Carro na
garagem é a metáfora que empregamos para definir uma situação, assim como o
médico psiquiatra búlgaro Thomas Stephen Szasz (1920/2012) argumentou que o
conceito de "doença mental era pouco mais que uma metáfora sem qualquer
referencial patológico” [The Telegraph – 18/9/2012].
Esse
referencial patológico naturalmente diz respeito à falta de provas que constate
a existência de doença comprovada por análise médica convencional em
laboratório ou raio X. Essa metáfora se confunde com a realidade e entra na
área dos mitos, como fez Freud empregando símbolos mitológicos, de forma que a
loucura tem algo fabricado.
Nos idos de
1961, com o lançamento da obra The Myth Of Mental Illness, de Thomas Szasz, o
movimento antipsiquiatria nos Estados Unidos ganhou força. No dizer do médico
búlgaro, os tratamentos coercitivos, como confinamento involuntário e o uso de
diagnósticos psiquiátricos nos tribunais ambos são práticas não-científica e
antiética [New York Times – 11/09/2012].
Os dons
guardados e não utilizados são carros na garagem que, um dia, não mais
funcionarão. Muitos distúrbios mentais surgem com a paralisação das atividades
em que se desenvolvia um estilo de vida saudável.
O arquétipo
condução está ligado ao nosso mundo interior onde estão todas as ferramentas
necessárias, inclusive para acionar os dispositivos que farão o carro sair da
garagem (símbolo).
Nos sonhos,
quando nos deslocamos de um lugar para outro, podemos utilizar um meio de
transporte ou nos deslocamos em milésimos de segundos ou instantaneamente sem
precisar usar outro qualquer meio, isto
porque o pensamento cria a nossa realidade, princípio quântico que vimos
falando.
Descoberta
científica recente que nos chamou a atenção foi a optogenética, técnica
manipuladora da atividade neural mediante a aplicação de raios de luz, testada
em insetos e animais roedores, ainda não aplicada em seres humanos. Acendeu-se
uma luz no meio do túnel, mas a iluminação é ainda fraca para iluminar os
caminhos da cura de alguns distúrbios psíquicos como o estresse e o Alzheimer.
Enquanto essa
manipulação da atividade neural ainda não está sendo utilizada no campo humano,
que pode ser desvirtuada de seus propósitos pela influência desta densa
consciência planetária, em despedida do planeta, opinamos pela intercessão de
preces que podem mudar as paisagens íntimas configurando um novo estado clínico
onde a saúde está presente.
Numa sociedade
manipulada pelos meios de comunicação em que estabelece o medo como figura de
dominação e controle, os esforços médicos, na área de saúde mental, aparecem
como recurso de libertação.
Nascidas na
formação médica, a psiquiatria e a antipsiquiatria têm pontos-de-vista
diferentes entre si e podem até se debater em exercício de gladiadores,
mas o tempo dirá quem está com a razão.
No final das contas, eles mesmos se mantêm em neutralidade, deixando seus
clientes seguir o caminho que escolheram.
Numa sociedade
dominada por mitos e crenças, sair da zona de conforto é ainda um desafio,
sabendo-se que a indústria farmacêutica, fabricando drogas lícitas, ocupa
espaços onde a presença de outras alternativas de processo de cura agem com
timidez. Enfim, cada um tem o seu caminho.
Enquanto isso,
a fabricação de zumbi pelo entorpecimento dessas drogas continuam em grande
escala, envolvendo milhões de pessoas pelo mundo inteiro, algumas conhecidas em
nosso círculo de amizades e de solidariedade, pois não somos indiferentes à dor
alheia.
As criaturas
humanas têm um jeito de se recompor diante dos tumultos sociais que trazem para
dentro de si, as terapias são múltiplas e de acordo com as conveniências e
momento.
Acendamos a
candeia que estava escondida debaixo do alqueire, lembrando-nos da metáfora
bíblica, em nossa comparação com o carro parado na garagem, e a luz iluminará o
ambiente em que estamos, nem precisamos dizer que tipo de terapia nos agrada
escolher. Assim, o carro anda.
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