Presidente do Botafogo
de Futebol e Regatas (1937 a 1939 e 1963)
Consultor Jurídico do Banco do Brasil (1962/1966)
Nos idos de 1963, Ney
Neves Galvão, presidente do Banco do Brasil nomeou o advogado Sérgio Darcy para
o cargo de Consultor Jurídico, em
substituição de João Neves da Fontoura, falecido em março daquele ano.
Ainda em 1963, Sérgio Darcy assumia, pela segunda vez, a Presidência do Botafogo de Futebol e Regatas.
A trajetória
profissional de Sérgio Darcy começou nos idos de 1925, quando James Darcy,
presidente do Banco do Brasil
(2/1/1925 a 16/11/1926), o
nomeou Secretário.
Antes de prestar homenagem
ao Consultor Jurídico, fazemos uma retrospectiva da vida de James Darcy, pai de
nosso homenageado. Dos 27 aos 31 anos de idade, exerceu mandato de deputado federal,
representando o Rio Grande do Sul.
Retirando-se da
política, manteve banca de advogado. Por longo período, foi Consultor Jurídico
da Associação Comercial do Rio de Janeiro. No governo de Epitácio Pessoa, o
advogado James Darcy assume as funções de Consultor Geral da Presidência da República.
Nos idos de 1921, ao
ensejo do 4° Centenário de Morte de Dante Alighieri, realizado no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, James Darcy profere palestra sobre a vida e obra
do autor da Divina Comédia, na
presença do Corpo Diplomático e do presidente Epitácio Pessoa.
Herdado do pai o mesmo
amor às causas nobres, Sérgio Darcy demonstrou respeito e dignidade à frente da
COJUR – Consultoria Jurídica do Banco do Brasil. Anteriormente, assumiu a
direção do Departamento do Contencioso. E, contando o tempo de exercício, foram
4 décadas servindo ao Banco do Brasil. O primeiro funcionário de carreira a
exercer as funções de Consultor Jurídico.
Com os méritos
reconhecidos pelo Banco do Brasil, antes da posse na Consultoria Jurídica,
Sérgio Darcy foi homenageado no banquete realizado, em 26/4/1963, no salão nobre do Clube Comercial. A importância
do evento é comentada pela Revista AABB – Rio que fazia a cobertura dos grandes eventos no Banco do
Brasil.
Na ocasião, fez o uso
da palavra o advogado Armando Serzedello Corrêa, e em seguida, Munir Hellayel,
em nome do Departamento do Contencioso, traçou o perfil da personalidade de
Sérgio Darcy, e concluiu: “dizendo, sobretudo, da justiça que presidiu ao ato
de sua investidura em tão relevantes funções” (65)
(65) Revista
AABB–Rio – edição junho de 1963
A palavra ainda foi
franqueada aos oradores: desembargador Eduardo Espínola Filho, Arthur Martins
Sampaio, chefe do Departamento do Contencioso, Astolpho Dutra Niccacio, Diretor
da Caixa Econômica do Rio de Janeiro. Ao encerramentro do evento, Sérgio Darcy
proferiu o discurso de agradecimento, ressaltando ser esta a festa do coração e
da inteligência e, com grande emoção a recebia.
No período de 1962 a
1966, Sérgio Darcy exerceu o cargo
de Consultor Jurídico do Banco do Brasil, sendo substituído pelo não menos
ilustre advogado Martins Napoleão, que, sua vez, nos idos de 1977, foi
substituído por José Augusto Moreira Guimarães, o advogado que conduziu a
transferência da COJUR para Brasília–DF.
Na seara dos esportes,
Sérgio Darcy, quando jovem,
participou de competições de remo no Clube de Regatas Guanabara e chegou
a ser campeão, nessa modalidade, no extinto Clube de Regatas Botafogo, hoje sob
nova designação: Botafogo de Futebol e Regatas.
Como presidente do
Botafogo Football Club (1937/1939), empreendeu a vitoriosa campanha de 1 saco
de cimento e com o dinheiro arrecadado, construiu a arquibancada de cimento que
substituiu a de madeira. O engenheiro Rafael Galvão foi o autor do projeto
executado pela firma Cavalcanti, Junqueira & Cia. Nessa época (1937/1941),
João Havelange foi jogador de polo aquático do Club. Em 1940/1941, João Lyra
Filho está à frente dos destinos do Botafogo, sucedendo o presidente Sérgio
Darcy.
