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segunda-feira, 18 de julho de 2016

PARSIFAL


Com estreia em 26 de julho de 1882, no Festival de Bayreuth, sob a regência de Hermann Levi, a ópera Parsifal, do compositor alemão Richard Wagner, alcançou pleno sucesso e, saindo da Alemanha, é apresentada, em forma de concerto, em 24 de dezembro de 1903, no Metropolitan Opera House.

Depois de conquistar os teatros do mundo inteiro, o drama lírico voltou, mais uma vez, ao Metropolitan para ser apresentado no dia 7 de abril de 2001, tendo a participação do tenor Plácido Domingo, no papel-título.  

No elenco os personagens: Parsifal, Titurel, antigo rei do Graal, Amfortas, filho de Titurel, rei do Graal, Guernemaz, cavaleiro do Graal, Klingsor, o feiticeiro, Kundry, e ainda: cavaleiros do Graal, moças-flores de Klingor, escudeiros.

O enredo musical revela a lenda do Santo Graal: 2 objetos preciosos, uma lança que feriu mortalmente Jesus e o cálice utilizado na ceia, guardados no Castelo de Monsalvat, na Espanha, onde vivia uma comunidade de veneráveis cavaleiros, os senhores da arte real.

Impedido de participar da Ordem do Santo Graal, o feiticeiro Klingsor arma vingança contra a Ordem, ao montar um jardim frequentado por encantadoras mulheres que foram enfeitiçadas com o propósito de seduzir os cavaleiros do Graal. Com a lança divina, Amfortas resolve limpar o ar pestilencial que contaminou o jardim. Kundry, uma das moças-flores, conseguiu enganá-lo. Surge o feiticeiro, toma-lhe a arma e desfere-lhe um golpe mortal.

No primeiro ato, o prelúdio cria a atmosfera mística do Graal. O cenário é uma clareira na floresta. Amfortas é carregado numa liteira, acompanhado por diversos companheiros. Com os cabelos anelados soltos, trajando vestido arregaçado, Kundry aparece trazendo um frasco de bálsamo. Guernemanz, cavaleiro da Ordem, conhecedor do poder curativo das plantas, recebe o frasco e o entrega a Amfortas que agradece e vai para o banho. Guernemanz esclarece o episódio que envolveu o homem ferido e a mulher sedutora sente-se arrependida.

Uma flecha risca o espaço e alcança um cisne que cai no lago. Em volta o atirador, um jovem empunhando o arco, é Parsifal. Ele se aproxima e conta a todos sua vida nas florestas. Gurnemanz canta uma comovente moliana sobre o erro de matar animais. O rapaz arrependido quebra o arco e flechas.  

Os cavaleiros do Graal se reúnem num salão para o banquete. Carregado na liteira, chega Amfortas. Em seguida é ouvida com atenção a preleção de Titurel que finaliza pedindo que se descubra o Graal. Nesse instante, diante da taça descoberta, Amfortas, numa situação de dor, faz uma prece em que coloca toda a sua alma e, num momento de enlevo espiritual, uma luz ilumina o cálice sagrado. Perguntado se compreendera o acontecimento, Parsifal disse não. Uma voz de contralto entoa a ária Tolo Inocente. Outras vozes cantam o tema do Graal, sucedidas pelo som de sinos. A cena se encerra numa beleza mística.

No segundo ato, o cenário desdobra os domínios do feiticeiro Klingsor, a torre e os jardins. Ecoam cânticos das moças-flores que atraem o novo visitante, Parsifal. Ele é seduzido por Kundry que o beija ardilmente, no beijo Parsifal compreende a sua missão e se afasta da armadilha.

Surge Klingsor atirando-lhe a lança. A arma é agarrada pelas mãos de Parsifal que anuncia o fim dos poderes malévolos do feiticeiro.  Com o sinal da cruz, ele faz implodir o castelo, os jardins fenecem e se transformam em deserto. Com olhar demorado, a mulher sedutora vê a retirada de Parsifal.

No terceiro ato, a cena se passa numa região próxima ao Castelo dos Cavaleiros do Graal. Corre o tempo. Muito mais tarde, Guernemanz está idoso e, num belo dia, ao despertar de um tranquilo sono, ouve um som de gemido. Levanta-se, sai caminhando e encontra Kundry. Aparece Parsifal, trajando uma armadura, tira o capacete, baixa a lança, se ajoelha e faz uma oração. Depois, levanta-se devagar, espraie o olhar em volta, reconhece Gurnemanz e o saúda.

Nesse instante, a orquestra apresenta o conhecido movimento em que se desdobra o Encantamento e Paz da Sexta-Feira Santa e surge o corpo de Titurel, recém-falecido, erguido num cortejo solene. Amfortas, em pé, suplica aos Cavaleiros da Ordem a cura de seus ferimentos.

Nesse instante, entra Parsifal e coloca a ponta da lança sagrada na perna machucada do paciente e ordena-lhe a cura e, em seguida, ergue o cálice, numa prece. Uma luz se derrama sobre o Graal. Em seguida, num clima de gratidão, Parsifal é reverenciado por Amfortas e seus confrades, enquanto a música evoca um trecho místico de fé.

No campo espiritual, a ópera Parsifal, de Richard Wagner, evocando o Santo Graal, traz uma mensagem de transformação pela fé e pela oração.                              

Finalizando nosso comentário a respeito das cenas líricas de 3 óperas (Navio Fantasma, Tannhäuser e Parsifal), queremos ressaltar que Wagner viaja pelos continentes e, não obstante a presença de inúmeros compositores alemães de grande prestígio internacional, a música wagneriana representa  um símbolo da República da Alemanha. 

BIBLIOGRAFIA

WAGNER – A ÓPERA DO FUTURO (Apostila de Curso de Música), de Victor Giudice (1934/1997), membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, sob a presidência do escritor Fernando Pinheiro.

JORNAL DO BRASIL – Caderno B – 20 de junho de 2001 – Matar a sede de Wagner, por Clóvis Marques.
 
                     www.fernandopinheirobb.com.br

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