Filme de gente
que vive da palavra, Terra das Sombras (Shadowlands – ano de 1993), dirigido
por Sir Richard Attenborough, narra o relacionamento do escritor C.S.Lewis
(Anthony Hopkins) e a poetisa Joy Gresham (Debra Winger) que começou, nos idos
de 1952, em Londres onde ele estava proferindo uma palestra e ela assistindo-o
na plateia. Na saída, ele lhe dirige a palavra: “não sabia que você estava
aqui, ela lhe respondeu: “eu estou aqui, Jack, presente e tensa”.
Lewis vive em saudável solteirice,
uma vida tranquila lecionando literatura inglesa no Magdalen College. Americana
divorciada, Joy está em Londres, acompanhada do filho Douglas (Joseph
Mazzello). Entre o professor e a americana surge uma bela amizade. O carinho e
o respeito estão presentes entre ambos.
Uma frase no filme, proferida pela
poetisa ao namorado, o célebre autor de As Crônicas de Nárnia, quando estava se
tratando de câncer ósseo, no leito do hospital, que nos chamou a atenção: “Por
que amar, se a perda machuca tanto? A dor de agora é parte da felicidade
futura”. O clima do romance estava em alto astral é tanto que houve o casamento
naquele recinto, numa cerimônia religiosa conduzida pelo Rev. Harrigton
(Michael Denison).
O que ela disse estava em sintonia
com o que ele escreveu: “Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e
certamente seu coração vai doer e talvez se partir.” [Os Quatro Amores – Clive
Staples Lewis].
Mesmo depois de casados, ambos
continuavam a viver separados, e se relacionavam como amigos e eventualmente
ela o procurava na casa dele. Esse viver em casas diferentes teve maior
repercussão com a iniciativa de Jean-Paul Sartre e Simone Beauvoir, casal que
vivia da palavra, exemplo seguido por milhões de casais no mundo inteiro, isto
violava o decoro da sociedade masculina britânica.
Aqui no Brasil, esse pensamento
encontrou guarida na música Oceano, de Djavan: “amar é um deserto e seus
temores, vida que vai na sela dessas dores não sabe voltar, me dá teu calor.”
Lá na frente da música, há algo positivo: “me esqueço que amar é quase uma
dor.” De nossa parte, apresentamos um caso semelhante, vivenciando a atmosfera
dos sonhos:
No dia 10 de maio de 2015, a sombra do sonho, em que ela
via anoitecer, amanhece dentro da madrugada risonha e feliz. Já não há silêncio
emudecido, há revelações dentro do silêncio, é que a minha presença junto a ela
era a realidade que buscamos, eu ela, dentro de nosso coração.
A revelação dela em poesia quando diz que, ao pensar em
mim, tudo fica inerente qualquer palavra que não seja amor, oferecendo-me o que
não existe preço no horizonte que se avizinha coberto de campos floridos,
imagens ideoplásticas que surgem dentro desse sonho, confirmando a poesia
sonhada e revelada.
A súplica dela era a minha súplica, pois eu estava lá,
bem perto dela, numa posição ajoelhada em que ficava em silêncio, tocando-lhe
as mãos, no mesmo instante em que ela, sentada no sofá, debruçou-se e encostou
o rosto em meu rosto, lado a lado e, quando nos viramos frente a frente, em que
iriam os lábios dela se encontrar aos meus, passos de gente assomaram a sala.
A poesia que estava em sua alma revelava uma súplica,
igual a minha. É que a nossa presença, no campo astral, revelava algo
imaginário e mágico para o mundo das aparências, e tão nítido dentro de nós que
não precisava de palavras para esclarecer.
Agora, estamos caminhando juntos com leveza, dentro do
sonho que é passado para o mundo tangível das formas físicas, isto sem precisar
nos conhecer pessoalmente mas que já trocamos idéias em amáveis
correspondências. A possibilidade do impossível aconteceu, reafirmando as
possibilidades quânticas comprovadas pela ciência.
Não há apoderamento nesta conquista mútua, os laços
comuns que envolvem o relacionamento estabelecido em vínculos tantalizantes não
nos dizem respeito, isto é pertinente aos casais que pensam que amar é sofrer.
É bom salientar o que se contém nas crônicas O CANTO DA SEREIA – 11 de janeiro
de 2014 e A MARCA DE TÂNTALO – 11 de maio de 2015 que aborda uma cena da novela
Babilônia, da TV Globo, uma televisão brasileira.
Os liames afetivos têm vínculo com outros planos mais
sutis, pois ninguém está nem esteve só: há amores do passado que nos acompanham
os passos, sem nenhuma marca do mito grego Tântalo, condenado a sofrer porque
roubou do Olímpio os manjares dos deuses. Isto se o relacionamento do passado
distante foi saudável no plano físico em que ambos vivenciaram o amor.
Naquele instante em que o beijo aflorava como flor
nascente, passos de gente interromperam nossos gestos. O que prevalece é a
nossa escolha pelo destino que começamos a fazer. O pensamento cria nossas
possibilidades, depois probabilidades de realização. A nossa realidade surge e
vive dentro de nós. Assim é o destino. [PÉGASO XX – 10 de maio de 2015 – blog
Fernando Pinheiro, escritor].
Retornando ao tema central que aborda
a temática do filme Terra das Sombras, com as melhoras da paciente Joy Gresham
(Debra Winger), o Dr. Craig (Peter Firth) autorizou-a a continuar o tratamento em
casa. O estado de saúde dela melhorou e ela pode fazer um passeio de carro com
o marido, em clima de namoro dos apaixonados, isto é o mínimo que se pode dizer
na compreensão humana, pois ambos já estavam vivenciando o clima dos amores
eternos, um romance celestial.
Sabemos que os filmes biográficos
sempre têm algo a desejar. Por isso, indagado por amigos sobre o filme, o Dr.
Bruce L. Edwards, Bowling Green State University, disse: “eu gostei muito, eu
só gostaria que tivesse sido sobre CS Lewis”. Um filme que pouco fala sobre a
influência da palavra cristã no relacionamento do casal é o mesmo que “falar
sobre Michael Jordan com pouca referência ao basquete”, concluiu ele. [Biblical
Horizons – março de 1994].
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