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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

VISÃO MÉDICA

Carro na garagem é a metáfora que empregamos para definir uma situação, assim como o médico psiquiatra búlgaro Thomas Stephen Szasz (1920/2012) argumentou que o conceito de "doença mental era pouco mais que uma metáfora sem qualquer referencial patológico” [The Telegraph – 18/9/2012].
Esse referencial patológico naturalmente diz respeito à falta de provas que constate a existência de doença comprovada por análise médica convencional em laboratório ou raio X. Essa metáfora se confunde com a realidade e entra na área dos mitos, como fez Freud empregando símbolos mitológicos, de forma que a loucura tem algo fabricado.
Nos idos de 1961, com o lançamento da obra The Myth Of Mental Illness, de Thomas Szasz, o movimento antipsiquiatria nos Estados Unidos ganhou força. No dizer do médico búlgaro, os tratamentos coercitivos, como confinamento involuntário e o uso de diagnósticos psiquiátricos nos tribunais ambos são práticas não-científica e antiética [New York Times – 11/09/2012].
Os dons guardados e não utilizados são carros na garagem que, um dia, não mais funcionarão. Muitos distúrbios mentais surgem com a paralisação das atividades em que se desenvolvia um estilo de vida saudável.
O arquétipo condução está ligado ao nosso mundo interior onde estão todas as ferramentas necessárias, inclusive para acionar os dispositivos que farão o carro sair da garagem (símbolo).
Nos sonhos, quando nos deslocamos de um lugar para outro, podemos utilizar um meio de transporte ou nos deslocamos em milésimos de segundos ou instantaneamente sem precisar  usar outro qualquer meio, isto porque o pensamento cria a nossa realidade, princípio quântico que vimos falando.
Descoberta científica recente que nos chamou a atenção foi a optogenética, técnica manipuladora da atividade neural mediante a aplicação de raios de luz, testada em insetos e animais roedores, ainda não aplicada em seres humanos. Acendeu-se uma luz no meio do túnel, mas a iluminação é ainda fraca para iluminar os caminhos da cura de alguns distúrbios psíquicos como o estresse e o Alzheimer.
Enquanto essa manipulação da atividade neural ainda não está sendo utilizada no campo humano, que pode ser desvirtuada de seus propósitos pela influência desta densa consciência planetária, em despedida do planeta, opinamos pela intercessão de preces que podem mudar as paisagens íntimas configurando um novo estado clínico onde a saúde está presente.
Numa sociedade manipulada pelos meios de comunicação em que estabelece o medo como figura de dominação e controle, os esforços médicos, na área de saúde mental, aparecem como recurso de libertação.
Nascidas na formação médica, a psiquiatria e a antipsiquiatria têm pontos-de-vista diferentes entre si e podem até se debater em exercício de gladiadores, mas  o tempo dirá quem está com a razão. No final das contas, eles mesmos se mantêm em neutralidade, deixando seus clientes seguir o caminho que escolheram.
Numa sociedade dominada por mitos e crenças, sair da zona de conforto é ainda um desafio, sabendo-se que a indústria farmacêutica, fabricando drogas lícitas, ocupa espaços onde a presença de outras alternativas de processo de cura agem com timidez. Enfim, cada um tem o seu caminho.
Enquanto isso, a fabricação de zumbi pelo entorpecimento dessas drogas continuam em grande escala, envolvendo milhões de pessoas pelo mundo inteiro, algumas conhecidas em nosso círculo de amizades e de solidariedade, pois não somos indiferentes à dor alheia.
As criaturas humanas têm um jeito de se recompor diante dos tumultos sociais que trazem para dentro de si, as terapias são múltiplas e de acordo com as conveniências e momento.
Acendamos a candeia que estava escondida debaixo do alqueire, lembrando-nos da metáfora bíblica, em nossa comparação com o carro parado na garagem, e a luz iluminará o ambiente em que estamos, nem precisamos dizer que tipo de terapia nos agrada escolher. Assim, o carro anda.

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