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terça-feira, 13 de novembro de 2012

AS PIONEIRAS NO BB

No dia 6 de setembro de 1918, as portas de madeiras nobres da Rua da Alfândega (hoje em dia, há muito tempo demolidas e guardadas na memória do espaço onde hoje é a Associação Comercial do Rio de Janeiro), se abrem para receber Francia Lindgren, a 1ª mulher a ingressar no Banco do Brasil. 
Acompanhando a mudança da sede do BB para a Rua Primeiro de Março, 66, na gestão de James Darcy (2/1/1925 a 16/11/1926), Francia Lindgren vivenciou os acontecimentos da Matriz e da Agência Central – DF e aposentou–se em 5/12/1950 [Almanaque do Pessoal – 1964; bem como os almanaques anteriores a 1964]. Colaborou, desenhando charges, na Revista  AABB – Rio .  
Após a aposentadoria, Francia Lindgren dedica–se à pintura e recebe premiação nos seguintes trabalhos:
Tarde de outono em Cambuquira – Menção Honrosa conferida no Salão Nacional de Belas Artes [Diário Oficial da  União    Ministério  da  Educação  e  Saúde     7/12/1951];
Mulungus do Estado do Rio – Medalha de ouro na Seção    Pintura outorgada no Palácio da Cultura – [Idem, 14/12/1970].   
Após o ingresso de Francia Lindgren, em 6/9/1918, no Banco do Brasil, a presença feminina veio surgindo, em número crescente, a partir da década de 20 [Almanaque  do  Pessoal    1934;  Almanaque  do  Pessoal –  1964]:
Nome  da  funcionária Posse   Aposentadoria
Carmen  Concepcion  Torres 24/10/1922 exon.   21/10/1924
Anna  Maria  Haddock  Lobo 15/12/1922 30/8/1934 
Odette  Braga  Furtado 10/12/1923  1/1/1957
Emma  Couto  Berg (nome  de  solteira)  
Emma  Berg  Medeiros 28/5/1924 1/5/1955
Diva  Pons  de  Araújo 28/5/1924      1/9/1955
Edna  Perdigão  Silveira 18/1/1926 9/8/1957
Maria  Blandina  Freire  de  Araújo   23/1/1926      7/4/1958
Laura  de  Carvalho  Pires  Ferrão     29/1/1926     23/2/1956
Nazir  de  Proença  Pinto de Moura 8/11/1926 falec.     28/1/1946
Noeme  Leite  Brasil  9/10/1926 15/5/1961
Noema  Cabral 8/11/1926  9/6/1958
Noeme  Leite  Brasil 9/10/1926  15/5/1961
Carmen  Lammounier Oiticica 25/4/1927 falec.   20/11/1963
Celeste  Moreira  da  Motta   29/4/1927 26/12/1957
Celeste  da  Gama e Souza Gonçalves Carneiro  30/4/1927     1/2/1959
Maria Emília Souto Mayor Alhadas   29/4/1927     30/8/1958
Corina  Alvim  da  Gama  e  Souza     (nome  de  solteira)  
Corina da Gama e Souza Gonçalves Carneiro 30/4/1927      1/2/1959
Lygia  Mello  Torres 2/5/1927    1/2/1962
Maria  Chein 2/5/1927      4/5/1958
Maria  da  Glória  Moniz  Cadaval 2/5/1927     11/1/1958
Maria  Thereza  Leme  Navarro 2/5/1927     19/2/1959
Lygia  Rodrigues  Antunes  4/5/1927   1/12/1962
Maria  Luíza  de  Paula  Rodrigues (nome  de  solteira) 
Maria  Luíza  Rodrigues   Velloso 4/5/1927     13/6/1959
Edith  Nóbrega  da  Silva (nome  de  solteira)  
Edith  Brasil   Salomon 6/5/1927   4/7/1957
Francisca  Serrão  de  Medeiros  Reis   (nome  de  solteira)  
Francisca  de  Medeiros  Reis  Moura  6/5/1927     23/7/1958
Odette  Satyra  da  Sylva 9/5/1927   20/5/1957
Sarah  da  Silva  Porto  10/5/1927  29/11/1960 
Liberalina  Monteiro  Soares 11/5/1927 falec.     4/11/1950
Laura  Lopes  Bernardes (nome  de  solteira)  
Laura  Bernardes  de  Amorim 12/5/1927   1/2/1959
Maria Ignez Teixeira Mendes Silva Cunha    15/7/1927     22/5/1975
Anna  de  Oliveira  Figueiredo    (nome  de  solteira)  
Anna  de  Figueiredo  Neves 16/5/1927    1/3/1959
Ísis  Paes  de  Andrade   17/5/1927     1/8/1957
Maria da Conceição Xavier de Brito  17/5/1927    30/8/1959
Zélia  Lacerda  Brandão 18/5/1927   19/5/1958
Thereza  Conceição Azevedo Santos 20/5/1927 1/1/1959
Alda  Gomes  da  Silva    9/8/1927 13/11/1957
Judith  Moreira  da  Mota   15/9/1927 falec.  12/1/1952
Etienne  Paul  Richer   16/9/1927 falec. 9/5/1954
Virgínia  Monteiro  Soares 19/9/1927    9/1/1975  
