Atílio, personagem do ator Luís
Melo, depois de passar a noite em casa, onde o sono fez o papel regenerador de
energias restaurando paisagens íntimas, pôde retomar a vida que vinha exercendo
como administrador do Hospital San Magno, na novela Amor à Vida, da TV Globo.
Nessa inesperada recuperação recebeu estímulos
provocados pelo reencontro do ambiente em que vivera, na cama em dormira
sozinho, quando a esposa estava viajando para o litoral paulista, e na outra
cama em que teve doces enlevos com a ex-mulher que buscava nele um apoio
financeiro. Mas, ao assinar um cheque, com a personalidade assumida
anteriormente, entregue a ela, deu provas que a recuperação não tinha sido
integral.
Ainda perseguido pelo vilão Félix, diretor do hospital,
no papel do ator Mateus Solano, que sentia necessidade de eliminá-lo, como
arquivo morto, para não ser denunciado por falcatruas nas negociações
assumidas, Atílio foi vítima outra vez de um assalto.
A perda de memória ocorreu novamente, e Atílio/Alfredo
Gentil volta a viver em companhia de Márcia, a vendedora de cachorro-quente, no
papel da atriz Elizabeth Savalla, que o acolheu desde a primeira vez que perdeu
a memória no desastre de automóvel, ocorrido em cenas anteriores.
O argumento do psiquiatra Renan, vivido pelo ator Álamo
Facó, é que o choque ou trauma do assalto provocou nele a retomada da
identidade anterior que ele estava vivenciando, quando estava foragido. Atílio
reassumira a personalidade de Alfredo Gentil.
No mundo subjacente, onde a Psiquiatria faz suas
excursões para averiguar as causas latentes e ocultas, ainda não decifradas nas
personalidades humanas, vemos que, em outros níveis de normalidade aceitos na
área social, há casos que se assemelham.
É que no dualismo humano, conhecido nas acepções das
palavras luz e sombra, bem e mal, certo e errado, saúde e doença,
caracterizando esse dualismo, os conceitos se misturam, sendo que o certo está
ao lado das conveniências transitórias da personalidade que é sempre mutável e
contraditória ao confronto da realidade existencial que está no nível superior
da consciência dualista.
É por isso que vemos o triunfo momentâneo dos
triunfadores que conseguiram enganar multidões em causas políticas e daqueles
que, sem serem vistos, aparentam uma realidade que ainda não têm condições de
vivenciá-las.
O dualismo humano é o reino do ego que logicamente
promove as oscilações de temperamento, ora é uma coisa, ora é outra até serem
monitorados por especialistas da área da saúde que veem, nessas circunstâncias,
síndrome de bipolaridade. É comum ouvir nas ruas: esse cara é bipolar.
Simplesmente, ele vive o ego e ainda não conseguiu ascender a um nível superior
de qualidade de vida. A dor e o sofrimento estão a caminho, levando-os de roldão,
inclusive seus familiares.
As doenças devem ser eliminadas em suas nascentes, com
a mudança das paisagens íntimas, pois há as dependências de drogas lícitas e
ilícitas promovendo transtornos que recaem na área obsessiva que se reflete nas
almas errantes, aprisionadas no mesmo ambiente dos sofredores.
Não criticar nada e mesmo silenciar quando o momento é
oportuno. O mais belo silêncio de que ouvimos falar é o de Jesus diante de
Pilatos, no Pretório que dá acesso a uma varanda em que era vista por uma multidão
de pessoas, naquele momento em que o indagou o que era a verdade.
Como a finalidade da Psiquiatria é conceder ao paciente
o direito de escolhas que estava sumido e a oportunidade de vivenciá-las, o
nosso olhar se estende para aqueles que nos buscam para demonstrar que o nosso
amor e carinho fazem despertar neles a força que eles têm arquivadas nas
paisagens íntimas de comovente beleza.
www.fernandopinheirobb.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário