Surgida nos idos de 1894, a música Meditação,
da ópera Thaïs, de Jules Massenet, escrita para violino e piano, inicia-se no
andante religioso, desenvolve-se em ritmo doce com suavidade, expressivo e
estende os movimentos poco a poco appassionato e poco più appassionato,
finalizando em calmato e calmato diminuendo com pianíssimo.
A cena da
ópera se desdobra no Egito, no século IV onde se vê sacerdotes, filósofos,
monjas, bailarinas e escravas, sobressaindo Thaïs, a cortesã
que, através da meditação, se descobre e abandona a vida mundana.
Em tempos modernos, a soprano canadense Teresa
Stratas que atuou, em temporadas no
Metropolitan Opera House, sentiu um
chamamento para o trabalho voluntário e foi para a Índia, em 1981, e uniu o seu
trabalho com o da madre Teresa de Calcutá, ajudando os doentes terminais. Uma
década depois, ela passou vários meses na Romenia cuidando dos órfãos doentes e
moribundos. [Canada´s Walk of Fame – Toronto, 2016]
Antes, em meados dos anos 60, Teresa Stratas
viveu um romance, que durou 8 anos, com o maestro Zubin Mehta, depois que ele
se separou da primeira esposa. Dois anos mais tarde ele se casou com atriz de
TV Nancy Kovack que abandonou a carreira artística para dedicar-se ao marido
[People – 21/01/1980].
Segundo ainda o Canada´Walk of Fame, a
soprano Teresa Stratas que poderia ter passado as quatro últimas décadas sendo
a queridinha entre as celebridades do mundo da ópera, preferiu se dedicar à
tarefa de ajudar os mais necessitados do mundo e cantar para pequenos grupos
amantes verdadeiros da música que a faz ser uma figura diminuta, fisicamente é
do tipo mignon, dentro e fora do palco, com maior presença do que os 3 tenores
reunidos.
A busca de ser feliz é a
meta primordial de quem está a sós, embora não sinta solidão, pois as forças
íntimas guardadas no recôndito do ser profundo eclodem quando há os passos do
caminho interno, em aparente solidão, como vivem os asseclas em permanente retiro
espiritual. [RAYMUNDA VARIATION – 28 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
Esse caminho interno também
se desdobra em convívio social: trabalho em equipe, dança em bailados
elegantes, jogo de arena esportiva, passeio e viagem em grupo, quando a
introspecção não deixa ser influenciada por imagens externas diferentes do que
sentimos. [RAYMUNDA VARIATION – 28 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
Ainda em Salvador, no dia seguinte
(21/2/1964), Nilo Medina Coeli, acompanhado da esposa, Maria Aparecida Escobar
Medina Coeli, manteve agradável conversação com a Irmã Dulce, venerável freira
que encantou o Brasil pelas virtudes cristãs e assistência aos mais pobres,
razão pela qual foi beatificada pelo papa. Com um largo sorriso de satisfação e
alegria, o presidente deixou-se fotografar [Retratos originais p & b – 23,5
x 17,5 cm. Acervo: Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil]. – in HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de
Fernando Pinheiro.
Na cena lírica, a primeira cena do Ato II, o
monge Atanaël está diante de Thaïs, cortesã de beleza sedutora e cativante, e
tenta convencê-la a abandonar a vida hedonista em que se compraz, para
entregar-se a Deus em busca de salvação. Nessa reflexão é que surge a meditação
de Thaïs.
Esse despertar nos seres humanos, na maioria
das vezes é percebido durante o estado do sono, é o ser profundo que todos
somos e que se liga com a fonte.
Na consciência dissociada, que ainda
predomina na maioria da população mundial, todos os liames afetivos serão
desfeitos. E ainda existem, nessa consciência, bilhões de mulheres buscando a
felicidade em relacionamentos que não atingem a uma dimensão maior.
Meditação, versão para o balé, música de
Massenet, foi criada pelo coreógrafo Frederick Ashton, de nacionalidade
britânica, apresentado pela primeira vez em 21 de março de 1971 pelo Royal
Ballet, Londres, Inglaterra [From
Wikipedia, the free encyclopedia].
A produção Thaïs, com coreografia de Gheorge Iancu, teve
a apresentação da bailarina Letizia Giuliani no Teatro de la Fenice, Veneza,
Itália, nos idos de 2002, onde a personagem cortesã abandona tudo pra seguir
Jesus, ainda hoje idolatrado numa cruz.
Gosto de Jesus descrucificado, pois ele não entraria nos
páramos sublimes com a cruz que é a marca dos homens que matam e dos que estão
em martírio. Os engramas do passado são esquecidos na magia sublime do perdão.
A personagem da bailarina Letizia Giuliani é Thaïs, mas se for relembrado o
drama do Gólgota, pode dar a entender que a personagem, em pensamento, desejou ser crucificada, em
sintonia com o Sublime Peregrino.
Basta dizer que, nos idos 71
a.C., na Via Ápia, que liga Roma a Capua, 6.472 escravos foram crucificados à
beira da estrada, num só dia, eram os últimos remanescentes mortos que seguiram
Spartacus, o gladiador que liderou uma revolta contra o Império Romano. O grupo
começou com 70 gladiadores fugidos, foi crescendo, crescendo até atingir o
número de 65 mil escravos, todos mortos. Agora, vocês já perceberam porque
Jesus não foi para Roma. Ele não permaneceria vivo por lá nem uma hora. [NUDEZ
VIOLENTADA – 06 de maio de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
No youtube há vídeos de Thaïs pas de deux com
os artistas: Ana Luiza Luizi e Junio Teixeira (coreografia de Vladimir Salimbaev),
Leane Benjamin e Thiago Soares (Royal Ballet of London at the Met), Lucia
Lacarra e Marlon Dino (Bavarian State Ballet), Lucia Lacarra e Cyril Pierre
(Mariinsky Gala 2008), Olga Smirnova e Vladislav Lantarov, Olga Smirnova e
Semyon Chudin.
Quando divulgamos a crônica Meditação, da
Ópera Thaïs, de Massenet, no facebook, Irina Orlova, residente em Rostov,
Rússia, enviou-nos a mensagem, publicada em 29 de setembro de 2012: “meu
querido amigo, Fernando Pinheiro, você sempre encontra as palavras certas para descrever
sentimentos que causam música. Obrigado a você por estas inesquecíveis linhas.”
www.fernandopinheirobb.com.br
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