Ao ser reconduzido à
Presidência do Botafogo, Sérgio Darcy, nos idos de 1963, contratou o técnico de
futebol Danilo Alvim. O Jornal do
Brasil (edição: 10/4/1963), fez a cobertura da contratação e publicou a foto do
técnico, ladeado por Renato Estelita, diretor de futebol, e pelo nosso
homenageado. Fazia parte da Comissão Técnica, o Dr. Lídio Toledo que, durante
muitos anos, foi médico da seleção brasileira de futebol.
Naquela época, como
nos dias de hoje, o Botafogo de Futebol possuía jogadores de nível de seleção
brasileira. Vale destacar a presença de craques, consagrados não apenas nos
campeonatos cariocas e brasileiros, mas no futebol mundial: Manga (goleiro),
Nilton Santos, Amoroso, Gérson, Didi, Amarildo, Zagalo, Quarentinha, Garrincha,
e Jairzinho.
Ainda nos idos de
1963, precisamente no dia 21 de abril,
foram abertos, na cidade de São Paulo, os IV Jogos Pan-Americanos, com a
presença do governador Adhemar de
Barros. É bom ressaltar a conquista da medalha de ouro pela tenista
brasileira Maria Esther Bueno. Nesse Pan-Americano, o Botafogo emprestou à seleção brasileira os jogadores Hélio
Dias de Oliveira (goleiro) e Jair Ventura Filho (ponta-direita), tri-campeão
carioca de juvenis. Ambos foram consagrados campeões dos IV Jogos
Pan-Americanos. O jornalista Júlio Delamare fez a cobertura dos jogos para o
Jornal O Globo.
O Presidente da
Confederação Brasileira de Desportos era João Havelange, um dos nomes mais
respeitáveis no cenário esportivo
mundial, que iria, mais tarde, presidir a FIFA e divulgar o futebol, hoje o esporte mais conhecido no
mundo, graças à atuação brilhante
do ilustre brasileiro.
Maio de 1963 é o mês
de luto para o Brasil. No segundo
dia, o desastre com o avião Convair da Cruzeiro do Sul faz 37 vítimas.
Perdendo o avião de carreira, o deputado federal Miguel Bahury (PSP/MA),
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Segurança de Voo, na
Câmara dos Deputados, não escapa da morte. No Aeroporto de Congonhas, embarca
num bimotor e vem a falecer nos destroços do avião que caiu numa rua do bairro
Jabaquara, na capital bandeirante.
O círculo de morte da
família Bahury se fecha. A precisão do tempo é estarrecedor. Há 3 anos, na
mesma hora de uma sexta-feira,
morria a querida esposa do deputado maranhense. Na iconografia dos fatos, a Revista O Cruzeiro, edição de
3/5/1963, publica a foto de Bahuri, em pé numa pequena embarcação, defronte da
cabeceira da pista do Aeroporto Santos Dumont, em busca desesperada do corpo da
mulher amada.
Ainda em maio de 1963,
outro desastre aéreo no Brasil. No
interior do Rio Grande do Sul, um avião Cessna cai e tira de cena a atuação parlamentar de
Fernando Ferrari. Velado em dois
palácios, primeiro no Palácio Piratini, Porto Alegre, e depois no Palácio
Tiradentes, Rio de Janeiro, o deputado gaúcho faz comover em prantos a nação inteira. Ainda hoje é amado e
sempre relembrado com viva emoção.
Vale continuar
destacando a presença de Sérgio Darcy à
frente dos destinos do Botafogo, no meio da turbulência de desastres
aéreos, crise econômica, crise social e crise política, em que o País estava mergulhado.
No dia 15 de junho de
1963, o Botafogo é manchete no
Estado da Guanabara:
“Botafogo vence aqui e
em Paris – Tricampeão de juvenis e
campeão do Torneio de Paris.”
O Jornal do Commercio
comenta ainda a atuação do time alvinegro, na vitória sobre o Racing (3 x 2),
no Parc des Princes,
consagrando-se campeão do Torneio de Paris, “em partida das mais sensacionais até hoje realizadas
naquela cidade”.