Maria  Amayr  Pereira 31/10/1927   1/7/1959
Dulce  Carneiro  do  Nascimento    (nome  de  solteira)  
Dulce  do  Nascimento  Velloso 16/11/1927 falec.  6/7/1961
Branca  do  Espírito  Santo  Cyrillo    17/4/1928     18/8/1959
Vale salientar que o Banco do Brasil sempre valorizou a presença feminina, desde o pioneirismo de Francis Lindgren, nome de tradicional família pernambucana, de origem nórdica, que espalhou, através do Nordeste brasileiro, uma rede de lojas de tecidos, conhecida com o nome fantasia Casas  Pernambucanas.
Mesmo antes da criação do quadro de funcionários, na década de 30, a mulher–funcionária ocupava cargos de confiança de diretores e presidentes que muito o Banco do Brasil se orgulha. A princípio, eram sonografistas (telefonistas), estenógrafas (taquígrafas), depois auxiliares de assessoria  técnica.
Considerando que os cargos de auxiliares–de–gabinete de Diretoria, Presidência ou mesmo da Matriz, antes da década de 30, ou posteriormente, com a criação da Direção Geral e da Agência Central–DF, em seguida as agências metropolitanas,    conferiam a elas pontos de destaque na promoção funcional e chegaram a ocupar, em pé de igualdade, as mais elevadas categorias da carreira (não confundir com os cargos  comissionados). 
Em janeiro/1938, a funcionária Maria de Lourdes Villanova Santos (posse no BB: 20/4/1931, apos. 1/7/1966) é nomeada encarregada dos Serviços Hollerith da Agência Central – DF, seção que teve o início da mecanização no Banco do Brasil, que culminaria, nos dias  de  hoje,  com  a  denominada  logística  [Revista  AABB –Rio – 1938]. 
Os auxiliares imediatos do presidente Whitaker (20/12/1920  a  27/12/1922): J.X. Carvalho de Mendonça, jurista, 1° consultor jurídico do BB; Otto de Andrade Gil, advogado do BB, mais tarde presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (1958/1960), Pedro Luís Corrêa e Castro, 1° gerente da Matriz,   Octávio de Andrade, 1° contador da Matriz, Arthur Pedro  Bosísio, contador substituto de Octávio de Andrade, Ernest Walter Mee, chefe–de–seção (Carteira Cambial), Ana Maria Haddock Lobo, admitida na gestão de Whitaker, à época um acontecimento de grande  destaque  [FONSECA,  1972].
Em dezembro/1923, veio integrar ao seleto quadro de funcionários do Banco do Brasil, Odette Braga Furtado (posse no BB: 10/12/1923, apos.: 1/1/1957) que passou muito tempo no quadro suplementar com proventos, mérito e ao mesmo tempo privilégio de poucos [Almanaque do Pessoal – 1964; bem como Almanaque do Pessoal  -  edições  anteriores].
Na gestão do funcionário do Banco do Brasil, Ovídio Xavier de Abreu, presidente do DNC – Departamento Nacional do Café (1944/ 1946), Odette Braga Furtado veio a exercer as funções de assistente da Superintendência do DNC, subordinada às ordens do superintendente Raimundo Mendes de Sobral (posse no BB: 7/6/1920) também colocado à disposição daquele Departamento [Diário Oficial da União – Departamento Nacional do Café –  20/1/1945].
No ano seguinte, Diva Pons de Araújo e Emma Couto Berg   (nome   de   solteira) ingressam, em 28/5/1924, no Banco do Brasil. Com o nome de casada, Emma Berg Medeiros, aposenta–se, em 1/5/1954, como chefe da Seção de Ordens de Pagamento da Agência de Pelotas – RS. Diva Pons de Araújo trabalhou na Agência de Porto Alegre – RS e aposentou–se em 1/9/1953. [Almanaque do Pessoal    1964; bem como  Almanaque  do  Pessoal,  anos   anteriores].
Na primavera risonha e florida, Emma exibe a beleza da lira dos vinte anos [Revista AABB–Rio – maio/junho – 1935]. Nos idos de 2004, segundo a Previ, era a única mulher, aposentada pelo BB, com mais de 100 anos de existência, ultrapassando, em idade, 19 funcionárias na faixa etária de 90/99 anos [Boletim  Especial  Previ – 2004]. 

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br

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