O Navio
Fantasma, de Richard Wagner, ópera escrita em 3 atos, subiu ao palco, pela
primeira vez, em 2 de janeiro de 1843, em Dresden, Alemanha, com libreto e
direção do compositor. A cena se desenvolve na Noruega, no século 18.
No primeiro ato surge uma tempestade no mar,
arremessado por ondas violentas, o navio é obrigado a ancorar, perto de uma
praia. Depois, o tempo se acalma. Todos vão dormir. O timoneiro, o único
vigilante, canta uma pequena canção de amor: “Como trovão e tormenta, de mares
distantes, menina eu chego a ti! Se faltasse, menina, o vento sul, jamais eu
voltaria a ti.”
Dentro de um denso nevoeiro, aproxima-se uma
embarcação: é “o navio fantasma” comandado pelo holandês errante. Daland conhece
a lenda nórdica: “a sina de um navegador obrigado a navegar a esmo pelos mares
do mundo, com direito a ancorar uma vez, apenas de 7 em 7 anos, em algum porto,
até que encontre o amor eterno”.
Nessa aproximação amistosa, Daland retira-se da
embarcação e segue em direção de sua casa, acompanhado de Vanderdecken. O pai,
pressentindo que sua filha, um dia, encontrará um grande amor, resolve
apresentá-lo.
No segundo ato, uma grande sala numa casa, um
grupo de mulheres está trabalhando e, ao mesmo tempo, entoa o Coro das
fiandeiras. A filha de Daland está silenciosa na sala, olhando o retrato na
parede que representa o holandês errante e fica estática, mergulhada em
pensamentos íntimos, insondáveis. Mary, a governanta, tenta desviá-la do olhar
parado na pintura, argumentando presságios. Ela não se intimida e canta a
famosa Balada do Navegador Errante.
Ao ouvi-la mencionar o pressentimento de salvar o
holandês errante, Erik, o caçador, revela que teve um sonho em que apareceu o capitão Dalante em companhia de um
estranho, o mesmo do quadro, e retira-se diante do interesse da amada pela
revelação. Aparecem Daland e o navegador errante. Sentindo o amor à primeira
vista invadir-lhe a alma, Senta concorda com o acordo feito entre seu pai e o
recém-chegado, jurando-lhe amor eterno. É anunciado o noivado.
No terceiro ato, a música desdobra o motivo de
Êxtase de Senta e um fraseado da baleada seguido da Canção dos Marinheiros. No
cais, a tripulação do capitão Daland se diverte, cantando e dançando. O
silêncio reina no navio fantasma. Erik, com ciúmes, fala com a noiva que o
rejeitou, criticando-lhe a atitude.
O navegante errante, vendo os dois conversando,
pensa que ela lhe fora infiel, se despede de todos, e segue em rumo ao porto.
De velas enfunadas, o navio, conduzindo o capitão holandês, desaparece no
horizonte. Em desespero, Senta do alto de um rochedo se atira ao mar,
jurando-lhe amor eterno. Ele caminha pelo convés do seu navio, depois cai
morto.
Na partitura original, está escrito o seguinte
programa teatral: “À luz do sol poente, as formas glorificadas do holandês e de
Senta erguem-se por sobre o naufrágio, abraçadas uma à outra, elevando-se para
o alto”.
O retrato na parede, demonstrado na terceira cena,
é um referencial que merece apreciação, daí o valor transcendente da galeria de
patronos, presidentes que enriquecem as instituições, entidades que promovem a
preservação da memória, assim como mantemos álbum de família, onde as
recordações dos amores se fazem presentes.
O tema amor e morte domina todo o enredo. O
encontro dos amores ressalta ainda mais o destino porque tínhamos visto nuvens
e tempestades, em alto mar, dificultando a jornada dos navegantes e, em terra,
o compromisso da mulher com o jovem caçador ser desmanchado num toque de
mágica.
O engano das aparências dificultam a caminhada dos
amores, mesmo na morte, o amor ressurge, como naquele momento, à primeira
vista. Na morte a transcendência resplandece o amor.
Por analogia, no balé Lago dos Cisnes, de
Tchaikovsky, apresentado pelo American Ballet Theater, sob a direção de Matthew
Diamond, diretor teatral, e de Ormsby Wilkins, regente do Kennedy Center Opera
House Orchestra, nos idos de 2005, mostra o bailarino Issac Stappas,
interpretando o mago do mal, perdendo os poderes e desfalece, Gillian Murphy,
no papel duplo de Odette/Odile, corre em direção do lago e dá um mergulho, a
morte do cisne, seguido por Angel Corella (Prince Siegfried). O grupo de
bailarinas dançam em conjunto. No final espetacular, ao nascer do dia, o casal
Odette e Siegfried, reaparece vivo, no alto, redivivo nesse amanhecer.
3º Ato – ao lado do lago – Odette sente-se triste
pela rejeição do príncipe, mas mesmo assim dança para aliviar as dores. O
príncipe percebe que foi enganado pelo mago, vai à procura de Odette e ela fica
feliz. Vendo o casal dançar, o mago tenta matá-la. O príncipe parte pra cima
dele e arranca-lhe uma das asas, eliminando-lhe as forças. [LAGO DOS CISNES –
25 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Novamente surge o principal tema musical, de
encantadora beleza. Odette fica abatida no chão, sentindo os efeitos do
feitiço, mas é socorrida pelo príncipe que a levanta e a faz sentir feliz ao
lado dele, no final que termina ambos abraçados, em doce enlevo. [LAGO DOS CISNES – 25 de maio de 2016 – blog
Fernando Pinheiro, escritor].
No elenco da ópera O Navio Fantasma, de Wagner, os
seguintes personagens: Vanderdecken, o navegador errante holandês; Daland,
capitão norueguês; Senta, filha de Daland; Mary, governanta de Senta; Eric,
caçador, noivo de Senta; e o timoneiro de Daland.
BIBLIOGRAFIA
WAGNER – A ÓPERA DO FUTURO (Apostila de Curso de
Música), de Victor Giudice (1934/1997), membro da Academia de Letras dos
Funcionários do Banco do Brasil, sob a presidência do escritor Fernando
Pinheiro.
JORNAL DO BRASIL – Caderno B – 20 de junho de 2001
– Matar a sede de Wagner, por Clóvis Marques.
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