Em qualquer lugar
do mundo, quem dança tango, parece que está em Buenos Aires. O turismo na
Argentina tem na música essa grande atração. Levado para o cinema, Por una cabeza, de Carlos Gardel, a
música foi tocada no encontro do ator Al Pacino, no papel de Frank, com a
Donna, interpretada pela atriz Gabrielle Anwar no filme Perfume de Mulher.
Mesmo naqueles pensamentos que o
tornaram triste e deprimido, Frank sentia que algo estava errado na comunidade
militar: o mapa não é o território. Ele que conhecera jovens sadios que ficaram
com corpos mutilados pelos exercícios de armamento.
Aliás, ninguém fala porque a matrix
tem o domínio: as guerras que o mundo conheceu, no pretexto de salvar a pátria,
era sem dúvida um campo onde surgiram a morte e o aniquilamento dos corpos,
tanto físico como emocional. Frank, tenente-coronel reformado pelo Exército,
entregue à solidão e à revolta, ironizava: “fábrica de heróis, uma ova”. A
nossa posição é de imparcialidade.
Antes da dança, Frank, deficiente
visual, aproxima-se da mesa onde está Donna e a convida para dançar. Ela com
receio de que o noivo possa chegar a qualquer momento, hesita em aceitar o
convite, ele argumenta: “num momento, vive-se uma vida”, ela, então, se levanta,
coloca as mãos nos ombros do partner,
ele sente o perfume de mulher.
No meio da dança, há um toque de
sedução, a moça percebe, dá um suspiro e sorri discretamente mas ele sente a
receptividade, levantando o astral, vamos dizer a libido, pois ele estava
deprimido por pensamentos pra baixo em decorrência do acidente que o vitimou no
quartel. Este é o ponto máximo de audiência do filme em vídeo e no cinema.
A moça, sem a presença do noivo,
estava em libertação íntima, queria desligar-se um pouco do romance ainda sem
os liames eternos. Na vida real, a maioria dos casais insatisfeitos, estão em
libertação a caminho da liberdade. Essa libertação é cruel porque os vínculos
permanecem na monotonia e precisam de um ímpeto para rompê-los.
Esse impulso foi observado por
Nietzsche, filósofo alemão, ao escrever a obra Humano, Demasiado Humano: “é o
despertar da vontade e do desejo de ir embora, não importa para onde, a
qualquer custo: uma violenta e perigosa curiosidade por um mundo desconhecido
arde e cintila em todos os sentidos.”
Sem dúvida, como vimos dizendo: é a
característica da consciência planetária em que o mundo vive, em últimos
estertores, sobressaindo a competitividade e a separatividade em todos os
relacionamentos humanos, invariavelmente em mudança de paradigma. A Terra,
hotel planetário, está ganhando mais uma estrela, em termos de qualidade de
padrão de vida.
As amarras, em que o coração foi
retido, é algo que necessita de uma reflexão que dê luz na expectativa de um
novo caminhar. Somente o ser profundo, que todos nós somos, pode ter essa visão
da realidade da existência, o que temos são apenas indícios que podem nos levar
a esse caminho.
No envolvimento do casal há outras
pessoas envolvidas também, são os parentes e amigos da família que desejam a felicidade
de ambos, embora não tenham como traçar esse caminho. Ao adormecer, no sonho,
essa realidade pode vir à tona, isto virá naturalmente, espontâneo, se tiver
que vir. Sendo, portanto, perigoso dar conselhos em situações que não vimos a
complexidade envolvida.
Há segredos que permanecem com as
pessoas até mesmo do outro lado da matrix onde o colapso da função de onda não
pode ser mais exercido, pois é atributo único na existência física durante o
tempo em que estamos vivendo aqui na Terra. Depois da morte, não há mais
colapso da função de onda, vive-se apenas de resultados, como explicitou o
físico nuclear, Prof. Amit Goswami, na entrevista levada ao ar, em 12/3/2001,
pelo Programa Roda Viva da TV Cultura.
Dançando tango é algo comovedor,
aliás como qualquer dança. O cinema apresentou aqui uma solução para quem não
tinha estímulo para viver feliz, sobrecarregado por pensamentos aniquiladores
onde o futuro seria sinistro. A mulher tem esse dom de modificar panoramas
íntimos pelo encantamento que ela traz consigo, dançando melhor.
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