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sexta-feira, 15 de março de 2013

COMPARSAS

O delito sempre tem participantes, ninguém age sozinho, inclusive as almas errantes que vagueiam em sintonia com a atração recebida.

A mídia divulga o delito que se forma em várias direções informando sempre quem está envolvido. Será que é necessário que todos saibam quem roubou quem, quem matou quem? Estas informações interessam a quem? Acreditamos que somente aos comparsas. Os inocentes não se envolvem, é claro.

Por que não viajar em busca de si mesmo, a fim de que a condição de comparsa se transforme em companheirismo? Este é o segredo milenar para que os engramas do passado sejam desvanecidos.

A obsessão compulsiva está em todos os atos dos sofredores dos distúrbios tanto quanto aos seus familiares e amigos. Todos eles perdem a sociabilidade, envergonhados com as atitudes que não se coaduna com o padrão estabelecido. É o conhecido julgamento de atitudes que sempre separa e que nasceu da crítica. O preconceito está nesse meio.

O nosso olhar sem crítica, e apenas de observação, está em direção dos comparsas que sofrem os enredos de seus entes amados. São dependentes entre si que não sabem sair do sofrimento. Quantos familiares sofrem com a situação dos dependentes de drogas (álcool, maconha, crack, etc) ou dos dependentes de psicotrópicos que fazem gastar enorme soma de dinheiro com profissionais da área de saúde e com os remédios vendidos em farmácia?

O tratamento terapêutico é longo e pode durar a vida toda para esses dependentes químicos e também para seus familiares que os acompanham. A Psiquiatria tem correntes médicas a favor e contra. O fechamento de hospitais públicos psiquiátricos, em vários países do mundo, inclusive no Brasil, foi uma atitude definitiva.

O que fazer, então? Cada um sabe de si, corroborando o dito popular: cada um sabe onde aperta o sapato. A ajuda deve ser feita apenas se houver um pedido.

Abordando o assunto autismo, a novela Amor à Vida da TV Globo encena lances em que aparecem o psiquiatra Renan (Álamo Facó) chamando a atenção de Leila (Fernanda Machado), irmã da autista Linda (Bruna Linzmeyer). Podemos ver que os familiares envolvidos necessitam também de tratamento terapêutico, quando a realidade entre eles se converte em preconceito.

A liberdade que tem os comparsas da mesma dor é sagrada e não seremos nós a interferir em seus comportamentos. Mesmo porque a finalidade da Psiquiatria é, antes de tudo, devolver ao paciente a capacidade de escolhas, fazendo-os livres para viver essas escolhas.

A internação, em clínicas particulares, é o fracasso do tratamento terapêutico. A nosso ver, a permanência dos pacientes no lar junto aos seus familiares ainda é o caminho. Mas eles não querem suportar dores e sofrimentos e esse apelo chegou ao Congresso Nacional com a aprovação do projeto Internação Involuntária pela Câmara dos Deputados.
Considerando que a Psiquiatria admite a subjetividade como argumento para avaliação de pacientes, entramos no mundo subjetivo para revelar o pensamento de Jalal Al-Din Husain Rumi que veio daquelas bandas do Oriente:
“Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
E reflete, como a mina de rubis,
Os raios de sol para fora de ti.
A viagem conduzirá a teu ser,
Transmutará teu pó em ouro puro”.


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