No dia 30 de junho de
1963, sob a presidência do Dr. Sérgio Darcy, o Botafogo fez sua estreia na Taça
Libertadores das Américas, derrotando o Alianza, campeão peruano, com o placar
de 1 x 0, gol do médio-apoiador Elton, sob a arbitragem do juiz argentino José Luiz Pradante. O
clube alvinegro atuou com a seguinte escalação: Manga, Paulistinha, Nagel,
Nilton Santos e Rildo, Elton e Zagalo, Garrincha, Jair, Amarildo e Oton.
No dia 04 de julho, o
Botafogo alcançou outra vitória, em Lima, no Estádio Nacional, ganhando o
Sporting Cristal, dirigido pelo técnico Didi, campeão mundial de futebol,
pela contagem de 3 a 1. Antes da
partida, Didi queria jogar contra o
Botafogo, e pediu autorização ao chefe da delegação alvinegra, Renato
Estelita, que, por sua vez, telefonou ao presidente Sérgio Darcy a respeito da ideia. A resposta foi negativa.
No entanto, o jogador Didi poderia
atuar, se assim desejasse, na partida, como jogador do Botafogo. A realidade é
que Didi entrou em campo na condição de técnico do time peruano.
Mais uma vitória
alvinegra pela Taça Libertadores da
América derrotando o clube Milionários, em Lima, no dia 07 de julho de 1963, com o placar de 2 x 0.
Na página esportiva de
O Globo, edição de 16/7/1963 –
Amarildo cedido afinal ao Milan – O Dr. Sérgio Darcy, presidente do
Botafogo de Futebol e Regatas, em reunião com o representante do Milan, da Itália, Sr. Rodolfo Rechi e o
procurador do jogador Amarildo, Sr. Noel Guimarães, concordou em ceder o passe do jogador alvinegro
para o clube italiano,
mediante o recebimento de 400.000 dólares, por um contrato de 3 anos.
Na declaração aos
jornalistas, Sérgio Darcy revelou que
Botafogo não estava interessado em desfazer-se de nenhum de seus jogadores. Mas recebeu carta de Amarildo pedindo
ao clube facilitar a ida dele para
o Milan. Diante das circunstâncias, o Botafogo não poderia cobrir o que o
jogador iria receber na Itália.
A manchete do Jornal
do Brasil de 1/8/1963 destaca: Amarildo embarca com o pedido de CL para não
ensinar o pulo do gato. O JB
comentou que o jogador do Botafogo, ao embarcar, no Aeroporto do Galeão, em
companhia de suas irmãs Nicéia e Maria do Carmo, e de Rodolfo Rechi,
encontrou-se com o governador Carlos Lacerda que estava aguardando a chegada da
escritora francesa Suzanne Labin. e o ouviu a recomendação de “mostrar todo seu futebol aos italianos, mas
não ensinar-lhes o pulo do gato.”
Amarildo estava muito
satisfeito da vida porque, além
do contrato assinado, recebeu do Botafogo 10 mil dólares extras, no
almoço de despedida em que foi homenageado pelo clube. Muito emocionado, na homenagem,
chorou e fez outros jogadores
presentes chorarem. Neste gesto, o presidente Sérgio Darcy demonstrou, mais uma
vez, o valor de ser justo para quem prestou relevantes serviços ao clube
(Amarildo, campeão carioca 1961 e 1962). Quanta dignidade num homem só!
Com bastante dinheiro
adquirido pela venda do jogador
Amarildo para o Milan, da Itália, o Botafogo de Futebol e Regatas
adquire o passe do jogador Gérson comprado do Flamengo. A transação foi
realizada, às 14:00 horas do dia 17 de setembro de 1963, dentro da
Consultoria Jurídica do Banco do
Brasil, onde o Consultor Jurídico Sérgio Darcy, na qualidade de presidente do
Botafogo assinou um cheque nominal no valor de Cr$ 150 milhões entregue a Fadel
Fadel, presidente do Flamengo. Foi, sem dúvida, a maior negociação efetuada,
até então, entre clubes
brasileiros.
No contrato assinado,
conforme divulgado pela imprensa, foi estabelecido ao jogador Gérson o
pagamento de Cr$ 10 milhões de
luvas e Cr$ 150 mil mensais por 2 anos.
