Imagens
ideoplásticas surgem na voz de Chico Buarque no samba Quando eu for, eu vou sem
pena, de Paulo Vangolin (1924/2013), compositor, médico, ex-diretor do Museu de
Zoologia da Universidade de São Paulo - USP, onde trabalhou por 4 décadas.
Na música há uma
despedida de um relacionamento com a morena que estava tão necessitada de
cuidados: “açucena delicada sem a mão para lhe cuidar, curva de rio sereno sem
proa pra navegar, e tanta beira de estrada sem um moço pra pousar.”
No dualismo
humano, a açucena está associada à tristeza pela perda da pessoa amada ao mesmo
tempo nos remete à mitologia grega onde vemos o deus Apolo ostentando altivez,
graça e elegância. Os lírios e as açucenas brancas simbolizam, distintamente, a
pureza, assim a música nos leva a contemplação do ser profundo que todos nós
somos, independente das circunstâncias que nos circundam.
A vida de
casal é a mais bonita de todas as vidas em relacionamento, o rompimento surge
no clima da consciência planetária, que está indo embora da Terra, arrastando
tudo para a separatividade. Muitos fatores contribuem para expansão, tais como
a busca de um preparo e emprego que garanta o sustento tanto do homem como da
mulher, a incerteza da proteção de direitos que muitas vezes são adquiridos à
custa de sacrifício e a idas a tribunais.
O reduto do
lar, onde o casal (homem e mulher) tem a oportunidade de participar de
convivência salutar, é infestado de pensamentos que vêm da rua trazidos por
eles mesmos, é a oficina de trabalho que se muda mentalmente por onde vão. E
ainda tem a penetração de pensamentos da esfera espiritual, que queiram
acreditar ou não, existem pela afinidade de atração. Isto é sempre uma ameaça
na separação.
No acúmulo de
energia dessa consciência planetária dissociada, onde todos os ambientes estão
infestados, basta ter uma televisão ligada e as vibrações surgem para
influenciá-los. A educação hedonista em que o mundo vive não permite que a
simplicidade seja o fator que inicia a transmutação.
A mulher da
canção é curva de rio, ela que tem curvas no corpo, as mais belas curvas que o
mundo conheceu, aqui neste nosso mundinho de ôba, ôba, lá fora, nos mundos
felizes, a mesma mulher ganha conotações profundas de beleza que nunca este
mundo conheceu, apenas em momentos de beleza quando a espiritualidade se faz
presente.
O homem veio
ao mundo para levar a mulher a esses mundos felizes assim como a mulher o leva
também, em simbiose perfeita, como na dança, no mesmo passo cadenciado. Não
largar a mão na dança é o segredo da união dos casais.
A mulher da
canção é “rio sereno sem proa pra navegar”. Os navegantes do rio São Francisco
usavam as carrancas na proa das naves para espantar as assombrações, isto vem
desde os tempos remotos quando eram empregados uma figura humana ou mitológica
sempre com o objetivo de proteger as embarcações.
Ainda na
canção é revelado que há muito chão a andar pelos caminhos da vida e a moça que
ele tanto gosta "sem um moço pra pousar" que poderia ser ele mesmo.
Pousar porque ela é avião, mas poderia ser um moço para posar nua, se entre
ambos não existisse a influência da consciência planetária atual que estabelece
a separatividade, ressaltando que mais de 1 bilhão dos 7 bilhões já consegui
ascender à consciência unitária.
Ele se doou,
não esperou doação, e o pensamento flui para frente numa situação que o
colocará numa caminhada futura quando for embora não sentirá pena e quem vai
ter pena é quem ficou. Aliás, não devemos lamentar nada. O tempo irá responder
o que não podemos dizer.
Mesmo na
separação o nosso amor deve prevalecer, embora não possamos demonstrar isto
pessoalmente, mas os pensamentos viajam e servem de proa para a pessoa amada,
quando houver receptividade, embora distante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário