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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

MÃOS VAZIAS

O samba Mãos Vazias, de Paulo César Pinheiro, revelando a alma ou o perfume brasileiro no passo ondulante e febril, no sucesso do prestigiado autor de Portela na Avenida, Canto das Três Raças, gravadas por Clara Nunes, a esposa dele desaparecida deste mundo pelas mãos do destino, o caprichoso condutor de almas.
Nas mãos do sonhador nasce o grão das ilusões quando surge a oportunidade aproveitada no primeiro sopro. Não temos tempo de avaliar os prós e contras da situação, o importante é o enlevo que nos envolve. A paixão vira magia e envolve o dia na escuridão, frisa o trecho musical.
A ideia ideoplástica que surge no canto traz a lenha escassa fazendo fumaça, assim como a paixão que é algo que tem fogo e fumaça, mas não sabemos a intensidade em que é aceso. Isto pode ser um amor projetado ou um amor que veio nas camadas do tempo mostrando apenas os sinais.
A paixão desperta a identificação dos encontros de caminhos espirituais em outro tempo e em outra ocasião, onde sempre há algo a se recompor. O sábio reconhece os caminhos percorridos, nessa ótica os encontros são missões que devem ser compartilhadas por companheiros de jornada evolutiva. O apaixonado apenas vive as emoções sem compreendê-las os sentidos. Aliás, nem é bom compreender, principalmente se houver marcas de desencantos no ar. [PAIXÃO – 27 de junho de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Mãos Vazias, que a música revela, foram enchidas com o tempo para resolver uma situação inacabada desde que, ao nosso ver, haja o colapso da função da onda, mas como não devemos criar expectativas quando irá chegar a solução, esse tempo pode ser visto no decorrer dos evos, entrando nas camadas que carrega.
Mãos vazias é o símbolo do desprendimento neste mundo de posses de todos os níveis em que estão envolvidas pessoas, situações de trabalho, relacionamento amoroso ou afetivo que não podem permanecer no mesmo desfrutar egóico onde os benefícios não são repassados.
Essas amarras continuam em outro plano em que todos irão se defrontar, o tempo é um sopro e tudo passa quando as circunstâncias não mais favorecem o desfrutar desses momentos transitórios.
Vale mencionar um caso em que tivemos a oportunidade de assistir no plano mais sutil que o mundo físico vive. Eis textos do relato de A BARCA DE CARONTE – blog Fernando Pinheiro, escritor – 15/10/2015:
Em nossas andanças astrais, narradas na Série PÉGASO (I a XXXII) há relatos de comovente beleza como também outros em que vemos a beleza a caminho no decorrer de um tempo em que não podemos medir, mesmo estando estagnados pelos engramas do passado que esses passageiros criaram, embaraçando-lhes o caminhar, ou mesmo em total inação.
Considerando que tivemos oportunidade de escrever relatos históricos e a nossa ligação com entidades de classe trabalhista, vale transcrever textos que interessam a todos os trabalhadores que, de alguma forma, estão envolvidos no meio social, ficando aqui um alerta:
Ao sair dali, vi um amigo nosso que agora não pode mais fazer o colapso da função de onda, expressão reconhecida pela ciência ao fenômeno da morte. Estava ele revoltado contra a situação em que estava, pois fora deposto do cargo que tinha numa empresa estatal.
Quando ele se retirou, aproximamo-nos da pessoa que ouvira os queixumes e reclamações do antigo executivo da estatal e lhe dissemos que conhecíamos o homem que estava com ele e sentíamos admiração pela carreira que ele tivera. A pessoa nos disse que ele estava muito revoltado, em clima de briga.
Há milhares de empregados naquela situação na empresa em  que ele trabalhou e, se fôssemos reunir todas as empresas do mundo, teríamos milhões de pessoas na mesma situação de desconforto emocional. Todas elas precisam desviar a atenção para outro rumo, mudando de frequência de onda, a fim de que sejam cortados todos os liames que fazem prender a pessoas que lhe causaram dano.
Como não houve o entendimento com desfecho feliz naquela situação, ambos, o algoz e a vítima, permanecem interligados na mesma frequência de onda, um intercâmbio nefasto que permanece por um tempo que não acaba até que haja a reconciliação, isto num ambiente em que um deles não pode mais fazer o colapso da função de onda. O sofrimento irá minar suas forças, apresentando em aspectos horríveis.
O título da música sugere-nos que é tempo de pensar em mãos vazias de tudo que nos prende a amarras dilacerantes. Esquecer o que nos causou incômodo em momentos em que buscávamos melhor posição no meio social com nosso trabalho e estudos em andamento.
A carreira profissional é importante quando estamos na ativa, pensar nessa carreira, quando já aposentados, como algo que irá nos acrescentar, é perder tempo. No entanto, as lembranças amáveis são confortadoras.

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