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terça-feira, 26 de julho de 2016

LEMBRANÇAS AMÁVEIS (IV)

Com a expansão do Banco do Brasil, além da linha do equador, incrementaram as exportações de bens e serviços, gerando divisas para o País e, em consequência, os funcionários da Empresa, possuidores de um cabedal rico de conhecimentos culturais foram enriquecer, ainda mais, outras culturas onde participaram ativamente.
Poeta, folclorista e dramaturgo, entre tantos outros funcionários do Banco do Brasil, há de se destacar Wilson Woodrow Rodrigues (posse em 11/2/1946, apos.: 1/9/1963), que recebeu homenagem de Solange Rech (1946/2008), gerente da GCOOP – Gerência de Negócios do Sistema Cooperativista – Brasília – DF, em palestra proferida, em 24/9/1997, na Casa França–Brasil, Rio de Janeiro.
O poeta Solange Rech comentou que Wilson W. Rodrigues foi membro da Comissão Nacional de Folclore, e do IBECC–UNESCO e de várias outras instituições culturais estrangeiras, tendo desempenhado relevantes funções na Embaixada do Brasil na antiga República da Tchecoslováquia, no governo de Getúlio Vargas, exercendo ainda o cargo de chefe–de–gabinete do ministro Ribeiro da Costa, presidente do Superior Tribunal de Justiça.
Como vimos, inúmeros funcionários do Banco do Brasil, conseguiram projeção internacional, não apenas na esfera empresarial, mas no campo predominantemente acadêmico. Entre eles, ressalta-se a presença dos intelectuais Wilson Woodrow Rodrigues, servindo a Embaixada do Brasil na antiga Tchecoslováquia, e mais recentemente, Afonso Félix de Sousa, assistente técnico na Embaixada do Brasil em Beirute (1970/1973), Ivo do Nascimento Barroso, gerente da Agência de Estocolmo, Suécia (17/10/1983 a 30/8/1989), Francisco Carlos Faria Trigueiro, gerente do BB em Roma (23/7/1990 a 14/4/1991), e Ednaldo Soares, gerente da Agência do BB em Roma (4/1/1994 a 2/7/2000).
Destacamos, na área da poesia traduzida dois autores, funcionários do Banco do Brasil, que tiveram projeção internacional: Márcio Cotrim e Ivo Barroso, ambos imortalizados, ainda em vida no plano físico, pela Pátria e pela Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil:
Intelectual de reconhecido prestígio nacional e internacional, Márcio Cotrim, cronista, ensaísta e tradutor. Durante 10 anos (1966/1976) desenvolveu intensa atividade como tradutor das obras de Tyrus Hillway, Herman Delville, David Ewen, Judith Crist, Daniel Myrus, Robert Dubin, Alphonse Chapanis, Bernard M. Bass, James A. Vaugh, Manley Howe Jones, William J. Reddin, Rensis Likert, Cundiff, Still e Govoni, entre outros.
Ao iniciar o Prefácio da obra A caça virtual (e outros poemas), de Ivo Barroso, Editora Record–2001, o escritor Eduardo Portella, membro da Academia Brasileira de Letras, comentou: “O trabalho intelectual de Ivo Barrroso já fora oportunamente reconhecido pelos quatro cantos por onde andou”.
Na arte de fazer o texto original em poesia, a concorrência nacional é bem maior, mas vale destacar a poesia do autor como afirmação de texto seguro que nos faz lembrar algo grego, algo heroico que a mitologia sugere, embora a musicalidade francesa seja marcante, que nos lembra Gabriel Fauré. 
Escritor de grande prestígio, Ivo Barroso traduziu para várias editoras (Record, Topbooks, Companhia da Letras, Nova Fronteira, Lacerda Editora, Delta, Imago, ARX) vários autores consagrados mundialmente, entre eles, Eugenio Montale, André Malraux, Hermann Hesse, Nikos Kazantzakis, Umberto Eco, Arthur Rimbaud, Ítalo Svevo, William Shakespeare, André Gide, August Strindberg, Ítalo Svevo, Jane Austen, Marguerite Yourcenar, Georges Perec, Ítalo Calvino, Erik–Axel Karfeldt, Romain Rolland, T.S. Eliot, André Breton, Charles Baudelaire, Giacomo Leopardi. 
Ivo do Nascimento Barroso estagiou na Embaixada do Brasil em Haia (dezembro/1967 a agosto/1970) cumprindo à risca as disposições do Convênio Itamarati – Banco do Brasil. Poliglota e redator de vernáculo escorreito, instituiu padronização de cartas em 56 modalidades e fez pesquisas de mercado e especializou–se em matéria ligada ao sistema bancário holandês.
Ao retornar aos pagos, Ivo Barroso exerceu o cargo de gerente–adjunto (1978/1981) na Agência de Lisboa, Portugal, cidade onde ingressou na literatura ao publicar “Nau dos náufragos” (1981) e posteriormente gerente do Banco do Brasil em Estocolmo – Suécia, no período de 17/10/1983 a 30/08/1989.
Em julho/1982, Ivo do Nascimento Barroso, subgerente da Filial de Lisboa, Portugal, é nomeado subgerente da Agência de Londres, Inglaterra, e João de Deus Meneses de Araújo, subgerente da Agência Mendoza, Argentina, é transferido, no mesmo cargo, para aquela filial portuguesa.
No mês seguinte, procedente de Lisboa, Ivo Barroso, “o príncipe dos tradutores brasileiros”, no dizer de José Guilherme Melchior, está em férias, de passagem pela cidade do Rio de Janeiro.
Dezessete anos depois, recebido pelo acadêmico Francisco Silva Nobre, ingressa na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil para ocupar a Cadeira patronímica de Mello Nóbrega, em solenidade presidida pelo escritor Fernando Pinheiro.
As andanças de Afonso Félix de Sousa no Oriente Médio, acompanhado da poetisa Astrid Cabral Félix de Sousa, a jovem esposa que lhe fez juras de amor eterno, fizeram–no passar por experiências das mais encantadoras que o coração de um trota–mundo pode sentir.
Ela revelou–nos que ele tinha passado em primeiro lugar em concurso público para o Banco do Brasil, na cidade de Goiânia–GO. Lá conhecera o inspetor Manoel Albuquerque Cordovil (posse no BB: 17/2/1922, apos. 24/8/1957) que o estimulou a pedir transferência para o Rio de Janeiro. 
Assim como Villa–Lobos, no início da carreira, percorreu o Brasil para sentir a alma brasileira, em sons e evocações brejeiras e sentimentais, o poeta goiano percebeu as vibrações que vinham em cada paisagem, como se fossem almas a lhe falar de história, de cultura, de encantamento, de música sensual e lânguida imortalizada pelas cítaras que vêm desde os tempos bíblicos.
No poema “Lamentação no porto de Biblos” retratou o mundo de hoje, carregado de escombros que saltam em caleidoscópio em busca da transmutação. Até mesmo no submerso mundo invisível dos árabes, sentiu-se caminhando entre rostos de deuses, decifrando enigmas milenares que hoje são conhecidos como carma (o cilício, o vício do amor, o suplício) e darma (o amor sem vício, os auspícios).

In HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, DE FERNANDO PINHEIRO, obra disponibilizada ao público, pela internet, no site www.fernandopinheirobb.com.br

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