NAS ESTEPES DA ÁSIA CENTRAL
O poema sinfônico Nas
Estepes da Ásia Central, de Alexander Borodin, é encantador por sua poesia e a
beleza da paisagem. No programa a partitura vem antecedida por uma narrativa:
“Numa região desértica da Ásia central, ressoa pela
primeira vez uma pacífica canção russa. Ouvem-se passos de cavalos e de camelos
que se aproximam e a melopeia de uma canção oriental.” (1)
(1) Guia da Música Sinfônica –
François–René Tranchefort – Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro – RJ –
1990.
A narrativa prossegue revelando
que uma caravana atravessa a imensidão da estepe, protegida por um destacamento
russo. Há dois grupos distintos, os vencedores e os vencidos, entoando
cânticos. De longe, a música ressoa, numa só harmonia, pelo caminho, morrendo à
distância (TRANCHEFORT/1990).
Os acontecimentos públicos e os
fatos políticos mudam a história de uma nação. O destino dos povos nasce num
pensamento, numa voz, num gesto que desperta as pessoas ligadas entre si, a fim
de promoverem as situações.
A evolução humana tem estágios
interligados que sustentam a tese de que tudo se transforma. Mundos de beleza
imperecível se multiplicam no brilho das estrelas. Por que só haveria vida
neste planeta?
Os ventos simbolizam as mudanças,
a transformação na fidelidade de que nada se perde para confirmar a tese
científica. E, numa expressão filosófica, tudo é válido: erros e acertos,
lágrimas e sorrisos, tristeza e alegria e tantas outras alternativas que
oscilam o viver humano.
Mas é sempre a liberdade que o
homem busca, mesmo mergulhado nas ilusões que lhe revelam os desencantos. As
horas amargas são importantes para lhe mostrar a fragilidade dos véus de
fantasia.
Impossibilitado de compreender os
movimentos do Universo, o homem caminha de cabeça baixa, imitando os animais,
sem ver a grandeza que o sustenta nos espaços infinitos.
Este confinamento está acabando
porque a Terra está ascendendo à quinta dimensão associada, em termos de
consciência planetária. A densa consciência dissociada, em que a humanidade
sofre os últimos estertores, está indo embora.
Nesse caminhar lento, repete
fórmulas de comportamento que faz coibir os abusos e o desrespeito à ordem
coletiva, sem observar que possui um código pessoal que clareia a visão em
dimensões mais amplas. Nesse enlevo nasce a liberdade.
A partir de Copérnico, Galileu, a
Ciência evoluiu tanto porque se libertou da pressão religiosa de Roma que não
admitia, naquela época, a tese de que a Terra gira em torno do Sol. E, nestes
últimos cinquenta anos, houve um avanço científico superior a todos os séculos
da História.
Estamos imantados na evolução. A
cultura dos povos tem marcas comuns a todos nós. O homem é o mesmo em qualquer
parte do planeta e todos somos seres a caminho da integração cósmica que nos
envolve sem que ainda possamos compreender a finalidade dos encontros, o
destino dos amores, a dança das horas.
Em passado recente, a queda dos
símbolos comunistas na Rússia trouxe uma lição de grandeza para o mundo inteiro
que já não pode mais ver regimes de força oprimir a vida dos povos,
principalmente na área econômica.
Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin
entraram para a História porque estavam debruçados na renovação da Rússia,
estimulados pelo povo que buscou e conseguiu, em 1991, a vitória na Praça do
Kremlin sobre um golpe que visava dar vida ao leninismo mumificado.
A complexidade do problema russo,
naquela época, se estendeu em todas as dimensões (sociais, econômicas,
externas), porque não houve, na fase de mudança política, que aos poucos vai
entrando em uma nova era pós-gorbacheviana, ajuda ampla e irrestrita dos países
ricos. Como era de se esperar, apenas uma oferta na economia de mercado, dentro
da globalização, que visa enriquecê-los ainda mais.
Assim, a liberdade e a
democracia, que nascem nos ideais sublimes do homem, passam a ser manipulados
por interesses unilaterais que dificultam o entendimento dos povos. Como meio
de governar os povos, a democracia engloba a economia, o bem-estar da
população.
Acreditamos no andar do tempo, na
evolução do comportamento humano, no amor que está acima dos ídolos que
distraíram pela manhã multidões e, à noite, caíram para se misturarem com as
sombras.
As nove crônicas intituladas
Derrubar o Gigante, de Fernando Pinheiro, que abordam a queda dos sistemas
falsificados em todas as áreas, com o vislumbrar das novas direções em que o
planeta está seguindo, em processo de evolução, foram publicadas no blog Fernando Pinheiro, escritor.
E, em cada alvorecer, vemos uma
luz maior clarear nossos caminhos, que reflete psicologicamente na iluminação
interna que temos de construir, acompanhando a evolução, com os pensamentos
voltados ao planeta inteiro e, especialmente nestas horas, ao povo que sente os
ventos das estepes.
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