraíram, numa compensação criada ao império do dualismo humano que se vê na consciência dissociada do planeta que vive em fase de transição para um patamar em que está surgindo uma elevação de paradigmas.

www.fernandopinheirobb.com.br

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