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domingo, 2 de fevereiro de 2014

QUANDO EU FOR, EU VOU SEM PENA

Imagens ideoplásticas surgem na voz de Chico Buarque no samba Quando eu for, eu vou sem pena, de Paulo Vangolin (1924/2013), compositor, médico, ex-diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo - USP, onde trabalhou por 4 décadas.
Na música há uma despedida de um relacionamento com a morena que estava tão necessitada de cuidados: “açucena delicada sem a mão para lhe cuidar, curva de rio sereno sem proa pra navegar, e tanta beira de estrada sem um moço pra pousar.”
No dualismo humano, a açucena está associada à tristeza pela perda da pessoa amada ao mesmo tempo nos remete à mitologia grega onde vemos o deus Apolo ostentando altivez, graça e elegância. Os lírios e as açucenas brancas simbolizam, distintamente, a pureza, assim a música nos leva a contemplação do ser profundo que todos nós somos, independente das circunstâncias que nos circundam.
A vida de casal é a mais bonita de todas as vidas em relacionamento, o rompimento surge no clima da consciência planetária, que está indo embora da Terra, arrastando tudo para a separatividade. Muitos fatores contribuem para expansão, tais como a busca de um preparo e emprego que garanta o sustento tanto do homem como da mulher, a incerteza da proteção de direitos que muitas vezes são adquiridos à custa de sacrifício e a idas a tribunais.
O reduto do lar, onde o casal (homem e mulher) tem a oportunidade de participar de convivência salutar, é infestado de pensamentos que vêm da rua trazidos por eles mesmos, é a oficina de trabalho que se muda mentalmente por onde vão. E ainda tem a penetração de pensamentos da esfera espiritual, que queiram acreditar ou não, existem pela afinidade de atração. Isto é sempre uma ameaça na separação.
No acúmulo de energia dessa consciência planetária dissociada, onde todos os ambientes estão infestados, basta ter uma televisão ligada e as vibrações surgem para influenciá-los. A educação hedonista em que o mundo vive não permite que a simplicidade seja o fator que inicia a transmutação.
A mulher da canção é curva de rio, ela que tem curvas no corpo, as mais belas curvas que o mundo conheceu, aqui neste nosso mundinho de ôba, ôba, lá fora, nos mundos felizes, a mesma mulher ganha conotações profundas de beleza que nunca este mundo conheceu, apenas em momentos de beleza quando a espiritualidade se faz presente.
O homem veio ao mundo para levar a mulher a esses mundos felizes assim como a mulher o leva também, em simbiose perfeita, como na dança, no mesmo passo cadenciado. Não largar a mão na dança é o segredo da união dos casais.
A mulher da canção é “rio sereno sem proa pra navegar”. Os navegantes do rio São Francisco usavam as carrancas na proa das naves para espantar as assombrações, isto vem desde os tempos remotos quando eram empregados uma figura humana ou mitológica sempre com o objetivo de proteger as embarcações.
Ainda na canção é revelado que há muito chão a andar pelos caminhos da vida e a moça que ele tanto gosta "sem um moço pra pousar" que poderia ser ele mesmo. Pousar porque ela é avião, mas poderia ser um moço para posar nua, se entre ambos não existisse a influência da consciência planetária atual que estabelece a separatividade, ressaltando que mais de 1 bilhão dos 7 bilhões já consegui ascender à consciência unitária.
Ele se doou, não esperou doação, e o pensamento flui para frente numa situação que o colocará numa caminhada futura quando for embora não sentirá pena e quem vai ter pena é quem ficou. Aliás, não devemos lamentar nada. O tempo irá responder o que não podemos dizer.
Mesmo na separação o nosso amor deve prevalecer, embora não possamos demonstrar isto pessoalmente, mas os pensamentos viajam e servem de proa para a pessoa amada, quando houver receptividade, embora distante.

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