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domingo, 25 de setembro de 2016

PÉGASO (LX)

No mundo físico em que a realidade é sentida pelos cinco sentidos, o sonho, nas camadas do inconsciente, traz sempre uma relação do que estamos vivendo. Existe essa oportunidade de sentir a real necessidade em tudo que nos cerca e manter o ânimo firme em toda circunstância que nos chega como aprendizado e revelação.
A onça-bebê estava ao meu lado, enquanto a onça-mãe tinha saído para caçar. Sabia que a mãe tinha ciência de que eu estava perto da filha, através do colapso da função de onda que a filha fazia em permanente pensamento na mesma sintonia que a mantinha ligada à mãe.
Logicamente, a mãe sabia que a filha não corria perigo, senão interromperia a caça e viria protegê-la. Esta conexão também existe entre os humanos, desde que entre eles existam o mesmo modus operandi dos animais. A busca de caminhos diferentes do seu mundo interno não permite perceber essa conexão.
A onça-bebê veio a mim, buscando proteção e, ao mesmo tempo, brincar de criança, deixando a espontaneidade fluir, sem temores. Quanto a mim, educado numa cultura que prevê medidas de segurança, eu me afastei da onça-bebê, e ela se encaminhou em minha direção.
Não corri, fiquei parado para sentir o que estava havendo entre nós. Havia reciprocidade em doar-se, com maior intensidade nela e aceitei estar perto para apreciá-la melhor e me entregar pensando no doce enlevo que nos envolvia.
Olhei a onça-bebê, a senti como se fosse uma gatinha, uma dessas que enternecem os lares das mulheres que lhes dão assistência e proteção. Não há diferença no modo de ser entre uma onça e uma gatinha, são iguais em tudo. É o que senti dentro do sonho.
Ao amanhecer, alimentando os gatos do condomínio, veio em minha direção o vizinho que me perguntou sobre os gatos e ele se interessou, como veterinário, em castrar um dos gatos que maltratou a gatinha dele e eu aceitei a oferta e lhe disse que iria lhe pagar o serviço.
Ainda nessa conexão do sonho, à tarde, a TV-Globo passou o filme As Aventuras de Pi que, anteriormente, em 12/11/2015, fizemos um comentário a respeito. Vale transcrever a referida crônica:
As Aventuras de Pi, filme dirigido por Ang Lee, nos idos de 2012, é a respeito de uma família proprietária de um zoológico em Pondicherry, Índia, que resolve se mudar para o Canadá, embarcando num navio cargueiro que afundou. No elenco os atores Suraj Sharma (Pi), Irrfan Khan (Pi, adulto), Gita Patel (Tabu, mãe de Pi), Adil Hussain (Santosh, pai de Pi), Gérard Depardieu (o cozinheiro), entre outros. A música é de Mychael Danna.
Dentro de um barco salva-vida está um tigre de bengala que o jovem o chama de Richard Parker, nome que lembra um personagem do escritor Edgar Alan Poe, e numa pequena jangada destinada à pesca, o jovem Pi luta para se manter vivo nas mudanças de tempo em alto mar.
Entre ambos há uma relação de sobrevivência que, em algumas vezes, Pi se arrisca para dar assistência ao tigre que, com fome, se alimenta de peixe e água doce. Alguns peixes caem dentro da canoa e outros são pescados pelas mãos de Pi. Na comunicação, ele usa um apito para chamar a atenção do tigre. Com jeito e destreza, ele se aproxima do animal e ambos se tornam amigos.
Nos bastidores da gravação foi divulgado que apenas uma pequena parte da filmagem foi colocada a participação de um tigre, sendo que a maioria das cenas envolve efeitos especiais.  Na vida real, isto poderia acontecer, desde que Pi estivesse na mesma faixa de onda do tigre, esse companheirismo entre o ser humano e os animais selvagens ocorreu com São Francisco de Assis, um ser multidimensional.
Há uma cena em que Pi está na canoa e fica perto do tigre que, cansado de se movimentar diante da tempestade que passou, permite a aproximação dele como a identificar a frequência de onda em que ele está. Ele passa as mãos na cabeça do tigre que fica igual a um bebê, ambos sentindo-se bem, conforme já tínhamos observado, com outros animais, nas crônicas abaixo-mencionadas:
Os animais domésticos e aqueles que pertencem à selva, em todo o planeta Terra, têm uma participação muito importante no equilíbrio das espécies, atingindo todos os ecossistemas existentes, do mesmo modo que o reino vegetal também participa desse equilíbrio sustentável na alimentação dos seres viventes. (...)  
Os animais vieram ao mundo para nos possibilitar a ascensão a uma consciência planetária de melhor qualidade de vida. Vejam que eles têm ternura, carinho, meiguice, esses encantos em que se destacam mais na presença feminina. [DEFESA DOS ANIMAIS – 01/10/2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Montar a cavalo, tocar a mão no pelo dos animais, inclusive cães e gatos, possibilita a absorção de energias salutares que beneficiam, em grande escala, os seres humanos, fazendo aumentar a imunidade e a diminuir a ansiedade ou estresse e a baixar a pressão sanguínea, resultados benéficos na recuperação de pacientes e contentamento para os donos. [TERAPIA DOS ANIMAIS – 8/10/2013 – blog Fernando Pinheiro escritor].
O olhar de cavalo, por ter o sentido gregário que se expressa num bando de cavalos, é de comunicação e de receptividade. Ao invés de se reunir em bares e salões de festa onde é servido bebida alcoólica, se as pessoas fossem visitar as haras, certamente teriam muito mais a lucrar.
Uma dessas visitas que fiz a haras de criação de cavalos, tive a satisfação de presenciar a ternura nos olhos de um cavalo que, ao me ver, se levantou da clareira onde estava deitado e veio me cumprimentar. O olhar de ternura não envolve sexualidade, embora a ternura seja mais demonstrada pelas mulheres.
Em outra visita a outra hara, um cavalo de raça árabe, aproximou-se de mim, levantou a cabeça como sinal de comunicação, numa linguagem não verbal, assim como o maestro se comunica com a orquestra mediante a batuta, e expressou uma linguagem cavalar que buscamos entender. [ESSES OLHARES – 06 de setembro de 2015].
Quando a canoa à deriva da corrente marítima chegou a uma ilha, Pi atracou-a e saiu à busca de alimentos, o tigre quando acordou pulou da canoa e se encaminhou pela mata. Tudo na ilha era carnívoro, as plantas, as águas que tinham um sabor durante o dia e à noite tinha outro não salutar. O tigre percebeu isto e voltou à canoa, Pi também.
Quando a canoa chegou em outro lugar, o tigre saltou em direção da mata, reconhecendo o seu habitat. Pi chamou-o três vezes, Richard Park, mas o tigre não olhou para trás. O olhar de Pi era apenas de saudade do amigo que partira para viver melhor. Era o destino dele. O destino de Pi foi encontrar o lar com a esposa e filhos.

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