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sexta-feira, 3 de junho de 2016

SOLITUDE (II)


Sucesso de venda nos Estados Unidos, a obra Spinster: Making a Life of One´s Own, de Kate Bolick, divulga dados reveladores no mundo feminino: A cifra de mulheres solteiras, naquele país, ultrapassa o percentual de 53%, realçando as que não estão casadas nem têm parceiros, inclusive as viúvas e as divorciadas. [El Pais – 2 de junho de 2016].
Um ano antes, a mídia divulgava a queda das taxas de casamento e de natalidade nos EE.UU., motivada pela ideologia da solteirice que ganhou espaços nos jornais, revistas e televisão, certamente o livro de Kate Bolick embarcou nessa onda.
A opção da mulher ficar solteira está mais ligada ao seu mundo interno do que as circunstâncias que lhe surgem como oportunidade de ter um relacionamento que pode culminar numa união estável, casando-se ou não.
Manter a paz e direcionar a vida num propósito que alcance aquilo que está no íntimo tem um significado profundo que irá repercutir definitivo em sua felicidade permanente e inalterável, já que as injunções ligadas ao parceiro podem levar situações que ficarão sempre algo a completar.
Como na vida que se avizinha onde cada um viverá somente de resultados, a vida após a morte física é assim, não será confortável depender de resultados que não se completaram quando estava vivendo na matéria.
As uniões coercitivas sempre são atraídas para que nada no universo fique incompleto, coercitivas até mesmo independente da vontade de cada um que ainda não conhece os enigmas do caminhar que têm liames com o passado espiritual, também desconhecido. Nesse enlevo são anestesiadas por aquilo que chamam de paixão ou enlevo arrebatador.
Anteriormente, em 23 de agosto de 2013, abordamos o tema Solitude em nosso blog Fernando Pinheiro, escritor e, em sequência, fechamos a segunda parte do assunto:
A solitude é o momento, a ocasião ou a circunstância em que a pessoa pode desfrutar para viver sozinha, isto sem denotar obrigatoriamente a possibilidade de solidão. Pode participar de eventos sociais ou pessoais, com eventuais encontros amorosos ou namoros, conservando-se sempre independente de algum vínculo estabelecido no jogo social onde há um compromisso.
É o estilo de vida que se ampliou em toda a convivência social da sociedade humana planetária que vive a experiência da troca de impressões ou sentimentos afetivos onde busca se encontrar. Este modelo é o resultado de agonias em busca do que se propala sobre felicidade momentânea, uma vez que o sentido eterno está muito longe daqueles que não se doam.
A experiência humana, nos dias atuais, acumula frustrações e busca renovada daquilo que foi descartado por não servir ao que é idealizado dentro de uma sociedade de consumo de bens transitórios.
Dessa forma, o acompanhante da parceria momentânea é descartado não porque ele não corresponda a um convívio salutar, mas porque a parceira não soube definir a sua própria escolha que muda de acordo com aquilo que pensa ser a bola da vez. Os interesses são maleáveis ao padrão do momento em que a cultura hedonista pensa ser o melhor.
Não há a busca de si mesmo como um referencial que estabeleça a estabilidade do casal mas um olhar ao outro como se ele viesse preencher a lacuna que pode ser unicamente preenchida por quem busca se conhecer, a nível de alma ou interiorização de sentimentos profundos.
Antes de conhecer alguém é necessário que a pessoa busque saber as suas necessidades e idealizações no campo sentimental, a não ser que despreze os sentimentos e busque se concentrar unicamente nos apelos da atração física que é de grande importância entre os casais.
A independência, em todos os níveis, é fundamental na convivência a dois como também é importante no estado de solitude. É, em outras palavras, a busca da vivência do momento feliz em que o outro parceiro, homem ou mulher ou na união gay, não pode ameaçar ou interferir.
A solitude é apenas no campo material refratário à convivência social, mas isto é apenas um esforço para se viver em solidão, mesmo não a sentindo nos momentos de festa social ou de encontros casuais amorosos que podem ser frequentes na variação de parcerias diferentes.
Em termos transcendentes o estilo de vida que caracteriza a solitude não existe porque estamos sempre acompanhados daqueles que nos acompanham de perto ou de longe ou em outras esferas onde o pensamento viaja em busca de uma ligação de sentimentos.
Por desconhecer essas esferas onde o pensamento flui em viagens, a criatura humana não sabe as implicações daquilo que buscou e recebe as energias que podem se infiltrar no seu comportamento diário provocando-lhe sérios embaraços, como é o caso de obsessão de almas errantes que têm afinidade com o interlocutor.
Nos apelos religiosos é altamente louvável a comunicação que se estabelece entre esses dois planos dentro das correntes do amor, mas fora dessa vibração amorosa a comunicação passa a ser um distúrbio grave que a Psiquiatria busca encontrar um meio de devolver ao paciente o direito de escolha.
Na novela Amor à Vida o paciente Thales, no papel do ator Ricardo Tozzi, vivenciando a solitude, mesmo acompanhado da namorada Leila, na vida real a atriz Fernanda Machado, vai ao consultório do psiquiatra Renan, vivido pelo ator Álmo Facó, para saber o que fazer diante de uma situação que sente a presença de Nicole, já falecida, interpretada pela atriz Marina Ruy Barbosa.
A palavra do psiquiatra é que o medo pode criar alucinações. Este sentimento é o único que dificulta a comunicação entre os dois planos e principalmente impossibilita a ascensão de consciência fragmentada para a consciência unificada em que o planeta está alcançado a passos de galope. Somente o ser profundo, que todos somos, pode alcançar esse patamar de grandeza.

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