Publicado em
12/01/2001, em O DIA – S.Paulo – SP, sob o título Rock in Rio – Tributo ao Ídolo, de Fernando
Pinheiro
Quando um superstar do rock se despediu numa cerimônia de cremação,
embalada em cânticos persas, na Inglaterra, o mundo inteiro ficou
sensibilizado. O som da voz, às vezes suave, às vezes estridente, levava
multidões ao delírio e todos aplaudiram
Freddie Mercury.
Aqui no Brasil, milhares de pessoas se lembram da
canção Love of My Life onde há uma declaração de amor revestida de um apelo
comovente para que a pessoa amada não se vá. É este o clima dominante que se
espalha na maioria dos casais. O sim de quem sente seus sonhos à beira do
perigo e luta, em desespero, para que o
namoro não termine.
É comovente qualquer luta, principalmente a do
amor. O certo mesmo seria não lutarmos, pois teríamos a vitória antecipada, mas
ainda não somos anjos que têm a vontade realizada no mesmo instante em que é
emitido o pensamento.
Os anjos não possuem o desejo como assim sentimos
mergulhados na ansiedade, pois, quando pensam, a realização se faz presente, de
imediato. Podemos dizer que não
sentem desejos, mas a aceitação da sabedoria divina que se manifesta sempre oportuna.
O nosso estágio evolutivo ainda está distante
deles porque precisamos aprender o que nos convém a nível de interiorização de
alma e não nas aparências materiais que
surgem como o brilho de bolhas de sabão.
Mais importante do que a luta é sabermos observar
as causas que promovem os acontecimentos, a fim de evitarmos perda de tempo nos
empreendimentos que iriam nos causar desgosto e decepção. E quem persiste lutar
a qualquer preço, perguntaríamos até quando é válido correr atrás do prejuízo?
Para um time de futebol que está perdendo a
partida e não dá tempo para virar o placar, correr e brigar é questão de honra. No campo
sentimental, a frase shakespeariana tem um véu de enigma: “o coração tem razão
que a própria razão desconhece”.
Não queremos analisar a luta para ser feliz do
imortal cantor de Love of My Life, I was born to love you ou Bohemian Rapsody e
tantos outros sucessos internacionais, mas ressaltar que o amor é a maior
expressão de beleza que o mundo conhece.
Quem tem um bem-querer, faça sempre o que o
coração mandar. Nas horas de maré baixa, se houver condições, empurrar o barco para que chegue ao mar ou,
se houver tranquilidade como no descanso do barqueiro, o melhor é esperar a maré subir e seguir viagem.
Mercury, por teres espalhado ao mundo a luta para
ser feliz no amor, certamente um dia estarás em viagem ao planeta que leva o
teu nome. O destino de quem ama e traz a mensagem de amor à humanidade é sempre
os altos planos. A cantora Daniela Mercury, dona do sorriso mais lindo do palco, herdou o teu nome para falar de amor.
Nós que acreditamos na imortalidade, na
confirmação de Lavoisier que fez a estrutura científica em que todas as teorias
se apóiam: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”,
podemos ver a tua vitória. A luta valeu.
Bohemian Rapsody (Rapsódia Boêmia) pode ser
entendida como toda a música que fala dos desejos dos amores sempre em busca do
êxtase, nos sonhos em que a voz grita para dizer, num suspiro bem alto, como
fez Freddie Mercury, sem camisa, de braço direito levantado, no Rock in Rio I,
em sua eterna canção, Love of My Life,
good evening ...
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