Quando dormimos
temos o aconchego do lar como também o aconchego em outros lugares, em pleno
sono e sonho, onde buscamos a companhia de pessoas que nos proporciona esse
aconchego, impossibilitadas em ter conosco uma vida em comum, mas que, em
momentos ocasionais, tivemos momentos de deleite e encanto.
São essas alegrias terrenas que nos fazem ter uma
felicidade picotada por momentos fugazes onde a realidade existente ainda não
comporta um momento estável devido a inúmeros fatores: estado civil
incompatível, diferença enorme de idade e da distância de moradia entre as
pessoas que nos despertaram a atenção.
O panorama, que se via da altura de 300 metros, era
uma paisagem bucólica tendo um rio a correr lá embaixo onde a vegetação verde e
uma pequena cachoeira marcavam, no tempo, o local onde eu a encontrei pela
primeira vez, de lá nasceu um romance que ainda dura em momentos fugazes.
Como existem engramas que dificultam a aproximação
definitiva, em termos humanos no plano físico, temos notícias que nos chegam,
via onírica, a respeito de pessoas de nosso passado que ainda perdura, apesar
dos percalços que nos impedem a avançar na vivência de um amor eterno.
Cheguei à frente de uma residência onde o jardim
era o percurso que teria que passar, antes de adentrar as dependências.
Bastante florido com flores viçosas e de suave aroma era um convite para
permanecer ali, apreciando-as. Mas, algo estava em meu caminho e apressei os
passos e adentrando por um cômodo onde se via pessoas solitárias dormindo,
perto umas das outras, sem haver contato físico. Era o mesmo que se refletia no
plano físico.
Uma das mulheres, ao me ver, ficou admirada pela
minha presença ali naquele recinto. Não parei de caminhar, fui mais à frente e
vi outro quarto ocupado por outras pessoas em situações idênticas. Não me
interessei em ficar e saí pensando: essa casa não tem sala-de-visitas.
Era um momento passageiro que as pessoas viviam
naquele recanto no astral mas que poderiam durar por muito tempo, se assim
permanecessem o desejo de ficar aglutinadas sem se tocar, nesta vida
transitória que a Terra lhes dá, como também depois do decesso carnal, quando
não poderiam mais fazer o colapso da função de onda, vivendo, na continuação da
vida, como se fossem estátuas de sal, tendo débeis bruxuleios da consciência
desperta.
Assim como Utamaro teve muitas mulheres, como se vê
em Utamaro and his women, filme dirigido
por Kenji Mizoguchi, na década de 40, assim nós também as tivemos, numa
lembrança de outra mulher que passou em nossa vida, ainda nos rescaldos dos
engramas do passado que ainda estão indo embora.
Principais artistas do filme Utamaro and his women:
Minosuke Bandô (Utamaro), Kinuyo Tanaka (Okita), Kotaro Bandô (Seinosuke),
Hiroko Kawasaki (Oran), Toshiko Iizuka (Takasôde), Eiko Ohara (Yukie) [IMDb –
Utamaro e Suas Cinco Mulheres (1946)].
Estava eu a sós com a estrangeira que escolheu o
Rio de Janeiro como cidade para morar, numa procura mútua vigorada por aqueles
momentos de atração fatal que tivemos em comum.
Despertada a libido, ela cercou-se junto a mim numa
entrega comum que estava acostumada há muito tempo a fazer, mas que, por força
do destino que criamos, ela deixou a libido ir embora quando a procurei para a
intimidade, como se estivesse fazendo uma desforra com a minha saída da vida
dela.
Essa reação está comprovada cientificamente porque há
a separação das pessoas, relatada no post VERTENTE LIBERTADORA – 24 de abril de
2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
A separação
dos corpos, entre os casais, existe no plano mental e no plano físico e está
dentro do Princípio da Incerteza, de Heisenberg, conforme abordamos em 29 de
março de 2014, a saber:
No Princípio da Incerteza, de Heisenberg, há
restrições à precisão em medidas simultâneas, pois não pode haver a posição da
partícula e a velocidade ao mesmo tempo, esse princípio está imantado não
apenas no mapeamento das partículas elementares do átomo, como também entre
duas pessoas em convivência amorosa, pois todos nós somos constituídos de
átomos.
O Princípio da Incerteza, de Heisenberg, está
presente em todos os relacionamentos difíceis da atualidade e isto evidencia a
complicação, a dificuldade dos casais em se manter unidos. A elucidação do
Prof. Hélio Couto é oportuna: “você tem a posição diferente do momentum, isto
é, uma pessoa está na posição e a outra está no momentum, ela tem velocidade.”
Quando se inicia a aproximação, uma delas está
parada porque está receptiva ao encontro, a outra tem momentum e prossegue em
velocidade. A que está parada é mais romântica, sonhadora e até desligada dos
problemas materiais que é importante na discussão dos casais, afinal não há
almoço grátis. [ANÉIS SOLTOS NOS DEDOS – Blog Fernando Pinheiro, escritor – 29
de março de 2014]
O paradigma dos hábitos e
costumes, em sociedade ou em grupos, está ganhando uma oitava a mais na
harmonia que sempre buscam os povos, as nações, embora os caminhos sejam
diversos. A consciência planetária está saindo da fragmentação para vislumbrar
a percepção desses interesses que se divergem mas se aglutinam
quando o mesmo sentido de caminhar à frente é levado a conhecimento de todos.
[O CAPITAL – 12 de dezembro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor]
A busca da felicidade é perseguida nesses momentos
fugazes para abafar os desencantos que as pessoas atraíram, numa compensação
criada ao império do dualismo humano que se vê na consciência dissociada do
planeta que vive em fase de transição para um patamar em que está surgindo uma
elevação de paradigmas.
www.fernandopinheirobb.com.br
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