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sábado, 29 de agosto de 2015

DANÇANDO TANGO

Em qualquer lugar do mundo, quem dança tango, parece que está em Buenos Aires. O turismo na Argentina tem na música essa grande atração. Levado para o cinema, Por una cabeza, de Carlos Gardel, a música foi tocada no encontro do ator Al Pacino, no papel de Frank, com a Donna, interpretada pela atriz Gabrielle Anwar no filme Perfume de Mulher.
Mesmo naqueles pensamentos que o tornaram triste e deprimido, Frank sentia que algo estava errado na comunidade militar: o mapa não é o território. Ele que conhecera jovens sadios que ficaram com corpos mutilados pelos exercícios de armamento.
Aliás, ninguém fala porque a matrix tem o domínio: as guerras que o mundo conheceu, no pretexto de salvar a pátria, era sem dúvida um campo onde surgiram a morte e o aniquilamento dos corpos, tanto físico como emocional. Frank, tenente-coronel reformado pelo Exército, entregue à solidão e à revolta, ironizava: “fábrica de heróis, uma ova”. A nossa posição é de imparcialidade.
Antes da dança, Frank, deficiente visual, aproxima-se da mesa onde está Donna e a convida para dançar. Ela com receio de que o noivo possa chegar a qualquer momento, hesita em aceitar o convite, ele argumenta: “num momento, vive-se uma vida”, ela, então, se levanta, coloca as mãos nos ombros do partner, ele sente o perfume de mulher.
No meio da dança, há um toque de sedução, a moça percebe, dá um suspiro e sorri discretamente mas ele sente a receptividade, levantando o astral, vamos dizer a libido, pois ele estava deprimido por pensamentos pra baixo em decorrência do acidente que o vitimou no quartel. Este é o ponto máximo de audiência do filme em vídeo e no cinema.
A moça, sem a presença do noivo, estava em libertação íntima, queria desligar-se um pouco do romance ainda sem os liames eternos. Na vida real, a maioria dos casais insatisfeitos, estão em libertação a caminho da liberdade. Essa libertação é cruel porque os vínculos permanecem na monotonia e precisam de um ímpeto para rompê-los.
Esse impulso foi observado por Nietzsche, filósofo alemão, ao escrever a obra Humano, Demasiado Humano: “é o despertar da vontade e do desejo de ir embora, não importa para onde, a qualquer custo: uma violenta e perigosa curiosidade por um mundo desconhecido arde e cintila em todos os sentidos.”
Sem dúvida, como vimos dizendo: é a característica da consciência planetária em que o mundo vive, em últimos estertores, sobressaindo a competitividade e a separatividade em todos os relacionamentos humanos, invariavelmente em mudança de paradigma. A Terra, hotel planetário, está ganhando mais uma estrela, em termos de qualidade de padrão de vida.
As amarras, em que o coração foi retido, é algo que necessita de uma reflexão que dê luz na expectativa de um novo caminhar. Somente o ser profundo, que todos nós somos, pode ter essa visão da realidade da existência, o que temos são apenas indícios que podem nos levar a esse caminho.
No envolvimento do casal há outras pessoas envolvidas também, são os parentes e amigos da família que desejam a felicidade de ambos, embora não tenham como traçar esse caminho. Ao adormecer, no sonho, essa realidade pode vir à tona, isto virá naturalmente, espontâneo, se tiver que vir. Sendo, portanto, perigoso dar conselhos em situações que não vimos a complexidade envolvida.
Há segredos que permanecem com as pessoas até mesmo do outro lado da matrix onde o colapso da função de onda não pode ser mais exercido, pois é atributo único na existência física durante o tempo em que estamos vivendo aqui na Terra. Depois da morte, não há mais colapso da função de onda, vive-se apenas de resultados, como explicitou o físico nuclear, Prof. Amit Goswami, na entrevista levada ao ar, em 12/3/2001, pelo Programa Roda Viva da TV Cultura.
Dançando tango é algo comovedor, aliás como qualquer dança. O cinema apresentou aqui uma solução para quem não tinha estímulo para viver feliz, sobrecarregado por pensamentos aniquiladores onde o futuro seria sinistro. A mulher tem esse dom de modificar panoramas íntimos pelo encantamento que ela traz consigo, dançando melhor.

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