Ambientado em
Reno, Nevada, EE.UU., o filme americano The
Misfis, drama de 1961, dirigido por John Huston, recebeu a versão para o
português, aqui no Brasil, Os Desajustados, tem uma cena em que aparece Roslyn
Taber, na pele da atriz Marilyn Monroe, dando uma volta na pista de dança do
saloon com o cowboy Perce que usava uma camisa rasgada e com a cabeça enfaixada
de gases, papel do ator Montgomery Clift.
Na dança surge
um diálogo entre os dois, iniciado por Roslyn que descobre que a ex-mulher do
cowboy morrera sem saber dançar e indaga-lhe porque não a ensinou? Ele
responde-lhe que não estava disposto a falar sobre a falecida.
Ela pediu a ele
não ficar zangado e concluiu o diálogo dizendo que se a amasse deveria ter-lhe
ensinado a dançar, “porque todos nós, maridos e esposas, estamos morrendo a
cada minuto e não estamos ensinando uns aos outros o que sabemos.”
Quando estavam
sendo realizadas as gravações, a atriz Marilyn Monroe estava de divorciando do
escritor Arthur Miller, roteirista do filme. O papel dela era de uma
recém-divorciada, tal na vida real.
Segundo
pesquisas do psicólogo Robert Epstein, diretor do Centro Cambridge de Estudos
do Comportamento, cerca de 10 a 20% dos casais americanos, equivalentes a 40
milhões de pessoas, não têm relação sexual [El Pais – 19 nov. 2014].
Em 5
parágrafos da crônica ANÉIS SOLTOS NOS DEDOS – blog Fernando Pinheiro, escritor
– 29 de março de 2014, abordamos a dificuldade dos casais em se manter unidos
numa convivência familiar, a seguir:
No Princípio
da Incerteza, de Heisenberg, há restrições à precisão em medidas simultâneas,
pois não pode haver a posição da partícula e a velocidade ao mesmo tempo, esse
princípio está imantado não apenas no mapeamento das partículas elementares do
átomo, como também entre duas pessoas em convivência amorosa, pois todos nós
somos constituídos de átomos.
O Princípio da
Incerteza, de Heisenberg, está presente em todos os relacionamentos difíceis da
atualidade e isto evidencia a complicação, a dificuldade dos casais em se
manter unidos. A elucidação do Prof. Hélio Couto é oportuna: “você tem a
posição diferente do momentum, isto é, uma pessoa está na posição e a outra está
no momentum, ela tem velocidade.”
Quando se
inicia a aproximação, uma delas está parada porque está receptiva ao encontro,
a outra tem momentum e prossegue em velocidade. A que está parada é mais
romântica, sonhadora e até desligada dos problemas materiais que é importante
na discussão dos casais, afinal não há almoço grátis.
Há mais ou
menos uma afinidade pelo interesse da atração, geralmente é sexo, dinheiro,
prestígio, estabilidade, e assim não há muitos questionamentos a serem
debatidos nos primeiros encontros que buscam uma lua-de-mel. Se procurar a
lua-de-mel com brigas e desavenças, assim não vai dar certo.
No decorrer do
relacionamento são mostradas as mangas da camisa e fica evidente o Princípio da
Incerteza, de Heinsenberg, quando se trata de a posição e o momentum
diferenciados, isto é mais acentuado quando há divergência de paradigmas.
No filme Os
Desajustados, a mulher recém-divorciada não se interessa pelos cowboys porque
eles estavam laçando os cavalos que iriam ser conduzidos ao matadouro para
serem abatidos e transformados em ração de cães e gatos. No entanto, eles acham
isso normal.
Não estar
ensinando uns aos outros, maridos e esposas, o que sabemos, revelada pela
personagem Rosly, implica necessariamente saber se a pessoa que desejamos ensinar
está disposta a nos ouvir. Caso contrário, isto pode virar uma violação, o que
é contrário ao estilo de vida em mansuetude.
Quem são os
desajustados: os cowboys que abateram os cavalos para o matadouro ou a Rosly
que não se conformou com a atitude deles?
Nos idos 71
a.C., 6.472 escravos, remanescentes do grupo de Spartacus que liderou uma
revolta, foram crucificados ao longo da via Ápia, em Roma, num mesmo dia, tudo
isto porque eles buscavam ser livres [NUDEZ VIOLENTADA – 6 de maio de 2014 –
blog Fernando Pinheiro, escritor]. Quem são os desajustados, os que permanecem
no paradigma ou aqueles que buscam a liberdade?
Como não
criticamos nada e nem criticamos ninguém, restringimo-nos a dizer, reiterando o
que se contém no parágrafo inicial, que os desajustados é o nome que recebeu,
no Brasil, a versão do filme americano intitulado The Misfis.
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