Nesse mesmo dia
(17/9/1963), dois fatos importantes
aconteceram na Guanabara, Estado governado por Carlos Lacerda: a
inauguração da primeira das duas pistas do aterro do Flamengo e a apresentação do cantor americano Ray Charles, no Theatro Municipal do Rio de
Janeiro.
A atuação do Botafogo
de Futebol e Regatas, que se
desenrolava no meio do Campeonato Carioca do ano de 1963, foi comentada por Renato
Estelita, diretor de Futebol,
justificando “se o time ainda não tem um bom ataque é porque não foi possível, em curto prazo,
preencher os lugares deixados
pelos atacantes que foram, teoricamente, os melhores”. (66) O dirigente
botafoguense estava se referindo ao Didi que foi para o Peru e ao Amarildo para a Itália, e à contusão de
Garrincha vinha adiando sempre a sua volta aos gramados.
(66) Jornal
do Brasil –
1/11/1963
Observamos que, meses
antes da declaração do Sr. Renato Estelita, realmente o Botafogo tinha o melhor
ataque do mundo, com a presença de 3 bicampeões mundiais: Didi, Amarildo e
Zagalo e, ainda, a participação de Quarentinha que jogou pela seleção brasileira.
Dias depois da
declaração do dirigente Renato Estelita, o Botafogo mudou de técnico. Saiu
Danilo Alvim, mesmo prestigiado pela Diretoria, mas sem sorte nos últimos resultados dos jogos, e entrou
Paraguaio.
No dia 5/11/1963, o
presidente Sérgio Darcy, sempre elegantemente, trajando terno, apresenta aos
jogadores, que estão de
uniforme do clube, no meio do campo, o novo técnico de futebol. Suas palavras explicam porque o Botafogo trocou
de técnico, permanecendo a mesma
disposição para conquista do
tricampeonato e pediu o máximo apoio ao Paraguaio.
Dias depois, o time
teve excelente atuação em campo e a imprensa comenta: Botafogo mostrou pela
primeira vez astúcia e categoria
de bicampeão (JB – 9/11/1963). Apesar do sucesso momentâneo, o time não
conseguiu conquistar o campeonato carioca de 1963. O campeão foi o Flamengo.
No dia 16/11/1963
houve eleição para a nova Diretoria do Botafogo. Nei Cidade Palmeiro, juiz de
Direito e professor do Colégio
D.Pedro II, foi eleito presidente.
Na solenidade de
transmissão de cargo ao novo
presidente do Botafogo, Nei Cidade Palmeiro, realizada no dia 3/1/1964,
o nosso homenageado se despedia, com um discurso bastante aplaudido, na
presença de inúmeras autoridades ligadas ao mundo dos esportes, destacando-se
João Havelange, presidente da CBD – Confederação Brasileira de Desportos,
Antônio do Passo, presidente da Federação Carioca de Futebol,
Ainda como presidente
do Botafogo, Sérgio Darcy, viu
coroados de êxito, para gáudio nosso, no recinto esportivo do Banco do Brasil, a AABB vencer a
Hebraica, em 28/12/1963, conquistando o campeonato carioca de voleibol
masculino. Segundo o Jornal do Commercio, Nuzman foi o jogador mais destacado da
partida.
Dentre as atuações de
Carlos Arthur Nuzman, como atleta da seleção brasileira de vôlei, destaca-se o
Campeonato Mundial, realizado em Moscou, URSS, nos idos de 1962). O chefe da
delegação brasileira era Adolpho Schermann, nome que muito honra o esporte
brasileiro, o Banco do Brasil, a AABB-Rio e a Academia de Letras dos
Funcionários do Banco do Brasil.
Dois anos depois, em 1964, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando o voleibol
estreou em olimpíadas, Nuzman integrou a equipe brasileira. Carlos Arthur
Nuzman é o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.
Retomando ao tema
central, Sérgio Darcy, em 26/10/1969,
partiu para o reino onde a
sabedoria deslinda os enigmas do
caminhar. Nesse mundo de
sonhos, aureolado pela luz das
estrelas, luz que se
projeta dos feitos de grandeza que o nosso homenageado sempre buscou dignificar a vida, se destacam os
versos da música de Lamartine Babo:
“Na
estrada dos louros,
Um facho
de luz
Tua
estrela solitária
Te conduz.”
Blog Fernando Pinheiro, escrito
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