A canção na voz
do cantor Altemar Dutra, a que assistimos pela última vez na AABB – Lagoa, na
cidade do Rio de Janeiro, define o que é ser vagabundo. Em qualquer outra
definição, iríamos olhar para o abismo, atentando para a explanação de
Nietzsche: "se olhares demoradamente para dentro do abismo, o abismo
olhará para dentro de ti”.
A
competitividade, imposta pelo paradigma da sociedade do cansaço, “society of
tiredness”, no dizer do filósofo sul-coreano Byung-ChulHan, professor da
Universität der Künste, Berlin, Alemanha, autor de 16 livros, entre os quais
destacamos Fatigue Society (DieMüdigkeitsgesellschaft), obriga o indivíduo a
estar sempre alerta contra a ameaça em sua carreira ou estilo de vida, isto aos
poucos vai lhe tornando exausto.
Dentro dessa
mesma competitividade, na apreciação de Zygmunt Bauman, professor emérito de
Sociologia das universidades de Leeds (Inglaterra) e Varsóvia (Polônia),
aqueles que não seguem o paradigma ficam excluídos. Nesse contexto, o indivíduo
busca comprar a saúde fora dele mesmo, como se a medicina fosse fazer o papel
que a ele competiria fazer.
Em nossa
crônica COMPETITIVIDADE (II), blog Fernando Pinheiro, escritor – 20 de outubro
de 2014, vale salientar a abordagem do assunto no âmbito de empresas, nos três
parágrafos, a seguir:
A pressão para
cumprir metas criou-se um clima paranoico quando não há comunicação nas
empresas, estimula-se o medo como forma para manter o poder de quem comanda,
isto vem das esferas superiores onde a política e os aparelhos de aplicação
desse poder é manifestado.
Como forma de
aceitação dessa política empresarial são apresentados em casos isolados os
bodes expiatórios que justifiquem a postura de seus agentes ou capitães do mato
que não aceitam o trabalho fora dos caprichos ou gostos sádicos de seus chefes.
A figura jurídica criada chama-se assédio moral onde são envolvidas ações na
área trabalhista contra as empresas.
Se a ordem que
vem de cima é para perseguir e descartar toda manifestação contrária ao comando
de cima, isto acontece tanto nos regimes totalitários como democratas, vem
recrudescendo, atualmente com maior vigor, nas empresas que não seguem a
finalidade para a qual foram criadas, assim como as leis não cumpridas ou
desvirtuadas de seus propósitos originais.
Para fugir
dessa densa consciência planetária, onde a competitividade está inerente em
todos os lugares e épocas, desde os eóns dos tempos, as leis trabalhistas
criaram na Alemanha nos idos de 1889 (governo do chanceler Bismark) a
aposentadoria.
Antes mesmo
que surgissem as leis que iriam proteger o trabalhador brasileiro emanadas no
Governo de Getúlio Vargas, o Banco do Brasil, em 29/4/1913, já se antecipava,
criando condições favoráveis ao funcionalismo [PACHECO, 1979]:
a) o direito a
aposentadoria era concedido ao empregado que contar com mais de 30 anos de
serviço efetivo, e provar invalidez, com todos os vencimentos do cargo
exercido:
b) por
iniciativa da Empresa ou do empregado que tenha mais de 10 anos de serviço
efetivo, a aposentadoria por invalidez era concedida mediante atestado de uma
junta médica que o considere inválido. - In HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de
Fernando Pinheiro, obra disponibilizada ao público na internet - site
www.fernandopinheirobb.com.br
Há 2.000 anos,
a Terra conheceu em corpo físico a luz que veio especialmente para libertá-la,
pois não há liberdade sem libertação, a luz não luta nem compete, apenas tem o
direito de se manifestar. Pensando em competitividade, o rei Pilatos lavou as
mãos, não atendendo à esposa Cláudia Prócula que vira, em sonhos, o sangue do
justo ser derramado.
Com manchetes
mundiais, enquanto milhões ridiculizaram a atitude da famosa Kim Kardashian,
atriz e socialite norte-americana, pela exibição das ancas de lua na revista
Paper, outros milhões de pessoas queriam saber o segredo da beleza da Kim em
manter a forma física aos 34 anos de idade. O que nos encantou na foto foi a
cintura fina da Kim. A resposta revelada aos leitores foi o brilho dourado e a
espreguiçadeira que a faz parecer mais magra [Daily Mail – Nov 15th 2014,
jornal britânico].
A cadeira
espreguiçadeira não tem nada a haver com o sentido vagabundo da canção em que a
mulher pretendida chama o pretendente por dificultar-lhe a aproximação no
namoro. Ele não está ligado a elucubrações de onde ele vem e nem para onde vai,
ele só quer mesmo são os lindos olhos da mulher amada tão cheios de amor.
A cadeira
espreguiçadeira de Kim, que todos nós gostaríamos de ter, não deve ser muito
cara, mesmo assim está fora de alcance das mãos de 2 bilhões, do total de 7,3
bilhões de habitantes do planeta Terra, atualmente, ganham trabalhando, cada
um, apenas 2 dólares por dia (R$ 4,86 ou £ 1,24). A espreguiçadeira pode ser
utilizada em casa, no hotel, na praia ou em outro lugar onde haja o desfrutar
dos momentos de lazer e diversão.
Uma vez
reencontramos o nosso cunhado, Dr. Ibraim Almeida, acompanhado de sua esposa,
na cidade do Rio de Janeiro, que estava com um livro escrito em espanhol, e nos
disse: “Nando, estou tentando ser vagabundo”. Como ser vagabundo dentro de um
Congresso de Médicos, em que ele fora convidado, só porque estava longe do seu
consultório médico ou da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Maranhão onde ministrava aulas.
Portanto, quem
estiver participando de algum congresso ou em gozo de férias ou, ainda, em
lua-de-mel, não pense em competitividade, desfrute com deleite e, se houver
alguma cadeira espreguiçadeira no hotel ou na casa de campo ou de praia, pode
descansar pensando na canção: “o Sol brilha no infinito e aquece o mundo
aflito. Vagabundo é o próprio mundo que vai girando no céu azul”.
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