As
pessoas que estão submetidas a sessões de tratamento dentro dos centros
espíritas, nos consultórios médicos, e nas abordagens religiosas, seguem dando
peso e referência ao que recebem nesses recintos, caso contrário a recuperação
da saúde passa a ser uma possibilidade distante dentro desses esquemas sociais,
podendo haver outras alternativas numa consciência diferenciada.
Nos centros espíritas, agora
reconhecidos pela lei que dá liberdade de culto idêntico aos demais credos, a
desobsessão é realizada, sem exorcismo, apenas com a imposição de mãos
(passes), onde apenas os beneficiados dos eflúvios salutares percebem o quanto
lhes faz bem. É que o plano espiritual está acima do plano material, nesse
plano está a nossa realidade.
Nos consultórios médicos há um
sacerdócio voltado à realidade dos sintomas físicos e psicológicos em que se
estuda, observa e apresenta soluções suscetíveis de conclusão benéfica. No
entanto, há também insucessos terapêuticos nesses consultórios.
Nas abordagens religiosas de
diferentes designações, o plano espiritual é despertado aos cultores de
cerimônia e de pregação verbal. Na egrégora da plateia dos assistentes e no
palco das apresentações entra também a participação de quem está necessitado de
ajuda.
Há outro segmento voltado à
recuperação da saúde. Vale assinalar: "Os psicóticos tratados com
"care management" intensivo não têm períodos mais curtos de
internação do que os com seguimento "standard" [Barns e outros, 1999]
- Citação de Carol Sonenreich, Giordano Estevão, Luiz de Moraes Altenfelder
Silva Filho - in Doença mental e perda de liberdade - Revista TEMAS - v. 35, n.
68-69, p. 21 - Jan/Dez 2005].
O "Home Care" é uma
prestação de serviço dentro do lar do paciente que passa a ser acompanhado na
assistência da orientação médica quanto à dosagem da medicação, prescrita pelo
médico. Essas pessoas contratadas, na maioria das vezes, nem auxiliares de
enfermagem são. Esse acompanhamento inclui passeios a parques, ida a lojas e
supermercados. É uma espécie de aluguel de parentes, muito comum no Japão.
O aluguel de afetividade nas pessoas
que buscam um relacionamento amoroso ou afetivo ou mesmo uma satisfação sexual,
não deu certo nas zonas de prostituição, bordeis e casas noturnas, onde o
álcool, drogas são outros fatores que conduzem à doença mental.
A participação da família,
notadamente os parentes mais próximos, na recuperação de saúde dos pacientes, é
bem superior do que a prestação de serviços, meramente um comércio, do
"Home Care".
Os liames dos amores, constituídos da
união familiar, possuem energia salutar muito mais benéfica do que daquelas
pessoas improvisadas para vivenciar, por horas marcadas, um encontro de pouca
produtividade afetiva.
O tratamento de saúde mental está
condicionado a circunstâncias favoráveis intrínsecas na natureza de cada um que
pode procrastinar esse tratamento, pois independe do esforço médico e da
medicação planejada, bem como abreviar o tempo em que a saúde se manifesta por
completo.
O meio em que está inserido o
paciente é fundamental, a família é o ponto central dessa referência e não pode
ser substituída por prestadores de serviço que não têm condições nem
possibilidades de ocupar-lhe o lugar. O amor não se substitui na questão de
presença.
No Brasil e nos Estados Unidos, com a
extinção dos hospitais psiquiatras públicos, decretada por lei, não foi extinta
a doença mental, e uma parte dessa população foi colocada nas ruas, aumentando
o contingente de mendigos e necessitados de cuidados especiais e outra parte
dessa população incorporou-se a da carcerária nas cadeias e penitenciárias,
inclusive no regime de liberdade condicional.
Nos Estados Unidos buscou-se
solucionar problemas psiquiátricos com a reabilitação psicossocial, mas não deu
certo. Com o fechamento dos leitos psiquiátricos, naquele país, havia, nos idos
de 2003, quase um milhão de doentes mentais graves no sistema penal [Mc
Man´sDepressionand Bipolar Weekly].
Antes mesmo de nossa série sobre a
Psiquiatria, divulgada inicialmente no Facebook e posteriormente a ser
publicada no blog Fernando Pinheiro, escritor, já havíamos abordado temas
referentes à saúde em diversas páginas na obra A Sarça Ardente, de Fernando
Pinheiro - Folha Carioca Editora Ltda. - 1988. Vale assinalar a transcrição do
texto da p. 70 da referida obra:
"Todos almejam a saúde para o
corpo. Buscam assistência médica e medicamentos para erradicar seus males
físicos.
Preocupam-se com os resultados
positivos dos exames, sem lembrarem de que todo o mal procede do espírito.
De consultório em consultório,
caminham em peregrinação errante sem acharem a solução definitiva para seus
males.
Depois de muito sofrer,
experimentando inúmeras formas de tratamento, aceitam o convite para assistir a
reuniões de caráter espiritual.
Enxameiam no mundo milhares de
congregações religiosas, nos mais diversificados campos de trabalho, com o
objetivo de despertar essas criaturas à sua origem espiritual.
Mas, influenciados pela sugestão do
ambiente social que estimula o apego aos interesses da matéria, não dispõem de
forças suficientes para viverem suas próprias vidas, com a integralidade dos
seus próprios pensamentos.
Como no nascer das plantas e animais,
é necessário que a naturalidade também envolva essas criaturas, deixando a elas
o direito de escolherem a terapia que lhes agradar."
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