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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

INEFÁVEIS MOMENTOS

O filme Jauja, produzido em 2014, pelo argentino Lisandro Alono, é ambientado na região da Patagônia, sul da Argentina, trazendo no elenco Viggo Mortensen, interpretando Gunnar, viúvo, dinamarquês, que está em viagem no deserto, acompanhado de alguns companheiros e de sua filha Ingeborg, papel da atriz Viilbørjk Malling Agger.
Na abertura do filme aparece um letreiro avisando que Jauja é um lugar místico para onde muitos foram, mas ninguém retornou. Isto se justifica pela busca que o pai faz com a finalidade de encontrar a filha que fugiu acompanhada de um homem que estava prisioneiro no acampamento. Esse episódio toma a metade da filmagem em cenas sem muita ação.
Ele segue a caminhada por uma região desértica, com a mente voltada em usar a força nesta busca e encontra pelo caminho um soldado morto e pergunta a ele, sem condições de falar, onde está a filha. Sem resposta, com o sabre desfere-lhe um golpe no pescoço, bastante irritado, pensando que o morto tivesse participação na fuga da filha.
Pelo caminho ele vê um cachorro que acabara de tomar banho, numa poça d´água, e o segue pensando na possibilidade de ter gente pela frente. Subindo uma encosta, entra numa gruta e encontra uma senhora viúva, interpretada pela atriz dinamarquesa Ghita Nørby que lhe oferece comida e lhe indica onde tem água para beber na fonte perto dali.
Ela lhe mostra afetividade, sentindo-se satisfeita em lhe ser útil e até lhe convida para voltar quando ele puder. Mas, ele não percebeu o modo feliz da mulher da gruta, onde ele poderia aprender muitas coisas da vida. Agradece o convite e, bastante preocupado, prossegue a caminhada em busca da filha, mas não vem a encontrá-la.  
Quando estimulamos as pessoas a despertar as forças interiores que possuem, estamos simplesmente dando a elas o direito de ser como são, independentes, com direito a escolhas em suas próprias vidas, e lembrando-nos da canção que enfatiza: você tem tudo para ser feliz. [VOCÊ TEM TUDO PARA SER FELIZ – 5 de novembro de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
A mulher da gruta demonstrava possuir uma placidez em que a natureza se manifesta sutilmente, assim como assistimos no campo astral a doces encantos que nos sensibilizaram quando estivemos na vivência do sonho narrado na crônica PÉGASO (XIX) – 12 de março de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor, a seguir:     
Em nossas andanças astrais passamos por lugares que passam a ser estudo para a observação da vida que ultrapassa os limites da matéria conhecida, entrando em espaços além do planeta Terra, embora esteja circunscrito na psicosfera terrestre, esse espaço onde abriga os pensamentos e os espíritos em trânsito pela transmutação das formas almejadas.
Situada entre as cidades de Nara e Kyoto, no Japão, Uji é famosa por santuários naturais. O de Byodo-In é de impressionante beleza. Um charme de ouro estava no horizonte na despedida do sol que descia lentamente, estendendo-se para o Phoenix Pavillon.
Estávamos na fila para receber o pão e a pasta de ervas finas, iguarias comuns nas padarias e supermercadores brasileiros. Uma turista passou na minha frente, furando a fila, um costume aqui no Brasil. A placidez do local repercutia encantos em nosso coração, somente estávamos ligados nisso.
O não-agir era a fórmula de viver adequado ao nosso coração, estávamos em outra cultura, diferente desta que atingiu apenas ½ milênio de civilização. Lembramo-nos da obra Não apresse o rio (ele corre sozinho), de Barry Stevens e da atitude de não-violência de Gandhi que derrubou o império inglês na Índia, levando-a a independência. O grito de D.Pedro I, montado a cavalo, teve também essa conotação. Às margens do rio Ipiranga não houve morte.
O não-agir é sabedoria milenar como o silêncio de Jesus diante da varanda de Pilatos quando lhe foi perguntado o que era a verdade. Frisamos com todas as letras: em nenhum instante, quando estamos na esfera física, o colapso da função de onda deixa de funcionar, mesmo no não-agir.
Vale salientar que tudo no Universo é informação, pois a consciência está em tudo, pois até os insetos possuem consciência, eles também têm o colapso da função de onda. A física quântica, através de mil recursos espaciais, está descortinando horizontes dantes desconhecidos como também o mundo interno do homem.
Prêmio Nobel de Física (1963), Eugene Paul Wigner afirmou que não é possível formular as leis da mecânica quântica sem recorrer ao conceito de consciência. Ele alegou que a medida quântica requer um observador consciente, sem a qual nada acontece no Universo [The Information Philosopher]. Corroboando com esta assertiva, vale mencionar as palavras do Prof. Hélio Couto: “Não existe mecânica quântica sem a ação do observador. É o observador que faz o elétron se comportar daquela forma.” [Visão Remota Negócios In-Formados – Hélio Couto, por Quantum Wave - Vídeo].
Recentemente, em junho de 2011, o experimento da dupla fenda, muito antes testada em laboratório científico, foi confirmada pelo cientista canadense Aephraim Steinberg: a descoberta de que a partícula se comporta como onda mesmo quando passa por uma só fenda. “Ou seja, o fóton é uma partícula e uma onda ao mesmo tempo.” Por analogia, existe a teoria da onda-piloto. [Wikepédia, a enciclopédia livre].
Ao longe no santuário de Byodo-In ouvia-se um mantra acompanhado de sons de flauta de bambu, alentando a atmosfera ao redor que parecia estar em placidez, mas que na realidade estava mergulhada em sons e cores de inefável beleza. Era o não-agir que sentimos e já conhecíamos da sabedoria  que vem do Ganges: não buscar nem fugir. Num átimo, estávamos de volta ao recanto feliz em que vivemos.
Nos últimos momentos do filme Jauja aparece uma garota, não sabemos se é uma retrospectiva do passado daquela mulher da gruta, vivendo num palácio. A cena final, a moça sai do quarto e vai ao jardim onde encontra um homem cuidando de cães, ela conversa com ele e toma um dos cães para passear.    
Acreditamos que a moça é a mesma mulher da gruta, vivendo uma experiência mística, assim como viveu o príncipe hindu Sidarta Guatama que abandonou as riquezas palacianas para viver uma vida naqueles quatro pilares que divulgamos: simplicidade, humildade, transparência e alegria.  

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