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sábado, 15 de novembro de 2014

O VAGABUNDO

A canção na voz do cantor Altemar Dutra, a que assistimos pela última vez na AABB – Lagoa, na cidade do Rio de Janeiro, define o que é ser vagabundo. Em qualquer outra definição, iríamos olhar para o abismo, atentando para a explanação de Nietzsche: "se olhares demoradamente para dentro do abismo, o abismo olhará para dentro de ti”.
A competitividade, imposta pelo paradigma da sociedade do cansaço, “society of tiredness”, no dizer do filósofo sul-coreano Byung-ChulHan, professor da Universität der Künste, Berlin, Alemanha, autor de 16 livros, entre os quais destacamos Fatigue Society (DieMüdigkeitsgesellschaft), obriga o indivíduo a estar sempre alerta contra a ameaça em sua carreira ou estilo de vida, isto aos poucos vai lhe tornando exausto.
Dentro dessa mesma competitividade, na apreciação de Zygmunt Bauman, professor emérito de Sociologia das universidades de Leeds (Inglaterra) e Varsóvia (Polônia), aqueles que não seguem o paradigma ficam excluídos. Nesse contexto, o indivíduo busca comprar a saúde fora dele mesmo, como se a medicina fosse fazer o papel que a ele competiria fazer.
Em nossa crônica COMPETITIVIDADE (II), blog Fernando Pinheiro, escritor – 20 de outubro de 2014, vale salientar a abordagem do assunto no âmbito de empresas, nos três parágrafos, a seguir:
A pressão para cumprir metas criou-se um clima paranoico quando não há comunicação nas empresas, estimula-se o medo como forma para manter o poder de quem comanda, isto vem das esferas superiores onde a política e os aparelhos de aplicação desse poder é manifestado.
Como forma de aceitação dessa política empresarial são apresentados em casos isolados os bodes expiatórios que justifiquem a postura de seus agentes ou capitães do mato que não aceitam o trabalho fora dos caprichos ou gostos sádicos de seus chefes. A figura jurídica criada chama-se assédio moral onde são envolvidas ações na área trabalhista contra as empresas.
Se a ordem que vem de cima é para perseguir e descartar toda manifestação contrária ao comando de cima, isto acontece tanto nos regimes totalitários como democratas, vem recrudescendo, atualmente com maior vigor, nas empresas que não seguem a finalidade para a qual foram criadas, assim como as leis não cumpridas ou desvirtuadas de seus propósitos originais.
Para fugir dessa densa consciência planetária, onde a competitividade está inerente em todos os lugares e épocas, desde os eóns dos tempos, as leis trabalhistas criaram na Alemanha nos idos de 1889 (governo do chanceler Bismark) a aposentadoria.
Antes mesmo que surgissem as leis que iriam proteger o trabalhador brasileiro emanadas no Governo de Getúlio Vargas, o Banco do Brasil, em 29/4/1913, já se antecipava, criando condições favoráveis ao funcionalismo [PACHECO, 1979]:
a) o direito a aposentadoria era concedido ao empregado que contar com mais de 30 anos de serviço efetivo, e provar invalidez, com todos os vencimentos do cargo exercido:
b) por iniciativa da Empresa ou do empregado que tenha mais de 10 anos de serviço efetivo, a aposentadoria por invalidez era concedida mediante atestado de uma junta médica que o considere inválido. - In HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro, obra disponibilizada ao público na internet - site www.fernandopinheirobb.com.br
Há 2.000 anos, a Terra conheceu em corpo físico a luz que veio especialmente para libertá-la, pois não há liberdade sem libertação, a luz não luta nem compete, apenas tem o direito de se manifestar. Pensando em competitividade, o rei Pilatos lavou as mãos, não atendendo à esposa Cláudia Prócula que vira, em sonhos, o sangue do justo ser derramado.  
Com manchetes mundiais, enquanto milhões ridiculizaram a atitude da famosa Kim Kardashian, atriz e socialite norte-americana, pela exibição das ancas de lua na revista Paper, outros milhões de pessoas queriam saber o segredo da beleza da Kim em manter a forma física aos 34 anos de idade. O que nos encantou na foto foi a cintura fina da Kim. A resposta revelada aos leitores foi o brilho dourado e a espreguiçadeira que a faz parecer mais magra [Daily Mail – Nov 15th 2014, jornal britânico].
A cadeira espreguiçadeira não tem nada a haver com o sentido vagabundo da canção em que a mulher pretendida chama o pretendente por dificultar-lhe a aproximação no namoro. Ele não está ligado a elucubrações de onde ele vem e nem para onde vai, ele só quer mesmo são os lindos olhos da mulher amada tão cheios de amor.
A cadeira espreguiçadeira de Kim, que todos nós gostaríamos de ter, não deve ser muito cara, mesmo assim está fora de alcance das mãos de 2 bilhões, do total de 7,3 bilhões de habitantes do planeta Terra, atualmente, ganham trabalhando, cada um, apenas 2 dólares por dia (R$ 4,86 ou £ 1,24). A espreguiçadeira pode ser utilizada em casa, no hotel, na praia ou em outro lugar onde haja o desfrutar dos momentos de lazer e diversão.
Uma vez reencontramos o nosso cunhado, Dr. Ibraim Almeida, acompanhado de sua esposa, na cidade do Rio de Janeiro, que estava com um livro escrito em espanhol, e nos disse: “Nando, estou tentando ser vagabundo”. Como ser vagabundo dentro de um Congresso de Médicos, em que ele fora convidado, só porque estava longe do seu consultório médico ou da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão onde ministrava aulas.
Portanto, quem estiver participando de algum congresso ou em gozo de férias ou, ainda, em lua-de-mel, não pense em competitividade, desfrute com deleite e, se houver alguma cadeira espreguiçadeira no hotel ou na casa de campo ou de praia, pode descansar pensando na canção: “o Sol brilha no infinito e aquece o mundo aflito. Vagabundo é o próprio mundo que vai girando no céu azul”.

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