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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

PÉGASO (LXIII)

Numa paisagem amena em que estava eu a contemplar, surgiu inconformada a mulher que tinha sido durante muitos anos minha amada amante. A hora de seguir outro caminho tinha chegado tanto para mim quanto para ela. Eu já estava sabendo da mudança do lugar em comum, mas ela insistia em permanecer na mesma situação onde sentiu prazeres inesquecíveis que ela ostenta como troféu, vitória de um tempo que passou. O argumento que usou foi o sexo vitorioso que sempre existiu entre nós.
Como tudo no universo tende a ter uma complementação definitiva, embora tenha estágios que vão se formando nessa direção, somos também procurados nos sonhos por pessoas que buscam se reajustar na harmonia da natureza, em momentos de paz e de conforto.
Não buscar nem fugir atinge o mundo onírico, realidade que dispensa qualquer comprovação porque a necessidade da comprovação é do mundo da incerteza, condição em que está subjugada a Terra.
Filmes, novelas, relação de casais estão nesse mundo para que haja controle e subjugação dos manipuladores de massas humanas no modelo que impõe todos seguir. O objetivo de tudo isto é fazer do ser humano um fantoche, um zumbi onde se vê a predominação de substâncias que induzem ao torpor e inação.
Quando o cinema começou a ser mostrado ao público, nas primeiras décadas do século XX, havia uma busca para beneficiar o público com fontes que inspiram a beleza, assim como a tragédia grega, no início de sua aparição, trazia uma mensagem proveitosa no sentido de viver melhor, inspirada na filosofia que tinha uma ética para durar para sempre.
A bebida alcoólica os faz acostumar a ter uma sensação diferente do normal, como se fosse algo acima do cotidiano em que vivem. Beber socialmente é um disfarce da realidade mais tangível, esse beber é aceito, com requintes de apreciação, como se aprecia os bons vinhos, pois a egrégora sempre tem força de persuadir.
Em datas em que poderiam ser aproveitadas como oportunidade que possa fortalecer uma relação afetiva ou amorosa, como aniversário ou qualquer comemoração festiva, são desperdiçadas para ceder espaço ao que é trival, mantendo-os sempre na zona de conforto, expressão que é aceita nesse jugo social.
A ligação do passado é mantida viva porque os pensamentos criam essa condição que os fazem ficar ligados uns aos outros, embora não haja vontade atual para ficar juntos pelo desgaste que o tempo consumiu.
É que os engramas do passado são forças coercitivas superiores à mudança de atitudes de quem busca se beneficiar em atitudes que ocasionaram perdas. O interlocutor carrega os pensamentos que lhe deixamos como carga que o faz sucumbir ou se elevar, se houver enlevo amoroso. É que as pessoas necessitam caminhar em direção de novas paisagens tanto íntimas quanto externas que repercutem no mundo onírico.
Alguém não está podendo dormir direito? Então, verifique a situação em que está. Não é necessário conversar pessoalmente com os desafetos. Nos sonhos, a conversa pode surgir, desde que os pensamentos entre ambos estejam interligados. Ninguém gosta de carregar peso em caminhadas em que se verifica a vida não acabar nunca, nesse estágio de transmutação.
Até os planetas tem transição de consciência coletiva em graus que ascendem a patamares de beleza onde não existe mais a condição coercitiva, comum nos mundos sofredores e de desencantos que estão se transformando, no decorrer dos tempos, em mundos felizes, o destino da Terra, por exemplo.
A matrix vai sempre para o outro lado da matrix, não há morte, apenas uma breve cerimônia nos cemitérios que, por tradição, é carregada de desencantos e de lágrimas. Basta um avião cair para despertar as pessoas ou o próprio mundo para realidade que não morre.

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