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sábado, 16 de julho de 2016

O NAVIO FANTASMA


O Navio Fantasma, de Richard Wagner, ópera escrita em 3 atos, subiu ao palco, pela primeira vez, em 2 de janeiro de 1843, em Dresden, Alemanha, com libreto e direção do compositor. A cena se desenvolve na Noruega, no século 18.

No primeiro ato surge uma tempestade no mar, arremessado por ondas violentas, o navio é obrigado a ancorar, perto de uma praia. Depois, o tempo se acalma. Todos vão dormir. O timoneiro, o único vigilante, canta uma pequena canção de amor: “Como trovão e tormenta, de mares distantes, menina eu chego a ti! Se faltasse, menina, o vento sul, jamais eu voltaria a ti.” 

Dentro de um denso nevoeiro, aproxima-se uma embarcação: é “o navio fantasma” comandado pelo holandês errante. Daland conhece a lenda nórdica: “a sina de um navegador obrigado a navegar a esmo pelos mares do mundo, com direito a ancorar uma vez, apenas de 7 em 7 anos, em algum porto, até que encontre o amor eterno”.

Nessa aproximação amistosa, Daland retira-se da embarcação e segue em direção de sua casa, acompanhado de Vanderdecken. O pai, pressentindo que sua filha, um dia, encontrará um grande amor, resolve apresentá-lo.

No segundo ato, uma grande sala numa casa, um grupo de mulheres está trabalhando e, ao mesmo tempo, entoa o Coro das fiandeiras. A filha de Daland está silenciosa na sala, olhando o retrato na parede que representa o holandês errante e fica estática, mergulhada em pensamentos íntimos, insondáveis. Mary, a governanta, tenta desviá-la do olhar parado na pintura, argumentando presságios. Ela não se intimida e canta a famosa Balada do Navegador Errante.  

Ao ouvi-la mencionar o pressentimento de salvar o holandês errante, Erik, o caçador, revela que teve um sonho em que  apareceu o capitão Dalante em companhia de um estranho, o mesmo do quadro, e retira-se diante do interesse da amada pela revelação. Aparecem Daland e o navegador errante. Sentindo o amor à primeira vista invadir-lhe a alma, Senta concorda com o acordo feito entre seu pai e o recém-chegado, jurando-lhe amor eterno. É anunciado o noivado.

No terceiro ato, a música desdobra o motivo de Êxtase de Senta e um fraseado da baleada seguido da Canção dos Marinheiros. No cais, a tripulação do capitão Daland se diverte, cantando e dançando. O silêncio reina no navio fantasma. Erik, com ciúmes, fala com a noiva que o rejeitou, criticando-lhe a atitude.

O navegante errante, vendo os dois conversando, pensa que ela lhe fora infiel, se despede de todos, e segue em rumo ao porto. De velas enfunadas, o navio, conduzindo o capitão holandês, desaparece no horizonte. Em desespero, Senta do alto de um rochedo se atira ao mar, jurando-lhe amor eterno. Ele caminha pelo convés do seu navio, depois cai morto.

Na partitura original, está escrito o seguinte programa teatral: “À luz do sol poente, as formas glorificadas do holandês e de Senta erguem-se por sobre o naufrágio, abraçadas uma à outra, elevando-se para o alto”. 

O retrato na parede, demonstrado na terceira cena, é um referencial que merece apreciação, daí o valor transcendente da galeria de patronos, presidentes que enriquecem as instituições, entidades que promovem a preservação da memória, assim como mantemos álbum de família, onde as recordações dos amores se fazem presentes.

O tema amor e morte domina todo o enredo. O encontro dos amores ressalta ainda mais o destino porque tínhamos visto nuvens e tempestades, em alto mar, dificultando a jornada dos navegantes e, em terra, o compromisso da mulher com o jovem caçador ser desmanchado num toque de mágica.

O engano das aparências dificultam a caminhada dos amores, mesmo na morte, o amor ressurge, como naquele momento, à primeira vista. Na morte a transcendência resplandece o amor.

Por analogia, no balé Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, apresentado pelo American Ballet Theater, sob a direção de Matthew Diamond, diretor teatral, e de Ormsby Wilkins, regente do Kennedy Center Opera House Orchestra, nos idos de 2005, mostra o bailarino Issac Stappas, interpretando o mago do mal, perdendo os poderes e desfalece, Gillian Murphy, no papel duplo de Odette/Odile, corre em direção do lago e dá um mergulho, a morte do cisne, seguido por Angel Corella (Prince Siegfried). O grupo de bailarinas dançam em conjunto. No final espetacular, ao nascer do dia, o casal Odette e Siegfried, reaparece vivo, no alto, redivivo nesse amanhecer.

3º Ato – ao lado do lago – Odette sente-se triste pela rejeição do príncipe, mas mesmo assim dança para aliviar as dores. O príncipe percebe que foi enganado pelo mago, vai à procura de Odette e ela fica feliz. Vendo o casal dançar, o mago tenta matá-la. O príncipe parte pra cima dele e arranca-lhe uma das asas, eliminando-lhe as forças. [LAGO DOS CISNES – 25 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor]. 

Novamente surge o principal tema musical, de encantadora beleza. Odette fica abatida no chão, sentindo os efeitos do feitiço, mas é socorrida pelo príncipe que a levanta e a faz sentir feliz ao lado dele, no final que termina ambos abraçados, em doce enlevo.  [LAGO DOS CISNES – 25 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].

No elenco da ópera O Navio Fantasma, de Wagner, os seguintes personagens: Vanderdecken, o navegador errante holandês; Daland, capitão norueguês; Senta, filha de Daland; Mary, governanta de Senta; Eric, caçador, noivo de Senta; e o timoneiro de Daland.

BIBLIOGRAFIA

WAGNER – A ÓPERA DO FUTURO (Apostila de Curso de Música), de Victor Giudice (1934/1997), membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, sob a presidência do escritor Fernando Pinheiro.

JORNAL DO BRASIL – Caderno B – 20 de junho de 2001 – Matar a sede de Wagner, por Clóvis Marques. 

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