O delito sempre tem participantes,
ninguém age sozinho, inclusive as almas errantes que vagueiam em sintonia com a
atração recebida.
A mídia divulga o delito que se forma em várias
direções informando sempre quem está envolvido. Será que é necessário que todos
saibam quem roubou quem, quem matou quem? Estas informações interessam a quem?
Acreditamos que somente aos comparsas. Os inocentes não se envolvem, é claro.
Por que não viajar em busca de si mesmo, a fim de que a
condição de comparsa se transforme em companheirismo? Este é o segredo milenar
para que os engramas do passado sejam desvanecidos.
A obsessão compulsiva está em todos os atos dos
sofredores dos distúrbios tanto quanto aos seus familiares e amigos. Todos eles
perdem a sociabilidade, envergonhados com as atitudes que não se coaduna com o
padrão estabelecido. É o conhecido julgamento de atitudes que sempre separa e
que nasceu da crítica. O preconceito está nesse meio.
O nosso olhar sem crítica, e apenas de observação, está
em direção dos comparsas que sofrem os enredos de seus entes amados. São
dependentes entre si que não sabem sair do sofrimento. Quantos familiares
sofrem com a situação dos dependentes de drogas (álcool, maconha, crack, etc)
ou dos dependentes de psicotrópicos que fazem gastar enorme soma de dinheiro
com profissionais da área de saúde e com os remédios vendidos em farmácia?
O tratamento terapêutico é longo e pode durar a vida
toda para esses dependentes químicos e também para seus familiares que os
acompanham. A Psiquiatria tem correntes médicas a favor e contra. O fechamento
de hospitais públicos psiquiátricos, em vários países do mundo, inclusive no
Brasil, foi uma atitude definitiva.
O que fazer, então? Cada um sabe de si, corroborando o
dito popular: cada um sabe onde aperta o sapato. A ajuda deve ser feita apenas
se houver um pedido.
Abordando o assunto autismo, a novela Amor à Vida da TV
Globo encena lances em que aparecem o psiquiatra Renan (Álamo Facó) chamando a
atenção de Leila (Fernanda Machado), irmã da autista Linda (Bruna Linzmeyer).
Podemos ver que os familiares envolvidos necessitam também de tratamento
terapêutico, quando a realidade entre eles se converte em preconceito.
A liberdade que tem os comparsas da mesma dor é sagrada
e não seremos nós a interferir em seus comportamentos. Mesmo porque a
finalidade da Psiquiatria é, antes de tudo, devolver ao paciente a capacidade
de escolhas, fazendo-os livres para viver essas escolhas.
A internação, em clínicas particulares, é o fracasso do
tratamento terapêutico. A nosso ver, a permanência dos pacientes no lar junto
aos seus familiares ainda é o caminho. Mas eles não querem suportar dores e
sofrimentos e esse apelo chegou ao Congresso Nacional com a aprovação do
projeto Internação Involuntária pela Câmara dos Deputados.
Considerando que a Psiquiatria admite a subjetividade
como argumento para avaliação de pacientes, entramos no mundo subjetivo para revelar
o pensamento de Jalal Al-Din Husain Rumi que veio daquelas bandas do Oriente:
“Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
E reflete, como a mina de rubis,
Os raios de sol para fora de ti.
A viagem conduzirá a teu ser,
Transmutará teu pó em ouro puro”.
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