Páginas

quinta-feira, 14 de março de 2013

PAISAGENS ÍNTIMAS


Atílio, personagem do ator Luís Melo, depois de passar a noite em casa, onde o sono fez o papel regenerador de energias restaurando paisagens íntimas, pôde retomar a vida que vinha exercendo como administrador do Hospital San Magno, na novela Amor à Vida, da TV Globo.

Nessa inesperada recuperação recebeu estímulos provocados pelo reencontro do ambiente em que vivera, na cama em dormira sozinho, quando a esposa estava viajando para o litoral paulista, e na outra cama em que teve doces enlevos com a ex-mulher que buscava nele um apoio financeiro. Mas, ao assinar um cheque, com a personalidade assumida anteriormente, entregue a ela, deu provas que a recuperação não tinha sido integral.

Ainda perseguido pelo vilão Félix, diretor do hospital, no papel do ator Mateus Solano, que sentia necessidade de eliminá-lo, como arquivo morto, para não ser denunciado por falcatruas nas negociações assumidas, Atílio foi vítima outra vez de um assalto.
A perda de memória ocorreu novamente, e Atílio/Alfredo Gentil volta a viver em companhia de Márcia, a vendedora de cachorro-quente, no papel da atriz Elizabeth Savalla, que o acolheu desde a primeira vez que perdeu a memória no desastre de automóvel, ocorrido em cenas anteriores.

O argumento do psiquiatra Renan, vivido pelo ator Álamo Facó, é que o choque ou trauma do assalto provocou nele a retomada da identidade anterior que ele estava vivenciando, quando estava foragido. Atílio reassumira a personalidade de Alfredo Gentil.

No mundo subjacente, onde a Psiquiatria faz suas excursões para averiguar as causas latentes e ocultas, ainda não decifradas nas personalidades humanas, vemos que, em outros níveis de normalidade aceitos na área social, há casos que se assemelham.

É que no dualismo humano, conhecido nas acepções das palavras luz e sombra, bem e mal, certo e errado, saúde e doença, caracterizando esse dualismo, os conceitos se misturam, sendo que o certo está ao lado das conveniências transitórias da personalidade que é sempre mutável e contraditória ao confronto da realidade existencial que está no nível superior da consciência dualista.

É por isso que vemos o triunfo momentâneo dos triunfadores que conseguiram enganar multidões em causas políticas e daqueles que, sem serem vistos, aparentam uma realidade que ainda não têm condições de vivenciá-las.

O dualismo humano é o reino do ego que logicamente promove as oscilações de temperamento, ora é uma coisa, ora é outra até serem monitorados por especialistas da área da saúde que veem, nessas circunstâncias, síndrome de bipolaridade. É comum ouvir nas ruas: esse cara é bipolar. Simplesmente, ele vive o ego e ainda não conseguiu ascender a um nível superior de qualidade de vida. A dor e o sofrimento estão a caminho, levando-os de roldão, inclusive seus familiares.

As doenças devem ser eliminadas em suas nascentes, com a mudança das paisagens íntimas, pois há as dependências de drogas lícitas e ilícitas promovendo transtornos que recaem na área obsessiva que se reflete nas almas errantes, aprisionadas no mesmo ambiente dos sofredores.

Não criticar nada e mesmo silenciar quando o momento é oportuno. O mais belo silêncio de que ouvimos falar é o de Jesus diante de Pilatos, no Pretório que dá acesso a uma varanda em que era vista por uma multidão de pessoas, naquele momento em que o indagou o que era a verdade.

Como a finalidade da Psiquiatria é conceder ao paciente o direito de escolhas que estava sumido e a oportunidade de vivenciá-las, o nosso olhar se estende para aqueles que nos buscam para demonstrar que o nosso amor e carinho fazem despertar neles a força que eles têm arquivadas nas paisagens íntimas de comovente beleza.

www.fernandopinheirobb.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário